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A masculinidade frágil de Bolsonaro prova que homofobia não é mimimi

Desde Dom Pedro I não tínhamos um governante no Brasil com a vida sexual tão discutida como o presidente Jair Bolsonaro. Se com nosso primeiro monarca o assunto eram as amantes que ele colecionava enfileirando filhos e mais filhos dentro e fora do casamento, com o atual mandatário nacional o assunto gira em torno de chacotas que ele mesmo provoca.

Se Bolsonaro evitasse abordar certos assuntos como gravar vídeos dizendo-se “imbrochável”, “incomível” ou anunciar em cerimônia oficial que transou com primeira dama ninguém daria a mínima para a vida de alcova presidencial.

Não por acaso a tentativa constante de posar de machão fez emergir dos bastidores da caserna a informação de que a primeira esposa traia o então militar e depois ele voltou a ser traído no segundo casamento, desta vez com um bombeiro, segundo consta nos mexericos da mídia.

Mas o fato é que Bolsonaro sempre traz a própria sexualidade à tona, muitas vezes para gerar polêmicas vazias e desviar o foco.

É inegável que o presidente é homofóbico.

Ninguém que afirma vizinhos gays desvalorizam imóveis ou diz que filhos homossexuais devem levar uns tapas para aprender a ser homens seria diferente de um notório discriminador da comunidade LGBTQUIA+.

Não sou daqueles que considera que todo homofóbico seja um gay enrustido. Não necessariamente todos são sexualmente hipócritas.

Nem sei se é o caso de Bolsonaro.

Mas certamente ele tem a masculinidade frágil e sábado tivemos mais um episódio que demonstra isso quando ele ficou na via Dutra acenando para o público e uma mulher o xingou de “noivinha do Aristides” numa referência a um suposto relacionamento homoafetivo de Bolsonaro com um tal de Sargento Arisitides, seu instrutor de judô na Academia das Agulhas Negras.

O presidente apelou e exigiu que a mulher fosse detida.

Cena constrangedora que mostra fatores múltiplos da personalidade do presidente que vão além da já citada masculinidade frágil passando pelo autoritarismo. Mas um fato é inegável: o presidente é contra o politicamente correto desde que o alvo não seja ele ou seus filhos e que o alvo seja mulheres, negros e homossexuais.

Sim, a mulher que xingou Bolsonaro agiu de forma homofóbica e a reação do presidente é mais uma prova cabal de que homofobia não é mimimi, como dizem seus seguidores.

Bolsonaro num xigamento aleatório reagiu de forma autoritária. Imagina se ele passasse 1% do que passam os homossexuais que pela vida toda são discriminados, tratados na chacota pelos colegas no trabalho e na escola ou perdesse oportunidades na vida pela sexualidade.

O presidente nem de longe tem a resiliência dos que lutam por respeito e ele mesmo trata de desqualificar.

A masculinidade frágil de Bolsonaro bem que poderia ensina-lo a ter mais empatia com a comunidade LGBTQI+, mas seu outro traço psicossocial, a perversidade, não permitirá isso. Para ele bastará beijar a primeira dama Michele Bolsonaro em público que tudo se resolve.

Bolsonaro provou que homofobia não é mimimi.