Categorias
Matéria

RN é o segundo estado do Nordeste em número de tentativas de fraudes

Segundo estudo da Serasa Experian, o Rio Grande do Norte é o segundo estado do Nordeste em número de tentativas de fraudes a cada um milhão de habitantes. Na região, quem lidera o ranking é Pernambuco.

De acordo com os dados, são 975 tentativas para cada um milhão de habitantes. Somente no mês de outubro foram registradas 3.505 tentativas de fraudes contra potiguares.

Todos os Estados do Nordeste estão com resultados inferiores ao da média nacional, que marcou 1.382 tentativas de fraude a cada um milhão de habitantes. Veja na tabela abaixo as informações completas da região Nordeste:

Mais de 3,3 milhões de tentativas de fraude em dez meses no Brasil

No acumulado deste ano – janeiro a outubro – o Brasil já sofreu com mais de 3,3 milhões de tentativas de fraude de identidade, o que representa uma a cada 8 segundos.

Ainda na visão do acumulado do ano, as tentativas de fraudes relacionadas com o segmento de Bancos e Cartões lidera com 1,9 milhão. Em segundo lugar, estão as Financeiras, com 581 mil tentativas, seguido pelo setor de serviços, com 518 mil. Varejo aparece em quarto lugar, com 272 mil pessoas que foram alvo e Telefonia em último lugar, com 82 mil.

Na visão por idade, a população com idade entre 36 e 50 anos foi a que mais sofreu, com 1,2 milhão. Em segundo lugar, estão os consumidores de 26 a 35 anos, que sofreram com 920 mil tentativas. Depois aparecem: 51 a 60 anos (469 mil tentativas); até 25 anos (382 mil tentativas) e acima de 60 anos (366 mil tentativas).

Metodologia –   O Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraude – Consumidor é resultado do cruzamento de dois conjuntos de informações das bases de dados da Serasa Experian: 1) total de consultas de CPFs efetuado mensalmente na Serasa Experian; 2) estimativa do risco de fraude, obtida através da aplicação dos modelos probabilísticos de detecção de fraudes desenvolvidos pela Serasa Experian, baseados em dados brasileiros e tecnologia Experian global já consolidada em outros países. O Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraudes – Consumidor é constituído pela multiplicação da quantidade de CPFs consultados (item 1) pela probabilidade de fraude (item 2).

Categorias
Crônica

A vidinha sururu da desigualdade brasileira

Feira de vinil no Mercado Público de Porto Alegre, em fevereiro de 2015.

Por Xico Sá

“Ô Josué, nunca vi tamanha desgraça/ Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça”, solta o vinil, o blues espiritual do Chico Science, e lá vai o homem-caranguejo vestido de petróleo em vez da lama do mangue. Os tambores da Nação Zumbi pesam uma tonelada de denúncia desde os anos 1990. É história, bróder.

Lascou a tabaca de Xôla, linda e folclórica cadela recifense, a autêntica e verdadeira travesti canina que representa hoje o cão sem plumas do poeta João Cabral de Melo Neto. Xôla sem pelo e sem esperança foi vítima do vinhoto das usinas que matou muitos rios e riachos de Pernambuco.

“Uma vida sururu”, emenda o marisqueiro que disso vive, ostra oleada, repetindo o Luis da Silva do livro Angústia e sua existência entre a burocracia da repartição e o ostracismo — obra universal do gênio russo-alagoano chamado Graciliano Ramos, o melhor livro brasileiro de todos os tempos.

O marisqueiro esmorecido diante de tanto piche nas beiras do Manguaba e do Camaragibe, o marisqueiro já não enfia as ventas na fartura faz é tempo, imagina agora, só imagina a riqueza, qual Baleia sonhando preás, no que chegamos a Vidas Secas, o segundo maior livro da humanidade depois de Angústia.

Ah esse mundão que já foi a lagoa do Mundaú.

Xola me lambe a cara, no carinho das arruaças mundanas, que cachorra, e sigo nessa crônica sampleada: “O que não tem governo, nem nunca terá”, eis o scratch do outro Chico, didáticos arranhões de um DJ no disco de cera de carnaúba, a santa palmeira que está sendo demolida. “Deus é uma coisa brasileira, nordestinamente paciente./ Oh! blood moon.”, deixou aí uma raspinha vinilizada do santo Belchior.

E sabe quem baixa no terreiro agora? O Gog, rapaz, meu Victor Hugo lá das quebradas de Brasília, cabra forte de Riacho Fundo, também autor de Os Miseráveis, lembro bem do nosso encontro na quebrada do DF no ano da graça de 1997, esse poeta sempre teve a palavra desigualdade como relâmpago de tempestade sobre o cerrado, você já se molhou com uma chuva forte sobre o federal distrito?

Desigualdade, repete o coro dos descontentes.

Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante talvez seja: desigualdade. E nem é uma boa palavra, incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de desespero, des de desesperança. Des, definitivamente, não é um bom prefixo.

