Por Domício Arruda*
Foi só o comitê de assessoramento científico liberar festas e competições, para animar a vaqueirama.
Os cavalos estão nas pontas dos cascos, depois de tanto tempo presos nas baias.
A boiada, sobrevivente da longa estiagem, no começo de invernada, com a rama e a malva brotando em campos abrejados, já recuperou o peso perdido.
Experiente, a amazona, soberana no pátio, ainda espera adversários para a corrida principal, como sempre ocorreu no disputadíssimo Parque Rio Grande.
Do curral da esquerda, já se sabia que não sairia peão ousado o bastante para o desafio. É muito melhor continuar bem tratado, perto da cocheira e da ração que dá sustança.
Era de se esperar que dos camarotes, onde sempre os maiorais ficam reunidos, juntos e misturados, no conversê e na comilança, pudesse aparecer alguém, mesmo calçando botas da mesma forma 40,
Não adiantaram incentivos, pesquisas, torcida e corda dos locutores que são pagos pra isso mesmo: animar o espetáculo. Ninguém acredita que apenas 34% da plateia está aplaudindo a vaqueira paraibana.
Quem foi aparecendo, também logo queimou o cal, bem antes de pegar o rabo do bicho brabo, de difícil lida.
Até general bateu fofo.
Aquele que poderia mudar de raia, ficou acuado no oitão da prefeitura, como um vaqueiro-jacu qualquer, vendo o cavalo selado passar.
O vice-campeão do último torneio, mais experimentado e com todo o tempo do confinamento para rever o videotape, corrigir erros, afinar o palavratório e disputar com chances reais, nenhum cronista, por mais poeira já tenha engolido, iria imaginá-lo, em outra parada, e no mesmo time do cordão encarnado.
É tanto medo e cautela, que não aparece vermelhinho algum para lembrar dos oligarcas papa-jerimuns, e reclamar do primo do companheiro, escalado pelo técnico nacional, para fechar a trinca..
Até o cow-boy francês, apeado do mais desejado animal, amansou. Com a promessa de lá na frente, ser acomodado num bom cercado, para renovar as energias.
Dois cavaleiros mais amostrado, da equipe do capitão, o mais poderoso de todos os fazendeiros, arrenegaram. Estribucharam pelos blogs amigos, mas acabaram na beira do rio das águas novas, e só na porrinha, decidiram quem ficaria no haras mais confortável da estância do governo, nas lonjuras do chapadão.
O presidente da associação dos profissionais fez pantim, mas quem conhece a tropa, sabe que não é de arriscar uma temporada na seca, sem milho farto e certo.
O mais experiente dos lembrados, bi-campeão das antigas, bem instalado com fartura de pasto, cortou a conversa pelo talo, e foi logo avisando que a corrida, nem ao filhote interessava.
Quando as luzes parecem que nem serão acesas, que o campeonato se resolve antes da boquinha da noite, na primeira bateria, lembraram que montado num bom quarto-de-milha, um boiadeiro que conheça bem a pista e o resto da caravana, pode surpreender e levar o grande prêmio.
E se arranjarem defeitos, associando o destemido ginete aos seus tempos de bate-esteira, e ao calote que o premiado deu na peãozada, pra aliviar a bronca, o jeito é trocar o nome na senha.
Fábio Berckmans tem pinta de vaqueiro-campeão.
*É médico e um dos editores do Blog Território Livre da Tribuna do Norte (texto extraído desta página).
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