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Reportagem

Hegemonia dos Rosados em Mossoró nas eleições para deputado estadual foi quebrada duas vezes na atual fase democrática

Diferentemente das eleições para deputado federal, a disputa por vagas na Assembleia Legislativa já registra no atual período democrático eleições em que os Rosados não foram os mais votados em disputas proporcionais.

Aconteceu em duas oportunidades, mas desde 1998 a oligarquia está no topo das votações com membros dela ou com agregados.

Na primeira eleição pós-fim da ditadura militar, em 1986 Laíre Rosado (PMDB) foi o deputado estadual mais votado não só em Mossoró como em todo o Rio Grande do Norte com 24.702 mil votos.

Na capital do Oeste, ele recebeu 14.213 naquele que foi o primeiro embate Rosado x Rosado, após a divisão da família em dois grupos políticos. O primo dissidente da oligarquia, Carlos Augusto teve 10.670. O marido de Rosalba nunca mais voltaria a ser o mais votado na cidade.

Confira os cinco mais votados nas eleições para deputado estadual em Mossoró em 1986:

Laire (PMDB): 14.213

Carlos Augusto (PFL): 10.670

Belmont (PFL): 3.580

João Newton (PMDB): 3.026

Edmilson Lucena (PMDB): 2.640

Em 1990, Laíre saiu para ser deputado federal substituindo o sogro Vingt Rosado, que se aposentara da política. O candidato a deputado estadual da família seria Frederico Rosado tendo como oponente na outra ponta da oligarquia Carlos Augusto. Mas quem levou a melhor foi Antônio Capistrano, reitor da então URRN, atual UERN.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 1990

Antônio Capistrano: 4.577

Carlos Augusto: 3.887

Frederico Rosado: 1.692

Crispiniano Neto: 806

João Newton: 459

Já em 1994, Carlos Augusto abandonou as disputas eleitorais para se dedicar aos bastidores da política. Mais uma vez um não Rosado levaria a melhor. No caso, o então vereador Francisco José. Por 24 anos, ele seria o único a sair da Câmara Municipal de Mossoró para a Assembleia Legislativa. O tabu foi quebrado em 2018, por Isolda Dantas (PT). Mesmo sendo o único Rosado na disputa, Frederico ficou em terceiro lugar.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 1994:

Francisco José: 10.979

Vicente Rego: 9.812

Frederico Rosado: 7.707

Telma Gurgel: 3.445

Antônio Capistrano: 3.416

A partir de 1998, agregados à família Rosado passaram a ser os mais votados tendo o grupo de Sandra Rosado em segundo lugar, numa polarização que perdurou até 2010.

Ruth Ciarlini, irmã de Rosalba estreou na política sendo a mais votada, seguida por Sandra.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 1998:

Ruth: 14.661

Sandra: 12.511

Francisco José: 9.826

Vicente Rego: 8.574

Frederico Rosado: 5.143

Já em 2002 entrou em cena Larissa Rosado que seria a segunda colocada por duas oportunidades, mas na primeira delas ficou atrás não só de Ruth como também de Francisco José.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 2002:

Ruth: 21.968

Francisco José: 17.578

Larissa Rosado: 15.899

Gilvan Carlos: 7.012

Socorro Batista: 6.006

Em 2006, com a Prefeitura de Mossoró nas mãos Fafá Rosado lançou o marido Leonardo Nogueira para deputado estadual. A candidatura dele esvaziou a de Ruth Ciarlini e mais agregado dos Rosados seria o mais votado em Mossoró. Os 25.166 votos é recorde mantido até hoje.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 2006:

Leonardo Nogueira: 25.166

Larissa Rosado: 14.147

Francisco José: 11.550

Ruth Ciarlini: 10.737

Chico da Prefeitura: 9.411

Em 2010, tivemos a disputa mais acirrada para deputado estadual em Mossoró com praticamente um tríplice empate entre Leonardo, Larissa e Chico da Prefeitura.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 2010:

