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O mapa da mina

São Paulo – Eleitores votam no segundo turno das eleições para prefeito na Escola Municipal de Ensino Fundamental Celso Leite Ribeiro Filho, na Bela Vista (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Por Bruno Carazza*

Fechadas as urnas em todo o Brasil (com exceção de Macapá, cuja eleição foi adiada por causa do apagão), é hora de contabilizar vencedores e perdedores, tentando extrair sinais que possam iluminar o caminho da política rumo a 2022.

Diversos rankings podem ser traçados. Em termos de número de prefeituras, o 2º turno não trouxe nenhuma novidade em relação ao que já havia sido definido há duas semanas. O MDB manteve a sua histórica liderança, seguido pelos dois principais representantes do Centrão (PP e PSD) – PSDB e DEM completam o “top five”. Nessa métrica, o que conta é a capilaridade, e aqui a centro-direita vai muito melhor que a esquerda, cujos partidos melhor colocados foram o PDT (em 7º lugar), PSB (8º) e PT (na 11ª posição).

Do ponto de vista regional, entre os partidos que mais foram penalizados em 2018, na esteira da Operação Lava-Jato, vemos o PT cada vez mais reduzido ao Nordeste (seus melhores desempenhos relativos foram no Piauí, no Ceará e na Bahia) e ao seu enclave acreano. Já os tucanos do PSDB mantêm seus domínios em São Paulo e no Mato Grosso do Sul – chamando a atenção o fraco desempenho do partido no RS, onde o governador Eduardo Leite só conseguiu garantir 5% das prefeituras.

Embora tenha mantido seu tradicional posto de dono do maior número de municípios no Brasil, o MDB se vê cada vez mais reduzido aos seus clãs, com domínio forte no Pará dos Barbalhos (43% das prefeituras), na Alagoas dos Calheiros (37%), no Rio Grande do Sul de Eliseu Padilha (28%) e do Norte dos Alves (23%), além do Amazonas de Eduardo Braga (22%). Mas nem tudo são flores: com exceção da vitória de Sebastião Melo em Porto Alegre, o MDB perdeu em todas as capitais desses Estados.

E já que estamos falando de feudos políticos, eles também estão presentes no campo das esquerdas. Partidos fortemente personalistas, em que famílias influenciam as eleições por décadas, ainda têm grande dificuldade de ampliar seus domínios Brasil afora, como é o caso do PSB da família Arraes, ainda encastelado em Pernambuco (onde venceu quase um terço das disputas municipais, inclusive no Recife, onde o bisneto João Campos venceu a neta Marília) e os irmãos Gomes do PDT, que apesar de terem ganhado 40% das prefeituras no Ceará, ainda têm baixa penetração em outros Estados (exceção feita ao Maranhão).

Na tão comentada centro-direita, vemos o DEM se posicionando muito bem no cinturão da soja, obtendo os seus melhores resultados em Goiás (25% dos municípios do Estado), Mato Grosso do Sul (19%), Mato Grosso (17%), Tocantins (19%) e Rondônia (16%). Já o Progressistas (antigo PP) e o PSD de Kassab tiveram seu melhor desempenho não apenas no Nordeste (principalmente no Piauí, Bahia, Alagoas e Sergipe), mas também no Sul, com o primeiro se dando bem no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, enquanto os pessedistas destacaram-se no Paraná.

Muito se disse que a onda de renovação na política brasileira perdeu força, mas os números indicam que 16% dos municípios brasileiros escolheram prefeitos que nunca haviam disputado uma eleição antes – a maioria empresários, produtores rurais, advogados e médicos. E aqui também se nota como as legendas mais à direita do espectro político continuam conseguindo atrair mais novatos com viabilidade eleitoral, numa tendência já observada em 2018, quando Bolsonaro chegou ao poder. Entre os partidos que conseguiram emplacar neófitos nas prefeituras, destacam-se o MDB (104), PP (93), PSD (92), DEM (69) e PSDB (64), com os partidos mais à esquerda vindo bem atrás, com PDT (57, em 7º lugar), PSB (39, 9º lugar) e PT (23, no 12º lugar).

Mais do que atrair candidatos novatos com boas chances de estrear com vitória, os partidos da centro-direita também se notabilizaram por conseguir “roubar” políticos de outras legendas. Mergulhando nos dados sobre vinculação partidária dos prefeitos vencedores em 2020, é possível verificar que entre os dez partidos com o maior número de prefeituras, o Republicanos foi o campeão na atração de candidatos de outras legendas – nada menos que 56% dos novos prefeitos disputaram sua última eleição por outro partido. DEM e PSD também tiveram em torno da metade dos candidatos vencedores no pleito atual foram captados em hostes adversárias, principalmente MDB e PSDB.

