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É possível mudar a realidade dos mercados públicos de Mossoró?

Por Gutemberg Dias*

Os mercados públicos pelo Brasil durante muito tempo foram considerados pelos gestores equipamentos de segunda classe no mobiliário urbano das cidades. Felizmente nessas últimas duas décadas essa visão vem sendo reformulada e os mercados públicos passaram a ter reconhecimento por parte das gestões como equipamentos de cunho cultural e com função social.

Em nossa querida Mossoró, os mercados, infelizmente, não têm a valorização que merece no mobiliário urbano. Fato evidenciado de cara pela má gestão desses espaços e, também, pela infraestrutura deficitária em todos eles.

Já tive oportunidade de escrever outras vezes sobre esse tema quando da gestão dos últimos alcaides e essa semana me deparei com uma matéria nos blogs de nossa urbe, que falavam que a Prefeitura de Mossoró recebeu ultimato do Ministério Público para reformar o Mercado Central e atender as normas de segurança do Corpo de Bombeiros.

Diante disso, me impeli a atualizar minha visão acerca desse problema crônico que passa de gestão em gestão e essa atual pode tentar fazer algo de diferente para mudar esse quadro. Veja que o problema é sistêmico e deve ser tratado e forma ampla e coletiva com os cessionários.

Inicialmente é importante frisar que esses espaços precisam ser vistos pela gestão como equipamentos culturais, haja vista que neles estão impressos muitos dos nossos costumes, principalmente, os culinários, e que podem ser melhor aproveitados do ponto de vista cultural com a ampliação de sua utilidade para esse fim, bem como, tem uma função social de grande importância, no que tange a abrigar micros e pequenos empreendedores, que muitas vezes ainda estão na informalidade, por isso, é estratégico para gestão entender o perfil dos cessionários para a partir daí iniciar as intervenções necessárias.

Minha primeira sugestão à gestão municipal é que ela faça recadastramento geral dos cessionários de todos mercados públicos de Mossoró. A partir desse recadastramento entender quem são esses micros e pequenos empresários que ocupam esses espaços públicos e se realmente estão regulares. É fato notório e sabido que alguns boxes, de quase todos esses mercados estão sendo alugados pelos cessionários a terceiros. É bom lembrar que isso é proibido, bem como, tem vários fechados por vários motivos que, também, fere a legislação da cessão.

Segundo, é preciso que municipalidade trabalhe num formato de descentralização da gestão desses espaços, transferindo aos cessionários parte das responsabilidades do cuidado desses equipamentos, a partir da criação de associações com presença do poder público e dos próprios cessionários, nesse contexto o engajamento e o cuidado com os equipamentos teriam a responsabilidade e custos divididos. Acredito que é um ponto a se pensar e analisar a legalidade jurídica, mas que pode ter uma grande resolutividade.

Terceiro, especializar esses espaços a partir de um planejamento arquitetônico que ordene os espaços internos. Tive a oportunidade de conhecer vários mercados pelo Brasil e aqueles que tiveram intervenções para seu efetivo melhoramento adotaram um planejamento de seus espaços interno e externo. Por exemplo, em Aracaju o mercado tem dois pisos e é possível identificar claramente áreas destinadas ao comercio em geral (vestuário, brinquedos, eletrônicos etc.), alimentação, hortifrutigranjeiros, carnes entre outros.

Dessa forma, urge a gestão municipal ter coragem de fazer o primeiro enfretamento que é a regularização dos cessionários, que para mim, é o ponto mais nevrálgico do processo, haja vista que as etapas posteriores se revestem de projetos e alocação de recursos para as devidas reformas.

Sei que os recursos não estão facilmente disponíveis, mas com gestão e criatividade é possível mudar a cara de nossos mercados e deixá-los atrativos ao público, inclusive, àquele mais exigente que não acessa esse tipo de equipamento, cito aqui, o exemplo do mercado de Petrópolis em Natal.

Que o prefeito e sua equipe de secretários pensem fora da caixa e faça algo para revitalizar nossos mercados. Que tal uma audiência pública para ouvir a sociedade e os interessados diretamente no assunto?

É isso!!!

