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Polo Potiguar, que inclui Refinaria Clara Camarão, foi vendido para 3R, que não tinha capacidade financeira para transação

Angelo Girotto

Agora RN

A 3R Petroleum, empresa que comprou o Polo Potiguar da Petrobras, entrou no negócio sem disponibilidade financeira e sem capacidade técnica.

Esta é a 3ª revelação de uma série de reportagens que o AGORA RN vem publicando desde segunda-feira sobre as irregularidades envolvendo o repasse da refinaria Clara Camarão e campos de exploração de petróleo no Rio Grande do Norte.

O jornal já mostrou que os ativos foram vendidos por menos da metade do preço que valiam e que a 3R Petroleum estava impedida por lei de participar da negociação, mas comprou o Polo Potiguar mesmo assim.

Mas não para por aí. A falta de capacidade financeira da 3R Petroleum ficou clara em 2 de agosto de 2022. Naquela data, a empresa divulgou fato relevante ao mercado comunicando sobre a contratação de um empréstimo de US$ 500 milhões para comprar o polo. Ou seja, o dinheiro foi captado após a compra.

O empréstimo, que foi realizado após o contrato ser assinado, sequer era contratado pela mesma empresa que comprou o polo – a 3R Petroleum -, mas por uma subsidiária criada posteriormente, a 3R Lux, com sede no Grão Ducado de Luxemburgo.

Quem liderou a contratação do empréstimo pela subsidiária da 3R, para pagar pelo Polo Potiguar, foi o Morgan Stanley Senior Funding Inc., do Grupo Morgan. O JP Morgan, banco pertencente ao mesmo grupo, foi quem fez a assessoria financeira para a Petrobras no processo de venda do Polo Potiguar. E uma das atribuições da assessoria financeira em um processo desse tipo é, justamente, avaliar a capacidade financeira das empresas concorrentes.

No caso específico, a qualificação da 3R Petroleum, para mais uma tentativa ousada de burlar os processos de venda do patrimônio da Petrobras passou também pelo crivo do Grupo Morgan. Como o AGORA RN já mostrou, a 3R não poderia estar habilitada ao processo porque, em compras anteriores, deu o lance, mas não concretizou a compra de ativos.

Dois meses depois, em 10 de outubro de 2022, a 3R anunciava a contratação de outros US$ 500 milhões para pagar pela compra do Polo Potiguar, através da emissão de debêntures.

Ou seja, meses após a assinatura do contrato é que a empresa criou os mecanismos de obtenção dos recursos necessários para se manter no negócio de 1,3 bilhão de dólares.

Nesse período, ela se capitalizou em grande parte pela assinatura do contrato de compra dos ativos pelos quais agora buscava ter como pagar.

Para isso, contou a ajuda e conivência de alguns atores, como Roberto Castello Branco.

CASTELLO BRANCO

Outro personagem central desta história se chama Roberto Castello Branco, que foi presidente da Petrobras entre janeiro de 2019 e março de 2021.

Em 24 de agosto de 2020, foi ele quem pôs à venda o Polo Potiguar. Em 3 de maio de 2022, ele assumiu a presidência do Conselho de Administração da 3R Petroleum. E permanece no cargo até hoje, o que faz com que ele tenha iniciado o processo de venda do polo como presidente da Petrobras, em 2020, e concluído o mesmo processo como comprador, tomando posse dos ativos em 7 de junho de 2023.

Castello Branco mudou de lado no balcão de negócios a tempo de poder, ele mesmo, comprar o patrimônio da estatal que anteriormente havia posto à venda.

Era Castello Branco o presidente da estatal quando a 3R foi desclassificada sem punições dos processos de Riacho da Forquilha e Urucu. Era ele o presidente quando a 3R venceu a concorrência pelo Polo Macau. Também quando a Petrobras contratou o Grupo Morgan para assessorar a Petrobras na venda do Polo Potiguar.

3R não tinha qualificação técnica para o negócio

Outra exigência da Petrobras, quanto às empresas que desejassem participar da concorrência, era de que elas possuíssem qualificação técnica correspondente às atividades a que se propunham assumir. No caso do Polo Potiguar da Petrobras, que envolve exploração de óleo em áreas marítimas, era exigida a qualificação como “operador A” junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Alternativamente, a empresa poderia comprovar ter todas as condições para a obtenção da qualificação até a data da assinatura do contrato.

Pois bem, repetindo pela terceira vez, Petrobras e 3R Petroleum assinaram o contrato do Polo Potiguar em 31 de janeiro de 2022.

