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Crônica

Mega e em todo lugar

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

Você, caro leitor, prefere as pequenas ou as grandes livrarias? Ou, reformulando a pergunta, você gosta das livrarias que fazem parte das grandes redes, das suas “megastores” espalhadas pelo país afora?

É evidente que as pequenas livrarias, sobretudo em se tratando do que posso chamar de “livrarias de charme” (carinhosamente organizadas, cuidadosamente decoradas), têm um apelo próprio para cada um de nós. Nos dão menos do mesmo. E nos sentimos individualmente acolhidos entre aquelas poucas estantes.

Todavia, caro leitor, sou também um fã das grandes redes de livrarias. As Barnes & Noble, Books-A-Million, Borders, Waterstones e FENACs da vida, onipresentes em países como os EUA, o Reino Unido e a França, hoje ou outrora, já que alguns desses comércios/redes fecharam as portas em razão das evoluções/crises pelas quais passam os “mercados livrescos”. Ou as nossas Siciliano, Laselva, Saraiva, Leitura, Cultura etc., algumas já idas, outras ainda insistindo na labuta.

Não posso dizer com 100% de segurança se a origem do comércio de livros em grandes redes está nos EUA, mas posso registrar a minha impressão de que esse país é a “meca” desse negócio. A Barnes & Noble é a epítome disso tudo. Para além do seu comércio online, é a maior rede varejista de livrarias nos EUA, chegando a ter mais de seiscentas lojas espalhadas pelos estados da Federação. Vende, além de livros os mais variados, revistas, jornais, e-books, jogos eletrônicos, utensílios de leitura (entre eles, o NOOK, seu “e-reader”) e mil e uma outras coisas do gênero. A loja da Barnes & Noble da 5ª Avenida de Nova York é simplesmente maravilhosa. Já a Books-A-Million é a segunda maior rede varejista de livrarias dos EUA. É fortíssima no sudeste americano, Florida e “arriba” (sua sede está no Alabama), o que é bom para os brasileiros, que normalmente têm como ponto de chegada, nos EUA, cidades como Miami e Orlando. Vende pela Internet também, claro. Eu mesmo recebo seus anúncios todos os dias, após haver visitado e me cadastrado numa de suas lojas físicas do sul dos EUA.

E já que as coisas dos EUA e do Reino Unido normalmente se misturam, a começar pela língua inglesa, devo informar que, morando em Londres para o PhD, muito frequentei duas enormes lojas da rede Waterstones. A sua “flagship store” em Piccadilly Street, que se diz a maior livraria da Europa, com oito andares de estantes e livros, um café, um bar e ainda disponibilizando, gratuitamente, banheiros e sofás para os leitores/turistas necessitados. E a enorme Waterstones da Gower Street em Bloomsbury (entre a Senate House da University of London e a sede do University College London – UCL). Essa loja, servindo a professores e estudantes da Universidade, vende de tudo: livros novos e de segunda mão (bastante em conta), revistas, periódicos e por aí vai. Ali você gastará, satisfeito, algumas ou muitas libras.

Sinceramente, embora padronizadas, eu acho as lojas das grandes redes bem acolhedoras. De logo, se você é turista, elas disponibilizam banheiros gratuitamente. E todo turista, literário ou não, sabe que isso dá um alívio danado. De praxe, elas têm um café/restaurante. As Barnes & Noble trabalham em parceria com a Starbucks, que acho, sem dar bola para os puristas, “mais do que bom”. Em regra, estão abertas todos os dias, até às 20 ou 21 horas, fechando assim mais tarde que o comércio à volta. Mais: como cultura para prender o potencial cliente, poltronas e cadeiras são espalhadas pela loja, e você pode, sem que ninguém incomode, ler à vontade, não importa o quê. Se você vai comprar algo, embora acabe sempre comprando, isso é outra história.

Dito isso, agora falo, um tanto nostálgico, das redes de livrarias brasileiras. Em Natal, frequentava muito a livraria Saraiva do Midway Mall. O seu café, em especial. Sempre achava uma boa fofoca por lá. Ainda frequento, é vero. Mas o acervo da loja está meio decadente. Crise no mercado e na própria empresa, acredito. Todavia, o que mais me dói hoje é a ausência das lojas da Cultura no Recife. Um vazio para mim, pois, ao menos duas vezes na semana, após o trabalho, nelas eu ia para, deliciosamente, xeretar livros, coisas e gente. Na loja do Paço Alfandega (já substituída pela megastore da Livraria da Jaqueira) e, sobretudo, na loja do RioMar, mais conveniente para mim. A Cultura fechou suas portas no Recife me tirando muito mais do que um café ou uma confortável poltrona. Roubou-me um hábito, quiçá um vício. E aos meus vícios, sejam bons ou maus, sempre me apego, aqui e alhures, com uma mega resiliência.

