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Indústria extrativa do RN continua em queda e tem o segundo pior índice do país

Na direção oposta aos resultados da indústria de transformação (Veja mais sobre isso AQUI), a Indústria Extrativa continua sua série de resultados negativos, com quedas de 66% e 26,6% quando comparada com o mesmo mês do ano passado e no acumulado do ano, respectivamente.

A Indústria extrativa é aquela que extrai da natureza recursos e insumos sem alterar suas características. Inclui as atividades de extração de minerais em estado natural: sólidos (carvão e outros minérios), líquidos (petróleo cru) e gasosos (gás natural), podendo realizar-se em minas subterrâneas, a céu aberto ou em poços.

Os resultados da pesquisa levam o estado à segunda maior queda do país no primeiro índice e a maior queda se comparados os acumulados do ano. Em julho de 2023 o estado teve a maior queda entre todas as unidades da federação (-64,7%) na comparação mês/ mesmo mês do ano anterior. Desde que a pesquisa começou a ser realizada no estado, não há nenhum registro de variação positiva para o setor.

Série temporal dos resultados da Indústria Extrativa do Brasil e do Rio Grande do Norte no índice de variação acumulada do ano (ago/2023)
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Indústria Potiguar lidera crescimento no Brasil durante mês de agosto

No mês de agosto de 2023, a indústria do Rio Grande do Norte foi líder nacional em crescimento, apresentando um aumento tanto em comparação com o mesmo período do ano anterior (49,8%), quanto no acumulado do ano (14,3%).

Essa performance destacou-se quando comparada às médias nacionais, que atingiram 0,5% de crescimento em relação a agosto de 2022 e uma variação negativa de 0,3% no acumulado do ano. No geral, a Indústria avançou em 11 de 18 locais na comparação com agosto do ano passado. Depois do Rio Grande do Norte, o Espírito Santo foi o segundo estado com maior crescimento no índice, com 26,3%.  Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM – PF), que produz indicadores de curto prazo relativos ao comportamento da indústria no Brasil e regionalmente.

Resultado da Indústria geral do Brasil e das Unidades da Federação pesquisadas, por índice de variação mês/mesmo mês ano anterior (ago/2023)

No acumulado do ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior, a indústria teve resultados negativos em nove dos 18 locais pesquisados no indicador. O melhor resultado foi do Rio Grande do Norte (14,3%), seguido do Espírito Santo (6,8%). As quedas mais intensas foram registradas pelo Ceará (-7,0%) e pelo Rio Grande do Sul (-5,0%).

Resultado da Indústria geral do Brasil e das Unidades da Federação pesquisadas, por índice de variação acumulada no ano (ago/2023)

O setor de atividades de “Fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis” (óleo diesel), inserido na Indústria de Transformação, segue sendo o principal responsável pela alta potiguar. O estado fechou agosto com alta de 159,5% na variação mês/mesmo mês do ano anterior e com 32,6% no acumulado do ano na avaliação do respectivo setor, ficando na primeira posição nacionalmente em ambos os índices. No contexto nacional, a média para o crescimento do setor frente a agosto de 2022 foi de 6,5%, enquanto o crescimento acumulado do ano atingiu 3,9%. Em julho de 2023, o Rio Grande do Norte já havia se destacado como o segundo estado com o maior crescimento acumulado no ano, alcançando um índice de 20,8%.

Posição Brasil e Unidade da Federação PIMPF – Variação acumulada no ano (em relação ao mesmo período do ano anterior) (%) PIMPF – Variação mês/mesmo mês do ano anterior (M/M-12) (%)
1 Rio Grande do Norte 32,6 150,5
2 Amazonas 25,9 30,8
3 Pernambuco 18,3 10,8
4 Rio de Janeiro 14,5 10,2
5 Mato Grosso 13,5 6
6 Minas Gerais 10,7 7,7
7 Brasil 3,9 6,5
8 Mato Grosso do Sul 3,6 5
9 Paraná 3 -1,2
10 São Paulo 1,9 12
11 Ceará 0,4 -8,2
12 Goiás -2,5 -5,1
13 Bahia -2,8 -12,1
14 Rio Grande do Sul -15,2 5
Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física

