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RN ultrapassa dois mil casos confirmados do novo coronavírus

Secretário adjunto de Saúde do RN, Petrônio Spinelli, lembrou que prontos-socorros são a porta de entrada para os hospitais que tratam Covid (Imagem: Reprodução)

O Rio Grande do Norte tem 2.033 casos confirmados do novo coronavírus e 93 óbitos confirmação de Covid-19. As informações foram repassadas pelo secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, durante a coletiva de imprensa desta terça-feira, 12.

Os óbitos informados durante a coletiva são referentes a uma paciente de Natal, que faleceu no dia 7 de maio; ela tinha 73 anos e possuía comorbidade. Em Mossoró duas mortes foram registradas, uma delas foi de um paciente de 35 anos, que faleceu no domingo, 10, como foi noticiado aqui, e a outra foi de uma paciente de 73 anos de idade, sem comorbidade relatada, que faleceu ontem, 11, no Hospital São Luiz.

O número de óbitos em investigação aumentou. “Está crescendo, e de forma assustadora, os óbitos em investigação. Nós não estamos tendo ‘pernas’ para mais rapidamente diagnosticar esses óbitos em investigação, Nós, no momento, temos 49 óbitos em investigação. Aquilo que eu chamei a atenção e tenho chamado a atenção que está se aproximando o número de investigação com o número de confirmados”, disse o secretário, acrescentando que isso mostra a gravidade da situação e a rapidez dos óbitos.

O número de pessoas com suspeita do novo coronavírus notificadas no RN hoje é de 7.383, 5.677 casos foram descartados e 734 pessoas estão recuperadas.

Petrônio Sipnelli voltou a lembrar que a porta de entrada do serviço de Saúde são os prontos-socorros e Unidades de Pronto Atendimento, que analisam a necessidade de regulação, e informou sobre a solicitação por leitos especializados no tratamento aos sintomas de Covid nesta terça-feira.

No momento há solicitação de transferência para 27 pacientes, sendo, segundo o secretário adjunto, um paciente classificado como ‘prioridade 1’, atribuída à pacientes graves que precisam de UTI, dois pacientes considerados como ‘prioridade 2’ (pacientes graves) e 24 pacientes avaliados como ‘prioridade 3’, aguardando transferência. Os dados se referem aos momentos anteriores à coletiva.

Ainda de acordo com o secretário, no momento há 282 pessoas internadas.

Com relação à ocupação dos leitos críticos, o secretário adjunto afirmou que, em Mossoró, há duas vagas no Hospital São Luiz e dos 17 leitos existentes no Hospital Regional Tarcísio Maia, 15 estão ocupados, mas três pessoas estão em processo de alta.

O secretário informou que em Caicó também houve alta de pacientes e 12 dos 20 leitos estão ocupados. Em Pau dos Ferros não havia pessoas internadas no momento de coleta das informações apresentadas.

Já Natal continua em uma situação dramática. De acordo com Petrônio, o Hospital Giselda Trigueiro está com 100% de ocupação dos leitos e o Hospital da Polícia com 90% de ocupação e a informação é de que o Hospital Municipal também está com 100% de ocupação.

“Esperamos com as aberturas de leitos previstas para essa semana que a gente volte a um patamar que nos retire a angústia do colapso, pelo menos, durante essas próximas horas, os próximos dias. É importante ressaltar que existe uma causa e efeito muito bem definido e muito bem definido pela ciência e pelos sanitaristas, pelos epidemiologistas, não existe solução sem isolamento social significativo”, complementou Spinelli.

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Foro de Moscow

Foro de Moscow 89 – COVID: JÁ HÁ FILAS DE ESPERA NOS HOSPITAIS DO ESTADO

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Mossoró registra 21º óbito por Covid-19

Óbito ocorreu no domingo passado, dia 10 (Imagem: Reprodução)

Mossoró registrou o 21º óbito por Covid-19. A morte aconteceu no dia 10 de maio, mas a confirmação saiu ontem, 11, no boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP – RN)

De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Mossoró, trata-se de um homem de 35 anos de idade.

Outros cinco óbitos estão em investigação na cidade, segundo boletim epidemiológico. Mossoró registra ainda 293 casos confirmados do novo coronavírus e tem 558 casos suspeitos. 429 casos foram descartados. Segundo boletim da Prefeitura, 116 pessoas estão recuperadas.

No RN são 1.989 casos confirmados de Covid-19 e 92 óbitos com confirmação da doença.

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Itaú é a primeira cidade do RN a decretar lockdown

Itaú é a primeira cidade do RN a decretar lockdown (Foto: web/autor não identificado)

Com população estimada em 5.878 habitantes e 11 casos de covid-19 confirmados, a cidade de Itaú, no Oeste potiguar, é a primeira do Rio Grande do Norte a decretar lockdown, ou seja, confinamento total.

