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Já se matou mais em nome de Deus do que no nome do Demônio

Por Tales Augusto*

“Quando um ataque armado for feito ao inimigo, deixe esse grito ser levantado por todos os soldados de Deus: ‘Esta é a vontade de Deus! Esta é a vontade de Deus!”

O trecho acima foi proferido pelo Papa Urbano II como chamamento para as Cruzadas durante a Idade Média, mas se eu não tivesse identificado, poderia ser qualquer deus ou ainda poderia ser qualquer inimigo, em comum, a religião como base para saquear, torturar, guerrear e até matar.

O título do texto pode soar como algo forte, para outros como mentira, ainda alguém chegar a dizer que é relativamente uma intolerância religiosa. Porém, não são os deuses ou deus os assassinos, mas as pessoas que fazem parte das religiões e não é de hoje que a Fé é usada como justificativa para a maldade, ação esta até abençoada e com recompensava nesta ou noutra vida, tudo em nome da Fé.

A Fé há muito tempo se mistura com a Política, do Egito Antigo, passando pela Idade Média na Europa onde o catolicismo prevaleceu e que na modernidade, inclusive instituiu a Inquisição. Nas Américas, a Cruz e a Espada com raras exceções, foram impostas aos povos que aqui viviam. Até mesmo no nordeste brasileiro, o Padre Cícero Romão em Juazeiro do Norte, empreendeu uma certa Cruzada contra o poder da capital cearense, um verdadeiro Coronel de Batinas. Não muito diferente, tivemos no Oriente o surgimento no século VII do Islã, com ramificações diversas e com distorções.

Ainda tivemos a tríade “Deus, Pátria e Família” adotada como lema para Estados Fascistas na Itália, o Nazismo na Alemanha, em Ditaduras como a implantada em 1964 no Brasil e hoje, se quisermos fazer uma analogia, muito me assusta quando um governo coloca como slogan o “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”! Mas que Deus? E as pessoas que não fazem parte desta religião? Os ateus? O Brasil é ou não um Estado Laico?

 Falo isso, pois durante toda esta semana que terminou ontem, li em muitas postagens o lamento pelo que está ocorrendo no Afeganistão, com o retorno do Talibã ao poder, a instituição de um Estado Teocrático Narcotraficante e Miliciano, é questão de tempo. E tem mais, o Cemitério dos Impérios (o termo como é conhecido o Afeganistão), desde Alexandre O Grande, até Biden com o Império Estadunidense, até antes com a URSS, nenhum império conseguiu dominar totalmente o Afeganistão. Mulheres como a Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da paz que teve que fugir do país a certo tempo, devido a perseguição as mulheres e o impedimento delas estudarem e terem maior liberdade. A tendência é o retorno ao extremismo.

Dói muito o que acontece no Afeganistão e nos deixa de orelha em pé, mas fechar os olhos para questões locais, seria também um erro e até mesmo o que lá ocorre, não é difícil que aqui ocorra. Não vejo diferença entre os muçulmanos e cristãos no Brasil (sejam eles católicos ou evangélicos) extremistas, ainda temos sorte que são minoria, ainda…

No caso do Brasil e o cristianismo, temos até cristãos perseguindo cristãos. O Padre Júlio Lancellotti, atuante para com os irmãos em situação de rua, fora criticado por uma deputada federal em decorrência do clérigo está alimentando estes e os usuários de drogas, principalmente os de crack. A Janaína Paschoal teve apoio de muita gente quando desferiu seu ódio contra o padre, todavia é difícil entender a suposta Fé que os agressores do padre Júlio acreditam. São os que nos templos religiosos fazem ARMINHA quando Jesus era contra a violência, são os que não querem ajudar aos que mais precisam, quando Jesus alimentou os que passavam fome e sede, são o que escolhem os trechos na Bíblia para seu bel prazer e no dia a dia esquecem o “amai uns aos outros como eu vos amei”. Não precisamos ir longe para vermos o ódio, no Rio Grande do Norte, na Praia do Meio em Natal, foi necessário instalar câmeras, para evitar a depredação e ações insanas contra uma imagem de Iemanjá, imagine o que são capazes de fazer com pessoas se não forem vistos?

Destilam ódio, mas garantem assim como outros noutras religiões, estarem salvos e continuam a julgar os outros, rotulando-os de sujos, excluindo-os. Já imaginaram se a maioria da população no Brasil fosse assim? Caminhamos para isto, provavelmente daqui a no máximo três décadas.

