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IBGE confirma Mossoró com população menor que o estimado

Durante a 3ª Reunião de Planejamento e Acompanhamento do Censo 2022 (Repac 2022), realizada na Câmara Municipal de Mossoró, na manhã desta segunda-feira, 03, o IBGE divulgou dados preliminares sobre a população de Mossoró.

 De acordo com Hidelbrando Reis, que é técnico em informações geográficas e estatísticas do IBGE/Mossoró, o número poderá sofrer alterações, mas até agora a população de Mossoró, de acordo com o censo, é de 264.181 habitantes.

Hidelbrando explica que o número pode sofrer alterações, pois ainda precisa ser revisado, mas que não deve ser muito diferente do que já foi apurado. “Enviamos os dados coletados para o TCU. E vamos fazer uma revisão detalhada dos dados colhidos. Por isso o número atual que mostramos aqui é provisório. A previsão da divulgação final é abril deste ano, ainda sem data exata definida”, explicou.

Divergências

Questionado quanto à diminuição da população de Mossoró, que em relatório de 2019 registrava população estimada em 303.792 pessoas, Hidelbrando explicou que essa divergência se deve, pois os dados foram feitos através de um cálculo utilizando-se os Censos de 2000 e 2010. “O número anterior era uma estimativa calculada levando em conta os Censos anteriores. Este novo dado é o resultado da pesquisa dos recenseadores, que fizeram visitas nas residências, entrevistaram a população, foram de casa em casa”, afirmou.

Hidelbrando explicou ainda que Mossoró não diminuiu. “Quando nós comparamos Mossoró com o censo anterior, Mossoró não diminuiu, houve um acréscimo. O Censo passado deu 259 mil, agora está 264 mil, houve um acréscimo, a questão é que o acréscimo foi menor do que o esperado, quando comparado à estimativa calculada. A estimativa é calculada todos os anos, feita através de cálculo matemático que se baseia nos dois últimos Censos”.

Casas fechadas

Sobre a situação de casas fechadas e pessoas que se recusaram a responder o Censo 2022, Hidelbrando explicou que a situação não causa impacto significativo nos números colhidos, quando se leva em conta dados quantitativos, pois há como fazer uma estimativa. “O prejuízo, no caso de pessoas que se recusaram a responder, é mais qualitativo. Por exemplo, no Censo de 2022 perguntamos sobre pessoas com autismo. Quando as famílias se recusam a responder, perdemos este número específico. Mas o impacto em relação ao número populacional não é tão grande”. Hidelbrando explicou ainda que cerca de três mil casas estavam fechadas durante visita dos recenseadores.

Impactos

O registro da diminuição da população pode impactar no número de vereadores da Câmara Municipal de Mossoró. Pela previsão na Constituição Federal, municípios que tenham acima de 160 mil habitantes até 300 mil habitantes podem ter até 21 vereadores. E municípios com mais de 300 mil habitantes podem ter até 23 vereadores. Atualmente, a Câmara Municipal de Mossoró possui 23 cadeiras parlamentares, já que em dados divulgados anteriormente, o número de pessoas em Mossoró ultrapassava os 300 mil.

Sobre a possível diminuição no número de vereadores, o presidente da Câmara, vereador Lawrence Amorim explicou que é algo determinado pela Constituição Federal e deverá ser analisado quando os dados oficiais do Censo 2022 forem divulgados. “A Constituição diz que se tiver menos de 300 mil habitantes o município pode perder as cadeiras. Se esses dados se concretizarem, após a revisão que será realizada pelo próprio IBGE, pode ser que diminua a quantidade de cadeiras”, explicou, lembrando que os dados apresentados são ainda preliminares.

Além do número de vereadores, há outros impactos, como a diminuição dos recursos enviados para Mossoró pelo Governo Federal. Para o vereador Lamarque Oliveira, isto causa certo receio. “A partir do momento que o IBGE aponta essa diminuição da população, Mossoró receberá menos recursos”, afirmou.

Durante a reunião, estiveram presentes os vereadores Lamarque Oliveira (PSC), Lawrence Amorim (SD), Omar Nogueira (Patriota), Lucas das Malhas (MDB), Wíginis do Gás (Pode), Marckuty da Maisa (SD), Genilson Alves (Pros), além de assessores dos vereadores e vereadoras e da ouvidora do município, Janaína Holanda, representando o prefeito Allyson Bezerra.

