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Domingo Dia de Futebol: os primeiros reis

 Por Gustavo Azevedo

Os primeiros brasileiros a serem coroados reis do futebol não foram Pelé e Garrincha, como muita gente imagina, mas os jogadores do esquadrão montado pelo Club Athletico Paulistano que, em 1925, encantou franceses, suíços e portugueses durante uma vitoriosa excursão a Europa. Foram dez jogos disputados, nove vitórias e uma derrota, 31 gols pró e 08 contra. Uma campanha que mereceu destaque dos principais jornais, principalmente depois da vitória por 7 a 2 sobre o selecionado francês.

“Os brasileiros são mais perigosos, mais eficientes pelo seu jogo fogoso, ardente e insistente, em passes rápidos, seguros e em investidas excessivamente velozes que deixam estupefato o adversário. Les Rois du Football (são os reis do futebol)” cravou o jornal matutino francês Le Journal. O maior destaque ficou por conta de Friedenreich, artilheiro da excursão com 11 gols.

Mas as glórias daquele time do Paulistano já vinham de longa data. Primeiro, com o tetracampeonato paulista conseguido no período de 1916 a 1919, sem falar no inédito título de Campeão dos Campeões, conquistado ao vencer o primeiro campeonato brasileiro de clubes campeões. A disputa, que pode ser considerada precursora do atual brasileirão, foi realizada em 1920 onde participaram além do Paulistano, o Fluminense/RJ que conquistou o Campeonato do Distrito Federal e o Brasil de Pelotas/RS, campeão gaúcho.

Pode-se considerar que o Paulistano abriu as portas da Europa para o futebol brasileiro, a prova disso é que nos anos 30, alguns jogadores representaram países daquele continente em suas seleções, principalmente a Itália, onde o paulista Anfilogino Guarisi, o famoso Filó, foi Campeão Mundial pela Esquadra Azurra em 1934. O Paulistano, que fecharia o departamento de futebol em 1929, e teria jogadores e dirigentes migrados para fundarem o São Paulo, teve como os primeiros Reis do futebol brasileiro a seguinte formação:

Paulistano_20

Em pé: Clodoaldo, Barthô, Sérgio, Nestor, Nondas e Abate.

Agachados: Filó, Mário, Friedenreich, Araken e Netinho.

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Domingo Dia de Futebol: O PAI DO TORNEIO RIO-SÃO PAULO

Oscar-Cox

Por Gustavo Azevedo

Quando terminou seus estudos na Suíça e retornou ao Brasil em 1901, Oscar Cox não imaginava a dificuldade que iria encontrar para praticar seu esporte favorito, o futebol. Naquela época o Rio de Janeiro era dominado pelo críquete e parecia não haver espaço para outro esporte, mas Cox não desistiu, além de ter trazido muitas bolas da Europa, trouxe também a novidade, que era a criação da grande área, formulada naquele mesmo ano. Tanto falou dos encantos do jogo aos amigos que conseguiu reunir um pequeno grupo de jogadores para ensinar as regras, com isso estava organizado o Rio Team.

Contudo, surgiu outra dificuldade, arrumar adversários. Cox teve que recorrer aos ingleses do Rio Cricket and Athletic Association, de Niterói, do qual seu pai tinha sido fundador e segundo Presidente da história do clube. A primeira partida, disputada em Niterói, em 1° de agosto de 1901, terminou empatada em 1×1 e foi presenciado por quinze pessoas, público recorde para um esporte desconhecido.

Coube a Oscar Cox, se tornar o pai do torneio Rio São Paulo e organizar o primeiro jogo, em 1901. Ele, até mesmo, tentou conseguir um desconto no trem que levou a equipe para a capital paulista, uma vez que se tratava de uma embaixada esportiva. A estrada de ferro Central do Brasil não se comoveu e os rapazes, que eram de classe média, não tiveram problemas em pagar as passagens. Os dois encontros entre os combinados carioca e paulista terminaram empatados (1×1 e 2×2). Os jogos foram marcados pela extrema cordialidade e camaradagem, não havendo nenhum pontapé e a imparcialidade da arbitragem mereceu brindes no jantar que comemorou o encontro. Um clima bem diferente daqueles que marcariam as futuras disputas entre Rio e São Paulo.

