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Vinte e nove jornalistas pisoteiam mais 7.500 cadáveres no RN

Não dá para naturalizar que 29 jornalistas saíram de casa para eleger como parlamentar do ano um deputado estadual que teve 12 vídeos removidos do Youtube por propagar informações falsas sobre a eficácia da ivermectina para tratar covid-19.

Não consigo compreender como 29 jornalistas que ocupam importantes espaços na mídia da capital elegeram parlamentar do ano um deputado que incentivou as pessoas a acreditarem que um remédio usado para verme e piolho funcionaria como uma vacina contra a covid-19. Pior: este mesmo cidadão trocou consultas para receitar medicamentos comprovadamente ineficazes por likes nas redes sociais.

Isso virou notícia internacional!

Albert Dickson (PROS) usou o cargo de médico para pregar que a ivermectina serviria para evitar problemas no fígado com as novas variantes da covid-19 quando o que se tem comprovado é que o uso indiscriminado do remédio tem causado hepatite.

Ainda assim 29 jornalistas saíram de casa para dizer que alguém que se destacou tão negativamente merecia ser escolhido o melhor deputado estadual do Rio Grande do Norte.

Confesso que só corporativista, mas se tivesse em mãos a lista destes 29 colegas não pensaria duas vezes em expor. Essa gente mostrou indiferença por mais 7.527 potiguares, dentre eles alguns colegas da mídia, que morreram da doença pandêmica.

Premiar alguém com essa postura envergonha o jornalismo potiguar e constrange os fatos.

Mas nada disso me surpreende. A mídia natalense deu ampla divulgação para os absurdos praticados pelo deputado, deu pouca importância as denúncias contra ele e nunca se retratou pela pregação em favor da ivermectina como uso contra a covid.

Infelizmente o jornalismo potiguar ficou menor com essa escolha que acaba recaindo sobre todos nós.

Deixo aqui o meu repúdio contra esses 29 colegas que pisotearam sobre mais de 7.500 cadáveres.