Desigualdade.

A danada pisca qual um velho neon da rua Augusta, que me desculpem a infâmia. Haveremos de falar dos nossos velhos inconscientes envelhecidos e fosforescentes. A vida é a palavra que brilha.

A palavra do ano, talvez da década, doravante ouviremos falar muito dela. No dicionário Oxford? Pouco importa. A palavra que demole as estatísticas do mercado.

Babélica e falante quais os mendigos e povos de rua da cidade mais rica do pais, você, palavrinha maldita, já andava pela São João com a Ipiranga, você já viu que alguma coisa acontece.

Tal vocábulo acaba de ser reescrito, com fumaça, nos céus da América Latina, por aviões de uma certa esquadrilha. Não apenas no Chile do gênio-mor Roberto Bolaño, o incrível & superlativo monstro que nos deixou o legado da Estrela Distante e A Literatura Nazista na América, entre outras ideias selvagens que fazem terremotos na estante.

A diferença é que nem todo mundo consegue olhar para cima e ler nos céus como se fosse uma lousa azul do professor Paulo Freire. De-si-gual-da-de.

Como se fosse a faísca, o corisco da sabedoria, quase um Pentecostes bíblico, um bacurau pedagógico. A palavra mágica que fez o milagre de Angicos, no Rio Grande do Norte, quando o método Paulo Freire, em apenas 40 horas de aula alfabetizou 300 extraordinários seres humanos. Maio de 1963.

Há quem mire os céus e não veja nada ainda, como se morasse em São Paulo e a ideia de paraíso fosse o termômetro da Faria Lima.

Há quem não veja nem soletre, mas está escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido centro/subúrbio, está na linha reta dos trens e nas curvas da avenida Sapopemba. Está igualmente nas letras garrafais do desespero dos alcoólatras.

“Não espere nada do centro se a periferia está morta”, já dizia a banda “mundo livre s/a” quando o modelo escola de Chicago começou a gerar o ovo do desastre.

Desigualdade, quem te escreveu com muita força, furando o papel caborno da história, foi o poeta mineiro Adão Ventura, me contou o Ricardo Aleixo lá no “Além da letra”, o festival de literatura e música de Gonçalves, serra da Mantiqueira, Minas Gerais. A palavra desigualdade dança no vento e ventre das águas do Jequitinhonha, recitou o redemoinho.

Solano Trindade, no semáforo, sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com fome, tem gente com fome”, somente com substantivos deste mesmo dicionário. Você ainda não conhece o Solano? Corra, dá tempo.

Dá tempo para você entender que vivemos uma desigualdade fela da puta. Pegue um busão da Paulista para a Cidade Tiradentes, nem carece recorrer às estatísticas do Nordeste, passe o vale-transporte (enquanto ele ainda existe sob o comando de Paulo Guedes) na catraca e simbora. Dos Jardins ao extremo leste há uma viagem no tempo, sem direito a ficção científica. O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, do que um humaníssimo habitante da CT, por todas as razões sociais que a gente bem conhece. Que merda.

Evitei as estatísticas nessa crônica. Poderia matar de desesperança os leitores, os números rendem manchetes, mas carecem de rostos humanos. A ideia era apenas refletir sobre a palavra desigualdade nesse perigo da hora. E repare que é a visão de um brasileiro que veio das vidas secas e vive hoje uma situação privilegiada diante da maioria dos viventes.

Pega a visão, imprensa, só há uma possibilidade de fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não haja mais jeito de achar que os pontos da bolsa de valores signifiquem a ideia de fazer um país.

*É escritor de jornalista, é autor do romance Big Jato (Companhia das Letras), entre outros livros. Na televisão, é comentarista do programa Redação Sportv.

Categorias
Artigo

Bolsonaro abre guerra contra os nordestinos

Bolsonaro transforma Nordeste numa enorme “Paraíba” em fala infeliz (Foto: autor não identificado)

Quem quiser defenda e passe vergonha fazendo isso, mas nós nordestinos não podemos nos curvar diante do preconceito exposto pelo presidente Jair Bolsonaro contra o Nordeste.

Ele sempre tentou se esquivar de eventuais declarações contra o Nordeste, mas seus atos falam por si só. Nenhum ministro nascido no Nordeste. Só uma visita a região em seis meses.

Para o Rio Grande do Norte atrasos que somam R$ 212 milhões na saúde.

Há quem defenda o presidente, há quem tente minimizar. Mas se referir aos nordestinos como “paraíbas” é o típico preconceito dos cariocas (Bolsonaro faz política no Rio de Janeiro) contra os nordestinos.

Bolsonaro é um sujeito repugnante e isso não pode passar em branco por nós nordestinos. Não somos “tudo a mesma” como ele pejorativa tenta dizer.

Somos o povo com várias diferenças e identidades culturais.