A decisão foi anunciada pelo prefeito Ciro Bezerra (DEM) numa live no Instagram.

À Tribuna do Norte o prefeito anunciou que o decreto prevê multa de R$ 150 para quem estiver circulando pelas ruas de Itaú.

Leia a notícia completa da Tribuna do Norte AQUI.

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475 profissionais de Saúde já testaram positivo para Covid no Estado

 

Quase 500 profissionais de saúde testaram positivo para o novo coronavírus no Estado (Foto: Reprodução/Internet)

475 profissionais de Saúde testaram positivo para o novo coronavírus, confirmando que têm ou tiveram Covid-19 no Rio Grande do Norte, segundo boletim epidemiológico divulgado no sábado passado, 9, pela Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP – RN).

Técnicos ou auxiliares em Enfermagem, enfermeiros e médicos são as três categorias com maior número de confirmações dentro do grupo. Foram 161 técnicos ou auxiliares em Enfermagem, aproximadamente, 33,6% do total de profissionais de Saúde, que testaram positivo para o Covid. 70 médicos também tiveram a confirmação da doença, o que corresponde a cerca de 12,6% do total dos profissionais de Saúde. Já o número de enfermeiros somou 49 ou 10,3% dos profissionais de Saúde que tiveram confirmação da doença.

De acordo com a assessoria de comunicação da Sesap, os dados incluem profissionais das redes pública e privada e podem incluir profissionais que pegaram a doença fora do exercício profissional, como médicos que viajaram e não contraíram a doença na unidade.

55 profissionais que tiveram confirmação do novo coronavírus não informaram a categoria de saúde da qual fazem parte.

Outro dado que chama a atenção é que cerca de 67% dos profissionais que têm ou tiveram a doença são mulheres. Elas representam 319 dos 475 profissionais de Saúde que confirmaram Covid-19.

 

Dados de Mossoró

Ainda conforme a assessoria de comunicação da SESAP, em Mossoró, foram 92 profissionais de saúde testaram positivo para o novo coronavírus. O número equivale a, aproximadamente 19,3% de todos os profissionais que contraíram a doença no Estado.

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Aumenta pressão por leitos em hospitais públicos do RN

Secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, atualiza números sobre o coronavírus no RN (Imagem: Reprodução)

Com 1.935 casos confirmados do novo coronavírus e 90 óbitos com confirmação da doença, o Rio Grande do Norte tinha, até a manhã desta segunda, 11, 32 solicitações de internações em leitos específicos para tratamento de pacientes com sintomas de Covid, provenientes de hospitais do interior ou de Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), segundo informou o secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, durante coletiva de imprensa realizada em Natal.

“Eu quero começar falando da ocupação, a partir da demanda que está vindo para a regulação de pacientes que estão em UPAs ou em hospitais municipais. Isso é que é o sinalizador mais importante para ver a gravidade hoje dos casos que estão precisando de hospital.  Nós temos, no momento, nada mais nada menos do que 32 solicitações de internações de hospitais, vindo de hospitais do interior e das UPAS”, informou o secretário.

Segundo ele, do total de solicitações, duas se enquadram como ‘prioridade 1’ e oito são consideradas como ‘prioridade 2’.

Antes de informar a demanda, Spinelli explicou que ao chegar aos prontos-socorros, as pessoas são avaliadas e, caso haja necessidade de internação, é feita uma classificação. Os pacientes que precisam de imediato de UTI são considerados ‘prioridade 1’; ‘prioridade 2’ é para os pacientes graves que precisam de UTI e ‘prioridade 3’ é indicada aos pacientes que precisam de enfermaria, sob risco de terem o caso agravado.

“Significa que esses dez casos precisavam estar em hospitais, em UTIs ou em semi-crítico. Isso não quer dizer, e a gente já vai explicar isso, que nós estamos em colapso. Significa que nós estamos superlotados. Qual é a diferença? A diferença é que gente considera colapso quando chegam pacientes em hospitais, em pronto-socorro ou melhor, e não tem mais respirador. Aí é colapso, porque a mortalidade nessa hora vai aumentar demais. Então, esse é que é o nosso problema e esse é o nosso risco”, afirmou o secretário adjunto de Saúde.

“Como já foi explicado, os pacientes que são internados em UTI, eles ficam, geralmente, pelo menos 14 dias. Significa que amanhã quase todos que estão entubados hoje vão continuar e depois de manhã também e vão chegar novos e ainda é onde começa a aproximar de se passar da superlotação para o colapso”, disse Spinelli.

