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Girão estimula manifestações golpistas: “paciência para emboscar!”

O deputado federal reeleito General Girão (PL) usou as redes sociais para estimular as manifestações golpistas pelo Brasil que visam uma “intervenção federal” com o exército mantendo o presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Ele cita uma das mais antigas justificativas falsas do discurso golpista do ainda presidente: a fraude nas urnas eletrônicas.

“É pessoal, diz um velho ditado: onde há fumaça, há fogo. Desde há muito tempo muitos falávamos que as urnas não eram seguras. Agora, estão surgindo informações de que em algumas Seções Eleitorais podem ter havido (sic) irregularidades. Quem viver, verá! Paciência para emboscar!”, sugeriu.

Em outra postagem ele cita uma postagem do perfil cancelado da deputada paulista Carla Zambelli (PL), que no sábado ameaçou um eleitor de Lula usando arma, para dizer que o povo não aceita a eleição de um “ladrão”.

“Um por todos e todos por um. Se vamos viver sem liberdade, que isso valha para todos nós. O Gigante acordou em 2018 e não aceita um pesadelo como esse de termos um Presidente Ladrão”, disparou.

No Rio Grande do Norte houve manifestações golpistas em Natal, Parnamirim e Mossoró. Nas duas maiores cidades do Estado elas se concentraram na frente de batalhões do Exército. Em Parnamirim chegaram a bloquear a BR 101.

Lula se tornou o primeiro presidente três vezes eleito pelo voto popular enquanto Bolsonaro entrou para a história ao se tornar o primeiro a não conseguir a reeleição.

Lula teve a maior votação da história ao 60.345.999, mas ao mesmo tempo foi a eleição mais apertada do país.

Nota do Blog: existe Ministério Público?

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Fábio Faria usa rádio do pai em relatório que apontou fraude na propaganda eleitoral

Por Julio Wiziack e Marcelo Rocha

Folha de S. Paulo

O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), acusou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a rádio de seu próprio pai, a Agreste FM, de ter veiculado menos propaganda de Jair Bolsonaro (PL) do que de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A rádio do Rio Grande do Norte consta no relatório apresentado pelo ministro e outros integrantes da campanha do presidente ao tribunal eleitoral, na segunda-feira (24).

Usando argumentos frágeis e contestados pelas próprias emissoras, o documento sustenta que, de um total de 1.122 emissoras na região Nordeste, 991 rádios (88,3%) teriam veiculado mais inserções do petista.

A Agreste, cujo sócio é o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PL), pai do ministro, está entre elas. Robinson se elegeu deputado federal pelo partido de Bolsonaro neste ano e é um dos principais cabos eleitorais do presidente no estado.

Outras 94 rádios (8,4%), segundo a campanha, teriam transmitido mais inserções de Bolsonaro na programação. As 37 (3,3%) restantes teriam exibido o conteúdo eleitoral de forma igualitária. No segundo turno, os candidatos têm direito a 25 inserções diárias no rádio de 30 segundos cada.

Os dados foram compilados pela Audiency, empresa contratada para fazer o levantamento de veiculação dos programas, que serviu de base à acusação feita junto ao tribunal pela campanha de Bolsonaro.

Segundo esse levantamento, a Agreste, que opera em Nova Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, teria veiculado cinco inserções do PT contra duas do partido do presidente entre 7 e 11 de outubro.

“É mais uma prova de que eu não tenho nada a ver com isso [estratégia de questionar a veiculação dos programas]”, disse à Folha o ministro Fábio Faria, que integra o comitê de campanha de Bolsonaro e entregou a lista ao TSE.

“Meu pai é um dos sócios dessa rádio, mas quem comanda a rádio é o Cid Arruda, que foi prefeito da cidade pelo PSB”, disse o ministro.

“Isso mostra que eu não agi em favor de ninguém para montar essa lista. É uma relação de emissoras que foi feita depois que integrantes da campanha ouviram que algumas rádios no Nordeste não estavam veiculando os programas de Bolsonaro.”

A Folha entrou em contato com a diretora da rádio, Giselda Felipe. Ela disse por telefone que o controle de inserções de programas e anúncios na emissora era responsabilidade de outro diretor, José Carlos Araújo. A reportagem ligou para o celular dele, mas não conseguiu contato.

De acordo com a Audiency, entre 7 e 10 de outubro, a Agreste só teria veiculado duas inserções do presidente Jair Bolsonaro no dia 10 de outubro –a primeira às 7:05:43 e a segunda, às 12:05:47.

No mesmo período, cinco inserções de Lula teriam sido transmitidas. A primeira no dia 7 de outubro, às 12:05:39; duas outras no dia 10 –às 07:05:16 e às 12:05:20; as duas últimos no dia 11, às 07:06:01 e 12:05:56, respectivamente.

SEM FUNDAMENTO

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, decidiu na quarta (26) rejeitar a ação proposta pela campanha bolsonarista sobre o suposto boicote de emissoras.

Moraes afirmou que Bolsonaro não apresentou provas e se baseou em um levantamento feito por empresa não especializada em auditoria.

Ele identificou possível “cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o pleito” e mandou o caso para apuração no inquérito das milícias digitais (grupos organizados na internet para ataques às instituições e à democracia), que tramita sob sua responsabilidade no Supremo Tribunal Federal.

Após a decisão de Moraes, Bolsonaro prometeu insistir no relatório sobre a alegada supressão de suas inserções em rádios do Nordeste e do Norte.

“Com toda a certeza, nosso jurídico deve entrar com recurso, já que foi para o Supremo Tribunal Federal. Da nossa parte, iremos às últimas consequências, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer valer aquilo que as nossas auditorias constataram, que há realmente um enorme desequilíbrio no tocante às inserções. Isso obviamente interfere na quantidade de votos no final da linha”, afirmou o candidato à reeleição.

O presidente criticou Moraes dizendo que ele “matou no peito” ao tomar a decisão contrária à ação. A coligação de Bolsonaro ainda não recorreu.

ARGUMENTAÇÃO FRÁGIL

Como mostrou a Folha, o levantamento não comprova a alegação de que rádios teriam deixado de veicular material eleitoral do chefe do Executivo.

Emissoras citadas na auditoria contestaram os dados da auditoria. Uma das rádios afirma que o PL deixou de entregar as inserções durante um período, e por isso elas não foram veiculadas.