*É Procurador Regional da República e Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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Artigo Crônica

Reluz e é ouro

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

É difícil classificar a obra de William Shakespeare (1564-1616). Ela transcende época e lugar. Não pertence a qualquer religião, filosofia, ciência ou profissão, embora perpasse e instigue quase todas elas, aqui incluindo o que chamamos de “direito” (aliás, os elisabetanos da época do bardo eram fascinados por temas jurídicos). Isso é fato.

Todavia, embora o direito esteja presente em quase todas as peças de Shakespeare, a comédia “O Mercador de Veneza” (1597), ao lado de “Medida por Medida” (1604), é considerada uma das duas obras marcadamente “jurídicas” do maior escritor da língua inglesa. Isso é o que nos diz Daniel J. Kornstein, em “Kill All the Lawyers? Shakespeare’s Legal Appeal” (University of Nebraska Press, 2005), expressando o que parece ser um consenso entre os especialistas.

Quanto ao enredo de “O Mercador de Veneza”, assim o resume o site do British Council no Brasil (instituição à qual sempre serei grato): “Na peça, o nobre Bassânio está falido e precisa de dinheiro para viajar e conquistar Pórcia, uma rica e bela herdeira. A fim de ajudar o amigo, o comerciante Antônio pede um empréstimo a Shylock, um agiota judeu. Shylock aceita fazer o acordo, desde que os rapazes concordem com uma proposta insólita: se o pagamento não acontecer como combinado, Antônio terá de quitar a dívida com uma libra de carne do próprio corpo! É que Shylock vê nessa negociação a chance de se vingar de Antônio, que várias vezes o ofendera por sua origem judaica. Como o mercador não consegue honrar seu compromisso, o caso vai parar no tribunal. Para defender Antônio, Pórcia se disfarça de advogado e acaba encontrando uma solução surpreendente!”.

Desde o princípio da trama de “O Mercador de Veneza”, o direito aparece na sua multiplicidade de aspectos. Com a ajuda do “Cambridge Student Guide – Shakespeare – The Merchant of Venice” (por Robert Smith, Cambridge University Press, 2006), posso distinguir alguns deles: (i) a questão do recorrente preconceito para com o judeu Shylock, o que faz deste, modernamente, um misto de vilão e vítima e, quiçá, o grande protagonista da peça (e faz de Shakespeare, para alguns, um antissemita); (ii) o direito contratual, decorrente da qualidade de agiota/usurário de Shylock e exemplificado no contrato de mútuo/empréstimo entre este e Antônio com a inusitada forma de pagamento em uma libra de carne; (iii) a crítica à tradicional e vingativa visão de justiça “olho por olho, dente por dente”, imaginada por Shylock, em prol de uma justiça tendente à misericórdia e ao perdão; (iv) a forma como as profissões legais eram exercidas à época; (v) o tipo de “justiça” exercida in casu, que se afasta do direito comum de então (baseado em precedentes) em direção a uma decisão por equidade, a partir de um senso natural de justiça aplicado às especificações do caso (como se fazia na Corte de Chancelaria elisabetana de então); (vi) a cena de julgamento em si, o que faz da peça também um verdadeiro “courtroom drama”; (vii) e, no que posso considerar o clímax (geral e sobretudo jurídico) da peça, a lição de hermenêutica de Pórcia, que, embora atenta à “letra da lei” e aos “exatos termos” do contrato, chega a uma interpretação deste, em prol de Antônio e para a punição de Shylock, verdadeiramente revolucionária. E mais sobre o direito na estória eu não digo, seja para não causar spoiler, seja para não criar algum tipo de prejulgamento e mesmo para atiçar a curiosidade de vocês.

No mais, “O Mercador de Veneza” não é só direito. Com o apoio da minha edição anotada de “The Merchant of Venice” (editores Jonathan Morris e Robert Smith, Cambridge School Shakespeare Series, Cambridge University Press, 2008), posso relacionar inúmeros outros temas: comércio e usura, amor e ódio, pais e filhos, comédia e tragédia, aparência e realidade (“Nem tudo que reluz é ouro”, lembremos). E ainda ouso acrescentar: a história dos judeus, a bíblia, o papel das mulheres na sociedade, a amizade masculina e por aí vai.