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IBGE 3ª faz reunião de planejamento e acompanhamento do Censo 2022 na Câmara Municipal

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizará em Mossoró a 3ª Reunião de Planejamento e Acompanhamento do Censo 2022 (3ª Repac), próximo dia 3 (segunda-feira), às 9h, na Câmara Municipal.

Na ocasião, o IBGE detalhará a fase final do Censo, segundo João Paulo de Sousa, coordenador de Subárea do instituto. “A reunião servirá para o IBGE dar transparência ao processo censitário de 2022”, informa.

Ele acrescenta que o IBGE apresentará os mais recentes resultados do Censo 2022. “Daí, a importância que os poderes Executivo e Legislativo e a sociedade civil de maneira geral participem e façam questionamentos”, frisa o servidor.

Trata-se da última Reunião de Planejamento e Acompanhamento da rodada 2022. A realização, próximo dia 3, foi decidida hoje (28), em audiência de equipe do IBGE com o presidente da Câmara, Lawrence Amorim (Solidariedade).

O IBGE concluiu a coleta regular em dezembro. “Desde então, temos feito trabalho de supervisão para garantir a qualidade da operação censitária. Se não houver problema, divulgaremos o resultado final na primeira quinzena de abril”, confirma Sousa.

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Taxa de desocupação no RN está com tendência de queda e rendimento é acima da média do Nordeste, mas abaixo da nacional

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem (28/02) os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) trimestral. O levantamento traz indicadores de trabalho e rendimento para o 4º trimestre (outubro-novembro-dezembro) de 2022, com informações sobre estados, regiões metropolitanas e capitais.

Com o objetivo de acompanhar a conjuntura do mercado de trabalho do país, a PNADC vem apontando para uma tendência de queda na desocupação. Em território potiguar, a taxa de desocupação foi de 9,9%, estatisticamente estável em relação ao trimestre anterior (que foi de 10,5%), mas apresentando queda quando comparada ao mesmo trimestre de 2021 (12,7%). Trata-se do melhor trimestre desde o 4º trimestre de 2013, quando o estado apresentou uma taxa de 9,8%. Ainda assim, esse valor representa a 10ª maior taxa de desocupação do país, em ranking liderado pela Bahia (13,5%).

Em números absolutos, essa taxa representa cerca de 153 mil pessoas que não conseguiram atividade laboral no estado, uma diminuição de cerca de 10 mil pessoas em relação ao trimestre anterior. Quando comparado ao mesmo trimestre do ano de 2021 (194 mil), há uma queda de 21,1%.

São consideradas desocupadas as pessoas que estavam sem trabalho e que tomaram alguma providência para conseguir emprego, como entregar currículo, atender a entrevistas de emprego, inscrever-se em concurso, entre outras atitudes. Essas pessoas estavam disponíveis para assumir o posto de trabalho naquela semana caso o tivessem encontrado, porém não obtiveram êxito.

A PNADC também permite verificar a situação da desocupação em diferentes grupos, permitindo indicar outros tipos de desigualdades presentes no território. Uma delas é a de gênero. Entre os homens, a taxa de desocupação foi de 9,3%, enquanto entre as mulheres foi de 10,8%. A diferença na taxa de desocupação entre os gêneros apresentou redução em relação ao trimestre anterior quando a taxa para eles foi de 9,2% e, para elas, de 12,3%.

A taxa de desocupação também é diferente quando se observa a cor ou raça da população. No RN, esse indicador foi de 8,8% para pessoas brancas, 7,7% para pessoas pretas e 11% para pessoas pardas. Em números absolutos, são 48 mil pessoas brancas desocupadas, ao passo que pretos e pardos somam 103 mil.

Em termos de escolaridade, a desocupação no RN é de 8,4% para quem não tem instrução ou tem até 1 ano de estudo; de 10,3% para aqueles com ensino fundamental completo; 11,8% entre as pessoas com ensino médio completo e 4,4% para os que possuem diploma de ensino superior. Ademais, do contingente de 153 mil desocupados, cerca de 131 mil (86%) têm até o ensino médio completo como maior nível de instrução (ou seja, esse grupo abarca desde aqueles sem instrução até aqueles com ensino médio completo).