À Folha, o ministro Fábio Faria disse que nunca liderou esse movimento junto ao TSE. Afirmou que as primeiras suspeitas partiram do marqueteiro Duda Lima e do ex-secretário da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), Fábio Wajngarten, que também trabalha na campanha.

O partido decidiu então contratar a empresa Audiency, que começou a fazer o levantamento.

A empresa fez a pesquisa por streaming (acessando a programação pela internet), metodologia diferente da chamada “rádio-escuta” —quando alguém é pago para ouvir o conteúdo da programação gravada. Na primeira modalidade, a emissora não é obrigada a veicular o horário eleitoral.

Faria foi o emissário da reclamação a pedido de Bolsonaro por ser um dos poucos integrantes do governo com boa interlocução junto ao ministro Alexandre de Moraes.

 

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Empresário vira alvo do MPT por assédio eleitoral a funcionários no RN

Blog Juliana Celly

O Ministério Público Eleitoral e o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte receberam denúncia contra o empresário Arthur Vilhena Ferro, proprietário da Schütz e Ana Capri em Natal. Segundo a denúncia, ele enviou uma mensagem em grupo de WhatsApp de lojistas do Shopping Cidade Verde, onde também possui loja, incentivando assédio eleitoral contra funcionários para que eles votem no presidente Jair Bolsonaro nas eleições.

O empresário encaminhou no dia 12 de outubro um texto informando que enviou um e-mail para todos os seus prestadores de serviços e fornecedores suspendendo todas as tratativas futuras com estes e dizendo que “caso o país volte ao desgoverno da esquerda não terá como manter os compromissos atuais”. Além disso, na mensagem, Arthur disse que encaminhou a mesma mensagem para seus gerentes afim de “assustar os funcionários” e incentiva que os outros lojistas façam o mesmo.

Empresário já tem condenação na Paraíba pela mesma mensagem

O dono de das lojas de calçados – Havaianas, Schutz e Ana Capri – Arthur Vilhena Ferro foi condenado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PB) de praticar assédio eleitoral contra seus trabalhadores e trabalhadoras. Se descumprir a decisão judicial, terá de pagar multa de R$ 30 mil por trabalhador eventualmente prejudicado.

A decisão é do desembargador George Falcão Coelho Paiva, que atendeu pedido feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). De acordo com o MPT, a denúncia foi feita por uma pessoa que apresentou print de mensagens de WhatsApp enviada pelo empresário ao grupo de lojistas do Manaíra Shopping, igual ao que enviou para os lojistas do Shopping Cidade Verde em Natal. No texto, ele informa fornecedores e funcionários que não teria como cumprir seus compromissos em caso de vitória da esquerda. Ou seja, não pagaria fornecedores nem trabalhadores, caso o ex-presidente Lula (PT) vença a eleição no próximo dia 30 de outubro, data do segundo turno, contra o candidato do patrão, Jair Bolsonaro (PL).

“Façam o mesmo. Se movimentem enquanto é tempo”, diz Arthur em sua mensagem direcionada aos colegas empresários, acrescentando que agiu daquela maneira para “assustar” e “dar um choque de realidade em todas as equipes” pois sabia que rapidamente o assunto iria se espalhar entre todos os funcionários.

Além da multa, o desembargador Falcão Coelho Paiva determinou que os estabelecimentos devem cumprir, de forma imediata, as seguintes obrigações:

  1. a) “abstenham-se de ameaçar, intimidar, constranger ou orientar pessoas com quem possuam relação de trabalho (empregados, terceirizados estagiários, aprendizes, entre outros) a manifestar apoio político, votar ou não vota em determinado candidato ou agremiação partidária”;
  2. b) “abstenham-se de retaliar trabalhadores, com demissão sem justa causa ou por qualquer outro meio, pelo fato de haverem apoiado candidatos ou agremiações partidárias distintas das apoiadas pelo empregador”.

Sentença

Em sua decisão, o juiz afirma que a mensagem de Arthur encontrou o respaldo e apoio esperado, porque outra lojista, identificada na conversa como Eveline Albuquerque, chegou a comentar que na sua empresa cancelaram o fechamento de contratos de planos de saúde para seus funcionários e que os empregados “já começaram a sentir as possíveis perdas”.

“Eis, nas referidas mensagens, claras atitudes patronais abusivas e intimidatórias, tomadas com finalidade precípua de coagir empregados a votarem no candidato de sua preferência (no caso, no candidato à presidência dito de direita) em função da ascendência hierárquica afeta ao ambiente de trabalho. Pelas mensagens, encorajou-se, ainda, que outros empresários fizessem o mesmo, ou seja, tentassem intimidar, ameaçar e coagir seus empregados a votarem no determinado candidato. Está claro, igualmente, que o intento do requerido subscritor da mensagem de WhatsApp no grupo dos lojistas do Shopping Manaíra era também coagir, pela via da superioridade econômica, seus fornecedores (que igualmente têm empregados) a fim de que replicassem a ameaça”.

A multa em caso de descumprimento de quaisquer das obrigações determinadas pelo juiz, de R$ 30 mil por trabalhador, será revertida ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (Lei n.º 9.008/95) ou à execução de ações/projetos de cunho social, a serem, como postulado pelo MPT, definidos na fase de cumprimento de sentença.

George Falcão ainda determinou que a Secretaria da Vara designe, com urgência, uma audiência para tentativa de conciliação, cuja data deverá ser escolhida em acordo com um dos juízes que atuam de forma permanente na Vara, a fim de que seja discutida a possibilidade de eventual retratação pública de Arthur Vilhena Ferro. Não havendo conciliação, o empresário poderá apresentar contestação no prazo de até 15 dias.

Com informações TRT-PB

RETRATAÇÃO

No Instagram do empresário, ele se retratou do crime que cometeu. Ele disse que “de maneira irrefletida, postei mensagem de conteúdo inadequado no grupo de WhatsApp do Manaira Shopping”. Ele também se comprometeu em adotar postura neutra e não encaminhar mais mensagens com conteúdo semelhante.

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Fábio Faria exerce papel vexatório no bolsonarismo. Nunca um ministro potiguar envergonhou tanto o RN

O ministro das comunicações Fábio Faria (PP) lançou o tuíte no final da tarde desta segunda-feira convocando a imprensa para denunciar “fatos graves”. A postagem veio logo após saírem as pesquisas Atlas e Ipec apontando a consolidação do cenário de liderança do ex-presidente Lula (PT).