Na verdade, Shakespeare joga luz sobre quase todos os aspectos da ambiência humana, da nossa relação com as instituições e as ideologias, com os outros seres e com a nossa própria psique. Shakespeare é ouro e reluz sobre todos nós. Isso também é fato!

*É Procurador Regional da República e Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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Márcio Morais lança terceiro volume do livro “Por Trás das Grades”

O policial penal, escritor e atual diretor do Complexo Penal Agricola Dr. Mário Negócio em Mossoró, Marcio Morais, se prepara para lançar o III Volume do Livro “Por Trás das Grades” que deverá ser lançado após o período eleitoral entre os meses de novembro e dezembro de 2022.

O Por Trás das Grades III terá 25 capítulos com testemunhos de reeducando e internos que cumprem ou cumpriram pena no Sistema Prisional. “Eles relatam histórias da infância, adolescência, juventude de como entraram no mundo do crime, contatos com as facções, e hoje são batizados pela Igreja Assembleia de Deus.

Os internos e personagens do livro são membros da Base Missionária da Penitenciária Dr. Mário Negócio, coordenada pelos policiais penais Alberto Guedes e Rafael Gomes.

A obra terá o prefácio assinado pelo pastor da Assembleia de Deus, Wendel Miranda, revisão Benjamim Linhares e Fabiano Souza, Diagramação e projeto Grafico Augusto Paiva, a capa está sendo produzida pelo ex-presidiário, e hoje escritor, mestre em educação, artista plástico e palestrante paulista, Itamar Xavier.

Assim como os volumes I e II, o novo livro será lançado pela Editora potiguar Off-set, sediada em Natal. O trabalho é independente, todos os custos são bancados pelo autor do livro que consegue financiar a edição através da venda dos livros via redes sociais e junto aos amigos.

O primeiro e o segundo volume do livro Por trás das grades foi sucesso de venda em todo Brasil, inclusive chegou à países como Paraguai, Argentina, Bolívia, Chile, Portugal, Estados Unidos e na Irlanda. “Usei a força das redes sociais, vendemos nas feiras de livros e acredito que o volume III vão superar todo o sucesso dos Livros anteriores, pois trás testemunhos de presos que praticaram crimes e hoje estão servido ao senhor Jesus, mostrando que o mundo do crime, das drogas não tem futuro” comentou Marcio Morais que brevemente postara a capa do livro no Instagram @livroportrasdasgrades e @marciomoraisrn como pré-venda.

O escritor Márcio Morais já trabalhou como jornalista nas redações dos jornais O Mossoroense, Gazeta do Oeste, De Fato, Vale do Apodi. Além de atuação na Assessoria de Imprensa da Prefeitura e Câmara Municipal de Apodi, Prefeitura de Pau dos Ferros e à vários deputados na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Marcio Morais atua no Sistema Prisional há 12 anos. Entrou como Agente Penitenciário em 2010 e agora é Policial Penal com passagens pela direção do Centro de Detenção Provisória de Apodi e Mário Negócio em Mossoró.

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Crônica

Por entre livros, agradeço e convido

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

 

A mistura do direito com a literatura já me deu muitos presentes. Abriu enormemente meu horizonte cultural. Isso é certo. A imersão diária na literatura melhorou deveras o meu português, inclusive o jurídico. Com textos mais concisos (à moda inglesa). Mais distantes do enfadonho “juridiquês”. Mais gostosos de ler, posso dizer. E, claro, essa interdisciplinaridade tornou o meu aprendizado do direito mais suave e lúdico. Aliás, eu até já disse que, em momentos de dificuldade, a literatura me salvou. As artes, em geral. Os livros, os filmes, seus autores e suas personagens foram frequentemente os meus companheiros. E tornaram a vida menos difícil.

Mais concretamente, na época do meu doutorado no Reino Unido, no King’s College London – KCL, em concomitante colaboração com crônicas/artigos para o jornal Tribuna do Norte, essa mistura direito e literatura, com quase igual intensidade, me rendeu três livros: “Ensaios ingleses” (2011), “Retratos ingleses” (2012) e “Códigos ingleses” (2013).

