Hoje, a prefeitura do Natal gasta 16 milhões com publicidade, isto é, 80% de todo o orçamento de governo do RN para comunicação em 167 municípios. Os 20 milhões despendidos em 2024 pelo Estado é o mesmo orçamento do tempo da ex-governadora Vilma de Faria. Mossoró, uma cidade com 300 mil habitantes, canaliza cerca de 8 milhões, quase a metade de um ente da federação. A Paraíba, nosso vizinho, tem 46 milhões em verba de publicidade para utilizar, fora aquilo que ainda é destinado para comunicação por cada secretaria (de saúde, educação, etc). Elas também têm recursos para publicidade ao contrário das daqui.
É em parte por isso que a prefeitura do Natal consegue pautar o debate na capital e joga todos os problemas da chamada cidade do sol nas costas da governadora Fátima Bezerra. Natal concentra 16 milhões em uma única cidade. O RN pulveriza em 167 municípios. Assim ocorre nas demais localidades.
É também por isso que os veículos são compostos por antipetistas ensandecidos pouco preocupados em ao menos apresentar a notícia. Sem anteparo da comunicação estadual, as prefeituras encontram terreno livre para jogar os seus problemas nas costas do governo. Hoje é mais fácil fazer isto do que apresentar respostas concretas diante de problemas inconvenientes.
Ou Fátima equipara esta disputa ou vai ficar correndo atrás do leite derramado sempre. A falta de equilíbrio faz além disso com que não exista uma responsabilização adequada diante da sociedade sobre quem deve executar o que. Na prática, para os prefeitos têm sido mais fácil empurrar suas responsabilidades para um elo hoje sem defesa na esfera pública de debate. A relação entre prefeituras, estado e sociedade termina prejudicada.
O editor do Blog do Barreto, o jornalista Bruno Barreto, vai mais uma vez dividir sua experiência profissional com alunos de jornalismo.
O evento faz parte da programação do primeiro dia da I Semana de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), organizada Centro Acadêmico de Jornalismo (CAJOR).
Desta vez ele será um dos debatedores da Mesa Redonda “Assessoria de Comunicação em Instituições Públicas” ao lado das jornalistas Iuska Freire (diretora da Agecom/UERN) e de Katharine Magalhães (jornalista da UFERSA). A mediação será da estudante Ester Chagas.
Será uma oportunidade para dividir experiências na comunicação institucional no setor público.
Mossoró vive um surto de fofoca expondo a vida pessoal de pessoas da classe média, em alguns casos são mentiras deslavadas, e a Prefeitura local aproveitou a onda de fuxicos para alertar sobre o que importa: 120 mil pessoas da cidade estão com a vacinação contra a covid em atraso.
Aí numa sacada de marketing, a Prefeitura de Mossoró uniu útil ao necessário ao convocar os fofoqueiros da cidade para espalhar o dado preocupante:
Utilidade pública:
Marque 3 fofoqueiros de plantão pra
divulgar que, em Mossoró, mais de
120 mil pessoas estão em atraso com
a dose de reforço contra a covid
Procure a UBS mais próxima e vacine-
se!.
Na legenda o perfil da Prefeitura de Mossoró nas redes sociais lembra que todo mundo tem um amigo fofoqueiro e sugere que o dom seja usado para fazer o bem:
Todo mundo tem aquele amigo ou amiga que não perde uma, né? Que tal usar esse “dom” pra fazer o bem? Vamos compartilhar utilidade pública que é bem melhor e ainda salva vidas.
Agora a galera atualiza o esquema vacinal! Procure a
UBS do seu bairro e atualize sua vacinação contra a
covid-19. Você se vacina e também protege todos ao
seu redor.
O post até o fechamento desta matéria já tinha mais de quatro mil curtidas e quase 600 comentários.
Nota do Blog: ótima sacada da comunicação da Prefeitura de Mossoró. Vamos espalhar essa fofoca que salva vidas.
O reitor pró-tempore do Instituto Federal do Rio Grande do Norte Josué Moreira (PSL) se reuniu com os servidores do setor de comunicação da instituição. O encontro realizando entre 14h e 15h de ontem foi marcado por situações constrangedoras.
Por meio de uma nota os servidores da comunicação do IFRN relataram que uma delas foi a sugestão de que as notícias sobre as reuniões dos conselhos fossem lidas pelo reitor antes de serem publicadas no site da instituição.
Diz a nota: “O interventor comentou que a sociedade não deveria observar as brigas internas e que a comunicação não deveria dar ênfase aos embates. Então, disse que gostaria de ter acesso aos nossos textos e ler as notícias antes de publicadas. Segundo ele, assim “as mensagens teriam o respaldo da gestão pro-tempore’”.