O secretário lembrou que os hospitais para tratamento de pacientes com sintomas graves de Covid se localizam em quatro regiões e abordou a situação de cada uma, conforme dados da manhã desta segunda.

No que se refere a Mossoró. Segundo ele, dos 20 leitos de UTI abertos no Hospital São Luiz, 18 estão ocupados. Já no Hospital Regional Tarcísio Maia, a ocupação dos leitos críticos é de 100%. “Em Mossoró, neste momento, nós só temos duas vagas de UTI ou, pelo menos, pensamos que temos, porque eu não sei se nesse momento já foi ocupado”, afirmou.

O blog entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital São Luiz e até as 13h havia ocupação em 16 dos 20 leitos de UTI e de 14 dos 15 leitos de UCI.

Com relação à situação de Pau dos Ferros, Petrônio Spinelli informou que dos oito leitos existentes, há três pessoas internadas e elas não estão entubadas. “Essa é a situação melhor de todas”, afirmou.

Em Caicó, a taxa de ocupação subiu. Dos 20 leitos para tratamento de pacientes do Covid, 15 estão ocupados. “Uma taxa de ocupação de 75% em Caicó”, informou o secretário.

“No caso de Natal, nós temos uma ocupação dos hospitais do Estado considerada 100%. Nós temos uma vaga do Giselda, que talvez receba uma alta agora, mas são números que variam muito”, acrescentou Spinelli, reforçando que há 32 solicitações de vagas por parte de UPAs e hospitais municipais.

“Fica muito claro, que se a gente não abrir leitos urgente nós vamos entrar mais do que em superlotação, nós vamos entrar em colapso”, destacou.

Confirmações de óbitos

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, os três últimos dos 90 óbitos confirmados são referentes a duas pacientes de Areia Branca, sendo uma senhora com 65 anos de idade e outra com 61 anos, com comorbidades, e uma paciente de 91 anos de Natal, que tinha comorbidades.

Outros 36 óbitos estão em investigação. “O número concreto que induz que esse número é muito subestimado ainda é o número de casos em investigação. Nós temos no momento 36 casos em investigação, o que mostra que realmente, como a gente vinha falando antes, realmente, o número de confirmação dos óbitos em investigação é cada vez maior. Então, aquele número de 100 tenha certeza que já passou”, afirmou.

Outros números

O secretário informou ainda há 7.605 casos suspeitos, 5.440 casos descartados e 662 recuperados. Segundo Petrônio Spinelli, o número de casos confirmados e descartados ficou menos fidedigno ainda, dada a baixa quantidade de testagens realizadas no final de semana.

Projeção de novos leitos

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, em Mossoró, para esta semana está prevista a abertura de dez leitos de UTI no Hospital Regional Tarcísio Maia, cinco leitos no Hospital Rafael Fernandes e em breve mais dez a 15 leitos no Hospital São Luiz, o que, segundo ele, parece não ser possível acontecer ainda esta semana.

De acordo com Spinelli, em Natal a previsão para esta semana é abrir 15 leitos com respiradores no Hospital da Polícia e 12 no Hospital Giselda Trigueiro.

Ele informou ainda que a Sesap está credenciando leitos privados e deve acrescentar pelo menos mais dez leitos privados destinados para o  SUS neste final de semana. Segundo o secretário, também deve haver abertura de mais dez leitos em Caicó e mais oito leitos em Pau dos Ferros.

“Lembramos que essa é uma variável controlada, que é a variável do número de leitos que nós conseguimos abrir. A outra variável, que é a explosão dos casos, o controle está a nível da população, com o isolamento social”, afirmou.

A preocupação externada pelo secretário é de que o número de pacientes graves continue crescendo ao ponto de não haver respiradores para montagem de novos leitos. “Ainda temos uma margem estrutural para abrir leitos de UTI com respiradores, mas se nada acontecer daqui para a próxima semana, nós podemos chegar a uma situação de não ter mais respiradores para abrir leitos”, revelou.

“É muito importante, mas muito importante mesmo, que a população entenda que a situação é grave, que a situação precisa de isolamento social de verdade”, acrescentou.

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Com número crescente de internações, RN tem baixo índice de pessoas isoladas

Mapa aponta percentual de pessoas isoladas no sábado, 9, e domingo, 10, no RN (Imagem: Reprodução/Inloco)

O índice de isolamento social no Rio Grande do Norte ficou em 43% no domingo passado, 10, segundo dados disponibilizados pelo Inloco. No sábado, 9, véspera do Dia das Mães, o percentual foi de 39,6%.

Os baixos índices se apresentam mesmo com os alertas feitos pela Secretaria da Saúde Pública do Estado (SESAP RN) e com o crescente número de internações que vêm sendo registradas. Para se ter uma ideia, no sábado, 285 pessoas estavam internadas com sintomas do Covid-19, ontem o número apresentado pelo boletim da Sesap foi de 288.

