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O cálculo de Álvaro Dias sobre o fim do uso de máscaras repousa na apropriação da base bolsonarista/antipetista de Natal

Por Daniel Menezes*

Como disse em postagem anterior, o bolsonarismo de Álvaro Dias se deu e se processa pela via sanitária. Ele se integrou ao bolsonarismo/antipetismo de Natal através da adesão às medidas populistas do governo federal. Remédios ineficazes, ataques aos isolamentos e passaporte sanitário e agora fim do uso de máscaras são sinalizações políticas para a base que hoje mais fortemente o sustenta na cidade. Morreu mais gente durante a pandemia em Natal? Claro. Os números são públicos. Mas ele também não fez isto sozinho. Teve apoio e sustentação para tanto.

Em seu cálculo está a rivalização pelo Governo do RN ou pelo Ministério Público contra a sua medida. Foi assim quando ele tentou acabar precocemente com os isolamentos. Não há nenhuma “guerra de decretos”, como a imprensa local narra para não criticar a falta de sustentação técnica das ações do prefeito de Natal.

A judicialização pelo Governo do RN ou pelo Ministério Público é lida pelo bolsonarismo de Natal como uma revolta do “sistema” contra o seu defensor, o prefeito Álvaro Dias. A disputa judicial leva a consagração de Dias como protetor do comércio e de um (falso) realismo sobre o que é a “vida de verdade”. Ao matar a ideia de saúde pública como algo a ser planejado coletivamente, ele promove a ideologia bolsonarista do cada um por si e a sobrevivência do mais forte, algo que o comerciário, aquele pequeno empreendedor enxerga como a “sua” realidade. O voto petista ele sabe que já não tem. Então mantém seu núcleo duro. O eleitor não alinhado com os polos não participa da disputa.

O Governo do RN já sacou qual é a do prefeito. Por isso que no caso do passaporte sanitário, que ele também cuidou de desorganizar em Natal, mesmo com o sucesso que gerou na procura pela vacinação, achou melhor não judicializar e não oferecer aquilo que Álvaro queria. A disputa judicial veio pelas mãos do Ministério Público como órgão político autônomo. Suspeito que dessa vez o Governo do RN também não irá entregar a briga que Dias deseja.

Por um aspecto, ele venceu. Segue impune sobre o que fez durante a pandemia em Natal, enganando milhares de pessoas sobre uma mentirosa proteção contra covid (quem acreditou terminou nos hospitais, conforme dados do LAIS/UFRN, sobre maioria de infectados graves usuários de ivermectina); tomou como seu o forte antipetismo/bolsonarismo em Natal e desarticulou as políticas de combate à pandemia, narrando tudo isto agora como um triunfo (de araque) contra a covid.

*É professor da UFRN.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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Deputado tenta audiência com Rosalba há 30 dias para colocar mandato à disposição da Prefeitura de Mossoró

Deputado tem pedido de audiência ignorado por Rosalba (Foto: Blog do Barreto)

Em março, o deputado estadual Allyson Bezerra (SD) anunciou no Meio-Dia Mossoró da 95 FM que iria solicitar uma audiência com a prefeita Rosalba Ciarlini (PP).

A palavra dele foi cumprida no dia 12 de março (ver imagem) quando o pedido foi protocolado. No entanto, Rosalba ignorou o pedido e sequer respondeu.

A preocupação externada pelo deputado à época foi a saúde. “Quero colocar meu mandato à disposição da Prefeitura de Mossoró porque é a minha cidade quero vê-la se desenvolvendo e gerando empregos”, frisou.

Nota do Blog: aí ano que vem Rosalba enfrenta Allyson na tentativa de reeleição e acusa o parlamentar de não colocar emendas para a cidade. A prática da prefeita é muito diferente do discurso. Cobra “união por Mossoró” e quando alguém se disponibiliza ao diálogo deixando as diferenças de lado ela deselegantemente ignora.

Por isso que sempre digo: Rosalba parou no tempo.

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Rosalba tenta se promover com retorno de empresa a Mossoró e sofre repulsa no Facebook

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Em post patrocinado em sua página no Facebook a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) tentou passar ao público que a gestão dela foi responsável pelo retorno das atividades a Itragrês/Porcellanati a Mossoró (para saber mais leia AQUI).

Bem ao estilo Francisco José Junior, Rosalba terminou tendo um retorno negativo da promoção. Centenas de comentários negativos foram registrados no post boa parte em cobranças de melhorias da gestão e desconfiando das reais intenções da chefe do executivo.

É o caso de Francisco Wilton que lembrou que a empresa tem um histórico de enganação em Mossoró. “Pelo.o amor de Deus.prefeita.se senhora quiser.traz muitas.empresas.e empregos.pra Mossoró.. vai trazer uma só empresa que enganou.muita gente… mim poupe…..”, frisou.