Se levarmos em conta a população que passará a ser governada a partir de primeiro de janeiro nos municípios, a vitória de Bruno Covas sobre Guilherme Boulos na cidade mais populosa do Brasil garantiu aos tucanos a maior fatia do “mercado eleitoral” deste ano, com mais de 16% dos brasileiros. Num patamar abaixo, na faixa de 11% a 12% vêm, pela ordem, MDB, DEM e PSD.

O resultado do segundo turno jogou uma ducha de água fria nas pretensões dos partidos de esquerda de sair da disputa com algumas vitórias importantes. É verdade que houve o que comemorar, como a vitória do cirista Sarto e do psolista Edmilson Rodrigues sobre candidatos bolsonarista em Fortaleza e Belém, respectivamente. Mas as derrotas de Boulos, Manuela d’Ávila e Marília Arraes acrescentam um gosto amargo a um indigesto resultado das esquerdas neste ano.

Tudo somado, subtraído, dividido e multiplicado, o que podemos extrair de todos esses números? Em primeiro lugar, ainda que Bolsonaro não tenha lançado o seu próprio partido, o fato de que os poucos candidatos que ele apoiou terem sido derrotados pode indicar um arrefecimento do bolsonarismo enquanto movimento. Por outro lado, para quem não deseja vê-lo no Palácio do Planalto a partir de 2023, uma inclinação para a centro-direita parece ser um caminho muito mais seguro do que uma guinada à esquerda.

Os resultados deixam muito claro que se consolidou no Sul, São Paulo e Centro-Oeste uma forte resistência ao PT e a seus antigos partidos satélites. Por outro lado, o avanço dos partidos de Centrão no Nordeste sinalizam que o último bastião do petismo pode ter caído.

De eleição para eleição, todas as atenções a partir de agora se colocam sobre as articulações dos partidos da centro-direita. As composições em torno das escolhas para as mesas diretoras da Câmara e do Senado podem ser um boa prévia do que pode acontecer até 2022.

*É mestre em economia, doutor em direito e autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro”.

Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.

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Análise

Agripino reaparece

Agripino volta ao noticiário (Foto: arquivo)

Após dois anos sumido do noticiário o ex-senador José Agripino, presidente estadual do DEM, reaparece no noticiário. Ele concedeu uma entrevista ao Agora RN em que falou sobre o cenário político no Rio Grande do Norte e no Brasil.

Agripino até fez algumas análises interessantes. Classificou o Governo do Bolsonaro como “errático” e indicou distanciamento do presidente. Reconheceu o esforço da governadora Fátima Bezerra (PT) para colocar a folha de pagamento em dia, mas fez uma crítica justa acerca da falta de obras.

Por outro lado, se empolgou com o crescimento nacional do DEM e delirou dizendo que isso se reproduziu no Rio Grande do Norte.

Engano.

O DEM fez 16 prefeitos em 2016 e 17 em 2020. Sem contar que perdeu a estratégica Pau dos Ferros e teve péssimo desempenho em Mossoró, além de sequer ter lançado uma chapa de vereador em Natal.

Agripino pregou a moderação e sugeriu que o DEM pode se alinhar com a centro-esquerda e defendeu mais uma vez uma aliança oligárquica de Alves e Maias no RN.

O ex-senador foi poupado na entrevista. Não foi instigado a falar sobre a nova derrota dos oligarcas do Estado e não explicou a sua “despercebida” ausência no processo eleitoral de 2020.

Agripino tenta ressurgir no debate público com nova roupagem, mas no fundo é o mesmo oligarca de sempre.

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Foro de Moscow

Foro de Moscow 233 │ Por que o eleitor preferiu votar na Direita no segundo turno?

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E se tivesse tido segundo turno em Mossoró?

Se Mossoró tivesse mais de 200 mil eleitores mantida a proporção de votos do dia 15 de novembro com Allyson Bezerra (SD) recebendo 47,52% dos votos válidos contra 42,96% da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) teríamos segundo turno em Mossoró.

E como exercício consultamos os leitores do Blog do Barreto no Twitter, Instagram e Facebook para saber como ele se posicionariam em caso de nova disputa no dia de ontem.

