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Deputado propõe indenização para profissionais de saúde vítimas de covid-19

Por meio de requerimento apresentado à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o deputado Hermano Morais (PSB) propôs ao Governo do Estado que viabilize indenizações a serem pagas aos profissionais e trabalhadores de Saúde, incapacitados permanentemente para o trabalho, após serem contaminados pela Covid-19. De acordo com o parlamentar, a medida busca beneficiar as categorias que atuam na linha de frente do combate à pandemia.

“Acreditamos que tal medida protegerá os verdadeiros heróis na luta contra o coronavírus, e seus familiares, e por isso pedimos urgência ao Executivo Estadual, por intermédio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap), no atendimento a este pleito”, justifica Hermano.

A compensação proposta deve valer para profissionais da saúde, de nível superior e técnico, agentes comunitários e outras profissões que auxiliam ou prestam serviço de apoio presencialmente nos estabelecimentos de saúde, como de serviços administrativos, de copa, de lavanderia, de limpeza, de segurança e de condução de ambulâncias, assim como a trabalhadores de necrotérios, coveiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais e trabalhadores de laboratórios. No caso de óbito do profissional, o valor da indenização deverá ser pago ao seu cônjuge/companheiro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários.

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“Só quem está dentro do olho do furacão pode entender o que nós estamos passando”, diz diretora do Tarcísio Maia

Rotina dos profissionais de saúde na luta contra inimigo invisível é cercada de desafios (Imagem: Reprodução)

O aumento do número de casos confirmados do novo coronavírus no Rio Grande do Norte e a pressão intensa por leitos impõem aos profissionais de saúde a tensão de uma rotina que exige cada vez mais de cada um e que afeta também a saúde emocional de quem está na linha de frente.

De acordo com a diretora-geral do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), localizado em Mossoró, Herbênia Ferreira, muitos funcionários estão em estado de ansiedade e a equipe pensa em formas de atuar junto às famílias de pacientes internados na UTI que estão desesperadas.

“Não está fácil, só quem está dentro do olho do furacão pode entender o que nós estamos passando”, diz ela.

Para a diretora, o mais angustiante é o fato de que muitas pessoas estão nas ruas, como se nada estivesse acontecendo, sendo contrárias a medidas como isolamento social e o locdown (bloqueio total).

“Uma situação muito difícil, uma situação atípica, apesar das dificuldades que todos nós enfrentamos na área da saúde”, reforça a diretora, com relação à rotina que tem sido enfrentada pelos profissionais em decorrência da pandemia.

Ela conta que os funcionários estão sobrecarregados, muitos desenvolvendo transtorno de ansiedade e muitos sem conseguir dormir à noite.

“É uma corrida contra o tempo, é uma corrida contra um inimigo invisível e poderoso”, alerta.

A diretora do hospital menciona ainda a importância da população se conscientizar e adotar as medidas de prevenção básicas, como lavagem correta das mãos a todo instante, evitar tocar o rosto e cuidar da higienização das roupas, entre outras medidas necessárias. Como lembra a diretora, hoje o Covid já é transmitido de forma comunitária.

Ela também pede a proteção para os idosos e pessoas inseridas em grupos de risco. “Essas pessoas precisam ser cuidadas”, reforça.

Com relação ao grande número de pessoas nas ruas, a diretora comenta que é preciso colaboração mútua e volta a dizer que muitos profissionais adoecendo, sem contar os que se contaminam e que tem que ser afastados.

Herbênia comenta que as pessoas precisam entender que os profissionais de saúde são humanos e têm emoções. E lembra situações complexas enfrentadas por eles. “É muito difícil se manter de pé vendo o paciente morrendo”, afirma.

Outra dificuldade enfrentada pelos profissionais de saúde é ver um paciente se agravando e ter o medo de se contaminar ou contaminar os pais que estão em casa.

“É preciso que a população entenda isso”, ressalta a diretora do Tarcísio Maia, que informa que desde que os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Tarcísio Maia foram ampliados, o número de internações está sempre aumentando.