Obviamente tinha sinal de ser alguma presepada, mas confesso que superestimei o bolsonarismo ao esperar algo mais criativo ou mirabolante.

Detentor de um cartel de fabuloso de vexames, Fábio Faria tinha tudo para entregar mais um na noite desta segunda-feira e não deu outra. Apresentou uma história sem fundamento de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria tido 154 mil inserções de rádio a menos que Lula em emissoras nordestinas.

A falta de consistência do documento feito por uma empresa de fundo de quintal transformou a bala de prata num fedorento peido de veia, dos mais vagabundos.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes agiu rápido ao dar 24 horas para que Fábio Faria apresente provas sérias sob o risco de incorrer em crime eleitoral por tentar tumultuar o processo.

A pantomima de Fábio Faria visa desviar o foco da quádrupla tentativa de homicídio praticada pelo aliado do bolsonarismo Roberto Jeferson que disparou tiros de fuzil e granadas contra policiais federais no domingo.

A presepada tem método. Todo mundo sabe que no domingo Lula vence de lavada no Nordeste e esta região será decisiva para uma eventual vitória petista. O recorte não é casual. Visa agitar a base para criar uma narrativa golpista lá na frente.

Fábio vai manchando a biografia, que nunca teve nada de relevante, tirando as conquistas amorosas (aí ele tem um currículo de primeira), como um sabujo do bolsonarismo e agora somada a imagem de um sujeito que tumultua o processo democrático no país.

Nunca um ministro potiguar envergonhou tanto o RN.

 

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Agripino faz avaliação irresponsável sobre risco à democracia

O ex-senador José Agripino, presidente estadual do União Brasil, deu uma entrevista a 98 FM no mínimo irresponsável quanto aos riscos de um segundo mandato de Jair Bolsonaro (PL) para a democracia brasileira.

Para o ex-senador, Bolsonaro mesmo tendo impulsos autoritários não fará nada porque o Congresso Nacional não deixará.

Abre aspas para Agripino:

“O presidente Bolsonaro é um homem de temperamento intempestivo, impulsivo? Claro que é. Ele é autônomo, tem condições de fazer o que ele quer? Tem coisa nenhuma. O Brasil hoje é um país em que quem tem o comando é o Congresso Nacional. Vocês já viram Bolsonaro brigar com o Supremo? 10 vezes. Já viram o Supremo brigar com o Congresso? Nenhuma vez. Porque é o Congresso que faz as leis e quem policia o comando do país. Já viram Bolsonaro brigar com o Congresso? Se respeitam”, disse ao programa 12 em Ponto.

Agripino olha para o abismo e não se incomoda que o olhar lhe seja retribuído desde que o ex-presidente Lula (PT) volte ao poder.

A fala é irresponsável porque Agripino sabe muito bem que Bolsonaro está desmantelando a estrutura institucional do país aprovando projetos inconstitucionais com objetivos eleitoreiros sem quem o judiciário e o legislativo sirvam de barreiras sem contar que ele teria apoio suficiente para mexer na composição do Supremo Tribunal Federal (STF) seguindo o roteiro de autocratas como Hugo Chávez na Venezuela e Viktor Órban na Hungria.

O Congresso Nacional está sob o controle de Bolsonaro através do orçamento secreto e outros desmantelos.

Agripino não é lá um exemplo de apreço ao regime democrático. É cria da ditadura militar que lhe abriu as portas para entrar na política em 1979 como prefeito biônico de Natal.

Pensava que a vida em ambiente democrático e os desmandos do bolsonarismo teriam lhe dado algumas lições. Estava enganado. O ex-senador segue sendo um saudosista dos anos de chumbo.

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Padre do RN cita mensagem de amor de São Francisco ao falar sobre o voto e é criticado por bolsonaristas. Eleitores de Lula aplaudem

O padre Gleiber Dantas, da Diocese de Caicó, escreveu no Twitter a legenda de um vídeo em que diz ter conversado com São Francisco e perguntado em quem deveria votar.

O clérigo disse ter recebido como resposta que vote em quem tem uma mensagem de amor e não de ódio.

“PERGUNTEI A SÃO FRANCISCO em quais pessoas deveria votar. Ele me disse: NÃO ESCOLHA pessoas que levem ódio, ofensa, discórdia, dúvida, erro, desespero, tristeza e trevas; ESCOLHA quem leva amor, perdão, união, fé, verdade, esperança, alegria e luz. São Francisco nos orienta bem!”, escreveu.

No vídeo ele faz um trocadilho com a oração de São Francisco. Confira o vídeo:

A postagem feita ontem provocou reações de bolsonaristas do Rio Grande do Norte.

“Depois pergunte a São Francisco a quem a gente reclama quando tiver comendo cachorro, que ele tanto defende, primo. Só pra eu ver uma coisinha”, escrevei Neisa Maria. “Não culpe São Francisco pelas vozes de sua cabeça  sr padre”, reagiu Maxi Siqueira.

“Corrupção ele disse algo? Ou de boa?”, questionou Igor  Santg. “Então são Francisco viu o MST quando tentou invadir o congresso e matar os ministros, que saiu mais de 30 policiais feridos, esse movimento jogou tinta vermelha na casa da ministra petista que parece a bruxa do 71, meu Deus era defensores de lula na época”, comentou Lindinaldo.

“Teologia dá libertação de Paulo Freire comendo solta e o povo achando que é cristianismo raiz…”, criticou Rafael Maciel.

Por outro lado, os eleitores de Lula (PT) avaliaram a mensagem como uma declaração de voto no petista. “Felizmente entendemos o recado de São Francisco… e não tem como não ser 13 nesse segundo turno”, escrevei Jhones. “São Francisco vota 13!”, avaliou João Valente.

“Eu já sei, em quem votar. Luiz Inácio Lula da Silva 13”, sugeriu Carlos Santos. “Isso Padre. Vamos no Lula que não tem esse ódio e falta de respeito pela fé”, declarou Toni.

“O bom é que não fala em nome de ninguém, mas tem uma galera revoltada por achar que, pelas características apresentadas, não tá falando bem do seu candidato”, ironizou Igor Medeiros.

Quem é o Padre Gleiber Dantas?

Gleiber Dantas é o padre que aparece em um vídeo que viralizou este ano cantando a música Boate Azul tomando uma bebida. Ele também é conhecido por conduzir os leilões da Festa de Santana, em Caicó, se balançando numa rede.