Em resposta a consulta realizada com base na Lei de Acesso à Informação, o Governo Federal afirmou que “No âmbito dos processos de cessão de direito, a empresa 3R Petroleum (e suas subsidiárias) foram habilitados conforme tabela anexa. Atenciosamente, Serviço de Informação ao Cidadão – SIC/ANP”. A tabela, que você pode conferir abaixo, diz que a 3R Potiguar – controladora do Polo Potiguar – foi qualificada apenas em 6 de junho de 2022.

Ao que tudo indica, a 3R, que deveria estar impedida de participar do processo devido às desistências de Riacho da Forquilha e Urucu, também assinou o contrato sem ainda ter a qualificação exigida tanto pela Petrobras quanto pela ANP.

Em outro caso envolvendo a venda de ativos da Petrobras no Rio Grande do Norte, a 3R não apenas assumiu o Polo Macau, em maio de 2020 (devendo estar também nesse caso impedida legalmente de participar do processo), como pôde operá-lo até dezembro de 2021 sem ter a qualificação exigida. É o que fica evidente a partir da leitura do anexo.

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Enquanto Petrobras descarta aumento, 3R faz novo reajuste da gasolina da Refinaria Clara Camarão

Dois dias após o presidente da Petrobras Jean Paul Prates descartar a possibilidade de reajustar os preços dos combustíveis a 3R Petroleum anunciou o nono aumento desde que assumiu a Refinaria Clara Camarão em Guamaré em 8 de junho.

A gasolina tipo A saiu de R$ 3,2044 para R$ 3,2996, aumento de quase R$ 0,10. O diesel salto de R$ 3,3416 para R$ 3,5911, um impacto de quase R$ 0,25.

O consumidor sentirá essa diferença nas bombas.

A 3R cobra a gasolina mais cara do país, inclusive acima da média das refinarias privadas. A empresa comprou o Polo Potiguar, que inclui a Refinaria Clara Camarão, por menos da metade do valor de mercado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Nota do Blog: quando Rogério Marinho (PL), João Maia (PL), Beto Rosado (PP) e Fábio Faria (PP) vão prestar contas disso?

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Governo Bolsonaro vendeu Polo Potiguar, incluindo a Refinaria Clara Camarão, por menos da metade do preço que valia

Agora RN

A Petrobras vendeu o Polo Potiguar, que inclui a refinaria Clara Camarão, em Guamaré, e poços de exploração de petróleo no Rio Grande do Norte, por menos da metade do preço que os ativos valiam. É o que indicam documentos oficiais inéditos obtidos pela reportagem do AGORA RN.

Enquanto o Polo Potiguar foi negociado com a 3R Petroleum por US$ 1,3 bilhão, os ativos valiam R$ 2,7 bilhões, segundo estimativas divulgadas pela própria Petrobras.

A privatização do Polo Potiguar ocorreu durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Após um longo trâmite, a 3R Petroleum assumiu a gestão dos campos e da refinaria no início do mês passado. Desde então, a empresa tem aumentado consecutivamente os preços da gasolina e do diesel vendidos para o mercado potiguar. Hoje, o preço praticado é cerca de R$ 0,80 por litro mais caro que em estados vizinhos como a Paraíba.

Dados acessados pela reportagem apontam que, antes de negociar os ativos com a 3R Petroleum, a Petrobras deu início ao processo de renovação da apólice de seguro de centenas de seus ativos no País, entre eles os do Polo Potiguar. Nessa negociação, o valor estimado para os 68 ativos chama a atenção por superar muito o da venda propriamente dita.

Com a discrepância entre o valor dos ativos para venda e o considerado para cálculo do seguro, a Petrobras pode ter tido um prejuízo de US$ 1,4 bilhão.

Seguro

Os documentos de posse do AGORA RN apontam que, no dia 18 de julho de 2022, a Coordenação de Seguros Nacionais da Petrobras enviou para a Fairfax Brasil Seguros Corporativos S.A. – seguradora com sede em São Paulo – uma manifestação de interesse na renovação da apólice de seguro de risco operacional de diversos de seus ativos espalhados pelo país.

Entre centenas de outros ativos da estatal em diversos estados brasileiros, 68 ativos que compõem grande parte do patrimônio vendido junto ao Polo Potiguar estão relacionados, em uma tabela anexa na qual a própria Petrobras informava quanto valiam seus bens vendidos à 3R Petroleum.