Leonardo Nogueira: 20.049

Larissa Rosado: 19.799

Chico da Prefeitura: 19.093

Francisco José: 10.329

Genivan Vale: 6.304

Em 2014, o quadro mudou. Os Rosados não estava no comando da Prefeitura de Mossoró e estavam divididos na oposição à Francisco José Junior. Ele tentou lançar o pai, Francisco José, mas ele não conseguiu registrar a candidatura por problemas na filiação partidária. O então prefeito acabou optando por lançar Galeno Torquato, então desconhecido em Mossoró. Naquela eleição, Larissa foi pela primeira vez a mais votada, se aproximando do recorde de Leonardo Nogueira, que sem o comando do poder municipal viu a própria votação despencar.

Apesar de mais votada Larissa nem um outro político de Mossoró seria eleito. Seria a primeira vez que a cidade não elegia um deputado estadual no período democrático. A hoje vereadora chegou a assumir por dois anos no lugar de Álvaro Dias, que foi eleito vice-prefeito do Natal em 2016.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 2014:

Larissa Rosado: 24.585

Galeno Torquato: 12.306

Leonardo Nogueira: 9.111

Souza Neto: 4.186

Fernando Mineiro: 3.914

Em 2018, novos nomes surgiram, mas ainda assim Larissa seria a mais votada repetindo a história de 2014 quando se elegeu deputada estadual. Mossoró elegeria Isolda Dantas, quebrando o tabu de 24 anos que um vereador da cidade não chegava a Assembleia Legislativa, e o então desconhecido Allyson Bezerra, hoje prefeito.

Confira os cinco mais votados para deputado estadual em Mossoró em 2018:

Larissa Rosado: 17.753

Allyson Bezerra: 13.095

Jorge do Rosário: 12.017

Isolda Dantas: 11.031

Bernardo Amorim: 4.543

Para 2022 há grandes chances de que alguém repita os feitos de Capistrano (1990) e Francisco José (1994). Até aqui em todas as pesquisas para deputado estadual em Mossoró a mais citada é Isolda Dantas, mas há nomes competitivos como Jorge do Rosário, Jadson Rolim (candidato do prefeito) e Tony Fernandes. Ainda assim Larissa Rosado não pode ser descartada.

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Artigo

Sobre corda em casa de enforcado

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Por Aécio Cândido

Paulo Mendes Campos, escritor mineiro injustamente pouco lembrado hoje em dia, retorcendo um provérbio português, definia o verbo viver com certa rudeza, mas com muita precisão. Dizia ele: “Viver é falar de corda em casa de enforcado”. É mesmo. E algumas vezes com o corpo do defunto ainda quente na sala.

Eu não pensava tratar, neste espaço, de temas políticos e polêmicos. Por índole e por formação, prefiro assuntos mais amenos. Mas vem a vida e se impõe, lembrando que viver é… isso que já foi dito. Tratemos, pois, de um assunto incômodo: a greve da UERN, que já dura mais de 120 dias.

Antônio Capistrano, que foi reitor, o primeiro da Estadualização, deputado estadual e vice-prefeito de Mossoró, um amante incondicional da UERN, publicou domingo passado, em sua página do Facebook, algumas interrogações em relação à greve.

Para que não me tachem de reacionário sem analisar o que escrevi, começo afirmando que não concebo uma democracia madura sem a existência de sindicatos fortes e sem o direito de greve plenamente respeitado. Se o direito é líquido e certo, o uso dele pode ser questionado. Mas muita gente encara a greve como um dogma, como algo inquestionável; justa, por princípio; oportuna, sempre; única como arma eficaz.  O dogma na politica é tão nefasto quanto na religião.