 Os resultados do setor têm alavancado os da Indústria de Transformação, que teve alta de 98,6% em relação a agosto de 2022, resultando em um acumulado no ano de 27,2%. Esses índices novamente destacam o Rio Grande do Norte como líder nacional entre os locais pesquisados. Comparado com o segundo estado mais destacado na mesma seção industrial, o Mato Grosso (8,5%), a diferença de variação entre o Rio Grande do Norte e esse estado foi substancial, chegando a 90,1 pontos percentuais (p.p.). As médias nacionais para a mesma seção industrial foram de – 0,1% na comparação mês/mesmo mês do ano anterior e –1,3% no acumulado do ano.

Resultados da indústria da transformação – Brasil e Unidades da federação pesquisadas por variação mês/mesmo mês ano anterior (ago/2023)
Série temporal dos resultados da Indústria da Transformação do Brasil e do Rio Grande do Norte no índice de variação acumulada do ano (ago/2023

As outras duas atividades da Indústria de Transformação pesquisadas no estado também tiveram destaques nacionais. Em “Fabricação de Produtos Alimentícios” o estado teve o maior acumulado do ano (16,9%), embora na variação em relação a agosto de 2022, tenha ficado na oitava posição, com 8,1% de alta. Resultados positivos também na atividade de “Confecção de artigos de vestuários e acessórios” onde o estado apresentou 21,6% de crescimento se comparado a agosto de 2022, resultando em um acumulado do ano de 7,5%, mais uma vez os maiores índices do setor entre todos estados pesquisados.

Resultados dos setores de fabricação de produtos alimentícios e confecção de artigos do vestuário e acessórios, por índices de variação mês/mesmo mês ano anterior e acumulado do ano, ordenado pelo maior índice na variação acumulada – Brasil, Nordeste e RN (ago/2023)

 

  Brasil, Grande Região e Rio Grande do Norte Fabricação de produtos alimentícios Confecção de artigos do vestuário e acessórios
Variação mês/mesmo mês do ano anterior (%) Variação acumulada no ano (%) Variação mês/mesmo mês do ano anterior (%) Variação acumulada no ano (%)
1 Rio Grande do Norte 8,1 16,9 21,6 7,5
2 Brasil 7,6 3,6 -7,9 -8,7
3 Nordeste 4,3 5,7 -18,7 -12,4
Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física

 

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Indústria potiguar cresce 9,8% no primeiro semestre de 2023

A atividade industrial no Rio Grande do Norte registrou alta de 9,8% na posição do dia 31 de julho, em relação ao mesmo período do ano passado. É a maior taxa de crescimento entre os estados brasileiros no acumulado de 2023. O estado ainda teve o melhor desempenho nacional no mês de julho, com 50,7% de crescimento frente a igual mês de 2022.

A conclusão é de estudo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crédito do Banco do Nordeste (BNB) para o setor no estado potiguar chegou a R$ 119,4 milhões nos sete primeiros meses do ano. A instituição de desenvolvimento regional está perto de cumprir a previsão orçamentária para o ano, de R$ 134,6 milhões.

Segundo o superintendente Jeová Lins de Sá, o BNB está preparado para responder à demanda por crédito do setor. “Nós trabalhamos em sintonia com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) e, percebendo esse aquecimento, projetamos mais que duplicar os recursos em 2024. Já na reunião setorial de programação do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) que realizaremos na quinta-feira, dia 28, na CDL Natal, pretendemos fechar e divulgar esse número”, revela.

A atividade industrial do Rio Grande do Norte vem crescendo, praticamente, durante todo o ano, registrando alta pelo sexto mês seguido. Conforme análise do IBGE, o avanço se deve ao comportamento positivo da atividade de derivados do petróleo (óleo diesel, óleos combustíveis e querosene de aviação), que cresceu 20,8% no ano. A indústria de transformação potiguar, com 18,8% de crescimento, também registrou avanço nas demais atividades divulgadas: alimentos (18,3%) e confecções (5,1%).

O IBGE ainda destaca a perda significativa, de -20,1%, na indústria extrativa. O estudo completo está no Informe Macroeconômico número 108, disponível gratuitamente no espaço do Etene no portal do Banco do Nordeste.