Os 68 ativos eram avaliados pela Petrobras em mais de US$ 2,7 bilhões. O Polo Potiguar foi vendido à 3R Petroleum por metade disso. Advogados, contadores e até vendedores de seguro consultados pela reportagem afirmam que, das duas uma: ou o valor dos ativos era realmente mais que o dobro do valor pelo qual foram vendidos ou houve fraude no pedido de renovação do seguro.

Sozinho, o Ativo Industrial de Guamaré (Refinaria Potiguar Clara Camarão – RPCC) já valeria – segundo a avaliação da própria Petrobras – mais que o preço de venda de todo o Polo Potiguar: US$ 1,4 bilhão.

Ainda, no montante avaliado para fins da renovação da apólice, não constavam diversos outros bens que também foram vendidos no pacote. É o caso das tubulações de escoamento de petróleo, dos gasodutos e do vaporduto, de milhares de unidades de bombeio que custam individualmente US$ 50 mil, de geradores móveis, subestações elétricas e outros tantos equipamentos e estruturas.

Petrobras não explica divergência entre valor do seguro e da venda do Polo Potiguar

 

A Petrobras nunca tornou públicos – nem mesmo a funcionários de seu alto escalão que foram ouvidos pela reportagem – os critérios detalhados que foram aplicados para se estabelecer os valores de venda do Polo Potiguar.

Solicitada a divulgar o conteúdo do pedido de renovação da apólice, por meio do Portal de Transparência da Petrobras e com base na Lei de Acesso à Informação (12.527/2011), a estatal também se recusou a responder, alegando sigilo.

Em resposta, a estatal declarou que “este documento possui informações comercialmente sensíveis e estratégicas cuja eventual publicidade tem o condão de prejudicar a atuação empresarial da companhia e, ainda, comprometer futuros procedimentos que tenham por objeto a contratação de seguros”.

Fala ainda que “o fornecimento de informações contida na documentação não pode ser disponibilizada a uma pessoa em específico, sob pena de levar a uma assimetria de informações”.

“Ressalta-se que, de acordo com inciso I, do art. 14, da recente Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais), devem ser protegidas as informações que possam ter influência no mercado, pois o conhecimento de tais dados por terceiros poderá gerar um desequilíbrio, conferindo vantagem a quem tiver acesso”, enfatiza a empresa.

Em novembro do ano passado, em resposta a uma matéria que já chamava a atenção para a diferença entre os preços cotados para o seguro e o de venda dos ativos, a Petrobras declarou ao site Poder 360 que “o valor de um ativo para efeito de seguros é baseado no ‘valor de reposição’, ou de reconstrução do bem. Já o valor de alienação de um ativo é estimado por meio da metodologia de Fluxo de Caixa Descontado Esperado, ou seja, no valor econômico daquele bem”.

Contudo, a Petrobras nunca apresentou os números que resultariam da segunda metodologia. Igualmente não respondeu às críticas que apontam que, ao contrário do sugerido, pelo critério do valor econômico real, Polo Potiguar valeria ainda mais.

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Refinaria privada do RN cobra 27% mais caro que a Petrobras pelo litro da gasolina, aponta estudo. A mais alta do país

A Refinaria Clara Camarão privatizada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) em janeiro do ano passado cobra 27% mais que a Petrobras pelo litro da gasolina. É o que aponta estudo do Observatório Social do Petróleo (OSP).

A 3R Petroleum assumiu o controle em junho deste ano, cumprindo o contrato assinado ano passado.

O preço das refinarias controladas pela Petrobras é de R$ 2,52 enquanto na Clara Camarão é de R$ 3,20, mais alta que a média das refinarias privadas que é de R$ 3,10. Esses valores refletem nas bombas.

Ao Estadão Eric Gil Dantas do OSP e do do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) disse que dois fatores pesam para a Petrobras cobrar mais barato: 1) ser uma empresa integrada que produz e refina petróleo; 2) ser uma empresa estatal que conta com diversos fatores que vão além da exclusividade da maximização da elevação dos lucros.

“Sendo assim, ela tem uma margem para absorver variação de preços que é imensamente superior à de suas concorrentes”, avalia. “Mesmo quando seu preço era definido pelo PPI, a política de paridade de importação, a companhia manteve por muito tempo preços abaixo dos internacionais, justamente por conta da pressão da opinião pública sobre o governo. E com o fim do PPI, em maio deste ano, a Petrobras passou a ter maior margem para definir os preços, até porque seus custos não variaram”, complementa.