Recebo agora novíssimos presentes, o conjunto dos quatro livros que estou lançando este ano de 2022, em coedição da Livros de Papel e da Impressão Gráfica e Editor: “Literaturas”, “Entre livros”, “Novos ensaios” e “Pequena filosofia”. Eles, os novos livros/presentes, contam muito do meu passado, retratam razoavelmente o meu presente e profetizam (até onde acreditamos que controlamos o destino) um pouco do meu futuro.

Os livros são fruto de quase dez anos de artigos/crônicas publicadas semanalmente na Tribuna do Norte (de Natal/RN) e, mais recentemente, no Diario de Pernambuco (de Recife/PE). Recolhi apenas textos inéditos em livros. E separei-os em duas grandes temáticas: literatura e filosofia (geral ou do direito).

Eles têm suas qualidades. E têm, também, inúmeros defeitos. Contentemo-nos com o que alcançamos. Sejamos felizes assim. Afinal, já advertia o nosso Vicente de Carvalho (1866-1924), “Essa felicidade que supomos/Árvore milagrosa, que sonhamos/Toda arreada de dourados pomos/Existe, sim: mas nós não a alcançamos/Porque está sempre apenas onde a pomos/E nunca a pomos onde nós estamos”.

De toda sorte, outras pessoas devem ser também debitadas ou creditadas pelos defeitos e pelas qualidades dos presentes que ora recebo.

Institucionalmente, os já citados Tribuna do Norte e Diario de Pernambuco. O King’s College London – KCL, onde essa viagem de escrever começou. O Ministério Público Federal, onde tudo sempre foi. E as Academias Norte-Rio-Grandense de Letras – ANRL e de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte – ALEJURN, onde alegremente me meti.

Cecília Balaban, Tales Guerra, Mário Ivo Cavalcanti, Gustavo Lamartine, Felipe Melo e Avelino Lourenço, que deram arte a estes livros. E Vicente Serejo, Gaudêncio Torquato, Edilson Pereira Nobre Júnior e Luiz Alberto Gurgel de Faria, que me honraram com as apresentações/prefácios das obras.

Os meus pais, José Dias e Maria de Lourdes, sempre. Christyane, companheira frequentemente paciente. O nosso fiel cãopanheiro Capote, este, sim, invariavelmente paciente. O cada vez maior João, que perde o seu papai, todos os dias, para essa qualidade/defeito de escrever diuturnamente.

E o Criador, autor derradeiro de tudo, que permitirá o lançamento de dois dos livros – “Literaturas” e “Entre livros” – na semana que se inicia, no dia 7 de julho de 2022, às 18 horas, na Academia Norte-Riograndense de Letras, na Rua Mipibu, 443, bairro de Petrópolis, Natal/RN.

Bom, como retribuição aos mimos, a partir da colaboração dos futuros leitores, o valor arrecadado com a venda dos livros será integralmente doado para instituições de caridade.

*É Procurador Regional da República e Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

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Escritor lança quatro livros com renda revertida para instituições beneficentes

Depois de rodar o mundo para falar sobre livrarias e bibliotecas, o escritor, Procurador Regional da República e Acadêmico da Academia Norte-Rio-Grandense de Letra (ANRL), Marcelo Alves Dias de Souza, se volta aos livros que leu.

O autor reúne em quatro livros, divididos em duas coleções, seu pensamento e crítica na área de literatura e filosofia. O primeiro conjunto reúne as obras “Literaturas” e “Entre Livros” e será lançado no dia 7 de julho, às 18hs, na Academia Norte-rio-grandense de Letras.

Já o pacote “Filosofia” (com os livros “Novos ensaios” e “Pequena filosofia”) será lançado em setembro.

Toda a renda será revertida para instituições beneficentes. Além do momento ativo na escrita, o procurador Marcelo Alves também foi um dos eleitos para compor a lista sêxtupla para o cargo de desembargador no Tribunal Regional Federal da 5ª região. A lista, agora, está no TRF, a quem competirá a elaboração da lista tríplice em sessão ordinária no dia 13 de julho.

Serviço:

Literaturas e Entre livros

de Marcelo Alves Dias de Souza

Data: 7 de julho de 2022

Horário: 18 horas

Local: Academia Norte-Riograndense de Letras – Rua Mipibu, 443 – Petrópolis, Natal/RN

Novos ensaios e Pequena filosofia de Marcelo Alves Dias de Souza

Data: 15 de setembro de 2022

Horário: 18 horas

Local: Academia Norte-Riograndense de Letras – Rua Mipibu, 443 – Petrópolis, Natal/RN

Nota do Blog: Marcelo é um craque das letras e colaborador do blog aos domingos. Parabéns pela iniciativa.