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Empresários reconhecem apoio do Governo à indústria potiguar

Em cerimônia de entrega da Medalha do Mérito Walter Byron Dore, realizada anualmente pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), empresários reconheceram as ações do Governo do Estado para o desenvolvimento das atividades do setor produtivo e da economia potiguar. O evento de homenagem a personalidades que se destacam como apoiadores e incentivadores do progresso da indústria foi realizado na noite desta terça-feira (14), no Olimpo Recepções.

A governadora Fátima Bezerra ressaltou a importância do momento de reconhecimento aos empreendedores que investem no desenvolvimento da indústria do RN e falou da relação do Poder Executivo Estadual com o setor produtivo e empresarial. “A marca do nosso governo é o diálogo, sempre pautado pela responsabilidade, pela transparência e comprometimento com os interesses do Rio Grande do Norte. E é isso o que tem acontecido nesses três anos de governo, que reconhece o papel indiscutível que tem o setor industrial na geração de emprego e renda”, afirmou.

A união entre o setor produtivo e o poder público também foi destacada pelo presidente da Fiern, Amaro Sales, que lembrou o papel dessa parceria na elaboração de um plano de retomada das atividades econômicas para diminuir os impactos da pandemia. “Servimos de referência para todo o Brasil. Não tivemos nenhuma indústria fechada no RN com sua sensibilidade e sua atenção, governadora”, afirmou.

“Todos nós, empresários, reconhecemos o trabalho que a governadora Fátima Bezerra está fazendo. Uma pessoa que vem de baixo, simples, e está fazendo um trabalho que vai ficar nos livros de história”, ressaltou o empresário fundador do grupo Sterbom, Antônio Leite Jales, agraciado com a Medalha da Ordem do Mérito Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Homenagens

Foram homenageados industriais dos setores de curtume e confecções, sucroalcooleiro, reciclagem, pesca, sal e alimentos. A comenda da Fiern foi entregue aos empresários Álvaro Coutinho da Motta (in memorian), Eduardo José de Farias, Etelvino Patrício de Medeiros, Francisco Ferreira Souto Filho e Gabriel Calzavara de Araújo. Já a Medalha da Ordem do Mérito Industrial da CNI será entregue ao empresário potiguar Antônio Leite Jales.

A Medalha do Mérito Walter Byron Dore foi instituída a partir da aprovação em assembleia geral extraordinária no ano de 2014, como forma de reconhecer o empreendedorismo, o apoio dado ao setor industrial e para estimular novos líderes empresariais.

Também participaram da solenidade o vice-governador Antenor Roberto, o secretário de Estado e o adjunto de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado e  Silvio Torquato, e o secretário municipal de Governo, Joham Xavier, representando o prefeito de Natal Álvaro Dias.

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Que venham os russos!

Petrobras está de saída do RN (Foto: Thinckstock)

Por Amaro Sales de Araújo*

A PETROBRAS já não é mais a mesma há muitos anos e, por diferentes razões, a maioria conhece o diagnóstico de reposicionamento da empresa. O Rio Grande do Norte era muito dependente daquela empresa e, em torno dela, estruturou uma bem articulada cadeia de produtos e serviços. O mundo mudou, os negócios também e não seria diferente com o segmento de petróleo e gás.

Agora, com as últimas notícias em relação a política de reposicionamento da PETROBRAS, cabe ao Rio Grande do Norte escolher um novo caminho. E deve fazê-lo com otimismo e garra! O investimento privado na exploração do petróleo e gás é algo que deve ser acolhido e estimulado. Aliás, não apenas em um tipo de operação, mas também em relação a outros que podem surgir. Recentemente, neste sentido, foi comentado na imprensa a feliz sugestão de que os projetos como os polos petroquímico e cloroquímico voltassem à pauta potiguar. A presença de investidores privados, a partir da cadeia do petróleo e gás, a exemplo das empresas Petromais, 3R e Potiguar E&P que já estão no Estado, pode significar, inclusive, o uso da matéria prima em outras aplicações, além de estimular a produção de conhecimento, tanto em parceria com universidades e o Sistema FIERN (SESI, SENAI, IEL, CTGAS, INSTITUTO SENAI DE INOVAÇÃO e seus laboratórios especializados), quanto a partir de estudos e pesquisas realizadas pelas próprias empresas investidoras.

