Nicola Pamplona
Folha de S. Paulo
O conselho de administração da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (26) a nomeação de Jean Paul Prates à presidência da estatal. Ele já renunciou a seu mandato no Senado, que se encerraria em fevereiro, o que deve agilizar a posse.
A Petrobras ainda não informou o resultado da reunião, mas a Folha apurou que a aprovação foi por unanimidade, mesmo que o colegiado hoje seja formado majoritariamente por pessoas alinhadas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A expectativa é que Prates comece a anunciar ainda esta semana nomes que comporão a diretoria da empresa, em um esforço para agilizar a avaliação pelo comitê interno que analisa os currículos dos indicados à administração da companhia.
Segundo a Petrobras, Prates já tomou posse como presidente da companhia e como membro do conselho de administração. Os mandatos aprovados nesta quinta vão até o dia 13 de abril, quando vencem os mandatos da atual administração.
Será renovado em assembleia geral de acionistas em abril, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve renovar também o conselho de administração da estatal, hoje composto por seis indicados de Bolsonaro, quatro representantes dos acionistas minoritários e representante dos trabalhadores.
A nomeação de Prates nesta quinta foi facilitada pela renúncia do presidente anterior, Caio Paes de Andrade, que havia sido indicado por Bolsonaro e deixou a empresa para assumir secretaria no governo de São Paulo.
Por enquanto, há dois principais nomes cotados para a diretoria da empresa, que também participaram da equipe de transição: o economista William Nozaki, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; e Maurício Tolmasquim, que comandou a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em gestões petistas.
A aprovação do nome foi comemorada pelos sindicatos de empregados da companhia, que tiveram fortes embates com os presidentes da estatal durante o governo Bolsonaro.
Colega de Prates na equipe de transição do governo, o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar disse que sua nomeação é “mais uma demonstração do compromisso do governo com o povo brasileiro e a soberania nacional”.
“A aprovação de Jean Paul Prates para a presidência da Petrobrás representa o início de uma nova era em direção ao crescimento e à retomada do papel da empresa como indutora do desenvolvimento econômico e social do país”, afirmou, em nota.
Prates assumirá a Petrobras logo após o primeiro reajuste no preço da gasolina no governo Lula, anunciado nesta terça, decisão criticada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), que indicou representante para a equipe de transição do governo eleito.
Ele defende mudanças na política de preços da empresa, eliminando o conceito de paridade de importação, que simula quanto custaria para trazer os produtos do exterior e foi implantado no governo Michel Temer (MDB).
O novo governo quer ainda uma Petrobras mais focada no investimento do que na remuneração aos acionistas, retornando para segmentos abandonados em gestões anteriores, como fertilizantes, petroquímica e energias renováveis.
Em 2022, a Petrobras fechou o primeiro trimestre como a maior pagadora de dividendos do mundo, reflexo de uma política de enxugamento de investimentos e custos, aliada à escalada das cotações internacionais do petróleo após o período mais crítico da pandemia.
Em novembro, um dia depois de divulgar o quarto maior lucro já registrado por uma empresa no país, as ações da companhia despencaram em Bolsas de Valores, diante de temores sobre incertezas políticas e de alterações na política de remuneração ao acionista.