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Escritor do interior do RN participa da 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

O Jundiaense, Antenor Mário participará da 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o escritor irá através da  Lura Editorial.

“Irei na expectativa de abraçar meus colegas e amigos de trabalho, visitar e conhecer histórias de vidas de pessoas que através da arte transforma o mundo cada vez em um lugar melhor. Eu já estou contando os dias, para estes dias de experiências incríveis”, escreveu o escritor

A Bienal Internacional do Livro de São Paulo é o palco para o encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país. Esse reencontro está marcado para os dias 02 a 10 de Julho no Expo Center Norte com uma programação multicultural abrangente mesclando literatura, gastronomia, cultura, negócios e muita diversão!

O evento é palco para celebrar a transformação que os livros fazem na vida das pessoas, e mais uma vez supera todas as expectativas comercializando 100% do espaço disponível com diversos expositores trazendo novidades para o todos os públicos.

Sobre o autor

É ator e escritor. Estreou na literatura com o livro de poemas “A imagem da arte: Poemas da minha vida”, que conta com mais de 70 escritos poéticos de sua autoria, feitos desde seus 8 (oito) anos de idade. Também é autor dos livros, “As Confissões de Alexander: Escrevendo o diário”, “O senhor e a confusão dos bichos”, “Olha a cidade!” e “Pequenas gotas de poesias”. Antenor é apaixonado pelas palavras, usando-as para transmitir maravilhas que a vida lhe entrega. Atualmente, sendo Sócio Efetivo da Academia de Letras e Artes do Agreste Potiguar – ALAAP/ RN, titular da Cadeira nº 23, tendo como Patrona, Brasilina Augusta de Freitas, primeira professora de Jundiá /RN. Sua estreia no teatro foi através da “Encenação da Paixão de Cristo” realizado em sua comunidade residente, Santa Fé, também participou da peça, “Um zé qualquer”, realizada para Mostra Cultural da Escola Estadual João Bernardo.

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Crônica

O acesso, literariamente

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

O mais badalado dos romances de Franz Kafka (1883-1924), pelo menos para nós do direito, é “O processo”, que restou sendo publicado, já postumamente, em 1925. A obra narra a estória do bancário Jofeph K., que, por um “crime” ou por razões nunca reveladas, nem a ele nem ao leitor, é preso, processado e condenado por um misterioso e inacessível tribunal. Algo “kafkiano”, digo, sendo hiperbolicamente tautológico.

E é desse romance que destaco uma passagem para tentar ilustrar, literária e literalmente, a temática do “acesso à justiça”: a parábola “Diante da Lei”, que consta do capítulo 9 de “O processo” (embora tenha sido também publicada, separadamente, no livro de contos “Um médico rural”, de 1919). Trata-se de um texto central em toda a obra de Kafka, e não só em “O processo”, sendo um dos escritos preferidos do próprio autor.

Em “O processo”, a narrativa/parábola é contada a Josef K. pelo capelão da prisão, tendo como cenário a igreja gótica que faz as vezes da sede do tribunal que processa, julga e condena o protagonista (lembrando ainda que este, o nosso Josef K., será executado no capítulo seguinte). E, aqui, rogo a ajuda de Modesto Carone, com o seu “Lição de Kafka” (Companhia das Letras, 2009), para explicar o conteúdo de “Diante da Lei”: “Um homem do campo chega ao porteiro que vigia a entrada para a lei e pede admissão. O porteiro recusa o pedido e responde evasivamente sobre se o homem do campo poderá entrar mais tarde. Quando o homem do campo olha para o interior da lei pelo portão, o porteiro adverte-o de que é inútil tentar entrar sem permissão. Ele diz que, apesar de ser o último dos porteiros, é poderoso. A partir daí o homem do campo passa a observar atentamente o porteiro. O porteiro dá-lhe um banquinho, no qual ele pode ficar sentado enquanto espera. Os anos passam, durante os quais o homem do campo envelhece. Primeiro ele tenta subornar o porteiro, depois pede até às pulgas da gola do seu casaco que o ajudem. Esquece cada vez mais que existem outros porteiros porque, no seu esforço para entrar na lei, ele se concentra totalmente no primeiro. Quando está morrendo, pergunta por que, em todos aqueles anos, nenhuma outra pessoa solicitou entrada na lei. O porteiro responde-lhe que aquela porta havia estado aberta só para ele e que, agora que ele está morrendo, vai fechá-la”.