Enfim, o estímulo para que investidores cheguem ao Rio Grande do Norte deve ser perene e permanente! A força do investimento privado deve ser calorosamente recepcionada. Insistir para que a PETROBRAS fique, invista e trabalhe é algo que deve ser feito, mas não podemos ficar apenas articulando uma única solução ou, de fato, colocando todas as energias em uma única possibilidade. Acredito, inclusive, que a união de todos deveria ser pautada muito mais no sentido de prospectar e estimular a vinda do capital privado para atuar no Rio Grande do Norte no segmento de petróleo e gás, além de verticalizar – no que for possível – a produção potiguar que, com mais de 8.000 poços, é uma das mais relevantes do País.

Ademais, ao recepcionarmos o investimento privado e criarmos um ambiente propício à atuação de novas empresas no segmento, certamente, novas metas serão estabelecidas e, neste contexto, mais empregos, renda circulante, aumento de arrecadação de impostos e taxas. Aliás, quanto às metas, já existem indicadores no sentido de que as empresas privadas conseguiram melhorar o processo de extração do petróleo, ampliando a produtividade da operação. Portanto, estamos no caminho certo!

Diante de crises há um conceito que é repetido com reiterada frequência: choramos com lenços ou vendemos lenços para que outros chorem. É legítimo o nosso lamento diante do reposicionamento da PETROBRAS, mas inapropriada nossa postura de apenas reclamar quando existem alternativas, algumas das quais estratégicas para o Rio Grande do Norte. Vamos, então, a procura de todos que possam investir e trabalhar na Bacia Potiguar… Que venham os baianos, paulistas, cariocas, brasileiros e estrangeiros que, com os potiguares, articulem, trabalhem e gerem resultados em torno do desenvolvimento econômico sustentável de nosso Estado.

*É industrial, Presidente da FIERN e diretor-secretário da CNI.

Este artigo não representa a mesma opinião do blog. Se não concordar, faça um rebatendo que publique como uma segunda opinião sobre o tema.

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MAIS RN desde 2014

Amaro Sales de Araújo*

O tempo corre ligeiro… Já são seis anos de debates, estudos e proposições a partir do MAIS RN, um plano elaborado para ultrapassar a temporalidade dos mandatos dos governos e, de fato, ser um roteiro do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte.

Desde 2011 discutimos no âmbito da FIERN acerca da necessidade de construirmos um projeto de política industrial para o nosso Estado. Por sua vez, Rogério Marinho ao assumir a secretaria de desenvolvimento econômico pensou e conversou conosco sobre a sistematização e apresentação de oportunidades de negócios para o Rio Grande do Norte.

Em síntese, conversamos, juntamos esforços, assumimos responsabilidades, buscamos parceiros. Enfim, nasceu o MAIS RN em 18 de julho de 2014! Contou também com a expressiva colaboração de Marcos César Formiga, in memoriam, assim como, a qualidade técnica da consultoria Macroplan, através de seu líder Cláudio Porto, além de outras instituições e técnicos de destacada qualidade que, ao longo dos últimos 06 anos, se somaram ao esforço de ter um roteiro estudado e bem fundamentado para o desenvolvimento potiguar.

Aliás, em 2018, cuidamos em atualizar o plano, iniciando os estudos em 26 de abril daquele ano, construindo uma agenda ainda mais específica, sugerindo uma pauta prioritária para os próximos anos lançando, estrategicamente em 18 de julho do mesmo ano, a fim de pautar de forma técnica os debates ao governo do RN. O MAIS RN sugere metas, estimula um novo planejamento, até ousadas, mas realizáveis. É preciso ter crença, foco, união e força.

Um plano, dentre outras motivações, serve para inibir improvisações, bem como, neste mesmo sentido, evitarmos a adoção de alternativas fáceis e frágeis. O Rio Grande do Norte, com uma rota estudada, poderá ampliar as muitas perspectivas já disponíveis e o MAIS RN é, em apertado resumo, um aprovado estudo de caminho, fato que renova esperanças e aponta melhores resultados para o futuro!