É uma figura muito querida na região Seridó.

 

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Mídia deve assumir seu papel na naturalização da extrema-direita no Brasil

Por Milly Lacombe*

Mensalão e Petrolão são escândalos de corrupção fincados na cabeça dos brasileiros. São, também, diretamente associados ao PT.

Foram revelados durante administrações petistas e nós da imprensa demos a eles seus devidos tamanhos.

É inaceitável que dinheiro público seja desviado, especialmente se houver uma organização criminosa para fazê-lo.

Deixa eu falar um pouco do caso que ficou conhecido como Petrolão.

Em 1989, o jornalista Ricardo Boechat ganhou um prêmio Esso com uma reportagem sobre a corrupção na Petrobras.

Em 1993, finalmente uma CPI foi instaurada para investigar o esquema em que um cartel de empreiteiras desviava verbas do orçamento da União corrompendo políticos. Eram “os anões do orçamento”, um nome ruim se a intenção era comunicar o tamanho da roubalheira. Petrolão, por outro lado, é um nome ótimo. Pena que só pensaram nele anos depois. Mas voltemos ao fio de ideias.

A CPI deu apenas em um processo, contra o jornalista Paulo Francis. Ou seja, não deu em nada.

FHC, em 1995, nomeou Geraldo Brindeiro como procurador-geral da República e renovou por três vezes o seu mandato. Dos 626 inquéritos que chegaram às mãos de Brindeiro na PGR, apenas 60 denúncias foram encaminhadas. Por isso ele ficou conhecido como engavetador geral da República.

Diante dessa indecência promovida por FHC, em 2001 membros do Ministério Público exigiram que FHC respeitasse a lista tríplice de nomes. FHC ignorou e renomeou Brindeiro.

Aí entra o PT no governo.

Lula, ao assumir, fez logo de cara uso da lista tríplice e nomeou o nome mais votado pelos membros do MP sem questionar.

Entre 2003 e 2009, com Lula portanto, o número de operações realizadas pela Polícia Civil foi de 18 para 236. A PF passou a se concentrar em crimes contra os cofres públicos.

Em 2007 foram 183 operações e 2800 pessoas presas. Não tinha Lava Jato, não tinha manchetes diárias, não tinha eco na mídia. Por que, você deve se perguntar.

A PF foi reformada durante as administrações de Lula. Autonomia, melhores salários e operações de combate à corrupção.

Outra vez: estou apenas listando fatos facilmente comprovados.

O PT atuou para que escândalos de corrupção viessem à tona. Coisa que nem Sarney, nem FHC fizeram – muito pelo contrário. A mídia não divulgou as coisas desse jeito.

Esses dados nos indicam que o PT não foi o partido que inventou a corrupção, nem mesmo o partido que a organizou no Brasil.

Não se trata de tirar sua responsabilidade, mas de colocá-la em seu devido lugar dando a ela seu real tamanho.

Jornalismo, vamos lembrar, também é contexto.

Mas mesmo quem compreende que nenhum desses esquemas de desvio de verba foi montado nas administrações petistas confere ao PT a exigência do desmantelamento – que não foi feito.

Por que quem veio antes de Lula nunca foi responsabilizado pelo não desmantelamento?

Por que FHC nunca foi responsabilizado pelo acobertamento?

Por que os atuais escândalos de corrupção não ganham nomes populares como Mensalão e Petrolão? Por que não estão nas manchetes diárias?

Os nomes escolhidos para nomear os esquemas de corrupção desvendados durante as administrações petistas são ótimos.

Eles comunicam a grandeza dos desvios. A imprensa pegou esses nomes e cravou no noticiário sem cessar por anos.

Uma ida ao Manchetômetro da UERJ, e tudo pode ser comprovado.

O Manchetômetro, aliás, é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) que não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Mas voltemos ao encadeamento de ideias.

Diante de todos os prejuízos do Mensalão, é de se imaginar que, havendo qualquer coisa parecida, o peso que nós da imprensa daríamos a isso seria o mesmo.

Vejamos o orçamento secreto, que, para Simone Tebet, pode ser o maior escândalo de corrupção do Planeta (vídeo abaixo).

Os números do orçamento secreto deixam, desde já, o Mensalão como brincadeira de criança.

Falemos do nome: orçamento secreto.

O que ele comunica? Nada.

Orçamento é uma palavra aborrecida e secreto não tem rejeição.

Mesmo com esse nome tedioso, a pergunta é: o escândalo está nas manchetes? Não. Deveria? Sim.

Com enorme destaque. Todos os dias.

A família Bolsonaro comprou 51 imóveis com dinheiro vivo. Está nas manchetes? Esteve por menos de uma semana. E aí sumiu.

E se fosse o Lula? O que teria acontecido?

Dá pra gente imaginar dado que a visita a um apartamento em obra levou Lula para a cadeia.

O apartamento em questão, aliás, foi chamado de triplex o tempo inteiro pela mídia. Vocês podem tentar adivinhar por que foi assim nomeado?

O escândalo do orçamento secreto deveria estar em destaque nas manchetes na mesma medida do que foi feito com o Mensalão.

Ou talvez até mais porque estamos diante de uma eleição que pode acabar com o que resta de democracia.

E esse aspecto também deveria ser ressaltado diariamente pela imprensa: Bolsonaro fala em golpe, ameaça o golpe, acha que adversário político deve ser exterminado e é risco real e imediato às nossas vidas.

Mas vamos deixar pra lá a desumanidade em Bolsonaro e falar de corrupção, esse assunto tão importante para definir votos segundo muitos.

Há pelo menos 26 casos de corrupção associados ao governo Bolsonaro: funcionários fantasmas no gabinete do presidente e dos filhos, apoio aberto a milícias no Rio, os repasses para a conta de Michelle, o advogado de Bolsonaro escondendo Queiroz em sua casa, obras feitas pelo ministério da saúde sem licitação, esquema de contrabando de madeira ilegal no Ministério do Meio Ambiente, vacina sendo negociada pelo Ministério da Saúde pelo triplo do preço, pedido de propina de um dólar por cada dose comprada da vacina AstraZeneca.

Seguir usando nomenclatura tediosa para comunicar cada um deles não faz a informação chegar à população com a força que deveria chegar.

Para o orçamento secreto, por exemplo, nomes como “O Mensalão de Bolsonaro” seriam mais honestos.

É o que é: o Mensalão de Bolsonaro.