Quando se observa a situação por municípios potiguares, no sábado, 9, Mossoró, apresentou taxa de 40,81% de pessoas isoladas, inferior à capital do Estado que teve índice de 42,58%. No município de Encanto, que tem uma população estimada em 5.638, onde duas pessoas perderam a vida por causa da doença, o isolamento ficou em 43,84%. A observação por municípios se refere à data dos dados mais recentes disponibilizados pelo Inloco ao Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN).

 

Ainda com base no Inloco, a taxa de isolamento no RN ontem foi inferior, inclusive, ao índice de isolamento social no Brasil, que foi de 47% e já estava aquém do percentual defendido por autoridades em saúde como a meta para conter a propagação do novo coronavírus, que é de 70%.

Na verificação por estados, nenhuma das 27 unidades federativas chegou aos 70%. O estado potiguar ficou na 23ª posição. Apenas o Mato Grosso do Sul (41,89%), Mato Grosso (41,87%), Roraima (41,79%) e Goiás (40,08%), apresentaram percentuais menores.

Dados de isolamento social em todos os estados do Brasil referentes ao dia 10 de maio (Imagem – Reprodução Inloco)

O estado que alcançou maior índice de isolamento social foi o Pará, com 54,95%, segundo o Inloco. Mesmo com as medidas restritivas impostas pelo lockdown (bloqueio total), que começou a valer em alguns municípios do Pará na quinta-feira, 7, o Estado ainda ficou distante dos 70%.

A segunda unidade federativa com maior índice de isolamento foi o Amapá, também na região Norte do Brasil, com taxa de 53,85% .

Na sequência, o vizinho potiguar, Ceará, cuja capital entrou em lockdown na sexta-feira passada, 8, teve índice de 53,60%.

O Amazonas, onde as imagens de sepultamentos nas chamadas ‘trincheiras’ causaram choque e o número de óbitos confirmados por Covid-19 chegou a 1.004, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas FVS-AM) teve índice de 50,03%.

Outros estados que vivem situações críticas com relação ao sistema de saúde tiveram percentual de isolamento inferior aos 50%. É o caso do Maranhão, onde também houve decreto de locdown para alguns municípios e que apresentou índice de 49,76%.

E em São Paulo, o estado com maior número de óbitos do País, a taxa de isolamento foi de 47,15%.

Nota: As informações sobre isolamento são baseadas em dados fornecidos pelo Inloco, visualizados na manhã de 11 de maio. Divergências podem ocorrer ao longo dos dias conforme atualização dos dados pela plataforma.

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Crônica

Sairá a humanidade melhor dessa pandemia? As possibilidades de avanço e os perigos de retrocesso que nos cercam

Por Robério Paulino*

As grandes crises ou comoções humanas, como a que vivemos nessa pandemia, sempre geram esperanças em muitos corações e mentes de que as sociedades e os indivíduos reflitam e modifiquem para melhor seus padrões de comportamento anterior. O sofrimento, às vezes, ensina. É perceptível nesse momento a esperança por parte de amplos setores das populações de que a humanidade saia melhor dessa pandemia mais solidária, mais reflexiva, com mais compaixão, menos violenta e mais pacífica, menos individualista, consumista e destrutiva para o planeta.

É visível também a grande expectativa de parte dos setores mais conscientes de que essa crise contribua para superar ou arrefecer o ímpeto destrutivo do sistema capitalista e sua forma mais agressiva e irracional, o neoliberalismo, levando à reversão de um quadro de tanta desigualdade e pobreza das populações, mais uma vez tristemente revelado nesses dias. Os governos de países capitalistas têm sido obrigados nessa pandemia a elevar sensivelmente os gastos públicos, seja para socorrer empresas, para o controle da doença ou para não deixar cair o consumo demasiadamente, evitando recessões ainda mais severas do que as previstas.

Não está claro ainda como a conta dos gastos dessa pandemia será paga, mas, a depender de alguns governos, a orientação neoliberal não será afastada e a fatura será passada em breve aos trabalhadores e às populações, como já se aprovou no Brasil. Contudo, essa crise também pode levar a um arrefecimento do ímpeto neoliberal, a depender das reações das populações e dos trabalhadores, que se neguem a pagar essa fatura.