Qualquer extremismo, seja de orientação política a direita, a esquerda, o étnico, o sexista ou de qualquer outra nuance, é inaceitável. A Civilização parece que perecerá, questão de tempo. Espero está errado, contudo, uma análise de conjuntura e até mesmo por ser Historiador, faz-me pensar que antes mesmo de uma hecatombe climática levar a espécie humana, a nossa ignorância justificada na Fé, jogará a humanidade mais uma vez num fosso sem fim.

E escrevo este texto de forma dolorida, por ser um cristão, que teme outros cristãos, que muitas vezes li, vi, escutei falarem mil coisas contra mulheres, contra negros, contra pessoas LGBTQI+, contra deficientes físicos e mentais (lembrei até do Pastor que é ministro da Educação, já imaginaram como deve ser a pregação dele?), contra nordestinos, contra o ensino laico, contra as religiões diversas e em especial as de matriz, africana e afro-brasileira, dentre outros ódios e preconceitos. Mas sem problema nenhum, lembrem, “Quando um ataque armado for feito ao inimigo, deixe esse grito ser levantado por todos os soldados de Deus: ‘Esta é a vontade de Deus! Esta é a vontade de Deus!”

*É professor de História, Cristão, escritor e aluno do Mestrado em Ciências Sociais e Humanas/UERN.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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Oratório de Santa Luzia 2018 estreia hoje no adro da Catedral

O espetáculo teatral Oratório de Santa Luzia estreia nesta terça-feira, dia 04, após a novena, e completa 18 anos repleto de novidades. A história da Virgem de Siracusa encenada pelos artistas mossoroenses no adro da Catedral de Santa Luzia relembra a vida e os martírios vividos pela Santa padroeira de Mossoró. Num ato de devoção e fé, o Oratório de Santa Luzia 2018 tem a honra de trazer para os devotos fiéis e toda a comunidade cristã um espetáculo que retrata o amor de uma jovem por Cristo. Seguindo o exemplo do próprio Cristo que morreu crucificado e deu a vida por amor ao mundo.

A direção geral deste ano é de Marcos Leonardo, que assina também os figurinos trazendo simplicidade e uma coerência de encanto e leveza, deixando transparecer a riqueza das “vestes da alma” e o colorido do brilho do olhar de cada ator/atriz, bailarino (a) e todos os personagens. Na assistência de direção e coreografia Roberta Schumara, que com maestria e altivez consegue transmitir nos movimentos corporais, através da dança, as mensagens subliminares da vida de Luzia. Procurando, segundo Roberta, tocar o interior de cada fiel. “ Uma evidência de que o corpo fala e o nosso coração sente o que a arte nos ensina, viver. A dança contemporânea não é apenas técnica e diferenciações. Precisamos tocar o outro para que ele sinta e entenda. É sentimento. É amor pelo que se faz”, ressalta.

Neste ano, o Oratório fez um casamento perfeito entre a Paróquia de Santa Luzia e o Colégio Diocesano, evidenciando uma parceria de fé, organização e muita dedicação. Contemplando o Grupo Diocecena como base para o elenco e uma brilhante participação de grandes atores mossoroenses para que possam beber da mesma fonte de viver que é a própria arte.

Para viver Luzia, personagem principal, a atriz e bailarina Sofia Maria, que com muita dedicação, discernimento e fé ao lado de atrizes e atores convidados: Joriana Pontes, Leonardo Wagner, Carlos José, Gledson Lopes, Neuma Almeida e muitos outros que irão contar toda a história da Santa da Visão.

O texto com palavras fervorosas e cheias de simplicidade e cristianismo é de autoria de Erismar Cunha, que através das frases e contextualizações exalta inúmeras passagens bíblicas transpondo e reconhecendo que os maiores ensinamentos estão nas Palavras de Deus. Não tem como não se apaixonar pela história de Luzia, que nasceu em um período carregado de perseguição. Naquele tempo, ser cristão era um ato de heroísmo.  O Oratório mostrará a devoção de Luzia com cores, movimentos, ritmo e fé.

O Oratório é financiado com recursos da Lei Câmara Cascudo, patrocinado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Fundação José Augusto, Cosern e Café Santa clara, e conta também com o apoio da Prefeitura Municipal de Mossoró.

Serviço

Peça: Oratório de Santa Luzia:

Período: 4 a 12 de dezembro

Horário: após a novena das 19h30

Local: Adro da Catedral de Santa Luzia