Com a ocorrência da pandemia de COVID-19, foi lançado o MAIS RN 4.0 que, sob a coordenação técnica de José Bezerra Marinho, passou sistematizar informações estatísticas, construiu plataformas em dashboard para dar transparência aos indicadores, estudou alternativas à crise resultando, inicialmente, na “Plataforma On-line de Acompanhamento COVID – MAIS RN” lançada em 30 de março. Todo o contexto do MAIS RN 4.0 criou o ambiente de parceria e cooperação necessária para a elaboração e entrega do “Plano Gradual de Retomada da Economia” publicada em 05 de maio e adotado pelo Governo do Estado, bem como por municípios do Estado. Além deste primeira entrega, já se inicia o trabalho para o pós-pandemia e sistematização de ideias e projetos para construção do futuro

Sendo repetitivo, mas o ponto de partida, seguramente, ainda é a concretização de um amplo pacto político e social pelo desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Norte. Sem um amplo ajuste em torno de uma pauta convergente, realmente, ficará muito mais difícil. Precisamos inaugurar um novo ciclo com oportunidades de negócios em diversos segmentos, a modernização da gestão pública e a busca por melhores índices de qualidade de vida.

*É industrial, presidente da FIERN e da Associação Nordeste Forte.

Este artigo não representa a mesma opinião do blog. Se não concordar, faça um rebatendo que publique como uma segunda opinião sobre o tema.

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Precisamos voltar

Por Amaro Sales de Araújo*

O COVID-19 chegou e alcançou o mundo. No Brasil, desde março, ajudado por alguns fatos gerados pela gestão pública, o coronavírus fez um estrago na economia, tumultuou a política, desmascarou crimes, mudou relações sociais. E o pior: estamos em junho, ele continua presente e permanece desarrumando a vida de muitos.
Apesar de todos os esforços da ciência, a vacina, mesmo para os mais otimistas, não chegará ao mercado até o final de 2020, portanto, a solução definitiva – lamentavelmente – não estará disponível nos próximos meses. Assim, não há outra alternativa senão tentarmos conviver com o vírus até que tenhamos, de fato, a tão esperada vacina.
Para convivermos com a ameaça diária do coronavírus, precisamos nos acostumar a novos hábitos de vida e um novo modelo de produção. E para retomarmos as atividades – dentro do “novo normal” – vamos ser obrigados a observar procedimentos que desestimulem a disseminação da doença e nos ofereça níveis aceitáveis de segurança para trabalhar e viver.
Precisamos nos preparar! São novos e necessários desafios.
Estamos pensando e discutindo muito sobre o assunto. Já foi amplamente noticiado, inclusive, que a FIERN e as demais Federações (FECOMERCIO, FAERN, FETRONOR), SEBRAE, com apoio de outras instituições (FCDL, FACERN, ACERN) construíram uma proposta que foi aprovada pelo Governo do Estado. Esperamos que, brevemente, possamos ter a abertura, aqui no Rio Grande do Norte, de outras atividades econômicas. E, a partir daí, um calendário seja conhecido e que, planejadamente, possamos restabelecer todas as atividades o quanto antes possível.
Com a ajuda de todos, estamos apoiando o grande esforço pelo distanciamento social no nosso Estado. Precisamos baixar a velocidade e o índice de transmissibilidade da Covid-19 e, realmente, o distanciamento social tem sido a maior aposta do Governo do Rio Grande do Norte. Deveríamos investir mais em testagem da população e comunicação. São outros dois eixos relevantes que precisam ser prestigiados, agora e mais adiante.
Evidentemente que as aglomerações, mesmo com a retomada gradual das atividades econômicas, serão evitadas ainda por um bom período. Por outro lado, as lojas, restaurantes, bares, hotéis, indústrias, escritórios estão estudando e já implementando protocolos de prevenção ao coronavírus. Temos plena consciência de que álcool gel, máscaras, água e sabão, distanciamento entre as pessoas, home-office, videoconferências, outros novos métodos de trabalho e outros insumos de higiene e prevenção estão, definitivamente, incorporados ao nosso cotidiano.
Com segurança e esperança, precisamos voltar, uns ajudando aos outros, com a certeza que a nova caminhada exige, pelo menos, planejamento, disciplina e solidariedade.