GRAVES CRISES TAMBÉM GERARAM GRANDES RETROCESSOS

Vemos alguns analistas dizerem que a humanidade não será a mesma depois dessa pandemia, sugerindo que ela poderá sair melhor, mais reflexiva e solidária dessa comoção. A história humana mostra, no entanto, que crises econômicas e políticas e pestes arrasadoras nem sempre são sinal de aprendizado, de mudança para melhor. Muitas catástrofes deram espaço a grandes retrocessos, a involução, a barbárie. Como no passado, nessa grande comoção em curso há uma luta de ideias e interesses em choque, que pode levar a civilização para um lado ou para outro, para frente ou para trás, a depender da capacidade dos campos em luta de chegar aos corações e mentes de bilhões.

São muitos os exemplos de retrocessos depois das grandes crises sociais.  A decomposição do Império Romano é um exemplo que levou a uma grande involução, abrindo caminho para uma longa noite de obscurantismo e terror na Idade Média, a um processo esvaziamento das cidades, de ruralização, isolamento da vida social em pequenas comunidades, queda das trocas comerciais de longa distância, quase desaparecimento da moeda e rebaixamento geral da cultura e das condições de existência em toda a Europa Ocidental. Estima-se que Roma, em seu auge, tenha chegado a ter uma população entre 800 mil a 1,5 milhão de habitantes. Depois das invasões e da decomposição do Império, sua população caiu para menos de 50 mil habitantes.

Outro exemplo de saída negativa depois de uma crise foram os acontecimentos que se seguiram à Grande Depressão iniciada em 1929, nos EUA, mas que se propagou para todo o mundo. Aquele crash mergulhou a economia mundial e de muitos países numa profunda recessão, com o fechamento de milhares de empresas e milhões de desempregados. A quebra da economia na Alemanha, o alto desemprego, a inflação descontrolada, que jogava nas alturas os preços e transformava a moeda em fumaça, gerando desespero na população, facilitaram a ascensão do nazismo, que capturava e transformava em ódio o sentimento nacionalista, fruto da humilhação da Alemanha depois da derrota na I Guerra Mundial. O resultado foi a II Guerra Mundial, conflito que matou até 80 milhões de seres humanos e ensejou os horrores do Holocausto e a explosão de duas bombas atômicas sobre o Japão.

A crise da economia capitalista aberta em 2008, gerada pelo liberalismo econômico radical e pela acelerada financeirização da economia, apesar de não ter a dimensão de tragédia das duas guerras mundiais, gerou quebradeira de empresas e bancos e desemprego maior. Não levou a uma saída positiva e não afastou o neoliberalismo da condução da economia dos países. Mesmo depois daquela perturbação, os ataques aos sistemas de proteção social continuaram. A aceleração da desindustrialização em curso no Ocidente e os novos cortes de milhões de empregos levaram a uma precarização cada vez maior das condições de trabalho, à queda dos salários e à uma reconcentração de renda de patamares não vistos há décadas, similares ao período pré-1929.

Outro exemplo de desenlace negativo, de que nem sempre situações de convulsão ou crises levam a saídas melhores e sim a retrocessos, são as desilusões com governos de esquerda ou considerados progressistas, quando estes chegam ao comando dos países e frustram as esperanças das populações. Ao contrário do que às vezes esperam organizações socialistas mais radicais, de que essas decepções aumentem a audiência para elas, na maior parte das vezes essas frustrações têm conduzido à volta de partidos de direita e mesmo fascistas ao comando dos países.

A SAÍDA TAMBÉM PODE SER PARA MELHOR

Mas, felizmente, nem sempre as saídas das grandes crises ocorrem pelo lado negativo. Se algumas grandes comoções humanas conduziram a retrocessos, outras levaram a humanidade a repensar o curso e seguir em frente melhor, se superar. Situações adversas podem sim abrir espaço para o novo, para avanços, como torcemos para que aconteça agora. Ao longo de milhares de anos, nossa espécie se destacou das demais e se impôs como senhora do planeta exatamente por sua imensa capacidade de adaptação aos mais distintos e inóspitos ambientes, por sua flexibilidade, seu grande poder de refletir e aprender rapidamente com as maiores dificuldades, com as tragédias, saindo em frente das grandes comoções.

Como explicar que apesar de todas as pestes, secas, grandes fomes, catástrofes ambientais, guerras locais ou mundiais com milhões de mortos, a humanidade tenha chegado a quase 8 bilhões de seres e esteja vivendo mais, com uma expectativa de vida de quase o dobro de meados do século XIX, senão por este instinto de preservação e superação? Os exemplos na história são inúmeros.

A unidade de muitos países na Segunda Guerra contra o nazismo é um deles. Mesmo com a antiga URSS sendo um país que se declarava socialista, portanto uma ameaça ao seu sistema social, países capitalistas como EUA e Inglaterra foram forçados a se unirem a ela contra as tropas de Hitler, por saberem que uma vitória desse último poderia significar uma longa noite de obscurantismo e terror no mundo.