Por que não estamos comunicando dessa forma?

E as rachadinhas? O que são as rachadinhas?

São o crime organizado institucionalizado. Há três décadas.

A escolha do nome, no diminutivo e usando um verbo que comunica solidariedade (o que é rachar?) não ajuda na divulgação e compreensão do tamanho da roubalheira.

Esquema de corrupção, crime organizado, extorsão? Um pouco de criatividade nos faria encontrar um nome que pudesse comunicar todo o horror do que é esse esquema institucionalizado por Bolsonaro e seus filhos (leiam o livro de Juliana Del Piva, “O negócio do Jair”).

Ninguém mais pode questionar o fato de que Lula e sua frente ampla são os únicos atores capazes de nos livrar da ameaça de um segundo mandato de Jair Bolsonaro – um mandato que como ensina o livro “Como as democracias morrem” sacramentaria o golpe, o fim da Amazônia, das instituições, dos direitos humanos etc.

Por que o noticiário ainda se refere a essa frente como “Lula” ou “O PT” apenas? Por que não chamar de Frente Ampla Democrática?

Comunicar é repetir. Temos a obrigação de repetir, de nomear as coisas corretamente, de não nos omitir.

Esse é o papel da imprensa em tempos de paz, mas é ainda mais em tempos de guerra.

Existe apenas uma força mobilizando o campo fascista nessas eleições, e ela se chama antipetismo. O antipetismo é uma paranoia delirante que foi incansavelmente promovida pela imprensa.

O já igualmente histórico e infame editorial do Estadão do “Uma escolha muito difícil” fez coisa demais pela naturalização da extrema direita nesse país.

A cada absurdo não confrontado dito diante das câmeras por Bolsonaro estamos naturalizando a extrema direita.

A cada mentira não verificada dita em debate, idem. Não são mentiras sobre o número de escolas abertas em seu mandato. São mentiras que visam instalar paranoia, medo, bloqueio da imaginação e depressão. Não combatê-las é, proposital ou acidentalmente, naturalizar o fascismo que pulsa em Bolsonaro e em seus métodos.

Não bastaram 13 anos de governos democráticos para que o PT fosse aceito. A esquerda segue sendo demonizada, enquanto a extrema direita é naturalizada pela mídia.

Nós da imprensa precisamos assumir nosso papel na legitimidade da extrema direita no Brasil.

Aceitar sem questionar que nomes como Paulo Guedes (colunista de O Globo por dez anos), Kim Kataguiri, Helio Beltrão, Merval Pereira, Augusto Nunes, Alexandre Garcia etc sejam vozes normalizadas e centrais nos maiores veículos e que não encontram contra-argumentação nos trouxe até aqui.

Quando Guilherme Boulos foi contratado como colunista da Folha, os mesmos que sempre aceitaram os nomes acima – que hoje vão sendo desmascarados como sendo de extrema direita – berraram em revolta e indignação.

Boulos não!

Por que Boulos não? Kataguiri pode, Beltrão pode, Nunes pode, mas Boulos não?

Merval pode, mas Boulos não

Essa semana, o governador Romeu Zema foi entrevistado na GloboNews e disse que Bolsonaro não representa ameaça à democracia. Não foi questionado. Sua palavra ficou como a palavra final.

Silenciar diante de uma declaração mentirosa como essa é compactuar.

Não estamos aqui falando de achismos ou de desejos. Estamos falando de fatos.

Em dois minutos podemos listar vinte motivos para contra-argumentar Zema. Não foi feito.

Todo mundo pode não gostar de Lula, do PT, do petismo, da esquerda.

Democracia comporta conflitos e disputas.

Direita e esquerda são campos válidos. Mas seria preciso começar a dizer em alto e bom som que a esquerda que o PT representa nunca pregou o extermínio do campo adversário.

E a extrema direita que Bolsonaro representa prega isso todos os dias há quatro anos.

Não estamos falando de simetrias. É hora de a imprensa assumir um lado nessa história.

Agora mais do que nunca precisamos nos agarrar aos fatos e não a crendices e preconceitos porque a ameaça de colocarmos os dois pés num regime fascista está no horizonte.

Derrotar Jair Bolsonaro e seus métodos milicianos de gestão e de institucionalização de assédios é a missão de qualquer pessoa que acredite em democracia. E é a da imprensa.

Não é preciso muita coisa. Basta as palavras certas, manchetar os escândalos de corrupção, confrontar as mentiras ao vivo e repetir, repetir, repetir.

No dia 2 de janeiro de 2023 poderemos voltar a fazer oposição justa, coerente e honesta ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva com a certeza de que nossas vidas não serão submetidas a nenhum tipo de assédio ou de extermínio institucional.

Preciso ressaltar que se por um lado a imprensa tem papel decisivo na naturalização da extrema direita, ela também tem papel decisivo em abrir as frestas para que os escândalos de corrupção sejam trazidos à luz do dia.

Foi assim no Mensalão, no Petrolão, no esquema de distribuição de fake news de Bolsonaro em 2018 por Patricia Campos Melo e agora, com Juliana Dal Piva, com sua investigação de quatro anos sobre quem é Jair Bolsonaro e sobre seus métodos de atuação.

Reforço a recomendação para que leiam o livro ” O Negócio do Jair” enquanto é tempo.

*É jornalista e colunista do UOL.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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Nascido politicamente na ditadura, José Agripino atinge a velhice abraçado com o time de Lagartixa e Lagartão

Por Daniel Menezes*

 

Derrotado em 2018 e após um período sabático, o ex-senador José Agripino reapareceu liderando o partido União Brasil. Em entrevista há alguns meses, disse que Jair Bolsonaro estava transformando o país num pária internacional e fez um conjunto de críticas pelas mortes causadas por Bolsonaro durante a pandemia. Foi uma grata surpresa e este blogueiro fez elogios públicos em suas redes sociais e aqui no blog. A análise se revelou precipitada.