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Profissional de saúde conta rotina na linha de frente da atuação contra o Covid em Mossoró

Antes de entrar na UTI profissionais têm adotar diversos cuidados com a própria segurança (Foto: Cedida)

Dúvidas e medo se misturam à coragem e à esperança na luta dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate à pandemia do novo coronavírus.

O fisioterapeuta e especialista em terapia intensiva André Carlos é servidor do Hospital Regional Tarcísio Maia e trabalha na UTI destinada às pessoas com sintomas de Covid. Ele é um dos responsáveis por colocar os pacientes na ventilação, quando eles são entubados pelo médico.

A rotina de trabalho segue todo um protocolo. Ele conta que tem todo cuidado quando chega ao hospital. Antes de entrar na UTI, se prepara colocando todos os equipamentos para passar seis horas seguidas na Unidade. Durante esse período, o fisioterapeuta diz que os profissionais fazem o máximo para não beberem água, comerem ou mesmo irem ao banheiro. Ele explica que o hospital possui as chamadas ‘área suja’ e ‘área limpa’ para descarte e vestimenta dos equipamentos de proteção individual e dentro da UTI também há uma área limpa, mas cada vez que eles tiram os equipamentos temem a contaminação através de um gesto simples e até despercebido como coçar o nariz ou o olho. Para completar, está sempre lavando as mãos e passando álcool.

Mesmo assim, o receio existe. “É tudo muito novo, é uma doença que a gente não tinha conhecimento”, afirma.

André comenta que as informações sobre a doença e o tratamento também mudam com frequência e cita diferentes estudos publicados, em curto espaço de tempo, sobre o tratamento dos pulmões das pessoas afetadas pelo Covid.

Mesmo sendo preparado para atuar em uma UTI, lidar com a realidade da pandemia também não é fácil. O fisioterapeuta explica que muitos pacientes não apresentam sintomas, pois tem a chamada hipoxemia silenciosa, que é quando, como explica, o nível de oxigênio no sangue está baixo a ponto de colocar a vida do paciente em risco, mas ele não percebe. Explicar para o paciente que ele terá que ser entubado para sobreviver, mesmo que ele ache que não sente nada é complicado.

André explica que, para ventilar um paciente é preciso levar em consideração questões como altura e realizar uma série de cálculos, mas, mesmo assim, às vezes é difícil e outras técnicas precisam ser implementadas.

Mas o fisioterapeuta lembra que há casos de recuperação que tem correspondido à maioria dos tratamentos. “A gente tem curas também”, diz ele, relatando o caso de um paciente que deu entrada no dia 24, passou por todo o processo e ontem, 1º, teve alta da UTI.

“Cada paciente que sai é uma vitória e a gente tem que se apegar a essas coisas”, revela, confirmando que isso é motivo de esperança.

Apesar dos riscos a que os profissionais de saúde estão expostos, André Carlos diz que contrair a doença não é maior medo. “Quando tudo isso começou o medo não era nem tanto de pegar o Covid, mas de levar isso para casa”, diz André, que mora com os pais, inseridos no grupo de risco.

Ele revela que chegou a pensar em dividir apartamento com outros amigos para não ter que voltar para casa após o trabalho, mas os amigos desistiram da ideia. A preocupação de André, no entanto, permanece.

Concluído o plantão, André conta que todos são orientados a tomar banho no hospital. No carro, ele dá continuidade às medidas de segurança e tem um calçado separado para não usar o mesmo que utiliza no hospital.

Ao chegar em casa, novamente toma banho em um banheiro que foi separado para ele e janta sozinho para não ter contato com os familiares. Depois, se não estiver cansado o suficiente para dormir, ele vai sozinho para o jardim ouvir músicas ou mensagens positivas.

André comenta ainda a realidade de alguns amigos que têm filhos e agora vivem essa dificuldade, pois não é fácil dizer para uma criança que não pode mais abraçar.

O fisioterapeuta chama a atenção da população para que respeite o isolamento e lembra que o momento de ficar em casa e não de fazer ou receber visitas.

Ele acrescenta que a situação é complicada, mas iremos vencer.