Ela não chegou lá com sobrenome tradicional da política potiguar como a maioria das mulheres que passaram pela Assembleia Legislativa. Como a hoje governadora Fátima Bezerra (PT), a deputada estadual Isolda Dantas (PT) nasceu para a política a partir dos movimentos sociais de base.
Fátima do sindicalismo, Isolda do movimento estudantil e feminista.
Na Assembleia Legislativa Fátima sofreu e hoje, na condição de governadora, sofre com preconceitos. Isolda sente na pele o peso de ser a única mulher de esquerda e ligada ao movimento feminista na casa.
A deputada desde o início da atual legislatura sofre com provocações dos deputados, que aqui classifico com sub-Bolsonaros, que abraçaram o estilo do presidente da República sem o menor constrangimento.
As provocações, ordens para falar baixo, ironias sobre o tom de voz e ideologia da parlamentar sempre permeiam os debates.
Coisa que nunca aconteceu com outras deputadas de sobrenomes pomposos nem muito menos com homens.
É aí que reside um dos problemas. Os deputados sub-bolsonaros não sabem lidar com essa diferença e tentam se impor desqualificando a deputada.
A política é muito machista e no RN isso se mistura também com o elitismo.
Bolsonaro inspira gente como Coronel Azevedo (PSC), Tomba Faria (PSDB), Galeno Torquato (PSD) e Nelter Queiroz (MDB). Dos quatro sub-Bolsonaros da Assembleia somente o emedebista não tem registro de postura provocativa diante de Isolda.
Bolsonaro ganhou fama quando disse que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT/RS) por que a considera feia. Talvez alguns de seus admiradores enxerguem uma oportunidade de ganhar palco.
Logo no início da legislatura Azevedo quis fazer de Isolda a sua “Maria do Rosário”. Dentre tantas provocações ele chegou a dizer que a dizer que a parlamentar ficava excitada ao ouvir a voz dele.
Em setembro deste ano foi a vez de Tomba se incomodar com que a deputada faz ou deixa de fazer. Num pronunciamento ele disse que ela “só sabe dançar forró” em referência a um vídeo que circulou nas redes sociais dela dançando com o vice-governador Antenor Roberto (PC do B).
Esta semana foi a vez do deputado Galeno que mandou a deputada falar baixo e se referiu a ela dizendo que “não comia comida estragada”.
Já cansei de assistir esses deputados em discussões com a petista pedindo em tom irônico para ela ter “calma” ou falar baixo mesmo que o tom de voz não esteja alto.
Não há registro desses deles se referindo a outros deputados nestes termos. O próprio Nelter Queiroz fala alto e esse jeito de ser é tratado de forma bonachona por seus colegas. Nunca ninguém o manda moderar o tom de voz em um debate acalorado.
A mistura de machismo com elitismo da parte desses deputados explica muito porque Isolda é o alvo preferencial dos sub-Bolsonaros da Assembleia Legislativa.