Bom, em sendo a narrativa de “Diante da Lei” uma parábola (mesmo que Kafka também a denomine “legende” ou lenda), ela tem de ter um objetivo. Um fim moral, melhor dizendo. Afinal, como ensina o citado Modesto Carone, a parábola “é uma narrativa que contém algum tipo de argumentação que termina numa moral da história. (Em Kafka, essa moral é suprimida ou encapsulada.) Em outros termos, a parábola é uma história consistente em si mesma, mas aponta para uma outra coisa – geralmente um ensinamento de vida – que só pode ser desentranhada daquilo que é efetivamente narrado”.

Mas qual seria essa “moral da história” na parábola “Diante da Lei”? Aí é que está o problema. Ou a beleza da coisa – se você é daqueles, como o grande Robert Frost (1874-1963), para quem fazer poesia é “dizer uma coisa significando outra”. Como registra Modesto Carone, em “O processo, depois que a ‘lenda’ é contada a Josef K. pelo capelão, ambos discutem o sentido da parábola e suas implicações. Por meio dessa discussão, Kafka deixa a critério do leitor a interpretação da narrativa e, em vez de oferecer a K. alguma clareza sobre sua situação (K., o réu, não sabe por quem, nem de que é acusado), o relato o deixa mais perplexo a respeito do processo de que é vítima”.

Na verdade, como muito ou quase tudo em Kafka, a coisa aqui está sujeita a mil interpretações. O absurdo existencial é a tônica da narrativa kafkiana, sendo “O processo” até um livro inacabado, talvez propositalmente. Mas podemos dar nossos pitacos, é claro.

Todavia, aproveitando essa deixa – um tanto kafkiana, confesso – de deixar as coisas em suspenso, apenas vamos tratar dessas interpretações/pitacos em uma próxima conversa. Na semana que vem, asseguro. Ou não?

*É Procurador Regional da República e Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

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Livro premiado de escritor mossoroense está à venda na Amazon

A Hora Azul do Silêncio” do escritor mossoroense Marcos Ferreira está à venda em formato de ebook no site da Amazon por R$ 5,99.

A obra foi vencedora da primeira edição do prêmio literário “Cidade de Manaus”.

Sinopse*

A Hora Azul do Silêncio, do escritor Marcos Ferreira, é um título instigante, harmônico e reminiscente, assim como a sua poesia, a sua literatura. Acredito que a linguagem nos norteia e dela advém a palavra. Então, os vocábulos azul e silêncio, além de atrativos, apaziguam, produzem cor, graça, e nos colocam à margem do cotidiano para percebermos quão gratificante e construtivo será usufruirmos deste livro, ou seja, tê-lo em mãos, lê-lo e entendê-lo na sua essência.

Ler o escritor Marcos Ferreira é sempre desafiador. Afirmo isso não pela riqueza e força poética do seu vocabulário, pois conseguimos entendê-lo muito bem, obrigada. Quando brinco (conforme já fiz) dizendo que precisamos usar um dicionário ao ler os seus textos, faço-o por não ser ele um escritor comum. É claro que seu léxico é altamente compreensivo, principalmente para quem o conhece. Então, ao usar o termo ‘desafiador’, refiro-me à questão de sermos impelidos a refletir melhor sobre a sua escrita, sobre a sua história e como ele a concebe, a desenvolve, a expõe.

Quando nos deparamos com a logicidade da sua verve e da sua sintaxe, indiscutivelmente aprendemos. É só observarmos o teor dos seus textos, tanto a parte da escrita propriamente dita (coesão, coerência, vocabulário, etc.) como também a sua capacidade argumentativa. Ambas têm uma grande e fundamental importância e aprendemos com isso. Eu pelo menos, sim.

Porque Marcos Ferreira, acima de tudo, vive e respira a palavra, e ele a enaltece e a engrandece em cada fato narrado (oral ou escrito), em cada vivência, em toda a sua plenitude e literariedade.

*Rozilene Costa – Professora de língua portuguesa.

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Mistério? Onde?

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

Hoje vou misturar alguns assuntos da minha predileção: os romances policiais/detetivescos e os seus subtipos e a tendência (quase mania) que temos hoje de elaborar listas sobre as mais diversas coisas (os dez mais ricos, as vinte mais bonitas, os cinquenta melhores e por aí vai).