O placar ficou assim:

No Facebook

Allyson 71% x 29% Rosalba (votos válidos)

No Instagram:

Allyson 52% x 48% Rosalba

No Twitter:

Allyson 66,6% x 33,4% Rosalba (votos válidos)

Na média:

Allyson 63,2% x 36,8% Rosalba

Claro que as enquetes não possuem o valor científico, mas nas redes sociais participaram 1.327 leitores, uma amostra  maior do que a realizada pelas pesquisas. Ainda assim, não tem uma palavra final.

Apenas uma noção se valor científico que vale mais pela brincadeira.

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Porque Rosalba perdeu?

Rosalba pecou na gestão e subestimou os eleitores de Mossoró (Foto: cedida)

Tida como mito e uma mulher imbatível nas urnas mossoroenses a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) foi derrotada com a máquina pública municipal na mão.

“Rosalba é muito forte. Nunca será derrotada com a Prefeitura de Mossoró na mão” era uma constatação recorrente nas rodas de política.

“Com a oposição dividida Rosalba ganha fácil”, era outra frase que este operário da informação ouvia quase que diariamente ao longo do processo político deste ano.

O que as pessoas ignoravam era o baixo índice de aprovação e a possibilidade de um dos nomes da oposição polarizar com a prefeita. Esses foram os temperos cozinhados na campanha eleitoral e servidos após a abertura das urnas.

Como Rosalba chegou a esta condição?

Um dos fatores foi a péssima gestão da saúde. A prefeita prometeu em 2016 marcação de consultas por aplicativo, mas entregou filas, falta de médicos e medicamentos nas unidades básicas de saúde.

Rosalba não ouviu os recados das urnas quando seu grupo político foi fragorosamente derrotado em 2018.

Manteve o estilo analógico de governança. Ignorou a necessidade de se negociar, de ouvir contrários e escolheu gastar energias perseguindo a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindserpum) Marleide Cunha ao acabar com os descontos em contracheque das contribuições sindicais.

A prefeita atrasou salários na maior parte do mandato, mas insistia num marketing que duelava com a realidade em que afirmava pagar os servidores “rigorosamente em dia”. Aquilo era um escárnio.

Na infraestrutura ela empurrava tudo para frente numa clara intenção de deixar Mossoró um “canteiro de obras” em plena campanha eleitoral. A tática usada sem sucesso em 2018 foi repetida com igual fracasso em 2020. O ano pipocou com as faixas “sem calçamento, sem voto” ao mesmo tempo em que moradores da periferia se organizavam em mutirões para arrumar praças.

Por falar em praças, ela que foi famosa por fazer muitas deixou a desejar até nesse quesito. “Nem praça ela faz mais”, uma frase padrão em comentários de cidadãos nas redes sociais.

Rosalba não deixa a Prefeitura de Mossoró no dia 31 de dezembro com repulsa popular no nível em que seu antecessor estava quando deixou o cargo e isso se deve ao se carisma pessoal.

No entanto, foi sua longevidade na política com pitadas de falta de resultados na atualidade que contribuiu para um sentimento de mudança florescer no “Canteiro da Rosa”.

Rosalba não percebeu nada disso ou se estava ciente achou que não seria problema. Achou que tinha o direito de governar mal sem ser incomodada enquanto o antirosalbismo era gestado. Subestimou a oposição e essa postura elitista e distante da sociedade foi o caldo de indignação que contribuiu para sua derrota no dia 15.

Outro fator importante para o enfraquecimento de Rosalba nos últimos anos é o envelhecimento da sua militância. A imagem dela na cabeça dos eleitores mais jovens é o da pior governadora do Brasil e da prefeita com gestão pífia. Isso não renovou o eleitorado e será um problema para ela mais a frente.

Esse texto apenas pontua alguns pontos que contribuíram para Rosalba ser mal avaliada e resgata o cansaço do povo com este modelo de gestão. Outros aspectos certamente contribuíram para queda de uma figura mítica no imaginário político local.

“O tempo da Rosa passou”, era uma frase recorrente no processo eleitoral. Longe do poder ela terá que ralar muito para mostrar que mudou e aprendeu com os erros. Ainda que o prefeito Allyson Bezerra (SD) não dê certo o eleitor pode entender que voltar ao passado não será uma boa ideia.

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Grupo empresarial falha mais uma vez na política

Tião e Jorge (Foto: arquivo)

A tentativa dos empresários Tião Couto e Jorge do Rosário de entrar para a política foi válida pela coragem demonstrada em 2016 quando entraram e conseguiram fazer frente ao rosalbismo.

Mas infelizmente a dupla parou nisso.

Nas eleições de 2018 a estratégia correta seria formar uma dobradinha federal/estadual e ocupar espaços na política. Tião abriu mão de ser candidato a deputado federal e meses depois topou ser vice de Robinson Faria naufragando politicamente com o então governador, um dos mais rejeitados do país.

