As oligarquias acumulam derrotas acachapantes nas duas últimas eleições em nível de Rio Grande do Norte. A partir de 2019 não ocuparão nenhuma das três vagas do Senado nem os cargos de Governador e vice-governador.
É um fato inédito.
Mas isso não significa que elas deixaram de ser uma alternativa de poder. No entanto, as respostas nas urnas em 2018 foram mais duras que há quatro anos e o comando da oposição pode se perder nos próximos quatro anos.
Nas eleições de 2014, formaram um chapão para enfrentar Robinson Faria (PSD) em aliança com o PT/PC do B. A derrota foi humilhante.
A má gestão de Robinson não tornou os grupos tradicionais automaticamente uma alternativa de poder ao governador. Esse espaço ficou com a senadora Fátima Bezerra (PT) que liderou de ponta a ponta o processo eleitoral este ano. A petista, frise-se, rompeu com Robinson em outubro de 2015, logo no primeiro ano da gestão. Desde então ela se posicionou a frente dos oligarcas como alternativa de poder.
Em 2018, como em 2014, os grupos tradicionais para forças políticas que não estavam (ao menos oficialmente) no governo adversário empurrando-se para a condição de “alternativa da alternativa”.
Nas eleições de 2018, diferentemente de 2014, foi aberta uma nova fronteira eleitoral no Rio Grande do Norte com nomes de fora da elite política, eleitos sem grandes estruturas, e com um discurso renovador e moralizante em sintonia com a nova direita nacional.
Assim o general Eliezer Girão (PSL) se elegeu deputado federal. Para Assembleia Legislativa nomes como Coronel Azevedo (PSL) e Allyson Bezerra (SD) também se elegeram sem o apadrinhamento dos nomes tradicionais da política.
Trata-se de um grupo político novo que foi organizado no Rio Grande do Norte sob a liderança do deputado estadual Kelps Lima (SD) – que não necessariamente lidera os nomes do PSL – que procurou se apartar das oligarquias e fazer carreira política em voo solo, mas usando a estrutura partidária que possui para formatar novas lideranças no Estado.
O surgimento dessas novas lideranças no campo da direita dependerá do desempenho destes mandatos, mas é certo que atuarão de forma independente sem alinhamento com os oligarcas nem com a nova governadora. O foco será se tornar uma alternativa de poder no futuro.
Se isso acontecer ocuparão um espaço junto ao eleitorado conservador que é patrimônio eleitoral das famílias Alves, Maia (entenda-se agripinismo) e Rosado.
O candidato ao Governo deste grupo foi Brenno Queiroga (SD) que ficou em quarto lugar com 106.345 votos, um desempenho surpreendente para a candidatura de um ex-prefeito de uma cidade pequena do Alto Oeste Potiguar. Esse movimento tende a partir das três maiores cidades do Rio Grande do Norte (Natal, Parnamirim e Mossoró) onde Brenno surpreendeu ficando em terceiro lugar, à frente do governador Robinson Faria. Foram nessas cidades que os candidatos do PSL e Solidariedade tiveram seus melhores desempenhos na disputa proporcional.
Mesmo que Fátima Bezerra venha a fazer um bom Governo, esses grupos têm chances de ocuparem um vácuo como alternativa de poder. Mesmo ela governando bem a nova direita que surge pode, por exemplo, reforçar o discurso de que o RN se afundou em décadas de atrasos por causa das oligarquias e eles podem fazer mais.
Se o Governo dela não for bom eles ainda terão na manga o discurso “nem PT, nem oligarquia”. Tudo vai depender de como irão direcionar os mandatos a partir de 2019.
A Eliezer Girão há um plus chamado Jair Bolsonaro (PSL). O futuro deputado federal será o homem forte do presidente eleito dentro do Rio Grande do Norte. O desempenho do novo inquilino do Palácio do Planalto será fundamental para o general da reserva se postar como um nome forte para voos mais altos no Rio Grande do Norte.
Se a nova direita se manter coesa e tiver uma ação articulada nos próximos quatro anos pode se tornar uma alternativa de poder empurrando as oligarquias definitivamente para o passado.
Styvenson
O capitão Styvenson Valentim (REDE) é uma incógnita em relação a essa perspectiva de nova direita. Ele não se alinha ao grupo articulado por Kelps e faz questão de frisar que não tem ideologia e que é neutro. É preciso aguardar um pouco mais para saber por onde o senador mais votado em 2018 no RN vai se encaixar.
Até aqui o militar tem tido um comportamento exótico em relação à política. Tem apostado numa atuação avulsa sem proximidade com grupos políticos. Só o tempo dirá se ele terá apetite para tentar se colocar como alternativa de poder para cargos executivos.
Mas é inegável que o senador eleito é muito mais popular no eleitorado conservador do Rio Grande do Norte.