Poxa, José Agripino é da velha guarda, sabe o que é a fina arte de Maquiavel e o mal que o militar expulso das forças armadas por indisciplina está fazendo ao Brasil. Ele mesmo disse com suas próprias palavras. E entende perfeitamente bem porque FHC, Pedro Malan, os economistas do plano real, Simone Tebet e tantos outros declararam voto em Lula contra Jair Bolsonaro, hoje aglomerado com fundamentalistas, militares, defensores da tortura, loucos de youtube e o pior da classe política nacional. O Maia em pauta é uma pessoa muito rica e já passou por todos os cargos possíveis na sua carreira política. Na minha ingenuidade, imaginei que ele iria se levantar contra o orçamento secreto, esta corrupção institucionalizada e generalizada criada nas contas governamentais. Achei que já chegando aos 80 anos iria defender a democracia junto com a frente ampla formada. Mas não: deu marcha à ré e declarou apoio a Bolsonaro, o mesmo que ele desancou do ponto de vista político e até humanitário.

Agripino surgiu para a política na ditadura a partir de sua nomeação para prefeito biônico pelo seu primo, Lavoisier Maia, que era governador indicado na década de 1970. Apelidado de galego do Alecrim, venceu Aluízio Alves em 1982 para o governo numa eleição precedida por uma reforma eleitoral em cima da hora, para que ele e outros candidatos da ditadura não perdessem a disputa. Depois de 50 anos, era chegada a hora dele encerrar a sua biografia com altivez e demonstração de que sua adesão à democracia foi sincera. Maia, no entanto, preferiu tentar levar com Bolsonaro para amanhã indicar meia dúzia de cargos e ter alguma ascendência política, algo que não fará qualquer diferença na sua história, na sua carreira política ou em sua situação financeira.

O José Agripino da entrevista sobre quem é Jair Bolsonaro durou apenas alguns meses. Voltou aquele velho conhecido de sempre. Não deveria espantar. Agripino nasceu politicamente no regime ditatorial e atinge a velhice com um governo que, se eleito, promete abertamente – pela própria boca de Jair Bolsonaro – dominar o judiciário, alterando a composição do Supremo Tribunal Federal, de 11 para 16 e antecipando a aposentadoria de parte dos magistrados, para obter uma maioria artificial sobre a mais alta corte do país. A ação é exatamente a mesma feita pela ditadura militar através de AI-2.

A política sempre tem um ensinamento a nos passar. E o dado no caso é que, de onde menos se espera, é de lá que nada irá sair mesmo. Agripino, que já foi uma das pessoas mais poderosas do RN, vai terminar a vida política abraçado com o time de lagartixa e lagartão.

*É professor da UFRN e editor do Blog O Potiguar.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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A democracia militante

Por Rogério Tadeu Romano* 

I – O NEOFACISMO

O fato que foi noticiado pelo site do Estadão, em 12 de setembro do corrente ano, nos traz preocupação:

‘Cem anos depois da chegada do líder fascista ao poder, o culto a Benito Mussolini se mantém intacto entre o povo de Predappio, onde nasceu e foi enterrado. Seu túmulo, localizado na cripta da capela da sua família, atrai dezenas de milhares de visitantes todos os anos.

Nostalgia ou curiosidade, muitas pessoas transitam diante dos restos mortais de “il Duce”, cujo legado segue forte no partido pós-fascista Irmãos da Itália. Comandada por Giorgia Meloni, a legenda lidera as pesquisas para as eleições parlamentares, marcadas para 25 de setembro.

Na cripta, decorada com um busto branco de Mussolini, um livro dourado colocado diante do sarcófago de pedra, coberto com a bandeira italiana, está repleto de mensagens amorosas: “Nunca vou te esquecer”, “vamos renascer”, “volta!”.”

Hoje o movimento neofacista no Brasil  se apresenta sob a forma do bolsonarismo.

Esse neofascismo no mundo ganha cada vez mais adeptos. Veja-se o que ocorre na Hungria, na Polônia.

Na Suécia, com raízes neonazistas,  o partido Democratas da Suécia (SD) conquistou mais de 20% dos votos nas eleições do dia 10 de setembro do corrente ano, e pode fazer parte do governo pela primeira vez na História.

No Brasil, o desfile “cívico-militar”, no 7 de setembro de 2022, deve ser visto como um alerta para os que amam a democracia. Aliás, Bolsonaro é um personagem tipicamente de extrema-direita que não convive com os ideais democráticos.

Disse bem Mathias Alencastro, em artigo para a Folha, publicado em 12 de setembro de 2022, que Jair Bolsonaro é de extrema-direita.

Guilherme Caetano(O Globo) salientou:

“Uma das mais notáveis mudanças foi a aceleração da internacionalização da extrema-direita brasileira, agora ator global de peso, diz Odilon Caldeira Neto, coordenador do Observatório da Extrema Direita. E, após as derrotas de Donald Trump nos EUA e José Antonio Kast no Chile, as eleições brasileiras, afirma, ganharam mais relevância:

— O Brasil passou de receptor a produtor de premissas de extrema direita. Não à toa, Steve Bannon tem muito interesse na eleição daqui — diz.

O ex-conselheiro político do ex-presidente Trump foi considerado um dos responsáveis pela vitória do republicano em 2016. E antes mesmo de assumir a Presidência, Bolsonaro já mantinha contato com Bannon, relação cujo elo sempre foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).”

II – O FASCISMO

O fascismo nos evoca episódios de triste memória.

O fascismo é diferenciado das ditaduras militares porque o seu poder está fundamentado em organizações de massas e tem uma autoridade única. Os seus membros são na sua grande maioria provenientes da classe operária e da pequena burguesia rural e urbana, ou seja, dos ameaçados pelos fortes intervenientes do grande capital e do sindicalismo comunista.

Quando o fascismo se estabelece no poder, aceita a presença do grande capital e se impõe de forma disciplinadora, impedindo que as organizações operárias defendam a luta de classes (sindicatos, partidos políticos).

O fascismo é caracterizado por uma reação contra o movimento democrático que surgiu graças à Revolução Francesa, assim como pela furiosa oposição às concepções liberais e socialistas.

O termo fascismo passou a ser usado para englobar tanto os regimes diretamente ligados ao eixo Roma-Berlim e seus aliados, como os sistemas de autoridade que atribuíam ao estado funções acima daquelas que as democracias lhe entregavam. É o caso das referências ao “fascismo” espanhol, brasileiro, turco, português, entre outros.

Em 1945, com a queda dos principais estados fascistas e com a divulgação das atrocidades cometidas, o movimento fascista perdeu possibilidades de grandes mobilizações. Apesar disso, alguns grupos minoritários se mantiveram nos antigos estados fascistas (neofascismo).