Há uma ética da greve, como há uma ética da guerra. E, como seres morais, somos obrigados a pensar nela. A guerra é moralmente defensável em algumas situações. Violação do território nacional é uma delas. Em qualquer situação, ela é o recurso último, depois de esgotados todos os canais diplomáticos. A greve também, dado seus custos sociais, é um recurso último. Há gente que a vê como primeiro recurso. E participa dela com indisfarçável alegria. O que dizer de um soldado que vai para a guerra dando pulinhos de contentamento? É um sádico, seu prazer  ématar, tudo o mais é disfarce. A reverência dogmática à greve banalizou-a. O preço da banalização é a falta de eco social: “De muito usada, a faca já não corta”, lembra o verso de Chico Buarque.

A banalização é consequência de uma visão política que conta com muitos adeptos empenhados. A visão é esta: grande desconfiança em relação à democracia representativa e crença apaixonada pelas supostas virtudes da democracia direta. Nesta, a boa justiça é aquela feita diretamente pelos interessados. Infelizmente, essas soluções estão muito mais próximas do fascismo do que comumente supomos. A multidão, convicta de que sua razão é a melhor e a mais justa, é mestra em promover atrocidades.  Desde a libertação de Barrabás.

Mas há pontos mais concretos a serem lembrados. No setor privado, o efeito da greve é direto: ela causa prejuízos financeiros ao patrão. No serviço público, de quem são os prejuízos? Do usuário do serviço, única e exclusivamente; no Brasil, equivale a dizer: dos mais pobres. Só eles dependem dos serviços públicos: do ônibus, do posto de saúde, da escola, da polícia. A classe média, ainda que tirando da goela, tem carro, plano de saúde, escola particular e cada vez mais se protege nos condomínios fechados, para não se abalar em demasia com a falta de segurança geral.  A elite econômica, a elite política e a alta burocracia do Estado vivem em outro mundo, não têm muita ideia de como funciona o andar de baixo. Não é, portanto, atingida por nenhum rebuliço que ocorra nesse nível.

Os políticos, responsáveis pelo bem público, se não são atingidos diretamente, sê-lo-ão (desculpem, saiu sem querer) indiretamente. É o que se pensa. O prejuízo para eles virá na forma de corrosão do capital eleitoral. A população os responsabilizará e os punirá com o desprezo nas urnas.  É questionável. Há muita coisa no longo percurso desse raciocínio que precisa ser levada em conta. A sociedade, como um todo, está cansada de greves. A reação conservadora, atirando para todo lado, é expressão desse cansaço. As alianças, absolutamente necessárias para que a categoria não desapareça no gueto, precisariam ser estabelecidas a partir de outras plataformas. A greve, decididamente, não é uma dessas plataformas. E cá entre nós: um governo com 85% de desaprovação tem o que mais para se desgastar? E certamente não está desgastado pela greve da UERN, está desgastado porque é caótico, descoordenado, inoperante, omisso. Caótico: o governo não sabe quanto gasta com Segurança, não sabe quantos presos existem no sistema carcerário, não tem controle sobre o número de professores que adoecem todo ano, é incapaz de prever quando vai entregar uma obra, etc., etc., etc. (No entanto, a cabeça dessa gente é um desafio para psicólogos e psiquiatras: com todo esse legado, o governador ainda pensa em reeleição. É caso pra internação compulsória).

 Quais os objetivos da greve? A regularização do calendário de pagamento. É possível? Não, não enquanto a conjuntura econômica não mudar. E muito apertadamente enquanto o Legislativo e o Judiciário forem tratados como poderes de um Estado marciano, distante, diferente e indiferente aos outros segmentos, e não como partes de um Estado potiguar.  Há uma crise nas finanças públicas, isso é real. Por quais razões se chegou a ela é outra discussão. Mas há gente que não acredita. Só posso lamentar.