André Alves lembrou que seria mais importante ajudar os ex-funcionários que lutam na justiça para receber. “Deveria haver o mesmo empenho da prefeita para que os direitos dos antigos funcionários fossem respeitados e cumpridos, Mas apoiar ex funcionários q foram demitos sem receber nada não dá Midia, não dá ibope para a senhora prefeita.

Menos mau, Tomará mesmo que dessa vez a Fábrica funcione e venha a gerar empregos e que dessa vez os incentivos financeiros da nossa cidade não sejam em vão”, destacou.

Maria Luiza Vieira Souza estendeu as cobranças: “Kkkkkkkk ora parabéns! por a falta de segurança? Saúde,falta de pagamento aos funcionários da saúde? buraqueira no meio da rua? Zonas rurais abandonadas? etc e etc parabéns mesmo por tudo isso.

Meu Deus só Jesus para abrir os olhos de gente que enxerga e não admite ver os desastre da cidade”.

No meio das críticas o elogio de Conceição Dantas: “Considero a Prefeita Rosalba, o “Patinho Feio” no meio de tanto mau político no RN. E uma pena. Ela é realmente a exceção. Bolsonaro 2018”.

Em outro comentário, Augusto Melo classificou a exploração do assunto como “politicagem”. “Politicagem pura, pq indústrias e empresas de verdade ela não atrai pq Mossoró é a cidade mais corrupta e uma das mais perigosas do país!”, frisou.

Nieta Ribeiro reforçou as desconfianças lembrando que se trata de ano eleitoral. “Tem eleições este ano, e aí vem as promessas falsas, de emprego! Kkkkkkk, parece uma piada!”, destacou.

O jornalista Carlos Santos denunciou na semana passada o engodo (ver AQUI)

Nota do Blog: a prefeita repete a estratégia de pegar carona nas obras alheias como no caso do retorno dos voos comerciais a Mossoró.

 

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O caso Mariele e os “cidadãos de bem” à brasileira

Meme fascista expõe segunda morte de Mariele Franco via linchamento moral
Meme fascista expõe segunda morte de Mariele Franco via linchamento moral

Mariele Franco era uma vereadora do Rio de Janeiro, a quinta mais votada no último pleito na capital fluminense. Negra, mãe aos 17 anos, feminista, homossexual, militante dos direitos humanos e filiada ao PSOL. Simbolizava tudo que rejeita a crescente onda fascistóide, que corrói nossa sociedade.

A morte dela precisa ser investigada e esclarecida. Por mais que existam algumas suspeitas óbvias qualquer julgamento de valor nesse momento é precipitado.

Mas nada, absolutamente, nada justifica uma segunda morte de Mariele Franco. Antes mesmo de seu corpo ser sepultado imbecis sob o manto da moral e dos bons costumes estão fazendo um verdadeiro linchamento que massacra a imagem da jovem vereadora.

Nas redes sociais vi o absurdo de gente compartilhando memes e postagens que “celebram” a morte de Mariele numa morbidez que não combina com quem diz professar a fé cristã e/ou se coloca como um “cidadão de bem”. É uma constrangedora falta de empatia com o sofrimento de uma família.

A morte de nenhum ser humano pode ser comemorada. Mas o caso de Mariele carrega consigo uma carga simbólica que resume muito bem setores mais idiotizados de nossa sociedade que se deixam iludir por “salvadores da pátria” e embarcam nos chiliques estridentes de apresentadores de programas policiais.

Não é hora para misturar ideologia, politicagem de quinta categoria e sentimentos rancorosos. É um momento para se pensar o tipo de sociedade que temos e o quanto a liberdade que temos não pode servir de pretexto para expressar sentimentos odientos.

A morte de Mariele não é como a de tantos negros, mulheres, homossexuais e militantes de causas justas. A tragédia mistura num caixão toda a carga de preconceito que cada dia tem saído mais e mais dos porões do inconsciente de setores autoritários e violentos de nossa sociedade nada cordial como apregoou Sérgio Buarque de Holanda. Não somos cordiais. Somos violentos e celebramos a desgraça alheia com a indiferença de que é incapaz de se colocar no lugar do outro.

Essa tragédia provoca comoção de quem possui empatia com o próximo porque a jovem reunia em si toda a carga dos oprimidos desse país, mas também expões a hipocrisia nossa de cada dia do racismo velado, machismo “cavalheiro”, homofobia de pé de ouvido e do preconceito de quem diz não ter preconceito, “mas…”.

Poucos dias antes de ser vítima de uma emboscada ela tinha denunciado abusos da Polícia Militar. Dizer que ela estava defendendo bandidos é um reducionismo pobre e desonesto. É colocar no mesmo caldeirão bandidos e pessoas pobres/honestas que são maioria nas comunidades carentes.

Do mesmo jeito que ninguém pode dizer que foram membros da Polícia Militar que mataram Mariele Franco não se pode espalhar memes fascistas tornando a vítima culpada pela própria morte trágica.

Precisamos refletir sobre que “cidadãos de bem” são esses. São de “Bem” por serem honrados ou a moral deles é mera hipocrisia?