Os especialistas classificam os romances policiais em dois tipos: policiais de enigma e policiais noir, também chamados, respectivamente, de policiais ingleses e policiais americanos, levando em consideração os países de onde esses dois subgêneros teriam se originado. Nos policiais de enigma – de gente como Arthur Conan Doyle (1859-1930), C.K. Chesterton (1874-1936) e Agatha Christie (1890-1976), o leitor é “convidado” a desvendar o crime. Ele segue os passos e o raciocínio do detetive através de um jogo de pistas e charadas até o final, em regra, surpreendente. O mistério é, de fato, o mais importante da estória, muito mais que o ambiente em que ela se passa. Já nos policiais noir – de craques como Raymond Chandler (1888-1959), Dashiell Hammett (1894-1961), James M. Cain (1892-1977) e Ross MacDonald (1915-1983) – temos um mundo estranho e corrompido, e essa atmosfera na qual estão as personagens, “carregada” até visualmente (daí o termo “noir”), é tão ou mais importante do que a trama em si.

A elaboração de listas também é um caso antigo, mas que, até para podermos lidar com a enormidade de informações de hoje, tem virado uma “febre”. Eu mesmo possuo um livrão, “10.000 Things You Need to Know: the Big Book of Lists” (edição de Elspeth Beidas e publicado pela Universe Publishing em 2016), que acho o máximo. Adoro folheá-lo.

O fato é que estes dias topei com uma classificação de romances policiais, com as respectivas listas de títulos indicados, que achei inusitada. Foi no site literário Goodreads, que aponta “100 Mystery and Thriller Recommendations by Setting” – “100 mistérios e suspenses recomendados/classificados pelo ambiente onde se passa a estória”. Tipo: uma biblioteca, um quarto de hotel, no teatro, no escritório, um apartamento decrépito, à mesa, uma casa de campo, um quarto trancado por dentro, em um campus universitário, na igreja, um lugar extremamente frio, aviões e trens, um barco, na praia, uma ilha, através do tempo ou no espaço sideral.

Eu vou escolher três desses locais para tratar. Os de minha preferência para frequentar ou para fins de um bom mistério/suspense/crime (ficcional, deixo isso muito claro). Vou de biblioteca, campus universitário e igreja.

Para a biblioteca, vou com a amiga Agatha Christie em “Um corpo na biblioteca” (“The Body in the Library”, 1942). Em Gossington Hall, na mansão do coronel Arthur e Dolly Bantry, o corpo de uma bela jovem é encontrado na biblioteca. “Quem era a jovem? O que ela estava fazendo na biblioteca? E há uma conexão com outra garota morta, cujos restos carbonizados são achados em uma pedreira abandonada?”, indaga o Goodreads. É um caso para Miss Marple.

Para o campus universitário, vou viajar com Guillermo Martínez (1962-), da Argentina para o Reino Unido. O título é “The Oxford Murders” (“Crímenes imperceptibles”, 2003), pois foi a versão em inglês que li, maravilhado, numa temporada de estudos na cidade universitária. Em um dia de verão, um estudante argentino encontra sua senhoria – uma idosa que ajudou a decifrar o Código Enigma na 2ª Guerra Mundial – friamente assassinada. Um célebre lógico da universidade recebe uma correspondência anônima com um símbolo estranho. Os símbolos e os assassinatos vão se sucedendo. Cabe aos dois matemáticos deter um serial killer. Já não me lembro mais do final. Vou ler novamente. Embora desta vez em casa, infelizmente.

E, na Igreja, mais precisamente numa abadia da Itália Medieval com uma labiríntica biblioteca, investigo na companhia de Umberto Eco (1932-2016) e seus Guilherme de Baskerville e Adso de Melk, em “O nome da rosa” (“Il nome della rosa”, de 1980). É o cenário de sete dias de “crimes e castigos” imaginados por Eco, misturados nas vidas religiosa e ideológica do século XIV, com suas ortodoxias e heresias, que passaram a compor meu conhecimento (e imaginário).

Por fim, afirmo: não tenho qualquer intenção de me mover para um lugar extremamente frio, para o espaço sideral ou muito menos através do tempo. Nem mesmo tenciono devanear estar por lá resolvendo mistérios. Mas fiquem à vontade. Consultem o Goodreads e o texto “100 Mystery and Thriller Recommendations by Setting”. Cada qual com seu gosto.