Os jornalistas relataram na nota que falaram que este não é o procedimento padrão. “Reforçamos que não era essa a nossa prática, que a comunicação é institucional e que nos respaldamos na Política de Comunicação do IFRN, aprovada pelo Consup, documento que coloca a perspectiva da comunicação pública, voltada para atender a sociedade e a instituição, e não a gestão”, afirma.
Segundo o relato bem ao estilo Luís XIV, Josué alehou que pelo fato da comunicação sem direçãom o chefe é o reitor pró-tempore.
Josué Moreira será alvo de questionamentos na próxima reunião do Conselho Superior do IFRN (CONSUP) conforme fomos informados.
O Blog do Barreto fez contato com Josué Moreira, mas o telefone dele (aquele disponibilizado nesta matéria) estava desligado.
Nota do Blog: trabalho há nove anos na comunicação institucional da UERN e esse, de fato, não é o procedimento padrão. Esse tipo de pedido fere a autonomia do profissional. Não é demérito acontecer de a matéria ser lida antes quando a iniciativa parte do jornalista e, neste caso, o usual ocorre em matéria sobre temas científicos como prevenção a eventuais erros jornalísticos. Mais um papelão do pró-tempore.
Nota do Blog 2: isso diz muito sobre o tamanho da ilegitimidade de Josué Moreira no cargo de reitor.
Segue a abaixo a nota assinada pelos profissionais da comunicação do IFRN:
Pessoal, a equipe de Comunicação Social da Reitoria teve uma reunião na tarde de hoje, 2 de junho, com a equipe da intervenção (Josué, Cleverton, Samuel, Bruno, com a participação em alguns momentos de Calistrato e Ribeiro). No início, se mostraram interessados no trabalho e disseram que estavam fazendo esta reunião primeiro com o grupo porque a comunicação seria a “alma da Instituição” e precisa passar uma “mensagem de confiança”. Que o setor está sem chefia, mas que estão procurando um jornalista para assumir, já que a instituição estaria gozando agora de uma certa calmaria. Pediram que nos apresentássemos e falássemos como o setor funciona. Questionamos essa calmaria, pois o que vemos são servidores angustiados e em sofrimento, principalmente os da Reitoria.
Pontuamos, cada um em sua fala, que não concordarmos com a situação, inclusive com a forma a qual foi nomeado o pro-tempore, através de indicação política e externa à Instituição (conforme soubemos através da imprensa).
Falamos da tristeza em ver os projetos paralisados e a comunicação ser vista como mera ferramenta de publicação de notícia, sem considerar os aspectos da construção da cidadania.
Foi aí que chegou onde eles queriam: as notícias sobre as reuniões dos conselhos.
O interventor comentou que a sociedade não deveria observar as brigas internas e que a comunicação não deveria dar ênfase aos embates. Então, disse que gostaria de ter acesso aos nossos textos e ler as notícias antes de publicadas. Segundo ele, assim “as mensagens teriam o respaldo da gestão pro-tempore”.
Falamos da nossa insatisfação em ouvir isso, uma vez que tal procedimento nunca aconteceu na Instituição. Até então, a postura sempre foi de autonomia para fazer as publicações da forma que consideramos necessária à Instituição e aos preceitos de transparência.
Um dos membros da equipe sugeriu mudanças na forma de lidar com a Central de Serviços, dando acesso aos gestores da Reitoria desde a abertura dos chamados pela comunidade acadêmica.
O interventor declarou que “a mensagem deve ser da gestão”. Reforçamos que não era essa a nossa prática, que a comunicação é institucional e que nos respaldamos na Política de Comunicação do IFRN, aprovada pelo Consup, documento que coloca a perspectiva da comunicação pública, voltada para atender a sociedade e a instituição, e não a gestão. Josué disse que, como estamos sem chefe, o chefe é o reitor.
Sugerimos então que enviasse um questionamento à Procuradoria Jurídica a fim de esclarecer sobre o papel da comunicação social. Se, como chefe direto, exige o encaminhamento das notícias para aprovação, que formalize de alguma maneira essa necessidade. E que lessem a Política de Comunicação do IFRN, disponível de forma pública no site do Instituto. O pro-tempore respondeu que fariam isso e que, até que as respostas chegassem, continuássemos fazendo da forma que achamos que deve ser feito.
Como grupo de comunicadores e de servidores participantes diretos da elaboração de tal política, enquanto não vier uma notificação formal de que não podemos, continuaremos dando publicidade ao que é discutido em nossos Conselhos, trabalho que consideramos essencial para a manutenção de uma instituição (e de uma sociedade) democrática.