O erro estratégico não só custou a eleição de Jorge para Assembleia Legislativa como enfraqueceu o grupo para 2020.

Jorge era a bola da vez para a Prefeitura de Mossoró. Não decolou nas pesquisas e terminou abraçando o rosalbismo ainda que a contragosto de Tião que se manteve distante do pleito.

Acabou marcado como o vice da primeira derrotada de Rosalba Ciarlini na capital do Oeste. De forma cruel, alguns militantes atribuem a Jorge a fama de “pé frio”.

Mas Rosalba não perdeu por ter escolhido um bom quadro para vice, mas por ter uma gestão mal avaliada.

Já a dupla Tião/Jorge pecou por mais uma vez não ter entendido o cenário eleitoral.

Inteligência empresarial, não é garantia de sucesso político.

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Reportagem

O fato incomum que levou o Solidariedade a ter quatro cadeiras na Câmara Municipal

O Solidariedade fez a maior bancada partidária da Câmara Municipal elegendo quatro vereadores. O resultado se deveu a “loteria das sobra”, situação sempre imprevisível na montagem das nominatas.

O partido elegeu dois parlamentares de forma direta, ou seja pelo Quociente Partidário (quociente eleitoral dividido pelo número de votos dos partidos) e dois pelas sobras.

Não é comum nas eleições para a Câmara Municipal um partido eleger dois parlamentares por esse caminho. Tanto que nas contas dos organizadores de nominatas sempre se espera fazer um pelas sobras.

E como se chega a uma vaga pelas sobras? Vamos reproduzir a explicação da Justiça Eleitoral:

Divide-se o quociente partidário – parte inteira ou fracionária – pelo número de vagas conseguidas + 1. Sobras = Quociente Partidário de cada partido ou coligação DIVIDIDO POR Nº de vagas obtidas + 1 Exemplificando : A coligação X alcançou 5,5 quocientes, já tem 5 vagas garantidas, divide-se 5,5 por 6 (6 seria o número de vagas pretendidas) = 0,91666. Repete-se a operação para todos os partidos que atingiram o quociente eleitoral. Ganhará a primeira vaga da sobra aquele partido ou coligação que obtiver a maior fração. Caso haja outras sobras de vagas, a operação será repetida para cada uma delas, ganhando sempre aquela agremiação partidária ou coligação que obtiver a maior fração. A Justiça Eleitoral possui um sistema que realiza tanto os cálculos dos quocientes eleitoral e partidário quanto das sobras automaticamente após a totalização dos votos.

Tabela mostra como o Solidariedade conquistou duas vagas pela média, mais conhecida como “sobras”

Sendo assim o Solidariedade pegou a primeira e a última (ver imagem acima) sobra elegendo respectivamente Marckut da Maisa e Paulo Igo.

O fato incomum resulta das mudanças nas regras eleitorais para este ano cuja principal medida é o fim das coligações proporcionais. Se as estas ainda existissem mais chapas teriam eleito parlamentares pelo quociente partidário e poucos entrariam pelas sobras (este ano foram 11 dos 23 e em 2016 seis dos 21).

Talvez nas próximas eleições quando teremos menos partidos (caso a previsão de fusões partidárias se confirme para os próximos anos se confirme) a tendência de chapas fazendo mais de um vereador pelas sobras se torne uma rotina.

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Homem branco é o padrão dos prefeitos eleitos no RN

O racismo e o machismo estrutural está presente na política potiguar e uma de suas expressões está representada na política com a desproporcionalidade da presença de mulheres e negros/pardos no exercício do poder.

A eleição de 15 de novembro mostrou que apesar de a população potiguar ser 58% de pretos e pardos, esse grupo racial alcançou apenas 34,4% das prefeituras do Estado.

Enquanto 65% das administrações municipais ficarão nas mãos de brancos que representam 40,8% da população.

Na questão de gênero a situação é ainda mais grave. As mulheres representam 51,1% da população, mas governarão 22,5% das cidades. Já os homens estarão no poder em 77,5% das administrações mesmo sendo 48,9% do povo potiguar.