No ano seguinte, em 21 de julho de 1902, no Rio de Janeiro, era fundado o Fluminense Football Club em uma reunião realizada no bairro do Flamengo e presidida por Manoel Rios, além de secretariada por Oscar Cox e Américo Couto (que chegaria a se tornar o primeiro goleiro do clube), daí então, por proposta de João Carlos de Mello e Virgílio Leite, Oscar Cox se torna o primeiro Presidente tricolor.

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Amenidades dos Pirata

Seguinte: Pe. Mota sempre ao chegar em casa, em razão de seu tecido adiposo (gordura, para os mais burros), despia-se por completo e se enrolava em uma toalha da cintura para baixo e ficava desse modelo até ter que se paramentar para suas atividades sacerdotais, novamente. Daí, essa era a sua indumentária para o atendimento das pessoas que o procuravam em sua residência. Certa vez, uma senhora e uma garotinha bateram à sua porta e ele de toalha. atendeu-as, prontamente. Daí, a garotinha percebeu pela fresta da toalha que o pinto do padre estava à mostra por completo. A menina espantada diz para sua mãe em voz alta: MÃE EU VI A PIROCA DE PE. MOTA… Ele, bem tranquilo: Ô minha filha, mande lembranças pra ela, pois faz tempo que não a vejo!

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E se Larissa tivesse vencido em 2012?

 

Dia 7 de outubro de 2012, Larissa Rosado (PSB) é eleita prefeita de Mossoró com 52% dos votos válidos e maioria de 10 mil sufrágios sobre Cláudia Regina (DEM).

Apesar do acirramento nas redes sociais entre as militâncias, a campanha foi tranquila em termos de judicialização. As duas assessorias cumpriram à risca o acordo proposto pelo juiz Herval Sampaio Junior e não entraram com ações.

Com a vitória, Larissa finalmente conseguiu se tornar prefeita e o grupo da deputada federal Sandra Rosado (PSB) volta a governar a cidade após 16 anos amargando a missão de ser oposição.

Por sua vez Cláudia Regina caiu de pé. Saiu maior do que entrou no pleito e se tornou uma liderança ainda mais expressiva em Mossoró. Nenhuma decisão do Rosalbismo consegue ser tomada sem passar pela opinião da outrora liderada.

A governadora Rosalba Ciarlini que teve uma postura política sem nenhum deslize no pleito não se desgastou com nenhum dos grupos e seu capital político está intacto em Mossoró.

Nas eleições de 2014 Lairinho Rosado (PSB) – que repetiu o feito de Francisco José após 20 anos- saiu da Câmara Municipal para a Assembleia Legislativa e Cláudia Regina também foi eleita deputada estadual. Mossoró ganha dois parlamentares qualificados e técnicos no Palácio José Augusto.

Leonardo Nogueira abre mão de ser deputado estadual para que a esposa Fafá Rosado também se acomode no parlamento estadual. Com a força da Câmara Municipal  e a fama de melhor presidente que a casa já teve, Francisco José Junior é eleito deputado estadual. No total, Mossoró fica com quatro cadeiras na Assembleia.

Sandra Rosado se reelege deputada federal e Beto Rosado assume a missão de substituir o pai, inelegível por causa de uma decisão do Tribunal de Contas, na Câmara. Mossoró mantém a tradição de ter dois deputados federais.

No DEM Rosalba resiste às pressões unternas. Sem argumentos em torno do seu direito à reeleição, Agripino não barra a reeleição da governadora. Ela consegue reunir um punhado de partidos nanicos e no confronto de rejeitados consegue usar o seu carisma para superar o acordão de Henrique Alves. Conquista mais quatro anos de mandato à frente do Estado.

Talvez não fosse exatamente assim, mas os últimos três anos da política de Mossoró com certeza teriam sido bem melhores (pelo menos em termos de representatividade) se a tragédia de 2012 não tivesse acontecido.

Bastava os advogados de Cláudia não terem quabrado o acordo de cavalheiros de não judicializar o processo eleitoral. Ao quebrarem o acordo, o tiro saiu pela culatra e Cláudia chegou a acumular 13 cassações.

O curso natural era uma vitória de Larissa. Não teríamos uma alternância de sobrenomes, mas ao menos seria um outro grupo político assumindo o poder na cidade.