*É professor universitário e ex-candidato a prefeito.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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O desafio da gestão dos mercados públicos em Mossoró

Boxes do Vucu-vuco foram retirados na madrugada do feriado de Tiradentes (Foto: cedida)

Por Gutemberg Dias*

Amanhecer com vontade de comer uma panelada ou um carneiro guisado é só fechar os olhos e partir para um dos quatro mercados públicos de nossa cidade (Central, Alto da Conceição, Cobal e Bom Jardim, sem contar, que lá no Vuco-Vuco, também, não ficará sem essas iguarias da culinária nordestina.

Mas, deixando de lado o que é bom nos mercados, a comida do meio Nordeste velho de guerra, esses equipamentos públicos a muito tempo vêm sendo objeto de reclamação das pessoas que os acessam e, também, dos concessionários que não encontram na gestão pública uma solução para os problemas estruturais desses espaços que tem uma finalidade comercial, mas, também, de convivência social.

O abandono ao longo das gestões foi gritante. Basta visitar um desses equipamentos para ver como os mercados foram mal tratados. Além da falta de investimentos na infraestrutura desses espaços, vem faltando uma coisa que é primordial para o seu bom funcionamento, ou seja, uma gestão qualificada.

Ao falar de uma gestão qualificada, se faz necessário pensar em inserir os concessionários na gestão plena desses equipamentos, seja a partir da criação de associações que passem a gerir esses espaços ou por criação de conselhos diretivos compostos pela gestão municipal e os concessionários, estabelecendo regramentos quanto a manutenção e ocupação dos pontos.

Essa semana tive a necessidade de ir ao centro de nossa urbe e percebi que o Mercado Central está recebendo cuidados estéticos. Muito bom isso está sendo feito, haja vista que esse equipamento, especificamente, é sem dúvida um dos cartões postais da terra de Santa Luzia. Ponto para a atual gestão, mas que não faz muito diferente das que já passaram, pinta ali e acolá e joga a manchete que o mercado foi reformado. Mas, dai a César o que é de César, o melhoramento está sendo feito.

Além da maquiagem estética, se faz necessário a gestão municipal enfrentar um dilema que arrepiou os gestores anteriores, ou seja, a falta de gestão e transparência nos contratos de concessões. São vários os problemas existentes nesses equipamentos quanto aos concessionários, sejam por falta de contratos de concessão válidos ou por uso dos espaços para especulação imobiliária.  Inclusive, recentemente, a gestão retirou algumas dezenas de barracas do Vuco-Vuco alegando comercialização dos pontos, as quais eram irregulares de certo.

Mas, já resta comprovado que em todos os mercados, sejam pela ocupação irregular de espaços nas calçadas e praças, ou mesmo, por aqueles que detém a concessão e repassam o espaço por um aluguel mensal, existem irregulares que ferem a legislação que trata da concessão dos pontos comerciais no âmbito desses equipamentos.

A pergunta que não quer calar, essa gestão irá fazer esse enfrentamento ou o episódio do Vuco-Vuco foi apenas um balão de ensaio? Não se pode ter dois pesos e duas medidas no serviço público.

A execução de um recadastramento sério dos concessionários, objetivando ter um retrato da real ocupação desses equipamentos, é um imprescindível para quem deseja transparência na gestão pública. Bem como, estruturar uma nova licitação desses espaços, obviamente, levanto em consideração a legalidade dos contratos vigentes e, também, pontuando o tempo que esses concessionários estão ocupando seus pontos comerciais nos diversos mercados é algo que não pode ser negligenciado pela atual gestão que tanto preza pela lisura administrativa.

A cidade de Mossoró na sua geografia urbana, os comerciantes, o cidadão comum que acessa esses equipamentos precisa de uma resposta firme da gestão municipal, pautada na legalidade, para que esses espaços não sejam objeto de negociatas. Não é admissível tantos pequenos empreendedores jogados as intempéries sociais, enquanto esses mercados têm pontos fechados a anos ou são objetos de repasses por aluguéis mensais.

Fazendo um parêntese, haja vista que será objeto de outra análise, o reordenamento legal desses espaços, com uma boa intervenção arquitetônica, pode ser uma solução para parte dos problemas dos ambulantes que tomam as ruas e praças da área central da cidade.

Solução existe para o problema dos mercados. Resta saber se haverá coragem da gestão de fazer o enfrentamento.

*É professor universitário.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.