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Empresa norueguesa inaugura usina solar em Assu com capacidade de gerar energia para uma cidade de 600 mil habitantes

Mendubim, uma usina solar de 531 MW, com capacidade para gerar energia para uma cidade com mais de 600 mil habitantes, foi inaugurada oficialmente hoje em Assu, Rio Grande do Norte, com a presença das lideranças das quatro empresas sócias do empreendimento, todas de capital de origem norueguesa – Scatec, Equinor, Hydro Hein e Alunorte – bem como de representantes das três esferas de governo – federal, estadual e municipal – e do governo da Noruega.

Com um investimento de cerca de R$ 2,1 bilhões, o projeto abrange uma área de 1,2 mil hectares – o equivalente a 1,2 mil campos de futebol. É composta por um complexo de 13 usinas em uma área operacional de 900 hectares e mais 300 hectares de área de preservação ambiental. Sua construção teve início em julho de 2022 e, no auge da obra, havia mais de 1,6 mil trabalhadores em campo simultaneamente. A usina é uma das seis maiores fotovoltaicas do Brasil.

Terje Pilskog, CEO global da Scatec, defende que Mendubim é um marco da empresa no Brasil. “Esse complexo solar, em pleno semiárido nordestino, é o segundo empreendimento da Scatec no país. O Brasil é um mercado chave para nós e possui um imenso potencial para crescer em energia renovável”, afirma ele.

Já o recém-empossado country manager da Scatec no Brasil, Aleksander Skaare, considera que o Brasil não apenas se posiciona bem enquanto produtor, mas, ainda, pela qualificação de sua mão de obra especializada no setor das energias renováveis. “O país tem imenso potencial de crescimento em energias renováveis. Já lidera, de longe, esse setor na América Latina, e é um dos principais players internacionais desse mercado. Queremos fazer parte disso”, comenta.

Detalhes do projeto

Situada no município de Assú (RN), a pouco mais de 200 km de Natal, o complexo de Mendubim se estende pelo perímetro de 38 quilômetros. Sua construção teve início em julho de 2022. As primeiras operações comerciais começaram em fevereiro deste ano, pelas Mendubins 11 e 9 e, sequencialmente, as demais foram sendo acionadas, até a última data de início da operação comercial, em março de 2024. O local está a 6 quilômetros da subestação de energia de Assu 3, que se conecta ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e a área, considerada excelente para a geração de energia solar, tem uma inclinação máxima de 5%.

A composição acionária do projeto contava, inicialmente, com 3 sócios – Scatec, Hydro e Equinor, os quais teriam partes iguais no empreendimento. Mas, desde o início de o mês passado, a Alunorte adquiriu 10% do empreendimento e assumiu o compromisso de comprar 60% da energia produzida. A empresa firmou um termo de compra de energia (PPA) por vinte anos. A composição se divide agora em 30% para cada um dos sócios iniciais (Scatec, Equinor e Hydro Rein) e 10% para a Alunorte.

Diversidade na obra

Ao longo de sua construção, Mendubim selecionou e capacitou 240 mulheres sem formação profissional para atuarem na área de renováveis, sendo 120 treinadas para montagem dos painéis solares e 120 para atuação em outras qualificações diversas.  A iniciativa foi promovida em parceria com o ITEC – Instituto Tecnológico do Brasil. Esse esforço se somou a outras iniciativas que permitiram à empresa atingir a participação de 30% de mulheres em atividades operacionais e de manutenção dos equipamentos. No Brasil, em todas as áreas, a participação das mulheres da Scatec é de 39% do quadro de funcionários.

Respeito ao meio ambiente

A produção de energia limpa e renovável ao longo dos próximos anos em Mendubim evitará que, aproximadamente, 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes deixem de ser emitidas na atmosfera. Para além desse marco, várias outras medidas foram tomadas para minimizar o impacto do projeto ao meio ambiente.

Entre elas está a decisão – inédita – da não remoção da camada mais superficial do solo nesse projeto, que é considerada uma inovação de engenharia nas usinas fotovoltaicas. Tradicionalmente, em projetos similares, são retirados 15 centímetros de cobertura do solo. “A ideia, aqui, foi diminuir o impacto ambiental e preservar a microbiologia do solo”, explica o country manager da Scatec.

Da área construída, foram resgatados mais de 6,2 mil animais da fauna originária local. Um esforço de manejo – abrangendo uma equipe de mais de 40 pessoas – que os direcionou para reservas legais na mesma bacia hidrográfica onde se situa Mendubim. A grande maioria (95%) desses animais era composta por cobras, lagartos e tatus. “Também tomamos o cuidado de solicitar a um apicultor local para remanejar as colmeias de abelhas que encontramos na região”, informa Skaare.

Da mesma forma, dois Estudos de Impacto Ambiental e outros dois Inventários Florestais foram conduzidos para se chegar a um projeto de reposição florestal, visando a recuperação de áreas degradas. Isso resultou no plantio de 340 mil mudas diversas, compostas por espécies nativas do bioma Caatinga, para garantir maior biodiversidade, proteção do solo, conservação da água e a redução da erosão na região.

