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A verdade: crédito educativo e o FIES

Paulo Guedes considera o FIES um “desastre” (Foto: Evaristo Sá/AFP)

Por Ney Lopes*

O ministro Paulo Guedes classificou o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) como “desastre”, que enriqueceu meia dúzia de empresários.

Essa é uma história, que precisa ser contada e conhecida a sua verdadeira versão.

Fui o autor, como deputado federal, do projeto de lei nº 274, de 15/04/75, que criou o “crédito educativo” (CREDUC), no Brasil.

O financiamento abrangia “todos” os estudantes das Universidades, públicas e privadas, “sem exceções”, com o pagamento mensal, em média de dois salários mínimos, ajudando nas despesas com alimentação, vestuário, transporte, habitação, mensalidades, livros e material acadêmico.

O resgate era após dois anos da conclusão do curso, juros especiais, prazo de até o dobro do tempo da graduação, em função da renda e emprego conquistado.

A história da criação do “crédito educativo” em 1975 teve fatos curiosos.

O então ministro da Educação, senador Ney Braga tornou-se entusiasta da proposta que apresentei, inspirado em modelo conhecido nos Estados Unidos, durante estágio no país.

Logo após o início da tramitação legislativa na Câmara dos Deputados, o jornalista conterrâneo Murilo Melo Filho, de saudosa memória, comunicou-me que estivera com o Ministro Ney Braga, quando ele lhe disse que, com base no texto do projeto de lei nº 274/75, iria implantar o “crédito educativo”, através de uma linha de crédito criada por Resolução do BC, para operações na CEF e BB.

O Ministro considerava mais rápido, do que aprovar a lei no Congresso.

Consultado, logo concordei, por abreviar a vigência do benefício.

Assim nasceu o crédito educativo, a maior conquista e galardão da minha atividade parlamentar.

Em setembro de 1976, o CREDUC, com recursos do Fundo de Assistência Social, começou a liberar empréstimos para o custeio das despesas de estudantes carentes e permaneceu, durante mais de 13 anos.

Em 1999, quando já voltara à Câmara dos Deputados, o governo FHC mudou o nome do programa e apelidou de FIES. A mudança foi para pior.

O financiamento passou a ser apenas para os alunos de Universidades particulares. Excluiu às instituições públicas.

Na Câmara dos Deputados, constam inúmeros protestos que fiz, contra a alteração de critérios.

Por integrar a base de apoio do governo, fui afastado da vice-liderança do PFL, pela inconformação manifestada.

Em 2009, tudo começou a destrambelhar.

O presidente Lula resolveu usar o FIES e “escancarou” portas às instituições privadas de ensino e os bancos, entregando de “mãos beijadas”, o comando às Universidades particulares para financiarem as suas próprias mensalidades e “selecionarem” os beneficiários.

Até hoje, bancos privados condicionam a existência de aplicação financeira para liberar o crédito ao aluno carente .

Como pode acontecer tamanho absurdo? Quem procura o financiamento é por não possuir recursos financeiros.

Inacreditavelmente, uma simulação feita pelo “Estadão” demostrou, que pela baixa taxa de juros aplicada ao programa, os bancos orientam quem tenha o dinheiro para pagar a mensalidade, receber o crédito do FIES e investir os recursos próprios em títulos do tesouro, com rendimento anual de 12%.

Ao fim do período acadêmico, aquele que financiou, por exemplo, R$ 645 por mês teria economizado R$ 127 mil, já descontado o pagamento do financiamento.

Vê-se, que a ajuda ao estudante se transformou em operação bancária especulativa, com uso de recurso público para lucro privado no mercado de capitais.

Além desse crime, a má gestão do governo permitiu que universidades privadas incluíssem no FIES alunos “fictícios” e assim recebessem valores fraudados.

O “resumo da ópera” é que o TCU constatou descalabro e “rombo bilionário”.

Os contratos firmados nos governos Lula e Dilma, revelaram fraudes e “passivo” de 55 bilhões no programa.

Sinto-me comprometido com o CREDUC, que nasceu de iniciativa pessoal, em 1975.

Por isso, admito, caso tenha legenda, disputar o Senado, em 2022 e voltar ao Congresso para ser advogado de defesa na revitalização do “crédito educativo”, na forma como propus em 1975.

Se a “zebra” acontecer, ajudaria os alunos carentes das Universidades públicas e privadas. Se não acontecer, não terei me omitido.

Aristóteles dizia: “esperança é o sonho do homem acordado”.

*É jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN e advogado.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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Deputada propõe suspensão de cobranças do FIES durante a pandemia

Natália lembra que 1 milhão de estudantes encerraram 2020 com contratos inadimplentes (Foto: Pablo Valadares)

A deputada federal Natália Bonavides (PT/RN) protocolou, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 1.330/21 para suspender obrigações financeiras dos estudantes beneficiários do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES).

A proposição também garante que profissionais da saúde, que usaram o programa para financiar seus estudos e que estão atuando na linha de frente no combate à pandemia por meio de atuação no SUS, mantenham o direito ao abatimento mensal do valor devido. “Os estudantes que utilizam o FIES precisam ter a garantia da suspensão do pagamento para continuarem estudando. A crise econômica, social e sanitária tem se agravado e atingido principalmente a população mais vulnerável: sem emprego, sem renda, sem comida e com o permanente risco de morte circulando suas famílias. O nosso projeto busca amenizar alguns dos efeitos dessa severa crise pela qual passamos, garantindo que estudantes de instituições privadas, que precisam financiar seus estudos, continuem sua formação”, destacou Natália Bonavides.

Segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Fies encerrou 2020 com 1 milhão de estudantes com contratos inadimplentes, o equivalente a 35% do total. Só entre janeiro e abril  de 2020, 53.818 estudantes potiguares tinham dívidas com o financiamento. Na gestão do presidente Jair Bolsonaro, o número de novos contratos firmados pelo FIES em 2020 também caiu, sendo o menor registrado desde 2009.

Tanto a suspensão do pagamento das prestações como o abatimento no valor do saldo devedor foram garantidos no ano de 2020, mas estavam condicionados temporalmente à vigência do Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, que acabou em 31 de dezembro de 2020. A validade da suspensão dos pagamentos, de acordo com o projeto da parlamentar, será até a imunização de pelo menos 70% da população do país, percentual considerado pela OMS como seguro para que se chegue à imunidade coletiva.

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Deputado defende programa de empregos para jovens que contrataram FIES

Maia sugere solução para estudantes endividados (Foto: cedida)

O deputado federal João Maia (PL), que é membro da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal, foi um dos entrevistados na matéria apresentada no Jornal da Band nacional sobre o crescimento da inadimplência no  Programa de Financiamento Estudantil (FIES).
Através do FIES, o estudante paga a faculdade ou parte dela só depois de se formar, com juros baixos e prazos estendidos. Em abril, o índice de inadimplência chegou a 53% e a tendência é piorar.
A Comissão de Defesa do Comissão – CDC pediu ao Tribunal de Contas da União – TCU uma investigação sobre o Fies, que está em andamento. Para o deputado João Maia, uma possível solução seria a criação de um programa de emprego criado pelo governo federal para quem se formou com empréstimo da União. “A alta inadimplência nós sabemos que parte se deve ao desemprego. Nós achamos que o governo devia ter um programa de emprego para os alunos que usaram parte do dinheiro da União para se formar”, disse João Maia.