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A “musa do negacionismo”, “Bia Kicis do RN” e médica infectologista Roberta Lacerda que tanta fama ganhou graças a imprensa que lhe deu palco para defender o uso de medicamentos sem comprovação cientifica contra covid-19 não resistiu aos escassos questionamentos na mídia potiguar.
Dizendo falar em nome dos médicos sugeriu que seus pacientes que estão bem informados sobre o assunto se consultem com jornalistas.
Eis a postagem da “musa do negacionismo”:
Se você tem medo de tomar medicamentos prescritos pelo seu médico porque o jornalista disse que não são bons, deixe o médico, cancele o plano de saúde e vá consultar um jornalista ou um radialista. Os jornalistas não aceitam convênios, estudam menos, mentem mais e são mais caros que os médicos. Além disso, quando os clientes morrem, eles não assinam o atestado de óbito nem são responsabilizados em caso de erro de prescrição. E se você quer exercer nos dias de hoje, o caminho mais fácil é fazer jornalismo, o vestibular é muito mais fácil, o curso é mais barato, não precisa fazer pós-graduação, trabalha à distância do paciente (e como já foi dito) não responde criminalmente quando engana, erra ou mata. Pelo jeito, a turma cansou de ser usada ao invés de ser valorizada.
Um espetáculo de arrogância e desrespeito com toda uma categoria profissional que vem dando o gás na pandemia, muitos trabalhando nas ruas, se arriscando e sem pedir qualquer prioridade na vacinação reconhecendo, inclusive, que profissionais de saúde e segurança merecem ser vacinados antes.
Roberta Lacerda, que citou o inexistente livro “Decálogo de Lênin” para dizer que existe uma conspiração global contra o tratamento precoce, não aguentou a pressão e as críticas.
Ficou famosa, seus vídeos (alguns deles retirados do ar) bombaram e não entendeu que tudo tem um ônus. Jornalista não receita medicamentos, mas checa informações e assim descobre que a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda tratamento precoce e que a Anvisa, FDA (Food and Drug Administration) e OMS também negam a eficácia dos medicamentos que Roberta Lacerda recomenda com entusiasmo que rende aplausos de gente desesperada que quer crer numa cura a qualquer custo para voltar à vida normal.
Deve ser frustrante ver as mentiras sendo rebatidas como na Super Interessante deste mês.
Ela afirma que jornalista não se especializa. Vou citar uma especialização: jornalismo científico. Temos profissionais de alto nível que entrevistam cientistas que pesquisam e publicam trabalhos em periódicos importantes. Gente bem diferente de Roberta Lacerda que não tem qualquer produção científica a respeito da eficácia do remédio de verme e piolho contra covid-19.
A postagem de Roberta foi tão absurda que o Conselho Regional de Medicina do RN emitiu nota lhe desautorizando:
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte – CREMERN como autarquia reguladora da medicina, mantém o respeito com todas as profissões, e não compactua com nenhuma forma de agressão contra jornalistas e demais profissionais da comunicação. Os casos de agressões em redes sociais não refletem a postura da instituição que sempre manteve o zelo e o respeito por todos os profissionais da comunicação.
Nossa “Bia Kicis” vai descobrir que a ciência e o jornalismo científico salvam vidas quando informam a população sobre os riscos à saúde e que quem faz pregação negacionista suja as mãos de sangue.
Por fim deixo nota do Sindicato dos Jornalistas sobre a médica:
NOTA
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte lastima a publicação no Instagram da médica Roberta Lacerda, com palavras preconceituosas e difamatórias, que somente destilam ódio e não trazem nenhum conteúdo para a sociedade potiguar.
Ela tenta rebaixar os profissionais da comunicação que tanto contribuem para alertar a sociedade dos males que a pandemia está causando ao nosso País, nos aproximando de 400 mil mortes causadas pela Covid.
Jornalista nenhum prescreve ou dita o que o cidadão deve tomar ou não, mas estuda muito, pesquisa e entrevistas médicos, organizações, instituições de pesquisa nacionais e internacionais, respeitando o contraditório em todo seu conteúdo para informar o que está sendo posto nos meios de comunicação.
A própria médica Roberta Lacerda já usou dos meios de comunicação para defender o seu posicionamento com relação ao tratamento precoce para o COVID 19. Termos um jornalismo livre, independente, sem amarras é importante para sustentarmos um dos pilares da democracia. Sermos cordiais e buscarmos uma política da paz e não agressão também nos torna defensores da democracia.
Não é mais fácil “fazer” jornalismo, não é mais “barato” fazer jornalismo. Cada um responde pelos seus atos dentro de qualquer profissão onde há uma legislação específica para isso, códigos de ética, legislação civil e criminal, todos nós somos iguais perante a Lei. Para finalizar, mente quem escreveu “A resposta dos médicos”.