Estrutura do projeto

A construção total compreende 974 mil módulos solares. Inclui, ainda, 2.560 inversores, além de transformadores elevadores de tensão e 83 eletrocentros distribuídos em 31 circuitos de média tensão. Estes foram conectados a uma subestação elevatória, composta por dois transformadores de potência de 280 MVA cada, onde a tensão de operação é elevada para 230 mil Volts, para fins de transmissão.

Os painéis solares são instalados em trackers (estruturas metálicas que os mantêm acima do solo), cujas estacas têm quase 3 metros – dos quais 1,60 metro é cravado abaixo do nível do solo.

Complementam o complexo 54 quilômetros de estruturas de drenagem pelo terreno para escoar a água das chuvas, que chegam a ter uma média próxima dos 120 mm entre janeiro e maio.

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Petrobras assina acordo para avaliação de projetos em energia eólica offshore em sete Estados. RN é um deles

A Petrobras e a Equinor assinaram carta de intenções que amplia a cooperação entre as empresas para avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos de geração de energia eólica offshore na costa brasileira, com potencial para gerar até 14,5 GW. Com esses estudos, a expectativa é avançar nos projetos de transição energética do país. “Esse acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil, aproveitando o expressivo potencial eólico offshore do nosso país e impulsionando nossa trajetória em direção à transição energética”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

O acordo é fruto da parceria firmada entre Petrobras e Equinor em 2018 – e teve seu escopo ampliado para além dos dois parques eólicos Aracatu I e II (localizados na fronteira litorânea entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo), previstos inicialmente. Além desses dois projetos, o novo acordo prevê avaliação da viabilidade de parques eólicos de Mangara (na costa do Piauí); Ibitucatu (costa do Ceará); Colibri (fronteira litorânea entre o Rio Grande do Norte e Ceará), além de Atobá e Ibituassu (ambos na costa do Rio Grande do Sul) – num total de sete projetos, com prazo de vigência até 2028.

“Vamos juntar nossa capacidade de inovação tecnológica offshore, reconhecida mundialmente, e a nossa experiência no mercado de geração de energia elétrica brasileiro com a expertise da Equinor em projetos de eólica offshore em vários países. Vale destacar, porém, que a fase é de estudos e a alocação de investimentos depende de análises aprofundadas para avaliar sua viabilidade, além de avanços regulatórios que permitirão os processos de autorização para as atividades, a ser feita pela União”, complementou Prates.

“A Equinor e a Petrobras têm uma longa história de parceria de sucesso. Estamos felizes em expandir nossa colaboração para renováveis, possibilitando uma ampla oferta de energia no Brasil. Juntos, estamos engajados ativamente para contribuir com a realização da energia eólica offshore e da transição energética do Brasil, criando as condições iniciais necessárias para que a energia renovável se desenvolva de maneira sustentável”, afirma Anders Opedal, CEO da Equinor.

Petrobras ambiciona neutralizar emissões até 2050

A iniciativa de diversificação rentável do portfólio da Petrobras contribuirá para o sucesso da transição energética e se soma ao plano de redução das emissões operacionais de gases de efeito estufa. A companhia reitera seu objetivo de atingir metas de curto prazo e sua ambição de neutralizar as emissões nas atividades sob seu controle até 2050 – assim como influenciar parceiros em ativos não operados. No Plano Estratégico da Petrobras para o período de 2023 a 2027, a eólica offshore é um dos segmentos priorizados para estudos aprofundados.

O potencial brasileiro para geração de energia eólica offshore traz oportunidades promissoras de diversificação da matriz energética do país. A tecnologia associada à geração eólica offshore utiliza a força dos ventos no mar para a produção de energia renovável – e as principais vantagens são a elevada velocidade e estabilidade dos ventos em alto-mar, livres de interferência de barreiras como rugosidade do solo, florestas, montanhas e construções, por exemplo.

A Petrobras segue mapeando oportunidades e desenvolvendo projetos de desenvolvimento tecnológico nesse segmento, como os testes da Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore (conhecida como Bravo), em parceria com os SENAIs do Rio Grande do Norte (RN) e Santa Catarina (SC).

A Equinor está presente no Brasil desde 2001, e o país é considerado uma das áreas centrais da Equinor. A Equinor possui um portfólio sólido e diversificado de petróleo e gás no Brasil, com licenças em desenvolvimento e em produção como Bacalhau, na Bacia de Santos, e Peregrino, na Bacia de Campos. Em renováveis, Apodi (162 MW) é a primeira usina solar do portfólio global da Equinor, operada pela Scatec. A planta iniciou a produção em 2018. Em 2022, foram iniciadas as obras do projeto solar Mendubim (531 MW), realizado em parceria com a Scatec e a Hydro Rein e previsto para entrar em produção em 2024.”