Mas como ficou comprovado, a artificialidade do abuso de poder econômico e político alterou todo o processo e Mossoró hoje não tem representação na Assembleia Legislativa  e apenas um deputado federal (atuante porém inexperiente). A cidade perdeu o Governo porque Rosalba estava inelegível em 2014.

O estrago político para Mossoró é incalculável.

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Domingo, dia de futebol: “o vexame de 54”

27 de Julho de 1954 - Copa do Mundo - Brasil 2 x 4  Hungria Da esquerda para a direita: Índio, Didi, Humberto Tozzi, Maurinho, Djalma Santos, Brandãozinho, Nílton Santos, Pinheiro, Julinho Botelho, Castilho, Bauer e Mário Amércio (massagista).
27 de Julho de 1954 – Copa do Mundo – Brasil 2 x 4 Hungria Da esquerda para a direita: Índio, Didi, Humberto Tozzi, Maurinho, Djalma Santos, Brandãozinho, Nílton Santos, Pinheiro, Julinho Botelho, Castilho, Bauer e Mário Amércio (massagista).

Por Gustavo Azevedo

O Brasil partiu confiante para a Copa do Mundo da Suíça em 1954. Um otimismo que, no fim, se mostrou exagerado. Apesar da vitória fácil na estreia, um contundente 5×0 no México, a segunda partida ficou, sem a menor necessidade, dramática. Tudo porque um simples empate classificava as duas equipes. Só que os brasileiros não sabiam disso. Os iugoslavos até gesticulavam, pedindo calma, mas os brasileiros não entendiam e partiam para o ataque tentando uma vitória a qualquer custo. Quando o juiz apitou todos choraram e somente horas depois é que a comissão técnica descobriu que o time estava classificado. Moralmente destroçado, o time partiu para enfrentar a seleção magiar, os mágicos húngaros comandados por Puskas (que não jogou), até então a melhor seleção daquela copa.

Antes do início da partida, o vestiário do Brasil foi invadido por dirigentes dispostos a estimular o time com exortações patrióticas. O Senador da República, João Lira Filho, fez um discurso onde comparava os jogadores aos inconfidentes mineiros e, desfilando com uma bandeira usada pela Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, obrigou os jogadores a beijarem a bandeira. O time entrou em campo com os nervos a flor da pele e o jogo ficou conhecido como a Batalha de Berna, por conta das expulsões e brigas. Numa delas, o jornalista Paulo Planet Buarque invadiu o gramado para dar rasteira nos policiais, em outra, foi a vez do técnico Zezé Moreira dar uma chuteirada na cara do Ministro dos Esportes húngaro, Gustav Sebes. Na bola, entretanto, perdemos por 4×2, com gols de Hidegkut, Kocsis (2) e Lantos para a Hungria e Djalma Santos e Julinho Botelho para o Brasil. Apesar disso, três brasileiros saíram consagrados como os melhores do mundo em suas posições: os laterais Djalma e Nilton Santos e o ponta-direita Julinho Botelho.

A semântica do vexame de 54 se perdeu 60 anos depois, na Copa do Mundo do Brasil de 2014. A goleada imposta pelos alemães por 7x1representou a derrota mais expressiva em 100 anos de história da seleção brasileira de futebol, igualando a diferença de gols do jogo Uruguai 6×0 Brasil pela Copa América de 1920. Foi a maior derrota de um campeão mundial em toda a história e o maior revés em uma semifinal em todas as edições de uma Copa do Mundo, mas isso é outra história…

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Amenidades do Pirata

Por Junior Pirata

Comecei minha carreira de treinador de voleibol muito jovem, quando ainda jogava. Ea vergonha perdi ainda mais cedo. Pois bem, em priscas eras, quando treinava a seleção de mossoró, feminina, treinava as mulheres mais desejadas da cidade naquela época. Muito bem, aconteceu um lance com uma das desejadas, que a meu ver, era de fácil resolução, entretanto, a gostosa não conseguiu por moleza, daí, eu dei-lhe um grito reclamando, bem a meu modo, e ela, saiu com essa: Júnior, mas, a intenção valeu… Daí, eu na bucha: Se intenção valesse, você já tinha tido uns dez filhos meus…