Os custos de uma greve são muito altos. O blog de Carlos Santos calcula em 424 dias sem aula o resultado das 4 greves dos dois últimos governos: Rosalba Ciarlini e Robinson Farias. E o pior é que elas são previsíveis: são 4 em 7 anos. Um jovem que planeje minimamente a sua vida estudantil fugirá da UERN. É o que está acontecendo. Nos últimos 4 anos, tenho encontrado jovens que moram nos Pintos, no terreiro de duas universidades públicas, mas que preferem se deslocar 5 km para frequentar uma universidade particular, com todos os custos financeiros que a opção implica. A razão: lá não tem greve e ele quer terminar logo para poder participar de concursos. É um desejo legítimo, não? A UERN não é mais a única instituição a oferecer os cursos da área de Humanas, como foi durante mais de 30 anos. Os estudantes têm outras opções e fazem uso delas. Não posso afirmar categoricamente que a sobra de vagas no SISU tenha uma relação estreita com esta questão, mas é pelo menos uma variável que merece ser considerada. As lideranças sindicais acham uma relação absurda e não a consideram, nem mesmo como hipótese.

Acho meio cínico o argumento oferecido aos alunos para conquista do apoio às greves: “Nossa greve está dando a vocês a oportunidade de praticar uma lição de cidadania”. Nós deixamos nossos filhos na escola privada, longe dessa lição.

Durante muitas décadas, Detroit foi uma cidade florescente. Era a  capital do automóvel, a maior parte da indústria automobilística americana estava lá. A conjunção de políticos populistas com lideranças sindicais míopes destruiu a cidade. Em 2013 a prefeitura decretou falência. Detroit é  uma sombra do que foi: teve 2 milhões de habitantes nos anos 1950, hoje tem apenas 700 mil.

Uma greve longa e sem rumo não acaba com o governo, mas pode acabar com a Instituição.

*Aécio Cândido é professor da UERN, aposentado, autor de Tempos do Verbo (poesia)Espaço José Texto originalmente publicado no espaço Martins de Vasconcelos/Jornal De Fato
Sábado.10.03.2018

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Capistrano descarta assumir cultura

O professor Antonio Capistrano comentou a notícia do Blog do Barreto (ver AQUI) que ele seria o nome da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) para a pasta da cultura. Ele descartou a possibilidade de assumir o cargo.

Em letras garrafais ele anunciou a posição: “AVISO AOS AMIGOS, SERIA HONROSO OCUPAR O CARGO DE SECRETÁRIO DE CULTURA DE MOSSORÓ, NO GOVERNO ROSALBA, MAS NÃO VOU SER. ESTOU COM 70 ANOS, JÁ APOSENTADO DA UERN, ASSUMIR UM CARGO PÚBLICO NO BRASIL DE TEMER É TEMEROSO. ESPERO QUE ROSALBA ESCOLHA UMA PESSOA QUE TENHA COMPROMISSO COM A CULTURA E O NOSSO POVO”, frisou deixando nas entrelinhas que o alinhamento de Rosalba com o governo Temer pesou na decisão.

Ele ainda se colocou a disposição para ajudar, mas sem assumir cargos.

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Nota do Blog: a situação é parecida com a de Elviro Rebouças que chegou a descartar assumir a PREVI-Mossoró, mas terminou indo para a pasta quase dois meses após a posse da prefeita Rosalba.

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Rosalba escolhe nome para cultura e não é Genivan

Capistrano

Se depender da informação de uma fonte do Blog do Barreto não será o ex-vereador Genivan Vale (PDT) o secretário de cultura. A informação é de que o nome escolhido pela prefeita Rosalba Ciarlini (PP) é o ex-reitor da UERN, ex-deputado estadual e ex-vice-prefeito (de Rosalba) Antonio Capistrano.

Ele esteve em Mossoró (mora em Natal atualmente) na semana passada para tratar do assunto com a chefe do executivo municipal. Segundo a fonte ele não deu uma resposta definitiva porque está de viagem marcada. O martelo deve ser batido no retorno.

Capistrano é historiador e tem o perfil para a pasta que atualmente tem status de segundo escalão por ser uma Secretaria Executiva subordinada à Educação. A tendência é que a pasta ganhe independência na reforma administrativa que deve ser apreciada pela Câmara Municipal.