A Segunda Guerra Mundial também levou à formação da ONU e seus organismos, um embrião de Estado mundial, que, por mais que defenda os interesses do grande capital, tem princípios nobres e elevados em sua carta de fundação. Ali se estabeleceu um palco de negociações que, se não impediu muitas novas guerras localizadas e ações imperialistas dos EUA, por exemplo, talvez tenha até agora evitado um novo conflito mundial generalizado e terminal para a civilização. Apesar das intervenções patrocinadas por essa organização em muitos países, um aspecto negativo, a existência de muitos organismos internacionais que cumprem papel positivo essencial, como a OMS e o PNUD, por exemplo, foi possível também pela existência da ONU.

A Guerra Civil nos EUA, entre 1861 e 1865, uma das mais mortíferas até o século XIX, teve como saldos positivos acelerar o fim da escravidão, estabelecer em todo seu território um Estado liberal capitalista, acelerar a distribuição de terras a milhões de novos colonos, negando a extensão dos latifúndios escravistas do Sul, e ampliar vários direitos civis. De negativo, acelerou o genocídio indígena e deixou muitos negros libertos de fora daqueles novos direitos.

No Brasil, a grave crise econômica do início da década de 1980 trouxe muito desemprego, mas também teve como saldo positivo acelerar o fim da ditadura militar, inaugurando o período de democracia parlamentar capitalista que vivemos, mesmo que muita limitada, possibilitando uma Constituição melhor, com novos direitos sociais, conquistas que hoje o capital busca ceifar. Tivemos mesmo a oportunidade de um partido com origem na esquerda chegar ao governo, experiência que infelizmente não atendeu às expectativas geradas e abriu espaço para a chegada da ultradireita ao comando do país no momento.

Na pandemia atual, nada garante que o mundo vai mudar para melhor. Mas observamos alguns exemplos positivos e muito alentadores de solidariedade internacionalista. Talvez nunca se tenha visto uma colaboração tão próxima entre países durante uma crise como a que se observa no momento entre alguns dos principais governos europeus. A China enviou um avião com médicos especialistas e toneladas de remédios para a Itália, que também recebeu a solidariedade de Cuba, através de médicos, coisa antes impensável. A Rússia também mandou um comboio de ajuda humanitária. Cientistas de todo o mundo cooperam intensamente nesse momento, trocam informações, correm contra o tempo para obter uma vacina ou descobrir um coquetel de remédios que possa derrotar a COVID-19, o que será rapidamente compartilhado.

No Brasil desses dias, a pandemia tem levado a que muitos governadores e outros líderes que apoiaram Bolsonaro tenham que dele se afastar, por seu comportamento irracional. Há uma clara crise no campo capitalista sobre a condução da crise. Além de defenderem o isolamento social, mesmo paralisando em grande medida a economia capitalista, muitos deles e o próprio Congresso Nacional têm sido obrigados a elevar os gastos públicos, a exemplos de outros países, na contramão do neoliberalismo que sempre praticaram. Temem se desgastarem e sentem medo de uma explosão social das dezenas de milhões de trabalhadores pobres que de repente ficaram sem qualquer fonte de sobrevivência nessa pandemia.

Exemplos como esses acima nos fazem esperar e torcer para que essa comoção pela qual passamos possa também contribuir para uma saída em frente, para uma humanidade melhor. O pessimismo da razão nunca pode anular o otimismo da vontade. Talvez nunca na história da civilização a humanidade tenha se sentido tanto como uma comunidade única quanto nessa pandemia, enfrentando uma ameaça global simultaneamente, de forma integrada e relativamente coordenada, com a OMS à frente dos esforços. As cenas das maiores cidades mundiais desertas, de hospitais colapsados e o sofrimento de tantos têm comovido a muitos e os levado a refletir sobre o acionar e a condição humana.

Em entrevista ao jornal La Repubblica, o filósofo Slavoj Zizek disse acreditar que, em vez de um retrocesso, com essa crise, os laços de comunidade na humanidade saem fortalecidos. Para ele “Um novo senso de comunidade: é isso que está emergindo dessa crise. Uma espécie de novo pensamento comunista, distante do comunismo histórico. A banal descoberta de que coordenação e cooperação globais são necessárias para combater o vírus tem um viés revolucionário. Estamos redescobrindo o quanto precisamos uns dos outros”.  Ele afirma que, contra suas próprias políticas liberais, alguns governos estão sendo obrigados a adotar políticas de fato socialistas (2019). Torçamos para que Zizek esteja correto.

Uma marcha à ré após essa grande comoção não está descartada, com o capital tentando passar toda a conta dos gastos de combate ao vírus para as populações e os trabalhadores e estabelecer outras medidas autoritárias, como já se observa no Brasil. Por outro lado, um passo para frente vai depender da mobilização dos povos e dos trabalhadores na saída da pandemia, que, tirando as lições de toda essa crise pela qual passamos, não aceitem qualquer corte em conquistas sociais e salários, exijam a ampliação dos serviços públicos que vinham sendo destruídos e que se demonstraram tão essenciais numa emergência como essa. Essa é uma das lições fundamentais dessa crise. Sem sistemas de proteção social públicos como na China, na Europa, no Brasil e outros países, essa pandemia iria matar muito mais pessoas.

Existe também a hipótese de que não haja um desfecho global único nessa crise, que as saídas sejam diferentes nos distintos países, ou seja, uma saída desigual, na qual alguns países avancem, melhorem ou recomponham minimamente seus sistemas de proteção sociais e os instrumentos de enfrentamento de calamidades, enquanto outros retrocedam. A China pode sair mais forte dessa crise, como também a Alemanha, pelos exemplos de rigor com o qual enfrentaram a pandemia, enquanto os EUA se enfraqueçam um pouco mais, revelando ao mundo toda a precariedade de seu sistema de proteção social, em contradição com seu poderio econômico, se enfraquecendo no jogo da geopolítica mundial. No Brasil, o desfecho não está dado, mas até aqui podemos afirmar que haverá certamente um fortalecimento dos estados na sua relação com a União e um clamor pela melhoria do sistema de saúde pública logo que passe a pandemia.

Uma saída global para melhor nesse momento dependerá, também, da compreensão coletiva das origens dessa pandemia, que leve a humanidade a rever toda sua ação destrutiva sobre o planeta e mudar seu sistema social e produtivo, voltado apenas ao lucro de uma minoria, baseado no individualismo e no consumismo. Como mostramos acima e levantou como hipótese Zizek, talvez frente à uma ameaça global, esteja ocorrendo um impulso de solidariedade global, ainda que incipiente. Frente à grave comoção pela qual passa a humanidade no momento, quem sabe nossa espécie possa refletir que nossas diferenças são menores frente às ameaças de extinção da civilização e estejamos tendo que trabalhar juntos para encontrar a saída.

Não estamos entre os que pensam que o sofrimento enobrece ou coisas do tipo. Mas muitas vezes grandes traumas na vida dos indivíduos ou das sociedades podem levar à reflexão, ao amadurecimento. Em tempos difíceis, em grandes crises, a humanidade muitas vezes se elevou, se superou, avançou, demonstrou grandeza, como mostramos acima. Como já assinalado, um retrocesso não está descartado. Mas lutemos para esse cataclismo que assola a civilização e a quarentena que isola bilhões de nós em nossas casas ao mesmo tempo nos torne mais reflexivos e, quem sabe, mais humanos, nos ensine que a cura talvez esteja antes de tudo na solidariedade entre todos.

Assim como não podemos descartar um retrocesso depois dessa crise, se ela se agravar, lutemos para construir a partir dessa grande comoção social uma nova civilização, baseada em outros valores mais elevados, como igualdade de direitos e oportunidades para todos, fim da exploração de uns seres por outros, solidariedade entre todos os povos, compaixão, sustentabilidade e preservação de toda a vida no planeta. A humanidade de fato jamais será a mesma depois dessa crise. Quem sabe depois dessa sacudida pela qual passamos comece a surgir um mundo novo, diferente, melhor, mais solidário, que aproxime a todos os povos, derrube barreiras, fronteiras, supere o atual sistema econômico, e nos ensine que estamos todos em um único barco.

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*É professor da UFRN, no Departamento de Políticas Públicas, Natal.

Referências

ZIZEK, Slavoj. Zizek: O nascimento de um novo comunismo. Entrevista ao jornal La Repubblica. Traduzido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Publicado no portal outraspalavras.net.  Disponível em: https://outraspalavras.net/outrasmidias/zizek-o-nascimento-de-um-novo-comunismo/. Acesso em: 08 de maio de 2020.   

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Hospital São Luiz abre dez novos leitos de UTI

Alguns dos leitos abertos no São Luiz neste sábado já receberam pacientes – Foto – Cezar Alves / Assessoria APAMIM

Na manhã deste sábado, 9, no Hospital São Luiz abriu dez novos leitos de UTI. Com isso, o hospital que recebe pacientes com sintomas do Covid-19, passa a contar com 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva. Outros 15 leitos de UCI já estavam em funcionamento, segundo informações da assessoria de comunicação da Associação de Proteção e Assistência a Maternidade e a Infância de Mossoró (APAMIM), entidade responsável pela administração do São Luiz.

