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Enfim 2018: um ano crucial para os rumos da política brasileira

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Finalmente 2018 começou, pelo menos do ponto de vista formal. Na prática esse ano já está em curso desde o dia 27 de outubro de 2014 quando as urnas do segundo turno foram abertas. Nunca um ano eleitoral foi tão aguardado e discutido.

Tudo que aconteceu entre 2015 e 2017 foi focando no ano que ora se apresenta ao povo.

São muitas perguntas que serão respondidas até o mês de outubro. Será um pleito diferente sobretudo pela presença de algo inédito: um candidato assumidamente conservador e de direita com chances reais de vitória.

Há tempos alerto que Jair Bolsonaro não deveria ser tratado como piada. Hoje ele encontra-se consolidado no segundo lugar e pode, por incrível que pareça, ser o maior beneficiário de uma eventual (e provável) exclusão de Lula do pleito.

Como assim? Perguntaria o leitor que não consegue enxergar a política além do nariz que respira pelo viés da ideologia. Lógico que uma pessoa de esquerda não votaria num candidato como Bolsonaro. Mas o povão não segue essa lógica. O grosso do eleitorado do PT tem gratidão a Lula pelos programas de inclusão social. Sem o líder petista, eles vão migrar para outro tipo de populismo: o de Bolsonaro bem ao estilo “bandido bom é bandido morto”.

E Lula? Seu futuro político está nas mãos do judiciário. A candidatura é mais que viável mesmo com todo o desgaste que sofre. Mas a ficha limpa pode tirá-lo do pleito.

O PSDB segue minguando principalmente pelo efeito Bolsonaro que lhe tirou boa parte do voto antipetista. O partido entra 2018 tentando se reinventar como alternativa de centro, mas manchado pelos escândalos de corrupção e imagem atrelada ao governo de Michel Temer.

Outros nomes brigam para não serem coadjuvantes em 2018. Destaque para Ciro Gomes (PDT), Álvaro Dias (PODE) e Marina Silva (REDE).

A surpresa pela esquerda pode ser Guilherme Boulos, Coordenador Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ele pode ser o candidato do PSOL.

O ano de 2018 já começou e pode ser de uma virada de rumos na política brasileira.

Ainda hoje

Análise sobre o ano de Rosalba

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Prognósticos para as eleições de 2018 no RN

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O populismo de extrema direita travestido em antipolítica

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Do “liso” em Jucurutu ao fenômeno Donald Trump nos Estados Unidos. Há um fenômeno em curso na política mundial: a antipolítica que alguns casos se confunde com o populismo de extrema direita que vai agradando a chamada “maioria silenciosa” que está de saco cheio dos políticos e das promessas de sempre.

O populismo de direita rima com o politicamente incorreto, que se por um lado bate de frente com algumas chatices, por outro traz à tona sentimentos nada positivos como o machismo, a homofobia, o racismo, a xenofobia… enfim todo um arcabouço de intolerância que muitos escondem por motivos diversos.

Tudo isso se traveste de antopolítica que agrada aos ouvidos de quem está de saco cheio. Se nos Estados Unidos o branco de classe média baixa e sem muita instrução embarcou nos berros de Trump fazendo-lhe sair da condição de piada ao comando da maior potência mundial, no Brasil, o populismo de direita tem um foco: o embarque no desgaste do PT somado à insegurança aliando-se ao discurso da moralidade.

E quem encarna isso no Brasil: Jair Bolsonaro (PSC/RJ). Ele vai contra tudo que está aí. Passou anos no PP (legenda que junto com o DEM carrega o espólio da ditadura militar) como uma figura à parte. Com um discurso moralista num partido notoriamente famoso por ser o mais corrupto do país (mesmo que hoje quem carregue essa fama seja o PT, mas basta dar uma olhadinha no ranking de políticos envolvidos na Lava Jato) era tolerado por ser um campeão de votos graças ao apoio maciço dos militares. Hoje ele vai além dos quartéis. Tem seguidores de vários segmentos sociais.

Enquanto DEM e PP e outros políticos (como o nosso senador José Agripino) nascidos da costela da ditadura militar fingem cinicamente terem lutado contra o autoritarismo, Bolsonaro exalta até mesmo alguns torturadores.

A maioria silenciosa gostou, se empolgou.

Mesmo sem muito espaço na mídia ele se tornou um fenômeno nas redes sociais. Muita gente boa tem embarcado na onda do “Bolsomito” que agora está PSC para ser o candidato do partido a presidente. Ele será uma voz nunca vista desde a redemocratização. Talvez o último político brasileiro a expor ideias tão politicamente incorretas tenha sido Plínio Salgado na longínqua década de 1930 quando comandava a Ação Integralista Brasileira (AIB), espécie de partido fascista no país.

Bolsonaro pode ser o nosso Trump? Sim, pode. Como Trump ele tem sido subestimado pela mídia. Mas pode surpreender. Exemplos de antipolítica com populismo ou não estão aí aos borbotões. Os prefeitos eleitos de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro são gestores fora dos padrões da política, só para citar um exemplo de cidades importantes.

Há uma onda conservadora/antipolítica mundial a ponto da politizada França ter o favoritismo de Marine Le Pen, que lidera as pesquisas. O Brasil está embarcando na onde e Bolsonaro pode tocar terror em 2018.

Nota do Blog: não confunda antipolítica com extrema direita. São duas coisas distintas que no contexto atual estão misturadas. Mas antipolítica também em outros campos ideológicos.