O Estado fascista criado por Benito Mussolini, na Itália, em 1922, foi o ponto de partida para o totalitarismo da direita que teve notável incremento na Europa depois do 1º conflito mundial, entre 1914 e 1918, e atingiu a América Latina a par dos movimentos de exaltação nacionalista.

A liberal democracia, em franca decomposição, não podia fazer face à terrível crise social que assolava o mundo, nem podia oferecer a resistência eficaz à ameaça do imperialismo russo, de esquerda. Nessa conjuntura perigosa para a liberdade dos povos e para a sobrevivência da civilização ocidental, foi que se deu o aparecimento dos homens providenciais, ousados condutores das massas que sabiam explorar não só o descontentamento do proletariado como ainda aos sentimentos nacionalistas, arvorando-se em salvadores das nações. Na lição de Pedro Calmon, em todas as épocas de ruptura do equilíbrio entre um método clássico de governo e a inquietação social que impõe outras formas políticas, proporcionou o advento do que a sociedade chamou como “homens providenciais”.

Assim as novas organizações políticas que surgem inspiradas pela vontade onipotente desses líderes ou detentores eventuais do poder, constituem esse conjunto heterogêneo de Estados Novos, no panorama confuso do pós-guerra, todos eles adaptados arbitrariamente, em cada país, às contingências transitórias de um dado momento histórico.

Nessa situação certas características são comuns encontradas em estados de extrema-direita no poder: a) concentração de toda a autoridade nas mãos de um chefe supremo; b) restrições às liberdades públicas e regime de censura; c) prevalecimento do interesse coletivo sobre o individual; d) partido único; e) dirigismo econômico; f) estatismo, nacionalismo ou racismo, como objetivo moral do Estado.

Valeram-se os ditadores de ideias forças (unificação e grandeza da pátria) para galvanizar os espíritos e polarizar os sentimentos cívicos da comunidade nacional. No setor econômico, postergavam a livre concorrência, o laissez faire, do capitalismo, estabelecendo o primado da coletividade sobre o indivíduo.

Na Itália, com o fascismo, embora surgisse do oportunismo, sem doutrina, depois de consolidado no poder, passou a teorizar um sistema peculiar: o Estado é criador exclusivo do direito e da moral; os homens não têm mais do que o Direito que o Estado lhes concede: o Estado é personificado no partido fascista e este não encontra limites morais ou materiais à sua autoridade; todos os cidadãos e seus bens lhe pertencem; os opositores são considerados como traidores e sujeitos à justiça que é controlada pelo órgão executivo.

No fascismo, cabe ao Estado dar ao povo uma vontade consequentemente uma existência efetiva. O Estado, dentro da concepção trazida por Hegel, é absoluto, diante do qual os indivíduos e os grupos são o relativo. Daí porque se dizia: “Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado”.

É evidente a afinidade entre o fascismo e a doutrina do famoso secretário florentino exposta no livro, O Príncipe, tanto que o próprio Mussolini, na Itália, como chefe de governo, escrevendo Prelúdios a Maquiavel, em 1924, mencionou que na atualidade italiana o maquiavelismo estava mais vivo do que na época de seu aparecimento. Para o príncipe, para que haja respeito é preciso que se tema.

O partido que assume o poder não é um órgão de representação política, mas depositário único da confiança nacional e o intérprete exclusivo da vontade do povo.

É a própria nação italiana, sob o fascismo, que integra no partido e se deixa dirigir pela vontade incontrastável do homem providencial. O partido era ao mesmo tempo, Estado, nação, governo e organização produtiva.

No final de 1921, nasceu o Partido Nacional Fascista (PNF), cujo símbolo era exatamente o “fascio littorio”. Menos de um ano depois, Mussolini assume o poder. Ele fortaleceu sua influência na Itália angariando o apoio de industriais, empresários e do Vaticano, e tornou-se referência para regimes autoritários mundo afora – Francisco Franco na Espanha, António Salazar em Portugal e, sobretudo, Adolf Hitler na Alemanha (que por muito tempo manteve um busto do Duce italiano em seu escritório) tiveram em Mussolini e no seu regime uma grande fonte de inspiração.

Regime totalitário baseado num partido único, a característica fundamental do fascismo foi a militarização da política, que era tratada como uma experiência de guerra: além do projeto de expansão imperial, com a supremacia fascista imposta no Estado e na sociedade, o regime tratava os adversários como inimigos que deveriam ser eliminados. No mês passado, a Itália lembrou os 80 anos da chamada lei racial, aprovada contra os judeus e que estava em consonância ao regime nazista de Hitler.

“O fascismo sempre negou a soberania popular, enquanto o nacionalismo populista de hoje reivindica o sucesso eleitoral. Esses políticos de agora se dizem representantes do povo, pois foram eleitos pela maioria. Isso o fascismo nunca fez”, comenta Emilio Gentile.

No Brasil ele se apresentou nos anos trinta do século XX através do integralismo, que se infiltrou de forma voraz na vida nacional, produzindo obra através de vários pensadores a partir de Plínio Salgado.

III – A DEMOCRACIA MILITANTE

A democracia precisa reagir.

O princípio da democracia destina-se, pois, a amarrar um procedimento de normatização legítima do direito. Ele significa, portanto, que somente podem pretender ter validade legítima leis juridicamente capazes de ter o assentimento de todos os parceiros de direito em um processo de normatização discursiva. O princípio da democracia contém, desta forma, o sentido performativo intersubjetivo necessário da prática da autodeterminação legítima dos membros do direito que se reconhecem como membros iguais e livres de uma associação intersubjetiva estabelecida livremente.

Na lição de Habermas, o princípio da democracia pressupõe preliminarmente e necessariamente a possibilidade da decisão racional de questões práticas a serem realizadas no discurso, da qual depende a legitimidade das leis.

Para Habermas, é equitativa a ação quando a sua máxima permite uma convivência entre a liberdade do arbítrio de cada um e a liberdade de todos conforme uma lei geral.

Na democracia há a permanente realidade dialógica. No totalitarismo rompe-se o diálogo, aniquilam-se as liberdades. Desconhecem-se direitos.

Pensemos em barreiras legais à ação daqueles que advogam contra os princípios e as instituições democráticas. Nesse sentido, Karl Loewenstein propôs, em 1937, a controvertida doutrina da “democracia militante”, incorporada pela Lei Fundamental em 1949 e aplicada pela Corte Constitucional alemã nas décadas seguintes. Foi o caso do combate a organizações terroristas de esquerdas que atuaram na década de 1970 na Alemanha e no combate à extrema-direita, que tem por objetivo acabar, solapar, a democracia.