*É Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

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O teatro da verdade

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

No “teatro” do direito, costumamos lidar – manipulando-a em altíssimo grau, reconheço – com a verdade. Fala-se de verdade real e formal, de fatos, de verossimilhança etc., numa mistura infinita – e quase sempre imprecisa – de termos e conceitos.

Mas o que é essa tal “verdade”?

Em João 14:6, Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. Mas muitos não creem nisso, até porque muitos, na nossa aldeia e mundo afora, não são cristãos. Na ciência, os neopositivistas lógicos e o Círculo de Viena, sob acoordenação de Moritz Schlick (1882-1936), até defenderam o princípio da verificação

experimental, mas sua insustentabilidade prática foi reconhecida, em prol de versões mais “suaves”, como o critério da falseabilidade de Karl Popper (1902-1994). E, claro, em tempos de pandemia, temos falado muito do consenso científico, que, embora não seja um critério ou

método em si, nos dá quase sempre os paradigmas de estilo. Mas mesmo estes, de vez em quando, são quebrados, já nos lembrava Thomas Kuhn (1902-1996) em sua “A estrutura das revoluções científicas” (1962). E por aí vai a nossa Epoché.

Mas não só o direito, a teologia, a filosofia e a ciência andam às voltas com o problema da verdade. A literatura também. A vida nossa de cada dia idem. E um dos literatos que mais fustigou a verdade, questionando as “aparências” da vida, foi o italiano Luigi Pirandello (1867-

1936).

Pirandello nasceu em Agrigento, Sicília. Adolescente, foi morar com a família na capital regional Palermo. Ali iniciou seus estudos universitários. Irrequieto, abandonou a terra para estudar em Roma e, depois, em Berlim (onde se diplomou). Retornou a Roma e aí começou de vero a sua história nas letras. Foi professor de literatura, jornalista/articulista (no badalado Corriere della sera), crítico literário, poeta, romancista e, sobretudo, embora uma atividade já tardia na sua carreira, dramaturgo. O maior dramaturgo italiano de todos os tempos. Um dos

maiores da Terra Redonda. Seus principais romances são “O falecido Matias Pascal” (“Il fu Mattia Pascal”, 1904) e “Um, nenhum e cem mil” (“Uno, nessuno e centomila”, 1926). Entre as suas dezenas de obras teatrais, emprenhadas de muito humor, podemos citar “Assim é, se lhe parece” (“Così è – se vi pare”, 1917), a jurídica “A patente” (“La patente”, 1918), a trilogia “Seis personagens à procura de um autor” (“Sei personaggi in cerca d’autore”, 1921), “Cada um a seu modo” (“Ciascuno a suo modo”, 1924) e “Esta noite se representa de improviso” (“Questa sera si recita a soggetto”, 1930), “Henrique IV” (“Enrico IV”, 1922) e por aí vai. Dizem que ele simpatizou com o fascismo no fim da vida (ninguém é perfeito). Terminou ganhando o Nobel de Literatura em 1934. Portanto, faleceu mais do que em glória.

Uma questão que sempre se pôs em debate é se Pirandello era de fato um filósofo ou um artista. Aliás, são famosas as suas polêmicas com Benedetto Croce (1866-1952), o maior filósofo italiano de seu tempo. Gosto da ideia de que Pirandello era um filósofo com a mão/pena de um artista. Bendito seja! E, como consta da minha versão de “Così è (se vi pare)” (uma edição “classici italiani per stranieri” da Bonanni Editore, 1995): “uma ideia de fundo atravessa toda a vasta produção de Pirandello: o homem veste uma máscara, com a qual acaba se identificando, de modo que ninguém sabe quem ele realmente é, e somente em momentos de particular sofrimento pode-se ter vislumbres sobre sua verdadeira e profunda identidade”.

Recordo haver assistido à “Seis personagens à procura de um autor” em uma pequena casa de espetáculos de Cambridge, Inglaterra. E aquele teatro dentro do teatro,  aquela ilusão dentro da ilusão quase ao infinito, me deixou deveras confuso, mas também encantado.

Mas é a ideia central de “Così è (se vi pare)” que desejo deixar aqui como arremate desta crônica sobre teatro, direito e realidade: a da inutilidade de se buscar a verdade na farsa da vida.

Não seria essa inutilidade ainda mais patente no “teatro” do direito? Onde topamos com “farsas” filosóficas e jurídicas, de mil e uma personagens e seus palavreados bonitos, quase às escâncaras…

*É Procurador Regional da República e Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

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