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Estudo mostra crescimento de 52% em casos de covid-19 no RN

Por Isabela Santos

Agência Saiba Mais

Em todo o Rio Grande do Norte, o período de campanha política foi marcado por aglomerações e após as eleições o cenário da pandemia no Rio Grande do Norte apresentou um aumento de 52,57% do número de novos casos diários confirmados para covid-19, comparado com o período pré-eleições. O aumento foi mais expressivo entre a população adulta, com 59,86%.

O dado está no relatório “Rio Grande do Norte: uma análise da epidemia de covid-19 pós-eleições”, publicado na terça-feira, 1º de dezembro, pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde LAIS/UFRN.

Com relação ao número diário de novos óbitos, não houve um aumento na mesma proporção em que aumentaram os novos casos diários. “Isso pode ser explicado justamente porque nesse período eleitoral as contaminações estão ocorrendo em sua grande parte na população economicamente ativa, ou seja, a menos suscetível a ter a doença covid-19 em sua forma mais grave”, explica o documento produzido pelos cientistas.

Quinze dias depois do pleito eleitoral nos municípios, os leitos reservados para a pandemia estão mais cheios. Em 4 de outubro de 2020, aproximadamente 28% dos leitos covid estavam ocupados na Região metropolitana. Em 30 de novembro o índice subiu para 50%.

De acordo com o relatório, em outubro de 2020, havia mais leitos de UTI covid-19 habilitados, portanto, mesmo com o aumento da procura, o documento afirma que o sistema de saúde está em execução plena e de forma regular, garantindo o acesso aos serviços de saúde a todos que procuram.

Tendo como base a taxa de ocupação, os pesquisadores afirmam que o RN está em uma situação de controle em relação à rede assistencial, uma vez que não ultrapassou os 80% da taxa de ocupação.

Média móvel

No dia 17 de agosto de 2020, a média móvel de 15 dias era de, aproximadamente, 343 novos casos de pessoas doentes por covid-19 por dia, e a média móvel de 15 dias para os óbitos diários era de, aproximadamente, 10 óbitos por dia.

No dia da eleição, 15 de novembro, a média móvel de 15 dias para novos casos confirmados era cerca de 338 novos casos de pessoas doentes por dia, e a média móvel de 15 dias para os óbitos diários era de, aproximadamente, 3 óbitos por dia. As mortes por covid-19 não apresentam tendência de aumento.

O estudo destaca que  se a população não tivesse se exposto durante o período eleitoral, talvez o número de óbitos diários fosse ainda menor – “para afirmar isso com maior precisão caberia um estudo específico com esse propósito, porém considerou-se importante deixar essa questão registrada neste documento”.

Taxa de transmissibilidade

O relatório faz também referência à taxa de transmissibilidade – Rt – um dos indicadores mais utilizados para medir a evolução de uma doença endêmica. A Rt indica quantas pessoas podem ser infectadas a partir de uma pessoa já doente. O ideal é que a taxa esteja sempre o mais próximo de zero. Quando o valor se mantém abaixo de 1, significa que a doença está em um estado controlado.

Para a construção do relatório, os pesquisadores do LAIS analisaram as cidades de Natal, Mossoró, Parnamirim e Caicó, por terem representatividade no estado. Foram, também, analisados os valores da Rt para todas as regiões de saúde do RN. Apesar de ser um parâmetro importante para medição da pandemia, os pesquisadores alertam que a Rt não deve ser observada de forma isolada dos demais indicadores da covid-19, como ocupação de leitos, por exemplo.

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Reportagem

Exclusivo: autores das projeções explicam estudo que estima 1,2 milhão de infectados no RN até 15 de maio

Professor explica o que fundamenta as projeções (Foto: cedida)

O estudo do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) José Dias do Nascimento apresentado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) deixou a Internet em polvorosa. Tudo porque o trabalho estipulou que caso o quadro de medidas de controle ao novo coronavírus não sejam efetuadas até o dia 15 de maio o Estado pode atingir 1,2 milhão de infectados.

O trabalho foi elaborado pelo Laboratório de Inovação e Tecnologia da Saúde (LAIS) com ajuda do professor Wladmir Lyra da Universidade do Novo México (EUA) e do médico infectologista Ion de Andrade.

Com exclusividade ao Blog do Barreto, o professor José Dias do Nascimento, que também é pesquisador no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, explica logo de cara que está existindo uma confusão em torno da interpretação dos números. “O relatório oficial, tabelas e gráficos na apresentação da Sesap, abriu margem para picaretas mal intencionados fazerem espuma com os número”, disparou.