Nota do Blog: está comprovado que a privatização foi um péssimo negócio para a sociedade. Os preços altos dos combustíveis é só a parte mais visível. O impacto acontece em geração de emprego e pagamento de impostos.

 

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3R Petroleum anuncia novo aumento no preço da gasolina e diesel. É o 8º desde a privatização

Segundo comunicado da 3R Petroleum, publicado na manhã de hoje (27), foi aprovado um novo aumento no preço dos combustíveis na Refinaria Clara Camarão, localizada no Polo Industrial de Guamaré.

A 3R Petroleum é a empresa que comprou os ativos da Petrobrás no Rio Grande do Norte, em processo de privatização realizado no Governo de Jair Bolsonaro. Esse processo de venda tem sido alvo de inúmeras denúncias. O Blog repercutiu algumas delas AQUI e AQUI.

O aumento impacta diretamente o preço do litro da gasolina,  que passou de R$ 3,082 para R$ 3,2044, e do diesel, que teve alta de R$ 3,132 para R$ R$ 3,3416.

Desde que assumiu o controle pleno das operações do RN, em 8 de junho, a  3R Petroleum já promoveu oito reajustes, sendo quatro nos últimos 30 dias.

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Foro de Moscow

Foro de Moscow 21 jul 2023 – O efeito 3R e mais um aumento da gasolina

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3R Petroleum aumenta gasolina no RN pela sétima vez em 40 dias

A 3R Petroleum, empresa que comprou a Refinaria Clara Camarão à Petrobras, localizada em Guamaré, reajustou mais uma vez o preço da gasolina, com efeito imediato nas bombas nos postos do Rio Grande do Norte.

É o sétimo reajuste desde que a empresa assumiu o controle da refinaria há 40 dias, após o pagamento da privatização consumada ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL). Os sete reajustes somam uma alta de 5,8%.

Assim o litro da gasolina tipo A aumentou R$ 0,13, chegando a R$ 3,0827 na origem.

Com a empresa privada a gasolina no Rio Grande do Norte ficou em média R$ 0,68 mais cara do que na Paraíba e R$ 0,67 do que em Pernambuco.

Denúncia

Além de tornar a gasolina no Rio Grande do Norte mais cara que a média nacional, a venda da Refinaria Clara Camarão está envolta de irregularidades apontadas em reportagem investigativa do Blog do Girotto que o Blog do Barreto repercutiu (lei AQUI).

Com informações do Portal da 96 FM.

 

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Blog do Girotto: “Venda da refinaria Clara Camarão se deu à margem da lei”

O Blog do Girotto publicou a segunda de uma série de reportagens especiais, desvelando supostas irregularidades na venda de ativos da  Petrobrás à 3R Petroleum. O processo foi concretizado durante o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Repercutimos a primeira reportagem na íntegra e você pode ter acesso clicando aqui. 

O material especial compõe um material intitulado Dossiê: o RN e o petróleo e traz denúncias graves sobre o favorecimento à empresa 3R Petroleum. A segunda reportagem detalhe supostas irregularidades na venda da Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC)

Confira o material a seguir:

A empresa compradora da Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC) foi a 3R Petroleum. Sim, novamente ela. É melhor já ir se acostumando a esse nome, pois hoje a empresa é proprietária de uma expressiva parcela do PIB do Rio Grande do Norte.

A 3R adquiriu a refinaria como parte do pacote de aquisição do Polo Potiguar, vendido pela Petrobras. O negócio foi confirmado pela estatal em novembro de 2018 e concluído no último dia 7 de junho, com a transferência da totalidade da participação da Petrobras no Polo Potiguar para a 3R Potiguar S.A., por de US$ 1,1 bilhão.

De brinde, a 3R levou a refinaria Clara Camarão.

Ocorre que o processo de venda dos direitos de exploração de campos de petróleo é completamente diferente do processo que rege a venda de uma refinaria.

Para entender o problema em foco, vale anotar as particularidades de uma concessão e de uma autorização, de uma filial e de uma subsidiária. Daremos como exemplo a própria Petrobras no RN.

A Petrobras possuía uma concessão para exploração e produção de petróleo no Polo Potiguar. Também possuía uma autorização para processamento e refino de óleo na refinaria Clara Camarão.

Ocorre que a Petrobras possui permissão legal para vender os campos do Polo Potiguar e sua infraestrutura correlata, dentro de seu plano de desinvestimentos, pois eles fazem parte da concessão que a empresa está cedendo. Mas não poderia vender da mesma forma a RPCC.