*É industrial, Presidente do Sistema FIERN e Secretário-Geral da CNI.

Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.

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A indústria precisa ser priorizada

João Carlos Marchesan*

A pandemia da Covid-19 impactou fortemente a indústria brasileira; em um momento onde começava a apresentar sinais de recuperação. Analisando o resultado da pesquisa “Indicadores Conjunturais da Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos” referente ao mês de abril de 2020, juntamente com os dados da sondagem realizada no nosso setor sobre os impactos da Covid-19, os números deste mês vieram fortemente influenciados pelas restrições impostas pela pandemia.

Em abril/2020 a indústria de máquinas e equipamentos registrou queda de 27% no seu faturamento. Isto anulou todo o crescimento acumulado pelo setor no primeiro trimestre de 2020 que passou a acumular queda de 6,5%, em relação ao mesmo período de 2019.

O recuo ocorreu tanto nas vendas realizadas no mercado interno (-28,5%) quanto no mercado externo (-41,6%) na análise interanual.

A sondagem que fizemos no início do mês de maio, no entanto, revelou que as empresas têm observado restrições de abastecimento, mas que este não é o fator preponderante para a redução da atividade durante este período de quarentena.

O que tem levado alguns fabricantes de máquinas e equipamentos a paralisarem ou reduzirem suas atividades são outros fatores: cancelamento ou adiamento de projetos de investimento unilateralmente por parte dos seus clientes em razão da incertezas de ordem política e econômicas e a restrição da mão de obra em razão das políticas de afastamento adotadas pela própria empresa.

Diante deste cenário de crise, acreditamos que além das medidas internas adotadas pelas empresas, a indústria necessita de políticas públicas de curto prazo para minimizar os impactos sobre a demanda e a oferta mencionados, ou seja, ações que envolvem crédito, carga tributária, infraestrutura, governança da cadeia produtiva, gestão de custos e questões trabalhistas.

Com relação às políticas de longo prazo destacamos os seguintes desafios estruturais pelo lado da demanda: estabelecer dinâmica de crescimento sustentável, manter e criar empregos, políticas fiscais e tributárias harmonizadas com políticas monetárias, regime macroeconômico coerente com desenvolvimento. Do lado da oferta, para além de reduzir o Custo Brasil necessitamos de descentralizar o sistema financeiro, melhorar o suporte às pequenas e médias empresas, desonerar o investimento produtivo, financiar a modernização do maquinário nacional, reduzir burocracia, financiar as exportações e fortalecer o sistema nacional de inovação tecnológica.

Em contrapartida, a pandemia também revelou um lado positivo da indústria, a capacidade de responder rapidamente às dificuldades enfrentadas, o que poderá levar a uma transformação digital sem precedentes e sem volta. Uma tratativa inteligente da crise requer soluções ágeis e embasadas que prezem pelo entendimento entre funcionários, clientes, fornecedores e demais agentes da cadeia produtiva. Junto a sociedade, uma cooperação em torno de um objetivo comum de superação das dificuldades sanitárias, econômicas, políticas e sociais. Que estes aprendizados se multipliquem e orientem a nossa retomada pós pandemia.

Porque será necessário, findada a crise, estimular a demanda. Dificilmente este papel será exercido pelo setor privado após longo período de descapitalização.

O Governo precisará urgentemente retomar os investimentos públicos nas obras de infraestrutura, que estão paradas deste o início da crise da “Operação Lava Jato”, priorizando aquelas que já não dependem mais de projetos ou de licenciamentos. Também precisará priorizar a aprovação do Marco do Saneamento e do novo Marco Legal das PPP e concessões públicas para abrir espaço a iniciativa privada investir.

São medidas que, se bem coordenadas, poderão garantir a sustentabilidade das empresas e famílias durante a crise e alavancar os investimentos intensamente, tão logo a crise chegue ao fim.