O professor José Dias do Nascimento esclarece que a taxa global que se tem notícia desse vírus é de 50 a 70% da população no decorrer de um ano. Na pior das hipóteses 60% dos 3,5 milhões dos potiguares vai pegar covid-19. “Vamos ter aí 2 milhões de infectados em números fechados”, frisa.

Sobre a perspectiva de óbitos considerada exagerada por boa parte da mídia do Estado, o autor do estudo usa como base a média global. “A mortalidade global se você olhar levando em consideração lugares como China, EUA e Itália tem variação de 0,8% a 8,4% de fatalidade dependendo da idade e da região. Agora se você calcular 1,4%, que é a média global, partindo de 2 milhões vai dar 28 mil. É isso que pode acontecer no Rio Grande do Norte se medidas não forem tomadas”, declarou.

O professor, que tem dado entrevistas a sites nacionais como UOL e Tecmundo desde o início da pandemia, explica que as projeções se concretizam ou não ao sabor das medidas que vão sendo tomadas. “Se você estiver numa sociedade que estiver bem protegida esse número cai. Se deixar correr vai dar 500 mil mortos em um curto espaço de tempo”. Estima.

O professor José Dias estima que no dia da primeira morte por covid-19 no Rio Grande do Norte, dia 28 de março, quando tínhamos 44 casos confirmados oficialmente no Estado, que há um indicativo de que já teríamos 50 mil infectados. Esse é número típico para calculo de infectados a partir da data da primeira morte. “Seriam 49.966 subnotificadas”, frisa.

Ele afirma que se nada tivesse sido feito o número de óbitos seria bem maior hoje no Rio Grande do Norte. “Se não tivéssemos restrição social em vez de 11 óbitos teríamos 97 hoje e no dia 11 já seriam 200”, calcula.

Por fim, o professor reforça que o quadro poderia ser ainda pior em número de infectados sem as medidas. “Se o Governo e as prefeituras não tivessem feito nada teríamos 270 mil infectados no dia 11 de abril”, esclarece.

Para saber mais sobre o modelo elaborado pelo professor José Dias e colabores acesse os links (ver mais abaixo) da sala de situação que trazem informações sobre a evolução do covid-19 no Rio Grande do Norte.

Outro autor

Médico epidemiologista explica estudo (Foto: cedida)

O Blog do Barreto também ouviu o médico epidemiologista Ion de Andrade, coautor do estudo, que explicou que as críticas às projeções são um misto de medo e desconhecimento. “Isso não é como um tsunami ou terremoto. A epidemia tem alguma possibilidade de ser controlada dependendo do comportamento de todos. O problema não é a magnitude apontada pelo modelo que fala da possibilidade de milhares de óbitos. Para isso basta fazer um pouco de matemática. A gente pode acompanhar a situação da China, da Itália e Estados Unidos. Não se trata de uma abstração. Ontem tivemos no Brasil mais de cem mortos. O importante é que a situação seja percebida com a gravidade que ela tem. Isso é uma coisa que não está dentro da nossa memória histórica”, explica.

O médico acrescenta que o trabalho não é destino sobre o que vai acontecer mais a frente vai depender das medidas preventivas. “A fórmula matemática não é um destino, mas uma projeção. Se o comportamento mudar e as pessoas passarem a se cuidar melhor aquele cálculo pode ser bastante minimizado. O importante que as pessoas saibam para que isso não ocorra na magnitude que está prevista”, declarou.

Ele cita como exemplo de medidas para prevenir novos casos gira em torno dos cuidados com os idosos além das medidas já conhecidas como respeitar o isolamento social, a etiqueta respiratória, lavar as mãos com frequência e manter a distância das pessoas. “Todo esse ideário diminui a ocorrência do contágio. É importante proteger o idoso do contágio porque mesmo que existam óbitos em todas as faixas etárias eles estão concentrados nas faixas mais idosas e das pessoas com doenças crônicas. De 13 a 14% das pessoas são idosas e eles aparecem nos óbitos com uma participação de a 80 a 90% a depender da série. É preciso fazer com ele use a máscara e cumpra os protocolos”, declarou.

Saiba mais:

https://covid.lais.ufrn.br/#pacientes

http://astro.dfte.ufrn.br/html/Cliente/COVID19.php 

Nota do Blog: esta página também pediu a um estatístico a análise dos números. Assim que o trabalho for concluído faremos a publicação.