A refinaria Clara Camarão é uma filial da Petrobras. Coisa diversa da concessão para exploração e produção de óleo, que pode ser cedida, junto aos ativos que fazem parte dessa atividade específica.

Para deixar mais claro, a venda dos campos de exploração podem ser compreendidas como desinvestimentos que cabe a ela definir- a Petrobras não deseja mais exercer aquela atividade. A venda da refinaria se trata de uma alienação de patrimônio estatal – a empresa vende algo que compõe seu capital.

Filial é diferente de subsidiária

Para vender a RPCC, a Petrobras poderia adotar dois caminhos. O mais adotado no atual processo de privatização da Petrobras é a criação de uma subsidiária – ou seja, uma segunda empresa. Esta segunda empresa, mesmo pertencendo à Petrobras, pode ser vendida por decisão da estatal. Foi assim que ela vendeu a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas.

De certa forma, é um atalho burocrático para burlar a intenção da lei, que visa a proteger o patrimônio público. Mas tem sido aceita pela Justiça, portanto é legal.

No caso da Clara Camarão, a afobação em vendê-la de qualquer jeito era tanta que sequer se deram a esse trabalho. Apenas a incluíram no pacote do Polo Potiguar e a entregaram à 3R. Ilegalmente, reforçamos.

Autorização legislativa, o segundo caminho para a venda

Como a RPCC não foi transformada em subsidiária da Petrobras – uma segunda empresa com existência jurídica autônoma – ela só poderia ser vendida mediante autorização legislativa. É uma exigência legal para qualquer empresa pública ou estatal brasileira.

O fato fica bastante claro e confirmado na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), referente à ADI 5.624/DF-MC, em 2019. No acórdão do julgamento, o STF afirma que a “alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização legislativa e licitação pública“.

A manobra contida no plano de desinvestimentos da Petrobras, para permitir a venda das refinarias sem autorização legislativa, será abordada em reportagem à parte. Por ora, sequer questionamos sua validade e suas intenções. O fato inquestionável é que, na venda da Clara Camarão, sequer essa manobra – que eles mesmos inventaram – foi respeitada.

Venda da RPCC foi ilegal

Nesta reportagem, apenas tratamos dos aspectos legais e formais que exigem que a venda Refinaria Potiguar Clara Camarão seja cancelada. Nos próximos dias, publicaremos mais das muitas suspeitas e dos graves indícios de ilegalidade que envolvem todo o processo de venda do Polo Potiguar da Petrobras à 3R – no qual a RPCC foi de brinde.

Relembrando os fatos até aqui, vimos que para burlar a exigência legal de autorização legislativa para a venda de suas refinarias, a Petrobras incluiu em seu plano de desinvestimentos a estratégia de criar novas empresas e transferir para elas o capital a ser vendido. Com esse procedimento, formalmente é a nova empresa que é vendida, não a Petrobras. Por ora, a Justiça tem sido conivente com essa inovação.

Contudo, no caso da RPCC, atropelaram até mesmo essa exigência. Tampouco obtiveram autorização legislativa para a venda. O resumo é simples, claro e escandaloso: a Petrobras vendeu a Refinaria Potiguar Clara Camarão para a 3R Petroleum à margem da lei.

Que a empresa sabia dessa ilegalidade, fica provado pelo próprio processo que ela abriu junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP).

No pedido de transferência dos ativos vendidos para a 3R, a Petrobras entrou com dois processos distintos (não com um único). Em fevereiro de 2022, o processo 48610.203689/2022-94 pedia a transferência da titularidade da área de exploração e produção de petróleo. Quatro meses depois, o processo 48610.213421/2022-61 dava início ao registro da transferência da refinaria. Isso porque ambas são coisas distintas que não podem ser vendidas juntas.

É inacreditável que a venda de um patrimônio estatal tão valioso e relevante tenha ocorrido dessa forma. Contudo, todos os dados e documentos citados nesta reportagem são de domínio público. Eles estão à sua disposição e à disposição do governo, da diretoria da Petrobras, dos órgãos de fiscalização e controle e da Justiça.

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Governadora anuncia reconstrução da RN 401, em Guamaré

A governadora Fátima Bezerra esteve reunida na tarde desta segunda-feira (19) com o prefeito de Guamaré, Artur Teixeira, e anunciou financiamento para a parte que compete ao governo do estado na reconstrução da rodovia estadual RN-401. A obra será possível a partir de uma parceria com a empresa petrolífera 3R Petroleum, que assumiu recentemente a exploração do Polo Potiguar.