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Amenidades do Pirata

Por Alcides Andrade, o “Junior Pirata”

Minha sobrinha que mora em Natal, de nome Leyziane, recentemente, teve uma filhinha e quando veio a Mossoró, estando na casa de minhas tias, conversava sobre os gastos e o que era preciso para com uma criança e, perguntaram-lhe quando ela ia ter outro (essas perguntas bestas que mulheres fazem) e ela alegou justamente isso, ou seja, despesas necessárias para ter um filho e que era preciso de muito dinheiro, atenção e etcl. Daí, minha tia Corália, que até aquela altura não havia dito nada e que, recentemente, completou a idade de 93 anos e já anda variando das ideias, saiu com essa: E num é preciso só o pau, não?

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Domingo dia de futebol: O ROLO COMPRESSOR COLORADO

Inter

Em pé: Manga, Claudio, Figueroa, Vacaria, Marinho Peres e Falcão;

Agachados: Valdomiro, Jair, Dario, Caçapava e Lula.

Por Gustavo Azevedo

O Internacional não tinha do que reclamar em 1973. Afinal, naquele mesmo ano conquistara o pentacampeonato gaúcho. Mas a torcida e os dirigentes queriam mais. Queriam mostrar ao Brasil o Rolo Compressor Colorado. Para isso montaram um time que privilegiava a força sem esquecer a arte. O clube já contava com o chileno Figueroa na zaga e o garoto Falcão no meio campo, mas os reforços vieram com a contratação de um técnico cheio de idéias, Rubens Minelli, e do goleiro Manga. Assim, o Inter conquistou o primeiro título brasileiro em 1975, em cima do timaço do Cruzeiro que tinha craques com o Piazza, Nelinho e Joãozinho.

No ano seguinte, o que estava bom ficou melhor com a chegada do zagueiro Marinho Peres e do folclórico Dadá Maravilha. O bi brasileiro veio fácil em cima de um Corinthians sem brilho. Tanto que a torcida colorada até hoje considera o jogo anterior a final contra o Atlético Mineiro, no dia 05 de dezembro de 1976 a verdadeira decisão, de virada por 2×1, com um golaço de Falcão no último minuto de jogo.

Em casa, o esquadrão colorado continuava torturando o adversário Grêmio, que viu o rival se tornar octacampeão gaúcho em 1976. O que o Inter fez em apenas dois anos no Brasil foram obras que os deuses do futebol aplaudem sempre quando mencionadas. As apresentações daquele time no Beira-Rio sempre lotado e praticamente recém inaugurado (em 1969), eram magníficas. Como não se lembrar da tabelinha de cabeça entre Escurinho e Falcão que resultou, no já acima mencionado gol da vitória, de virada, sobre o Atlético-MG em 1976? Como não se lembrar do “gol iluminado” de Figueroa na decisão do Brasileiro de 1975? Como não se lembrar daquele Inter calando o Maracanã ao derrotar a temida máquina tricolor do Fluminense, de Rivellino, Carlos Alberto Torres e Paulo César Caju? Não tem como ficar avesso a um time de tanta qualidade e tanto brilho. Bah, Inter!

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Domingo dia de futebol: “A marreta germânica”

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Por Gustavo Azevedo

O primeiro artilheiro a causar sensação no futebol brasileiro foi o jovem alemão George Paul Hermann Friese, que chegou a São Paulo em 1903, vindo de Hamburgo com apenas 21 anos de idade e logo se afiliou ao Sport Club Germânia, tradicional equipe da colônia alemã. Alto e forte, jogava em qualquer posição e “valia um time inteiro”, como diziam os jornais da época, inclusive numa dessas, a crônica esportiva do Jornal o Estado de São Paulo estampou: “O jogador mais sensacional de todos os tempos”.

Na verdade o alemão era literalmente um atleta de ponta, na Europa, já havia se sagrado campeão nas corridas de curta (100m e 200m) e média distâncias (1500m e 3000m). Em maio de 1907, ele foi o único atleta representando o Brasil em uma competição internacional, realizada no Uruguai. Venceu em uma única noite as corridas de 1500m e 800m, ficando em segundo na prova dos 400m.