Por essa doutrina, é possível investigar e mesmo restringir direitos de grupos que ameaçam a democracia, como agora ocorre com os radicais no Brasil.

O grande exponente da teoria da democracia de militância foi o constitucionalista alemão Loewenstein (1937), o qual defendia que não deveriam sequer participar da competição política os partidos políticos que não se coadunassem com o regime democrático.

Sobre essa doutrina da democracia de militância, nos ensina Tarsila Ribeiro Marques Fernandes (Democracia Defensiva, in RIL Brasília a. 58 n. 230 p. 133-147 abr./jun. 2021):

“As premissas da democracia militante, portanto, eram a de que o regime democrático deveria contar com mecanismos (ainda que antidemocráticos) para evitar que agentes políticos com ideais totalitários de poder, tais como Hitler, utilizassem instrumentos democráticos para chegar ao poder. Assim, deveriam ser criados meios para que a democracia se defendesse dos partidos que buscassem alçar-se ao poder para destruí-la. Isso porque o fascismo, classificado por Loewenstein (1937) como uma técnica política, só conseguiria ser vitorioso em razão das condições favoráveis oferecidas pelas instituições democráticas, em especial em virtude da tolerância democrática.

De acordo com Loewenstein (1937, p. 424):

A democracia foi incapaz de proibir aos inimigos de sua própria existência o uso de instrumentalidades democráticas. Até muito recentemente, o fundamentalismo democrático e a cegueira legalista não estavam dispostos a perceber que o mecanismo da democracia é o cavalo de Tróia pelo qual o inimigo entra na cidade. Ao fascismo, disfarçado de um partido político legalmente reconhecido, foram concedidas todas as oportunidades das instituições democráticas.

Com base na teoria da democracia militante, partidos políticos com objetivos antidemocráticos deveriam ter o seu registro negado ou cassado, em nome da defesa do próprio regime democrático. A necessidade de uma democracia militante, portanto, surge do imperativo de autoproteção e autopreservação da democracia (LOEWENSTEIN, 1937, p. 429).”

Isso pode-se chamar de democracia militante.

Dir-se-ia que as democracias constitucionais já estabeleceram mecanismos voltados a conter ataques aos seus pilares fundamentais. Mas, a democracia, como forma de convivência, tem sempre a sua volta o espectro de pensamentos contra ela voltados. Para tanto, há, como no Brasil, com sua Constituição-cidadã de 1988, a fixação de cláusulas pétreas que defendem a sua integridade contra qualquer possibilidade de alteração. Isso é um indicativo a Corte Constitucional, suprema guardiã da Carta Democrática, para a sua atuação. Um desses pontos que não podem ser objeto de alteração é o respeito a independência dos poderes.

Tal serve de alerta para o Brasil onde temos um Executivo em flerte com a ditadura e o autogolpe.

Disse ainda Tarsila Ribeiro Marques Fernandes (obra citada):

“Por essas razões, para que a democracia possa sobreviver, é imprescindível que mecanismos sejam criados no ambiente democrático a fim de restringir a liberdade de grupos ou atores políticos que, por meio de ideias totalitárias ou intolerantes, ameacem a própria democracia. Nesse ponto, percebe-se que as ideias de Loewenstein e de Popper se aproximam no sentido de defender a necessidade de exclusão de certos grupos políticos como forma de sobrevivência da democracia. De uma maneira objetiva, pode-se concluir que a lógica tanto da democracia militante quanto do paradoxo da tolerância é no sentido de que a democracia não pode transformar-se num pacto suicida, razão pela qual devem ser garantidos mecanismos para a legítima defesa da ordem democrática.”

Não há convivência entre a extrema-direita fascista e a democracia, homenageada pela Constituição de 1988 que elegeu o Estado Democrático de Direito como meio de convivência de nossa sociedade.

No Brasil, o chamado inquérito em que o Supremo Tribunal Federal apura a existência e materialização de atos antidemocráticos é um exemplo claro da aplicação dessas teses da democracia defensiva.

Aliás, os julgamentos preferidos pelo STF nas ADIs nos 6.347, 6.351 e 6.353 e na ADPF no 572 demonstram que a teoria da democracia defensiva, ainda que sem referência ao seu nome, já tem sido objeto de aplicação prática. Ademais, esses julgamentos evidenciam que a Suprema Corte brasileira está consciente do momento de crise aguda que o País enfrenta e do seu papel como um dos garantidores da democracia.

Em caso de erosão da democracia e de hipertrofia de algum dos Poderes, as demais instituições devem agir de forma firme e proporcional ao ataque sofrido.

Temos para tanto, como defesa, nossa Constituição-cidadã, que é o único caminho viável e democrático para a superação da crise.

Na democracia brasileira, sob o bojo da Constituição-cidadã de 1988, não há lugar para Jair Messias Bolsonaro, candidato da extrema-direta.

*É procurador da república aposentado com atuação no RN.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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Candidato acusado de triplo homicídio é libertado e recebido com festa por bolsonaristas

O candidato a deputado estadual Wendell Largatixa (PL) foi libertado na tarde desta quinta-feira em clima de festa por apoiadores dele e do presidente Jair Bolsonaro (PL) na porta do presídio onde ele cumpria prisão preventiva em Ceará-Mirim, na Grande Natal.

PM reformado, Wendell está detido, acusado de envolvimento em um triplo homicídio. Mesmo dentro da cadeira ele conseguiu ter o registro de candidatura deferido.

Após ser carregado nos braços, Wendell saiu em carreata pela Zona Norte de Natal.

A Decisão

A libertação dele foi graças a uma decisão do juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Natal, José Armando Dias Junior.

O magistrado anulou a prisão preventiva de Wendell e João Maria da Costa Peixoto, conhecido como “João Grandão”. Os dois são acusados de serem autores de um triplo homicídio ocorrido em abril deste ano na Zona Norte de Natal.

A decisão que libertou o candidato acatou parcialmente a denúncia do envolvimento no triplo homicídio, rejeitando as acusações de formação de grupo de extermínio e milícia privada.

Assim Wendell passou a poder responder o processo em liberdade. A tendência é que o sargento da PM Francisco Rogério da Cruz e Roldão Ricardo dos Santos Neto que estão envolvidos no caso também sejam postos em liberdade.

Com informações do Agora RN.