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MP Eleitoral pede cassação de candidato a vereador por uso da máquina pública em campanha

“Berg das Obras” é questionado pelo MP Eleitoral (Foto: divulgação)
O Ministério Público Eleitoral (MPE) está movendo uma ação na Justiça Eleitoral para que seja determinada a cassação do registro de candidatura de José Rosemberg da Silva a vereador em Parnamirim e a sua inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos próximos oito anos. O MPE também pede que o Juízo atuante na 50ª Zona Eleitoral também torne inelegíveis o secretário Municipal de Obras e um servidor lotado nesse mesmo órgão. Os três são suspeitos de usarem a máquina pública para promoção pessoal de José Rosemberg, cometendo abuso do poder político .
O MPE apurou que a Secretaria Municipal de Obras de Parnamirim (Semop) foi utilizada para dar suporte à campanha de José Rosemberg com a anuência do secretário, João Albérico Fernandes da Rocha Júnior, e o servidor, Thyago Henrique Lima dos Santos. Tendo influência na Semop, o candidato determinou onde as obras seriam executadas, de acordo com a sua conveniência política e com o compromisso por ele assumido com os moradores dos locais beneficiados com a melhoria das vidas.
Esses benefícios foram realizados em diversos bairros e localidades do Município. Não por acaso, o jingle utilizado na campanha refere-se ao candidato a vereador como “Berg das Obras”, sendo toda a comunicação alicerçada no cargo que exerceu na Secretaria de Obras de Parnamirim.
José Rosemberg trabalhou por três anos na secretaria como gestor dos contratos de manutenção viária e nivelamento de rua, responsável por fiscalizar as obras de manutenção viária em campo e indicar as vias públicas que sofreriam as intervenções. Pediu exoneração do cargo para ser candidato, mas indicou o servidor que lhe substituiu, quem vem a ser o representado Thyago Henrique.
O candidato não foi eleito, mas está na lista de suplentes. Se a candidatura for cassada, ele perderá a suplência, assim como haverá a nulidade dos votos efetivados a ele.
Uso da máquina pública
As investigações ministeriais apontaram que as condutas dos envolvidos foram reiteradas, com capilaridade e abrangência, e ocorreram durante um tempo expressivo, sendo intensificada no ano eleitoral. O secretário de Obras, João Albérico Fernandes da Rocha Júnior, e o servidor da Secretaria de Obras, Thyago Henrique Lima dos Santos permitiram o uso da máquina pública para beneficiar a candidatura de José Rosemberg da Silva. Ambos possuíam conhecimento das práticas irregulares perpetradas pelo candidato, uma vez que as ratificavam ao atenderem os  pleitos, mesmos cientes de que isso poderia desequilibrar o processo eleitoral.
O MPE iniciou a investigação após receber denúncia remetida pelo Juízo Eleitoral, a respeito de possível abuso de poder por parte do candidato.
Em postagens nas redes sociais, o próprio José Rosemberg postou fotos relacionadas à manutenção de vias públicas com mensagens de agradecimento à Secretaria Municipal de Obras sobre o atendimento aos requerimentos feitos. Pelo exposto nessas redes sociais, o MPE verificou que o candidato continuava a se portar como estivesse no exercício do cargo da Secretaria de Obras, ou, pelo menos, resta demonstrada a total influência na secretaria. Isso porque pelas postagens compreende-se que ele tinha ciência de onde estavam ocorrendo as obras nos mais diversos bairros do Município, fato que lhe dava a oportunidade de fazer o registro fotográfico e apresentar-se à população como o candidato das obras.
Ressalte-se que em algumas fotos, ele está acompanhado dos outros dois representados, o secretário de Obras e o servidor público. É bom reforçar que o candidato foi exonerado do cargo público a pedido para disputar o pleito. Dessa maneira, não poderia continuar realizando as visitas e fiscalizando as obras, conforme se verifica nas fotos, sob pena de se concluir que continuava exercendo função pública.
Assim, houve uma nítida vinculação da imagem do candidato José Rosemberg com a concretização das diversas obras públicas postadas em suas redes sociais com a conivência do secretário de Obras e do atual gestor dos contratos, que substituiu o candidato após o afastamento de direito.
Fonte: MPRN
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Lembra dela? Vereadora recebida com carreata após sair da prisão faz irmã campeã de votos em Angicos

Vereadora é recebida com carreata (Foto extraída do https://www.carloscosta.com.br/)

Lembra da vereadora Nataly Felipe (PSDB)? Ela é aquela parlamentar de Angicos presa em setembro durante a Operação Combustão II que apura desvios de finalidade em pagamentos pelo uso de combustível naquela cidade.

Após dormir na Cadeia Pública Feminina de Mossoró ela foi libertada e recebida com carreata em Angicos.

A homenagem não foi por acaso. A mulher é popular. Ela fez da irmã “Nova de Nataly” (PSDB) se eleger com 620 votos (7,84%), sendo a mais votada em Angicos.