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Styvenson tira de letra fofoca homofóbica e mostra que ninguém deve ser ofender ao ser chamado de gay

Surgiu um boato na Internet esta semana de que um político do Rio Grande do Norte “metido a machão” teria se separado da esposa por ter um caso com um personal trainer.

Logo associaram a história ao senador Styvenson Valentim (Podemos) que no ano passado entrou em polêmicas por comentários machistas nas redes sociais.

Em 16 anos cobrindo política ouvi vários comentários sobre a sexualidade das nossas figuras públicas, mas nunca vi um assunto sair dos bastidores da forma como aconteceu desta vez.

A fofoca em si homofóbica.

Primeiro por colocar a comunidade LGBT em posição de inferioridade em relação aos heterossexuais e o machão alfa como algo ainda mais superior. Claro que existe aí uma visão em torno de uma eventual abordagem em torno da hipocrisia sexual do senador.

Setores da esquerda, inclusive LGBTs, vibraram com o boato pela antipatia provocada por Styvenson em situações pretéritas.

A abordagem de alguns blogs foi lamentável e grotesca.

Mas Styvenson deu uma aula de como lidar com esse tipo de situação. Primeiramente é importante registrar que o senador afirmou que é heterossexual e disse nunca ter tido relações sexuais com homens (ver vídeo abaixo) ao contrário do que alguns colegas noticiaram com base em um trecho de um momento de descontração recortado. Ele ainda explicou que se separou da esposa no meio do ano passado e que a motivação estava relacionada aos desgastes que ele sofre por causa da política.

Styvenson tratou o assunto com leveza. Brincou dizendo que entre quatro paredes vale tudo, disse que se um dia sentir vontade de ficar com homem vai ficar e deu uma aula de como se deve lidar quando se faz insinuações sobre a sua sexualidade, o que sequer deveria ser visto como uma situação de crise.

O senador deu uma grande contribuição ao debate sobre o preconceito de cunho sexual ao mostra que ser chamado de gay jamais deve ser tratado como ofensa.

Ele foi para a entrevista na 98 FM estrategicamente preparado para lidar com a situação. Usou camisa cor-de-rosa (lembre-se que estamos num país governado por gente que acha que menino veste azul e menina veste rosa) num recado semiótico em torno da segurança que tem em relação a própria sexualidade.

O que menos importa nessa história toda é com quem  senador dorme, sequer estava disposto a abordar o tema aqui no blog. Mas a forma como ele lidou com o assunto foi uma aula para quem acha que ser chamado de “viado”, “sapatão” e qualquer outra expressão relacionada a sexualidade seja uma ofensa.

E a gente que entrou na resenha nos grupos de zap precisa refletir do quanto somos homofóbicos sem nos darmos conta disso.

Que sirva de lição para todos nós!

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Sexualidade dos políticos deveria ser o que menos interessa

Foto: Felipe Dalla Valle / Agência O Globo

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) anunciou em entrevista ao jornalista Pedro Bial, na Rede Globo, que é gay.

A Internet veio à abaixo com o assunto.

A espetacularização da política ganhou contornos de entretenimento e como entre os atletas e artistas a sexualidade dos políticos costuma despertar curiosidade ainda que estes costumem ser mais discretos sobre o tema.

Cheguei a escrever no Twiter que triste da sociedade em que um político assumir a homossexualidade seja notícia e, pior, que isso seja visto como gesto de coragem.

Infelizmente estamos numa sociedade extremamente conservadora e quando um político da importância de um governador do Rio Grande do Sul assume ser homossexual isso gera de uma forma ou de outra uma repercussão e empodera outras pessoas que se sentem intimidadas pelo preconceito.

O caso terminou respingando na governadora do outro Rio Grande, o do Norte, Fátima Bezerra (PT) que sempre tratou sua vida pessoal de forma muito discreta. Alguns setores da esquerda passaram a cobrar que ela fosse também lembrada sobre o assunto.

Achei um exagero até porque ela não trata desse tema publicamente. Muito pelo contrario.

Sou do entendimento de que a sexualidade dos políticos é o que menos importa. Deles quero honestidade, competência, compromisso com a inclusão social e geração de empregos.