*É administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ

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Agenda para inserção do Brasil na economia global

Resultado de imagem para comércio exterior

Por Robson Braga de Andrade*

O Brasil precisa avançar mais rapidamente no comércio internacional. O país é a nona economia do mundo, mas não se situa entre os 20 maiores exportadores e importadores. Além disso, perdemos quase uma década: as exportações de produtos básicos e industrializados diminuíram de 2011 para 2019. Para reverter esse quadro adverso, é preciso resolver problemas de duas ordens: de um lado, as questões estruturais que atrasam o nosso progresso e, por consequência, nossa competitividade internacional; de outro, os desafios específicos da política de comércio exterior do país.

Nesse contexto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lança, pelo quinto ano consecutivo, a Agenda Internacional da Indústria. Trata-se do maior conjunto de propostas de comércio exterior do setor empresarial brasileiro para o governo federal. A Agenda é resultado de um amplo processo de consulta ao agronegócio, à indústria e ao setor de serviços, incluindo federações estaduais, associações setoriais, sindicatos patronais e empresas.

O documento apresenta mais de 100 ações, divididas em quatro eixos: a modernização da política de comércio exterior; a prestação de melhores serviços de apoio à internacionalização das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs); o aprofundamento do relacionamento com os mercados estratégicos; e a cooperação internacional. Desse conjunto, a CNI selecionou 10 prioridades, agrupadas em cinco frentes, que, por sua urgência e abrangência, têm impacto positivo significativo para o setor privado e para o Brasil como um todo.

Em primeiro lugar, é necessário dar seguimento à abertura comercial do país por meio da negociação de acordos comerciais e do aprofundamento da agenda econômica do Mercosul. Permitir o acesso ao nosso mercado de maneira negociada é muito melhor do que fazê-lo de forma unilateral, pois proporciona contrapartidas e períodos de transição, essenciais para que as empresas façam os necessários ajustes à nova situação de competição.

Em seguindo lugar, é preciso dar andamento ao processo de ingresso do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de forma a melhorar o ambiente de negócios, assim como apoiar a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). A paralisação do Órgão de Apelação da OMC, por exemplo, é um problema grave, que mina a capacidade brasileira de combater práticas comerciais ilegais por parte dos outros países.

Outra medida fundamental é garantir que a reforma tributária assegure a imunidade total das exportações de bens e serviços, eliminando os problemas de cumulatividade e de compensação de créditos. Não faz sentido exportar impostos, uma prática sem base econômica e inconstitucional. Por isso, a CNI ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer valer a imunidade tributária das exportações estabelecida na Constituição Federal. Também é importante revisar a Lei de Lucros no Exterior para permitir que as multinacionais brasileiras possam competir em igualdade de condições.

É urgente, também, concluir programas já iniciados, como o Portal Único de Comércio Exterior; manter instrumentos que têm efeito positivo comprovado, como o sistema público de financiamento e garantias às exportações; e desengavetar medidas que dependem apenas da chancela presidencial, como a modernização do decreto para combater subsídios de outros países que promovem comércio desleal na agriculta e, sobretudo, na indústria.

Por fim, cabe maior coordenação entre as organizações públicas e privadas de apoio empresarial para oferecer serviços de internacionalização para MPMEs. A CNI desenvolveu, com recursos da Comissão Europeia, uma metodologia premiada de atendimento às empresas de médio e pequeno porte, transferida para o Ministério da Economia em 2018. A meta é implementá-la em todo o território nacional, numa parceria com o Sebrae, a Apex-Brasil e o Ministério das Relações Exteriores.

Para vencer os desafios no cenário comercial global, o governo brasileiro, à luz da experiência de países como os Estados Unidos, deveria adotar uma Estratégia Nacional de Comércio Exterior, com metas claras e mensuráveis. Ninguém melhor do que os empresários, que estão na ponta das operações, para diagnosticar o que precisa mudar nessa área. Por isso, a adoção das medidas prescritas na Agenda Internacional da Indústria contribuiria imensamente para a inserção competitiva do Brasil no mundo, com vistas ao crescimento das exportações brasileiras e ao desenvolvimento econômico do país.

*É presidente da CNI