Mas o que mais o destacava era sua capacidade de marcar gols. Foi artilheiro por três temporadas em São Paulo, pelo Germânia, marcando quatorze gols em 1905 e seis tentos em 1906 e 1907 cada. Deve-se ainda a ele a introdução da jogada de corpo, chamada então de marreta (hoje, ombro a ombro), muito protestado pelos adversários na época.

Friese também foi treinador do Germânia em 1909, onde surgiu Arthur Friedenreich, o primeiro gênio reconhecido do futebol brasileiro, que de início, foi proibido de fazer parte do clube, por possuir nítidos traços negroides, apesar dos olhos verdes, era filho de um imigrante alemão com uma negra brasileira, mas por intervenção de Hermann Friese, o clube revogou tais proibições.

Frieser foi também o primeiro grande árbitro do futebol brasileiro, chegando a apitar as finais dos campeonatos paulistas de 1903, 1904, 1910 e 1920 e a final do troféu interestadual de 1910, vencido pelo Botafogo do Rio, que goleou por 7×2 a Associação Atlética das Palmeiras, no Velódromo de São Paulo, (na época era comum jogadores atuarem como árbitros), ele também dirigiu o jogo em que o Palestra Itália (Palmeiras) derrotou o Paulistano por 2×1, em dezembro de 1920, conquistando pela primeira vez o campeonato paulista. Também apitou o jogo inaugural da Vila Belmiro, em 22 de outubro de 1916, onde o Santos venceu o Ypiranga por 2×1. Morreu em 1945 e tornou-se um dos 10 patronos da Academia Paulista de Árbitros de Futebol Charles Muller, como também empresta seu nome para uma competição disputada por escolas alemãs de São Paulo, a “Taça Friese”.

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Domingo dia de futebol: Os Mineirinhos da Celeste

Cruzeiro_66

Por Gustavo Azevedo

O que dizer de um time de garotos recém-promovidos a profissionais, enfrentarem e vencerem o Santos de Pelé? Pois foi isso que aconteceu com Tostão, 19 anos, Dirceu Lopes, 20 anos e Wilson Piazza, 23 anos, que se tornaram campeões da Taça Brasil de 1966. O esquadrão cruzeirense contava com a segurança de Raul Plassmann, o goleiro das camisas amarelas, uma zaga deveras violenta e um ataque infernal.

Raul; Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hílton Oliveira, impuseram ao Santos um acachapante 6×2 no primeiro jogo, dia 30 de novembro, realizado no Mineirão, com a presença de quase 90.000 espectadores que viram um time de branco sendo dilacerado por uma máquina azul. Mas o jogo da volta, no dia 07 de dezembro, era em São Paulo e o Santos tinha Pelé num Pacaembu tomado por 30.000 santistas esperançosos, ainda mais quando Pelé e Toninho Guerreiro fizeram 2×0 aos 25 minutos do primeiro tempo. Contudo os meninos cruzeirenses já tinham perdido o respeito pelos craques paulistas e viraram o jogo para 3×2 com gols de Tostão, Dirceu Lopes e Natal.

Esse timaço do Cruzeiro também ganhou cinco campeonatos mineiros seguidos, de 1965 a 1969, para desespero dos atleticanos. Quanto Tostão se transferiu para o Vasco da Gama, em 1972, e em seguida abandonou o futebol, o clube ainda teve fôlego para formar outro grande time com a chegada de Jairzinho e a ascensão de Palhinha, Joãozinho e Nelinho, onde venceram a Taça Libertadores da América de 1976, superando o River Plate de Kempes, Fillol e Perfumo e só não ganhou o mundial interclubes porque teve de enfrentar o Bayern de Munique num campo coberto de neve.

Até o ano de 1965, o futebol brasileiro se resumia as forças dos times de São Paulo e Rio de Janeiro. Santos, Botafogo, Palmeiras, Fluminense, Vasco, Flamengo, Corinthians e São Paulo, nesta ordem, eram as potências que ditavam o esporte no país. Os clubes de estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul sequer figuravam nessa lista, se restringindo as competições estaduais. Apenas o Bahia, em 1959, que conseguiu quebrar por um momento essa ordem quando levantou a primeira edição da Taça Brasil. Mas a partir de 1965, graças a esses mineirinhos, bons de bola, um clube azul de Minas Gerais deu as caras e mostrou ao Brasil um futebol brilhante e inesquecível.