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Zenaide vota a favor da lei de cotas

Com voto favorável e mobilização política da senadora Zenaide Maia (PSD-RN), o plenário do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (25), o projeto de lei (PL 5.384/2020) que estende por mais 10 anos no Brasil a lei de cotas para ingresso de alunos e alunas no ensino federal.

“O que são dez anos da Lei de Cotas quando comparados a 300 anos de escravidão? Dez anos não são suficientes para compensar o que a população negra e pobre sofre e sofreu. O povo negro deste país, quando saiu da escravidão, foi condenado à pobreza e obrigado a ir para as periferias e morros”, frisa Zenaide.

A senadora ressalta que o poder público e a sociedade brasileira devem a política de cotas aos pretos, pardos, quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência, de forma a garantir acesso à educação e ao direito constitucional à vida digna, à cidadania e à igualdade de oportunidades. “Essa nação deve aos brasileiros e brasileiras que foram discriminados e excluídos durante centenas de anos. É uma questão de humanidade, de justiça social, de reparação histórica. As cotas precisam ser prorrogadas”, frisou Zenaide.

O projeto reformula e amplia a Lei de Cotas (Lei 12.711, de 2012), que reserva no mínimo 50% das vagas em universidades e institutos federais para pessoas que estudaram todo o ensino médio em escolas públicas. Além de aprimorar a política de cotas para ingresso nos estabelecimentos federais de ensino superior ou de ensino médio técnico, o texto altera critérios socioeconômicos (que levam em conta a renda e a formação em escola pública) e insere os quilombolas entre os beneficiados pela reserva de vagas, que já inclui pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência.

A proposta, que segue para sanção presidencial, diz ainda que os candidatos cotistas passarão a concorrer também nas vagas gerais, e apenas se não conseguirem nota para ingresso concorrerão às vagas reservadas. A proporção racial deve ser mantida tanto nas vagas destinadas aos egressos do ensino público de famílias com renda máxima de um salário mínimo quanto nas vagas dos estudantes de outras faixas de renda.

O projeto aumenta as chances de ingresso dos cotistas raciais ao prever primeiramente a disputa pela ampla concorrência. Se o candidato não conseguir nota para aprovação nas vagas gerais, passará a concorrer às vagas reservadas. Os alunos optantes pela reserva de vagas que se encontrem em situação de vulnerabilidade social também serão priorizados no recebimento de auxílio estudantil.

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Rogério Marinho vota pelo fim das cotas raciais e para pessoas com deficiência em universidades, mas proposta é derrotada

O Senado aprovou nesta terça-feira, 24, mudanças na lei de cotas de acessos as universidades federais e no meio da votação foi colocada uma emenda do senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ) extinguindo as cotas raciais e para pessoas com deficiência.

A proposta recebeu 24 votos favoráveis e 46 contrários. Da bancada potiguar só o senador Rogério Marinho (PL) votou a favor.

A proposta foi rejeitada e a nova lei de cotas foi aprovada com novidades como a redução da renda familiar de R$ 1.980 para R$ 1.320 para benefíários, além da inclusão de quilombolas e avaliação do programa a cada dez anos.

Outra inclusão foi a previsão de cotas em programas de pós-graduação, beneficiando pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência.

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Políticas afirmativas (cotas): entre análise e (possíveis) aperfeiçoamentos – Parte I

Por Tales Augusto de Oliveira*

O Brasil tem na sua História marcas inapagáveis. A Casa Grande e a Senzala continuam a existir, se atualizaram para tentar eternizar a condição daqueles que as habita e suas condições socioeconômicas. Tentam ainda nos passar a ideia de que vivemos numa democracia racial. Por fim, acrescento o fadado, mentiroso e ainda ridículo termo denominado, Meritocracia. Cunhado numa suposta ideia do Super Homem (não o de Nietzsche), com mentalidade hercúlea, quase um semideus, conseguindo tudo sozinho, “basta querer”. Eu até me imagino se tivesse nascido em berço de ouro, numa família rica, morando nos Estados Unidos e depois criando um canal numa rede social para “ensinar” como os outros podem conseguir o que “meu mérito” me propiciou. Já imaginou se acreditassem?

Buscando iluminar a realidade, diminuir o fosso, o abismo que há na sociedade brasileira, em 29 de agosto de 2012, fora publicada a Lei de Cotas (Lei Nº 12.711). A História das Instituições de Ensino Superior (IES) poderia mudar. Esta lei decretara que todas as instituições federais de ensino superior públicas deveriam reservar, no mínimo, 50% das vagas de cada curso técnico e de graduação aos estudantes de escolas públicas e outros grupos.

Antes dessa lei, o estado do Rio Grande do Norte, já vivenciava experiências exitosas. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) quando ainda era ETFRN na década de 1990 e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) na metade da primeira década deste milênio, tinham vagas para o ingresso de alunos oriundos das camadas populares. Alunos vindos de escolas públicas quando da conclusão do 9º ano no IFRN para cursarem o Ensino Médio e na UERN toda a Educação Básica em instituições públicas tinham direito a concorrer as vagas.

Desde a aprovação/adoção da Lei, vimos o crescimento do número de alunos das camadas populares nas IES aumentar. É necessário entender que as cotas possuem certa identidade com a instituição que a oferece, por vezes respeitando e buscando que haja o ingresso da diversidade. Por exemplo, temos cotas para indígenas, afrodescendentes, pessoas com renda baixa, oriundos de escolas públicas, pessoas com deficiência etc.

As cotas não foram uma invenção da esquerda ou ainda de comunistas. Elas têm um percentual para que os candidatos consigam as vagas, não é simplesmente se inscrever e conseguir o acesso a universidade. As cotas não começaram no Brasil. A Índia, a Malásia dentre outras nações e, quem diria, o país onde tempo é dinheiro, o business dita a vida, os Estados Unidos adotaram o sistema de cotas.

Na Índia as cotas remetem a década de 1930, quase um século já da adoção. Para ficar mais fácil entender, se por acaso você recorda da novela global Caminho das índias, onde os dalits eram párias na sociedade. Cotas estas não restritas as universidades, mas englobam concursos públicos e outras áreas.

Já nos Estados Unidos, os conflitos raciais surgidos na década de 1960, levaram na seguinte a adoção das cotas, que buscavam diminuir as diferenças sociais, porém acabaram beneficiando mais os negros de classe média do que os mais pobres entre a maioria dos afro-americanos, as cotas acabaram na primeira década do século XXI nos Estados Unidos por decisão da Suprema Corte estadunidense.

Porém, é importante refletir que diferentemente dos Estados Unidos, aonde a população negra não chega a 15% do total, no Brasil alcança cerca da metade de toda a população. Temos um racismo estrutural que corrobora tudo que vive o país, mas vale salientar que as cotas não são apenas para afrodescendentes como falamos acima e voltaremos noutros textos no Blog do Barreto para abordar a temática.

*É professor efetivo federal EBTT no IFRN, autor do livro História do RN para Iniciantes e mestrando em Ciências Sociais e Humanas na UERN, com pesquisas voltadas a ascensão social de pessoas oriundas das classes populares através do êxito escolar.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail