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A quem interessa a não participação das mulheres na esfera da política?

Por Carmem Lúcia Néo Alves* e Fernanda Marques de Queiroz**

A participação das mulheres na política no Brasil é marcada por contradições evidentes e desigualdades estruturais. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em um artigo intitulado- “Mulheres e política: decisões do TSE combatem fraude à cota de gênero” publicado em março de 2023, mostra que apesar de representarem 53% do eleitorado, as mulheres estão significativamente sub-representadas no Congresso Nacional, ocupando apenas 18% dos cargos.

O artigo destaca a importância dessas medidas para garantir a participação igualitária das mulheres na política. Essa disparidade revela a necessidade de serem incorporadas as dimensões de gênero, articuladas à de classes e étnico-raciais, bem como a urgência de projetos políticos antipatriarcais e que contemplem as demandas das mulheres.

A Lei de cotas de gênero (9.504/1997), sancionada em 1997, portanto, há 26 anos, somente passou a ser obrigatória em 2009, foi um avanço importante para incentivar a participação das mulheres na política.

No entanto, apesar desta conquista, ainda é uma realidade distante na vida de muitas mulheres, dentre outros fatores dada a desigual repartição do trabalho doméstico que as impede de participarem da vida pública e dos espaços decisórios de poder.

Neste sentido, a sub-representação das mulheres mostra que a legislação sozinha não é suficiente para garantir uma presença igualitária na esfera do parlamento seja em nível federal, estadual e municipal. Para enfrentar os desafios que a realidade impõe sobretudo para as mulheres, é fundamental que as mesmas ocupem espaços na política protagonizando a luta por uma sociedade igualitária e que promovam políticas públicas com enfoque em pautas antipatriarcais e antirracistas, bem como a garantia de sua autonomia, liberdade e direito a uma vida livre de opressões e violências.

Recentemente assistimos em nossa cidade vários partidos terem sido condenados por fraudarem a Lei de cotas e seus vereadores terem perdido seus mandatos, o que gerou uma grande revolta permeada por discursos misóginos de que “não era para ser obrigado mulheres serem candidatas” ou que “vou me vestir de mulher para ocupar uma cadeira na câmara municipal” , demonstrando de forma nítida o caráter machista que permeia a esfera da política, bem como o desrespeito às conquistas históricas das mulheres, tudo isso fruto de um sistema patriarcal que mantém privilégios aos homens em todas as esferas da vida social que articulado ao racismo estrutural exclui as mulheres dos espaços de poder, sobretudo as mulheres negras.

É necessário e urgente desconstruir os padrões de comportamento e estereótipos patriarcais de gênero que perpetuam opressões e limitações às mulheres, bem como combatermos a violência política direcionada a este segmento. Além disso, é de extrema importância garantir igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade e promover uma educação que capacite e fortaleça as mulheres, tornando-se uma poderosa ferramenta para transformar estruturas sociais e alcançar uma real igualdade de gênero.

Afinal, a quem interessa o cerceamento das mulheres na política?

*Graduada em Serviço Social pela Faculdade de Serviço Social/UERN. Mestranda do Programa de Pós- graduação em Serviço Social e Direitos Sociais (PPGSSDS/UERN).

**Docente do Departamento de Serviço Social da UERN e do PPGSSDS/UERN).

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o bruno.269@gmail.com.

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Dia 8 de março será marcado por manifestações de mulheres em Mossoró

No dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, mulheres em todo o país ocuparão as ruas com o mote “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”. Em Mossoró, a principal atividade será na Praça do Pax, às 16h30, onde acontecerá o ato unificado, reunindo representações de diferentes movimentos sociais, sindicais e partidos políticos.

“Esse ano de 2022 será decisivo pro Brasil. Com as eleições presidenciais chegando, nós mulheres, que sempre estivemos nas trincheiras, temos a chance de derrotar Bolsonaro, e com isso, dizermos não ao machismo, ao neoliberalismo, ao negacionismo, e de construirmos o país que queremos, que coloque a sustentabilidade da vida como prioridade”, destaca Pluvia Oliveira, da Marcha Mundial das Mulheres.

Para ocupar as ruas, as mulheres se dividiram em dois blocos que sairão de pontos específicos e seguirão em passeata até a Praça do Pax para o grande ato. Um bloco sairá da praça do Shopping Boulevard e outro que sairá do Centro Feminista 8 de Março, localizado na rua Desembargador Dionísio Filgueira, 519, Centro.

De acordo com Telma Gurgel, da Coletiva Motim Feminista, o 08 de Março vai ser um dia todo dedicado às mulheres nas ruas contra Bolsonaro. “Vamos ter às 6h a Alvorada Feminista e à tarde um ato com todas as organizações feministas. Durante o ato teremos o artivismo, que é o conjunto de atividades artísticas de várias expressões. Além de ter, mais uma vez, a presença das mulheres em defesa da sua vida, contra Bolsonaro e pelo fim do feminicídio. É importante a presença de todos e todas que apoiam e, principalmente, das mulheres”, disse.

Michela Calaça, do Movimento de Mulheres Camponesas, afirma que é fundamental que as mulheres ocupem as ruas no dia 08 de março: “na Via Campesina haverá uma jornada de luta das mulheres que vai do dia 07 à 14 de março com ações de solidariedade, com lutas de rua e também espaços de formação política, mas no dia 08 é todas nas ruas. Em um ano tão importante, as mulheres darão seu recado de que vão derrubar Bolsonaro. Iremos pautar isso durante o ano todo, e agora em março vamos dar uma amostra da nossa força”.

 Os movimentos que estão à frente do ato fazem um chamado a todas para se juntarem aos blocos e somar na luta pela vida das mulheres, contra o machismo, o racismo, o feminicídio, as desigualdades, o aumento do gás, do preço dos alimentos, da fome, do desemprego e toda essa crise econômica que só se agravou no governo Bolsonaro e que tem afetado de forma mais violenta a classe trabalhadora.

Fazem parte do processo de articulação o Movimento de Mulheres Camponesas, várias organizações da via campesina, a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a Liga Brasileira de Lésbicas, secretarias de mulheres dos vários partidos de esquerda, a União Brasileira de Mulheres e demais organizações de nível local e nacional como o Núcleo de Estudos da Uern (NEM), Associação dos Professores da Ufersa (Adufersa), a Coletiva Motim Feminista, entre outras.

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Jornalistas lançam revista feminista Matracas

A revista Matracas, que será voltada à abordagem de gênero e feminismos, será lançada nesta sexta-feira (22 ) às 19h, via Instagram @revistamatracas.

A Matracas, que é construída toda por mulheres, conta com mais de 20 colaboradoras entre jornalistas, professoras, escritoras, estudantes, pesquisadoras e militantes que já estão inseridas na luta.

A proposta é fazer jornalismo feminista, focado nos direitos humanos das mulheres e em outras formas de desigualdades estruturais que se refletem na vida das mulheres. Claro, sempre ampliando as discussões para a questão de classe e raça.

“Nossa proposta, com essa junção jornalismo e feminismo, é ampliar vozes e construir espaço. Vamos ouvir mulheres, priorizar fontes especializadas de mulheres, contribuir com as lutas de defesa de nossos direitos, contribuir no combate a violência contra mulher, enfim, promover uma maior representatividade das mulheres no conteúdo midiático”, diz a jornalista Ceiça Guilherme que toca o projeto junto com Sayonara Amorim.

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Campanha Agosto Lilás terá programação alusiva à luta pelo fim da violência contra a mulher e Feminicídio

Núcleo de Estudos terá programação durante todo o mês de agosto. Confira as datas (Imagem: Cedida)

O Núcleo de Estudos da Mulher (NEM) Simone de Beauvoir, formado por pesquisadoras e militantes da luta feminista em Mossoró, realiza, durante o mês de agosto, uma série de atividades alusivas à luta pelo fim da violência contra a mulher e o Feminicídio.

AGOSTO LILÁS, como é conhecido o mês alusivo, faz referência à data em que foi criada a Lei Maria da Penha, uma das mais importantes ferramentas jurídicas no combate à violência contra a mulher no Brasil. A Professora do curso de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), líder do Grupo de Estudos Feministas (GEF) e participante do NEM, Fernanda Marques explica:

“A Lei Maria da Penha foi criada no dia 7 de agosto e em 2021 completa 15 anos. Sua criação já aconteceu de forma atrasada, uma vez que o Brasil negligenciou por muito tempo a violência doméstica e demorou a punir os agressores. Hoje ela se transformou em uma ferramenta fundamental no combate à violência doméstica e ao Feminicídio” destacou Fernanda, que ainda relembrou que a trágica história de Maria da Penha, que foi vítima de tortura e tentativa de assassinato por seu marido, a transformou em uma das maiores expoentes brasileiras na luta contra a violência de gênero, seu caso ganhou notoriedade mundial e impulsionou a conquista legislativa.

A Programação do AGOSTO LILÁS se inicia hoje (07) com lançamento do Levante Contra o Feminicídio no RN. A Atividade será realizada de forma virtual a partir das 19H e contará com a participação de várias entidades e lideranças feministas, dentre elas o NEM. Para assistir ao lançamento CLIQUE AQUI

No dia 11 de agosto a programação continua com o Módulo IV da Escola de Formação Feminista do NEM. Atividade será transmitida pelo canal do núcleo no YouTube e discutirá o pensamento da feminista Lélia González. Para acessar o canal, clique AQUI

Entre os dias 16 e 20 de agosto o NEM produzirá uma série de vídeos para divulgação sobre a rede de proteção às mulheres em situação de violência de Mossoró.

No dia 27, a partir das 8h as professoras Drªs Fernanda Marques e Ilidiana Diniz realizam capacitação sobre violência contra mulher para profissionais da saúde, assistência e educação no município de Tenente Ananias.

No dia 31 será realizado o lançamento do podcast “NEM me fala”, produzido pelo NEM. O primeiro episódio vai tratar da violência contra mulher e relacionamentos abusivos. Também no dia 31 o núcleo participa do 2º encontro da rede de proteção às mulheres em situação de violência de Mossoró.

A professora Fernanda Marques destaca que o atual contexto aprofundou a violência contra as mulheres e o ataque aos direitos sociais e que o AGOSTO LILÁS reúne uma série de atividades fundamentais para a conscientização e o combate à violência de gênero.

“Nos últimos anos, com o advento do governo Bolsonaro, que assumidamente propaga um discurso misógino, machista, sexista, lgbtqfóbico, racista, mas que também ataca diretamente os direitos sociais dos trabalhadores e trabalhadoras como um todo, percebemos que a violência contra mulher cresceu drasticamente e passa a ser cada vez mais normalizada. Não podemos aceitar isso. O Rio Grande do Norte é um dos estados brasileiros que mais registra casos de Feminicídio e violência doméstica e com AGOSTO LILÁS queremos conscientizar mais pessoas sobre este quadro e contribuir para ajudar mulheres a saírem da situação de violência” concluiu Fernanda

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8 de março e o que as mulheres querem: mais oportunidades de trabalho, auxílio emergencial, vacina para todos e Fora Bolsonaro

“Só na auto organização e solidariedade feminista somos capazes de enfrentar e resistir”, diz isolda (Foto: cedida)

Por Isolda Dantas*

As consequências da pandemia do coronavírus escancaram as desigualdades estruturais e históricas no Brasil – de gênero, de raça, de classe e também regionais. As desigualdades sempre estiveram aí, mas se aprofundaram na pandemia de tal maneira que negá-las se assemelha ao negacionismo da ciência que rejeita vacinas e receita medicamentos ineficazes. Por esta razão, neste 8 de março, dia de luta das mulheres, em plena pandemia, mulheres de todo o Brasil gritamos por mais oportunidades, auxílio emergencial, vacina para todos e Fora Bolsonaro!

É unânime o entendimento que o desemprego que se abateu no Brasil como consequência da pandemia atinge homens e mulheres, mas somos nós, mulheres, que mais nos prejudicamos. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o ano de 2020 fechou com saldo negativo de empregos para mulheres no Rio Grande do Norte. Enquanto 3.194 novos postos de trabalho foram ocupados por homens com a recuperação do emprego formal no momento de reabertura das atividades, as mulheres tiveram 1.425 postos de trabalho fechados no mesmo período.

O Caged retrata apenas o cenário do emprego formal; no trabalho informal, os danos são ainda maiores. Segundo o IBGE, 8,5 milhões de mulheres deixaram a força de trabalho no período de um ano no Brasil, entre os terceiros trimestres de 2019 e 2020. Mais da metade da força de trabalho feminina do país está desempregada. Entre os homens, a cifra é oposta: 65,7% estão empregados.

Para compreender por que as diferenças aumentaram na pandemia, basta lembrar do papel atribuído historicamente às mulheres pela estrutura patriarcal da nossa civilização. As mulheres são vistas como responsáveis pelas tarefas domésticas e ao cuidado dos filhos. Com o fechamento das escolas em 2020 e a aparição do trabalho remoto em muitos lares, esse trabalho cresceu. Em 2019, a média de horas semanais dedicadas aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos no Rio Grande do Norte foi de 21,5 horas entre as mulheres. Entre os homens, a dedicação cai para 9,5 horas. O que isso quer dizer, além dos números? Que, no lar, as mulheres já trabalhavam mais que o dobro dos homens.

A enorme diferença colocou o Rio Grande do Norte como quarto Estado do país com a maior desigualdade de horas dedicadas ao lar, segundo as estatísticas do IBGE. Somente a Paraíba, Sergipe e Minas Gerais têm diferenças maiores.

Uma pesquisa da Sempreviva Organização Feminista (SOF) realizada em julho do ano passado indica a piora da situação nacional relacionada às horas dedicadas a trabalhos domésticos. Metade das entrevistadas afirmaram que passaram a cuidar de alguém em casa; 40% disse que o sustento dos lares ficou mais difícil. O dano é maior entre as mulheres pobres e negras, que ocupam postos de trabalho mais precários – novamente, consequência de desigualdades profundas e antigas do nosso país – e, muitas vezes, precisam se dividir entre bicos, casas de famílias (no caso das empregadas domésticas) e o próprio lar.

No ano passado, o auxílio-emergencial concedido às famílias conferiu um alívio durante os meses mais duros da pandemia. Em muitos casos, o auxílio facilitou a permanência em casa – importante, diga-se, diante da situação delicada da pandemia no Brasil neste março de 2021 – aliviou aquelas que perderam o emprego. Mas em dezembro o benefício chegou ao fim, num duro golpe do governo federal que insere uma agenda violenta contra a população, e milhares de brasileiras se viram na pobreza extrema.

O governo federal sinaliza o retorno do auxílio-emergencial, atrelada a uma PEC em tramitação no Congresso Nacional, mas em um valor em média, de R$ 250. Inaceitável, diante do aumento do preço da Cesta Básica registrado no ano passado. Sem emprego e sem auxílio, a tendência é as mulheres recorrerem ao trabalho informal, sem garantias e sob o risco de serem infectadas.

A desigualdade de gênero dificulta o retorno das mulheres ao mercado de trabalho, por mais que haja uma recuperação do emprego. Basta relembrar os dados do Caged citados anteriormente. O ano fechou positivo para homens; negativo para mulheres.

Precisamos de políticas públicas que considerem as desigualdades de gênero, raça, de classe e regionais para a recuperação plena do emprego, para a construção de uma sociedade que avance nesta pauta e não que retroceda a cenários piores do que vivíamos antes da pandemia. O governo federal não parece interessado numa política nacional. É preciso uma atuação árdua e incansável para reverter essa situação.

Só na auto organização e solidariedade feminista somos capazes de enfrentar e resistir. Por isso, como deputada estadual fazemos coro junto às mulheres de todo o Brasil. Junto dos movimentos sociais e feministas, dos sindicatos e de todas as trabalhadoras lutamos para reverter esse processo. Neste 8 de março e todos os dias, pela vida das mulheres: mais oportunidades de construir autonomia! Auxílio Emergencial, já! Vacina para todos e todas! E Fora Bolsonaro!

Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.

 

*É Deputada Estadual

 

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CF8 lança Caravana Virtual Feminista da Economia Solidária

Iniciativa virtual contará com a participação de mulheres de movimento solidários (Imagem: Reprodução)

Através de uma live, transmitida às 20h desta quinta-feira, 18, o Centro Feminista 8 de Março (CF8) lançará a Caravana Virtual Feminista da Economia Solidária. A programação será marcada pelas apresentações de Khrystal, Conceição Andrade e Eva Rocha e contará com a participação das mulheres dos empreendimentos solidários que integram a caravana, como informou a assessoria de comunicação do CF8.

A Caravana virtual é uma possibilidade encontrada pelo Centro Feminista, em parceria com a Rede Xique-Xique, para lidar com o período de pandemia do novo coronavirus. “A caravana é composta por debates sobre economia solidária e feminista, atividades culturais online e uma loja virtual com proposta de comercialização solidária organizada por grupos de mulheres que tiveram suas atividades de comercialização afetadas devido ao distanciamento social. Ao comprar nesta loja as pessoas vão estar contribuindo com uma rede de solidariedade que fortalece o trabalho de diversas artesãs, possibilitando que elas possam ter o direito de ficar em casa e continuar produzindo, mesmo no contexto atual”, informa a assessoria.

No site da Caravana, artigos como máscaras protetoras, chinelos customizados, bolsas e chaveiros, cuja venda vai ajudar a fortalecer a iniciativa.

Ainda de acordo com a assessoria, a ação integra o projeto ‘Mulheres no semiárido: água para produção, economia solidária para comercialização’ que é executado pelo CF8, com financiamento da Fundação Banco do Brasil e co-financiamento da União Europeia e beneficia diretamente mulheres de Mossoró, Natal Macaíba e Ceará-Mirim. Outra iniciativa desenvolvida pelo projeto é o desenvolvimento de tecnologias de reuso de água, oportunizando a melhoria na capacidade de produção dos quintais produtivos de diversas mulheres. A construção das tecnologias, que está temporariamente suspensa, deve ser retomada após o período de isolamento social.

Com informações da assessoria de comunicação do CF8.

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#Entrelaçadas: Campanha visa ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade em decorrência da pandemia

Motim Feminista em uma das reuniões realizadas antes da pandemia (Foto: Cedida)

Os coletivos Motim Feminista e Leila Diniz, de Mossoró e Natal, respectivamente, se uniram por meio da campanha #Entrelaçadas por todas. A iniciativa tem como objetivo distribuir gêneros alimentícios e material de limpeza e higiene pessoal para famílias chefiadas por mulheres negras, mães solos, autônomas, agricultoras e pescadoras que, em decorrência da pandemia da Covid-19 perderam suas fontes de rendas.

O lançamento da campanha foi realizado na segunda-feira passada, 15, através de uma live cultural que contou com a participação das cantoras Khrystal, Clara Pinheiro e Dayanne Nunes, no instagram @coletivamotimfeminista.

A militante da Coletiva Motim Feminista e coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher Simone de Beauvoir da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (NEM/UERN), Suamy Soares, explica que a ideia é fazer uma campanha sistemática de três meses e os grupos pensaram em contribuir para ajudar mulheres que não têm tranquilidade na vida.

A cada mês haverá uma live com artistas de Mossoró e Natal. A próxima está marcada para o dia 13 de julho. Os nomes que participarão ainda estão sendo definidos, segundo Suamy Soares.

Em Mossoró, inicialmente, a campanha pretende contemplar mulheres dos bairros Santo Antônio, Pintos, Bom Pastor e Nova Vida, além do Assentamento São Romão. Mas a coletiva quer ampliar para beneficiar outras mulheres. Em Natal, as áreas a serem contempladas ainda estão sendo definidas.

Suamy Soares comenta que a pandemia afetou as mulheres e que o auxílio emergencial não conseguiu chegar para muita gente ou chegou com atraso para muitas pessoas. Diante disso, os coletivos pensaram em realizar a campanha.

Entre as ações, também estão sendo produzidos materiais sobre saúde das mulheres, violência doméstica e racismo, pautas que estão em alta no momento da pandemia e que impactam durante o isolamento social. “O isolamento não pode ser um privilégio social, ele tem que ser um direito de todos e todas”, lembra Suamy Soares.

A intenção é arrecadar, principalmente, contribuições financeiras. Se alguém quiser contribuir doando as cestas básicas, os grupos possuem os contatos da rede de mulheres e podem mediar essa interação.

Suamy Soares reforça a importância de as mulheres se organizem nesse momento contra o fim do isolamento social.

Dados bancários para doações*

Banco do Brasil

Operação 51

Agência 0036-1

Conta 309932-6

*A assessoria da campanha explica que em virtude de serem movimentos autônomos, e não possuírem identidade jurídica, como o CNPJ, a poupança bancária para as doações solidárias on-line, foi cedida por uma ativista integrante do Motim Feminista.

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O Patriarcado não entra em quarentena. Queremos renda e autonomia para as mulheres

Isolda Dantas*

Nas últimas semanas, deputados e senadores aprovaram com celeridade a Renda Básica Emergencial destinada a trabalhadoras e trabalhadores informais, autônomos, intermitentes, desempregados, artistas, caminhoneiros para que tenham condições mínimas de cumprir o isolamento social, achatar a curva de contágio do Covid 19 e conter um grande colapso no sistema de saúde do país. Neste grupo, estão as mulheres que assumem os postos de trabalhos mais precarizados e/ou menos têm acesso ao trabalho dito produtivo e remunerado pelo mercado. Isto implica diretamente nas suas condições de vida e nas relações sociais estabelecidas.

Entre as especificações de quem receberá a renda básica, os deputados e senadores aprovaram uma proteção diferenciada para mulheres que são chefes de família. Elas receberão mensalmente duas cotas do auxílio, chegando a R$ 1,2 mil.  Defendemos que, agora mais do que nunca, a implementação da renda básica emergencial priorize as mulheres como titulares.

Essa proposição não nasce das pedras. A luta feminista por autonomia econômica e os resultados quantitativos e qualitativos do Programa Bolsa Família no Brasil dão elementos para seguir com a orientação adotada de priorizar as mulheres como agentes das políticas públicas.

Segundo estudo do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) aplicado ao Programa Bolsa Família, em que 92% são beneficiárias, são as mulheres responsabilizadas pelo trabalho doméstico e do cuidado que, de posse da renda, direcionam o recurso para o bem de toda a família. Também de acordo com o mesmo estudo, o acesso direto aos benefícios do Bolsa Família aumentou a capacidade de tomada de decisão das mulheres em relação às questões domésticas, impulsionando sua autonomia. A experiência de ter uma fonte de renda fez com que as mulheres se sentissem menos dependentes de seus parceiros e ampliassem suas perspectivas para a vida futura.

 De acordo com a antropóloga Walquiria Domingues Leão Rêgo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma revolução está em curso. Silenciosa e lenta. Essa é a definição quando analisa os resultados qualitativos do Bolsa Família. O estudo mostra que o interior do Piauí, o litoral de Alagoas, o Vale do Jequitinhonha, em Minas, o interior do Maranhão e a periferia de São Luís são territórios nos quais podem ser percebidos as mudanças provocadas pelo programa.

 Para além das constatações das pesquisas, as mulheres populares já experimentam que quando têm condições de acesso e oportunidades às políticas públicas elas conseguem construir seus próprios destinos. Um exemplo são as mulheres da região Oeste Potiguar que têm demonstrado através dos seus grupos autônomos e pela Rede Xique Xique de comercialização solidária que é possível construir a autonomia através da renda.

Nesse período de pandemia do Covid 19, fica escancarado como o modelo neoliberal não enfrenta a crise e não promoverá qualquer política de redução das desigualdades. Ter uma renda emergencial com preferência para as mulheres é, no mínimo, uma obrigatoriedade.

 São nesses momentos que a mão do mercado quer sugar do Estado para manter lucros dos empresários. Somente um Estado forte e democrático voltado para as pessoas pode garantir a defesa da vida de mulheres e homens. Para isso é necessário um Sistema de Saúde, Universidade e Pesquisa, Trabalho e Renda fortalecidos para serem aliados na luta contra às desigualdades de classe, raça e gênero, que estruturam a nossa sociedade.

Este modelo neoliberal é violento especialmente com as mulheres negras e pobres. No domingo (29), abordado sobre o aumento de 17% de denúncias de violência doméstica neste período de isolamento social, Jair Bolsonaro fez a seguinte declaração: “Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Uma fala perigosa que naturaliza um crime como uma briga comum, influenciando e autorizando homens a bater nas mulheres por estarem passando por um momento difícil. A fala de Bolsonaro esconde a causa real da violência contra as mulheres que é o machismo que não tira quarentena e está sempre a postos. Neste momento de crise é preciso priorizar a defesa da vida do povo e isso inclui renda e autonomia para que as mulheres possam enfrentar a violência sexista e dar passos na construção da igualdade.

As mudanças nos pilares que sustentam a hierarquia de poder entre homens e mulheres são complexas. Se faz necessário transformações profundas e estruturais. No entanto, o acesso à renda representa um patamar mínimo de autonomia.

Cada vez fica mais evidente para a maioria da população o caráter do atual governo que, na verdade, mesmo nessa crise se coloca como um inimigo do povo. Este é o momento de levantarmos ainda mais alto nossas bandeiras na luta por democracia que significa colocar fim imediato no mandato do neofacista e o patriarcal que ocupa a presidência. Nossa tarefa é lutar por um Estado democrático e popular que prioriza as pessoas e não os bancos e grandes empresas. E fazer a defesa de que as políticas públicas de provisão de renda e trabalho para as mulheres não durem apenas o período de pandemia, mas que sejam permanentes afim de que possibilite o acúmulo de forças em busca de alterar a lógica capitalista neoliberal e patriarcal, enfrentar a violência e conquistar renda para abalar as estruturas da desigualdade. Por isto: #PagaLogo; #RendaParaAsMulheres e #ForaBolsonaro.

 

*É Deputada Estadual

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Hoje tem Alô Frida

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Hoje é dia de Alô Frida, bloco de carnaval que vai às ruas de Mossoró desde 2015. . A concentração será no Café Artesanato, da Praça de Convivência, às 19h

Com muita irreverência, o bloco feminista não tem fins lucrativos e é organizado pela Marcha Mundial das Mulheres.

O nome do bloco homenageia a artista e ativista mexicana Frida Kahlo, e busca visibilizar as pautas do movimento feminista proporcionando uma folia popular sem machismo, racismo e lgbtfobia.

O bloco já virou tradição na cidade. No ano passado, mais de 1 mil pessoas caíram na folia do Alô Frida. O público é diverso. Jovens, adultos, crianças, homens e mulheres: “a prioridade é que todo mundo possa se divertir em um clima de respeito e solidariedade. Para este ano é esperado um público de 2 mil pessoas” diz Andréa Souza, uma das organizadoras.

Além de percorrer o corredor cultural com a troça Pode Intéfor, finalizando com o show de Aline e Dayvid na Praça de Convivência.

Ao longo dos primeiros dias de 2020 foram relizadas várias prévias no Centro, bairro Dom Jaime Câmara, Lagoa do Mato e Santo Antônio.

Neste ano, o Alô Frida conta com o apoio do Centro Feminista 8 de Março; Disk Casa construtora; Mandato Popular Isolda Dantas, Café Artesanato, Meu quintal bistrô.

As e os foliões podem comprar as camisetas do bloco para contribuir nos custos dos eventos. No entanto, todas as atividades do Alô Frida são gratuitas e abertas ao público.

 

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#Elenão x #Elesim: Mossoró dá um banho de democracia

Mossoró tem banho de democracia

O sábado amanheceu com a mulherada na rua em protesto contra o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ruas cheias com manifestações contra o machismo, homofobia e o racismo.

Na tarde de sábado e no domingo mais manifestações. Desta vez em defesa do candidato do PSL que convalesce de uma facada no último dia 6.

Simpatias políticas e ideológicas à parte, o bom nisso tudo foi ver a cidade dar um banho de democracia.

A democracia é tão linda que torna possível quem não tenha apreço por ela receber amplo apoio popular.