Há cerca de um ano ficou acertado que o governo estadual se responsabilizaria por 70% da rodovia, trecho de 8,4 km. O restante, 3,6 quilômetros, será de responsabilidade da prefeitura. A licitação para a parte da prefeitura será aberta nos próximos dias. A obra deve ser iniciada no segundo semestre.

A RN-401 tem importância singular para a região, servindo como porta de entrada para turismo, assim como para o transporte de insumos e produtos da exploração do petróleo.

Além da governadora, participaram da reunião o secretário de Infraestrutura, Gustavo Coelho; a diretora do DER, Natécia Nunes; o deputado estadual Hermano Morais; o presidente da Câmara Municipal de Guamaré, Eudes Miranda, e o secretário de Articulação Política de Guamaré, Hélio Willamy.

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Governadora manifesta preocupação com preço dos combustíveis no RN em audiência com presidente da 3R Petroleum

Na primeira visita oficial depois de assumir as operações da Refinaria Clara Camarão, o diretor presidente da 3R Petroleum, Matheus Dias, apresentou nesta terça-feira (13) à governadora Fátima Bezerra um resumo dos planos da empresa para o Rio Grande do Norte. Na semana passada, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a transferência da totalidade da participação da Petrobras no Polo Potiguar para a 3R, companhia brasileira de capital aberto produtora de óleo e gás, com foco na exploração de campos maduros.

O polo concentra três subpolos de exploração de petróleo e gás (Ubarana, Canto do Amaro e Alto do Rodrigues na Bacia Potiguar), além de toda a estrutura do Ativo Industrial de Guamaré (AIG), composto pelas unidades de processamento de gás natural (UPGNs), a refinaria de Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré.

Segundo Matheus Dias, nessa primeira semana de operação, a empresa já percebe um potencial para aumentar a capacidade de refino e de ter uma operação mais eficiente. Em paralelo, a Companhia contratou/renovou com as terceirizadas, observando a base salarial e os benefícios aplicáveis ao setor, e com os principais fornecedores, a fim de propiciar a expansão dos seus negócios no Rio Grande do Norte.

A questão do emprego também foi abordada na reunião. De acordo com a 3R, o modelo de negócio da companhia prevê a primarização das funções estratégicas, mantendo os profissionais com conhecimento das operações, e estabelecendo contratos com parceiros estratégicos que já cuidavam da operação do ativo industrial.

A governadora Fátima Bezerra demonstrou ainda preocupação com o preço da gasolina no RN, acima da média praticada no Nordeste. “Em que pese o respeito à autonomia da empresa e às suas decisões, eu não posso deixar de ressaltar a importância de se manter um preço justo dos combustíveis vendidos na refinaria Clara Camarão. Isso tem impacto direto na economia e na vida das pessoas”, afirmou a governadora.

Ao assumir o controle da Clara Camarão, o preço da gasolina A – sem a mistura obrigatória do etanol anidro – subiu 17 centavos em relação ao praticado anteriormente. No RN, o valor cobrado na refinaria tem peso entre 30% e 35% na formação do preço final ao consumidor. A 3R Petroleum considera a situação pontual, de início de operação. Em nota, esclarece “que os preços dos produtos derivados produzidos pela Companhia seguem parâmetros de mercado – tais como o dólar, o valor de referência internacional do petróleo, custos logísticos para recebimento de derivados na região Nordeste, entre outros. Vale destacar que ajustes nos preços podem ocorrer de forma recorrente, amparados por critérios técnicos e condições de mercado”, explica.

Na reunião, a governadora também pediu que a 3R mantivesse o bom relacionamento com as comunidades das regiões em que opera, e apoio a projetos culturais e esportivos no RN, além da geração de empregos.

A cadeia do petróleo já foi responsável por mais de 50% do PIB industrial do Rio Grande do Norte nos tempos em que a produção superava os 100 mil barris/dia. Com base em dados de 2021, a Redepetro/RN, estima que o petróleo tem atualmente um peso de 13% na formação do Produto Interno Bruto do RN, mas a tendência é que essa participação aumente com a entrada em operação de novos campos.

As concessões do Polo Potiguar registraram no primeiro quadrimestre de 2023, uma produção média de 16,5 mil barris de óleo por dia e 37,3 mil m³/dia de gás natural. Considerando a produção proforma, a Companhia alcançou 42,3 mil barris de óleo equivalente por dia em abril de 2023.