Dos 35 leitos em funcionamento no Hospital, 26 estão ocupados, sendo 12 leitos de UTI e 14 de UCI, e há previsão de chegada de outros quatro pacientes, conforme a assessoria.

A perspectiva é de que na próxima segunda-feira, 11, sejam abertos mais dez leitos de UCI. Com isso, a equipe começa a trabalhar para a abertura de outros dez leitos de UTI até o dia 18 de maio.

A assessoria de comunicação ressalta ainda que as unidades do Municípios são a porta de entrada de pacientes para os leitos críticos.

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RN tem 1.919 casos confirmados de Covid e 87 óbitos decorrentes da doença

“Secretário de Saúde do RN, Cipriano Maia, divulga números e alerta sobre situação de leitos e necessidade de medidas de contenção – Foto: Demis Roussos

O número de casos confirmados do novo coronavírus no Rio Grande do Norte chegou a 1.919. O Estado tem 87 óbitos com confirmação de Covid-19. As informações foram repassadas hoje, 9, pelo secretário de Saúde do RN, Cipriano Maia, durante coletiva realizada em Natal.

Os seis óbitos informados pelo secretário de Saúde na coletiva de hoje se referem a duas pacientes de Natal que faleceram ontem, 8, um paciente residente em Apodi, que morreu ontem, uma jovem de Mossoró, que também faleceu ontem, como já havia sido informado pelo blog, uma paciente de Canguaretama, que foi a óbito na quarta-feira passada, 6 e um paciente de Grossos, que faleceu no dia 1º de maio.

Outros 39 óbitos estão em investigação em 22 municípios. Os casos suspeitos chegam a 6.696 casos e 662 pessoas estão recuperadas.

“Tudo isso nos leva ao alerta que já vínhamos fazendo a algumas semanas de que, a queda no isolamento social como tem se registrado nos últimos dias iria se manifestar no aumento de casos, consequentemente de casos críticos e de óbitos. Então, isso já está se observando e que reflete esse relaxamento do isolamento social descumprimento às regras do decreto. É o momento de estarmos refletindo e agindo para que a gente possa conter essa expansão que começa a se delinear nos dados e se reflete, inclusive, na situação de internação”, afirmou Cipriano Maia.

“Nós estamos entrando já em uma situação de esgotamento dos leitos em algumas regiões, como já vínhamos observando nos últimos dias”, acrescentou o secretário.

Internações e fila na regulação acendem alerta do sistema de Saúde

Esse reflexo nas internações se traduz nas 285 pessoas internadas, sendo 124 na rede privada e 161 na rede pública, segundo detalhou o secretário de Saúde.

“Hoje pela manhã, na verdade, nós tínhamos fila na regulação, seja em Mossoró, com três pacientes, que será aliviado hoje com a abertura de novos leitos no Hospital São Luiz. Mas, na região de Natal, nós temos um número considerável de pacientes em UPA e em outros pronto-atendimentos também no interior, na região próxima, Metropolitana e municípios vizinhos que estão demandando leitos, seja críticos seja de observação”, informou Cipriano Maia.

“Isso acende o alerta maior do sistema de Saúde que é a ameaça do colapso de leitos, visto que a expansão prevista ela ainda não se concretizou e ainda leva dias para se concretizar”, chamou a atenção.

“Isso vai exigir de todos nós, Governo do Estado, municípios, incluindo aí os sistemas de saúde municipais, atitudes mais intensas de vigilância de controle, de contensão para que possamos evitar que o sistema entre em colapso nos próximos dias e semanas”, complementou Cipriano, mencionando a necessidade de retomada do isolamento, do uso de máscaras e de medidas de higiene.

Abertura de leitos

De acordo com Cipriano, com relação à Mossoró além dos leitos do Hospital Luiz, a previsão é abrir mais cinco leitos no Hospital Regional Tarcísio Maia até segunda-feira e, pelo menos dez leitos no Hospital Rafael Fernandes ao longo da próxima semana.

Já em Natal, o secretário afirma que há mais limitações, mas que estão viabilizando a transferência de pacientes do Giselda Trigueiro para abrir um maior número de leitos de observação no Giselda e estão trabalhando para ativar leitos no Hospital da Polícia, mas há limitações de equipamentos.

Na sequência, há previsão de abrir novos leitos, mas com mais horizonte de tempo mais alargado. A disponibilidade de equipamentos é um pontos críticos para a abertura de novos leitos de UTI.

De acordo com Cipriano, cerca de dez pacientes esperam regulação para leitos críticos.

Ao final da coletiva, ele voltou a pedir a atenção de toda a população e pedir medidas de ação e de todos os entes públicos para conter a circulação das pessoas e evitar que a aceleração da transmissão resulte em casos mais críticos e riscos de desassistência.