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Foro de Moscow 24 jan 2023 – A potiguar que deveria proteger os ianomâmis

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Reportagem

Indicada de João Maia estava em cargo que poderia evitar crise humanitária dos Ianomâmis

Tem potiguar envolvida na tragédia humanitária que levou a morte de crianças ianomamis em Roraima. O problema de saúde indígena veio à tona na última sexta-feira.

O problema é atribuído a falta de atenção do governo de Jair Bolsonaro (PL) com a população indígena.

Uma potiguar estava em um cargo chave ao longo segundo semestre de 2022. Trata-se da odontóloga Midya Hemilly Gurgel de Souza Targino, de 27 anos. Ela é ex-mulher de um sobrinho da prefeita de Messias Targino, Shirley Targino (PL), esposa do deputado federal João Maia (PL).

Maia é o padrinho político de Midya. Foi ele quem a emplacou na estrutura do Governo Federal. Primeiro tirando ela da Secretaria Municipal de Saúde de Messias Targino para ser superintendente do Ministério da Saúde no Estado do Rio Grande do Norte (SEMS/RN) em dezembro de 2020.

Após se separar do sobrinho de Shirley, Midya trocou Natal por Brasília. Primeiro sendo indicada em janeiro de 2022 para o cargo de Coordenadora-Geral de Fortalecimento da Gestão dos Instrumentos de Planejamento do SUS, na Secretária Executiva do Ministério da Saúde. Somente em julho de 2022 ela assumiu a função de Diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde.

No site do Ministério da Saúde, o departamento é descrito assim:

O Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena (DAPSI) é responsável pela condução das atividades de atenção integral à saúde dos povos indígenas, por meio da atenção básica, da educação em saúde e da articulação interfederativa, ou seja, articulação com os demais gestores do SUS para provimento das ações complementares e especializadas.

A atenção integral à saúde indígena é composta por um conjunto de ações para a implementação da Atenção Primária à Saúde nos territórios indígenas. Estas ações visam promover a proteção, a promoção e a recuperação da saúde desses povos de maneira participativa e diferenciada, respeitando-se as especificidades epidemiológicas e socioculturais dos povos indígenas e articulando saberes no âmbito da atenção.

Além disso, contempla também as ações de articulação com os serviços de média e alta complexidade de modo a atender integralmente as necessidades de saúde dos povos indígenas, assim como o apoio para o acesso desses povos à referida rede de serviços”.

Midya ficou no cargo até 20 de dezembro quando foi exonerada pelo então ministro chefe da casa civil Ciro Nogueira (PP), que voltou a ser senador pelo Estado de Piauí.

Foi justamente ao longo do período em que Midya esteve num cargo relacionado a atenção básica da saúde indígena, que prevê um relacionamento Interfederativo, que transcorreram as negligências com a comunidade ianomâmi em Roraima.

Em novembro de 2022 uma Operação da Polícia Federal desvendou um esquema de desvio de medicamentos que deveriam ser enviados para a aldeia.

Calcula-se que em quatro anos 570 crianças da comunidade morreram por causa da desnutrição sem contar os casos de malária.

As imagens de indígenas famélicos assombraram o mundo e o presidente Lula (PT) esteve em Roraima no sábado acompanhado de ministros para anunciar medidas emergenciais.

Segundo o jornalista Jamil Chade, do UOL, o caso será levado ao Tribunal Penal Internacional de Aia, na Holanda.

O Blog do Barreto entrou em contato telefônico com Midya Hemilly Gurgel De Souza Targino. Ela não atendeu as ligações nem respondeu as mensagens.

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Matéria

Girão espalha fake news que afirma que ianomamis em situação de fome são da Venezuela

Não existe fake news espalhada nas redes bolsonaristas que o deputado federal General Girão (PL) não contribua espalhando. Com a história da tragédia envolvendo os indígenas da tribo Ianomami não seria diferente.

Girão ataca Lula e o PT usando informação antiga como se fosse recente

Logo que estourou a notícia da tragédia humanitária que levou a morte de 570 crianças por fome, os bolsonaristas espalharam que os indígenas que estão sofrendo com a fome estão vindo da Venezuela.

Na manhã desta segunda-feira, Girão postou no Twitter notícia publicada no site do Governo Federal em 10 de dezembro de 2021 que relata o envio pela Força Aérea Brasileira (FAB) de 22,5 toneladas de alimentos a comunidades ianomamis.

Girão usou notícia de 2021como se fosse recente

A notícia nada tem a ver com a tragédia que vitimou os indígenas no final do governo de Jair Bolsonaro. A postagem é antiga e não detalha ações na área de saúde.

Ainda assim Girão escreveu ao compartilhar a notícia de 2021: “O Partido das Trevas não cansa de mentir. Agora, o ex-presidiário protagoniza uma palhaçada internacional, usando os pobres índios Yanomamis como massa de manobra. Os índios desnutridos são oriundos do êxodo da ditadura venezuelana”.

Em seguida ele disse ter ocorrido uma ação “humanitária” da gestão do ex-presidente Bolsonaro sem dar maiores detalhes. “Fugindo da fome e da falta de assistência do governo amigo do PT, os índios encontraram abrigo e ação humanitária no Gov. Bolsonaro. Essa é a verdade dos fatos. Esperamos que mais ações sejam feitas em prol dos imigrantes da Venezuela, no lugar de encontros com o ditador de lá!”, escreveu.

Em reportagem publicada hoje no UOL (ver AQUI) o jornalista Jamil Chade trouxe a informação de que o Governo Bolsonaro foi pressionando pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a tomar providências para garantir a saúde dos indígenas.

O Governo Bolsonaro nada fez para impedir a presença de 20 mil garimpeiros ilegais que espalharam doenças como a covid-19.

A conclusão do CIDH foi de que as informações repassadas eram “gerais e programáticas” sem a permissão para serem avaliadas in loco.

No último sábado o presidente Lula foi a Roraima acompanhado de ministros anunciar uma série de medidas para ajudar a comunidade.