Em Natal, observou-se uma taxa de desocupação de 8,8% no 4º trimestre de 2022, representando uma situação de estabilidade no índice em relação ao trimestre anterior. Em comparação a outras capitais nordestinas, a capital potiguar tem a 3ª menor taxa de desocupação, ficando acima apenas de Fortaleza (7,5%) e Teresina (8,7%). Nacionalmente, Natal fica na 14ª posição no ranking.

Em termos de ocupação por grupamento de atividades no trabalho principal, o comércio continua a ser o setor que mais emprega no estado, representando 22,1% no volume de pessoas ocupadas. Em segundo está a administração pública com 20,9%. O setor de transporte, armazenagem e correios é o que possui menor participação no mercado de trabalho potiguar, representando cerca de 3,4% das pessoas ocupadas.

Rendimento médio do potiguar está acima da média da região, e massa de rendimentos permanece estável

O rendimento médio real mensal (descontada a inflação) de todos os trabalhos foi, no RN, de R$ 2.153,00, valor acima da média da região Nordeste (R$1.885,00), porém abaixo da média nacional (R$2.808,00). O estado potiguar apresentou aumento de 6,2% no valor do rendimento mensal em relação ao trimestre anterior (R$ 2.028,00) e de 3,9% frente ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.072,00), contudo esses valores não mostram significância estatística, o que indica estabilidade de rendimento médio nos períodos considerados. No Nordeste, apenas Pernambuco registrou tendência de aumento (9,7%) no rendimento mensal em relação ao trimestre anterior.

Além disso, a diferença do rendimento médio mensal entre homens (R$2.288,00) e mulheres (R$1.959,00) foi de 329 reais, a maior da região Nordeste.

A pesquisa traz também a massa de rendimentos de todos os trabalhos, que, no RN, foi de 2,95 bilhões de reais, ficando na quinta posição no ranking entre os nove estados do Nordeste. Quando comparado com o trimestre anterior e com o trimestre do ano anterior, o Rio Grande do Norte apresentou estabilidade na massa de rendimentos, pois, apesar do registro de aumento de 6,6% e de 9,1% respectivamente, estes valores não mostram significância estatística.

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RN tem o maior crescimento do custo da construção civil desde 2014

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) para o Rio Grande do Norte, divulgado pelo IBGE, fechou 2022 com alta de 16,42%, maior taxa desde 2014 na série com desoneração, com elevação de 0,15 ponto percentual em relação a 2021 (16,78%). Em dezembro, a taxa apresentou variação de 0,60%, ficando 0,66 ponto percentual acima do mês anterior (–0,06%), mas acompanhando a tendência nacional de desaceleração no ano e registrando o terceiro menor índice de 2022.

O Sinapi mede o custo nacional para o setor habitacional por metro quadrado, que passou para R$ 1.542,57 em dezembro no RN, sendo R$ 963,62 relativos aos materiais e R$ 578,95 à mão de obra. Em novembro, o custo havia sido de R$ 1.533,35. Nacionalmente, para o mês de dezembro, esse valor ficou em R$ 1.679,25. No Nordeste, a Paraíba foi o estado com maior custo da construção civil por metro quadrado, com R$ 1.591,40.

A parcela dos materiais apresentou variação de 0,77%, sendo –0,10% e 0,26% as variações de novembro e outubro respectivamente. Ante o índice de dezembro de 2021, (0,60%), houve aumento de 0,17 ponto percentual.

Já a parcela de mão de obra variou em 0,33% na comparação com novembro (0%), subindo 0,33 ponto percentual. Em relação a dezembro de 2021, houve aumento de 0,33 ponto percentual, quando a variação observada também foi de 0%.

O resultado acumulado no ano de 2022 registrou variação de 16,42% nos materiais, enquanto a parcela do custo referente aos gastos com mão de obra atingiu 17,82%. Em 2021, a parcela de materiais fechou com variação no ano de 24,74%, e a mão de obra, em 5,41%.

Custos da construção civil no Rio Grande do Norte têm o maior aumento do Nordeste em 2022

O estado potiguar teve, em números absolutos, um dos menores custos no setor de construção civil dentre todas as unidades da federação, com apenas Alagoas (R$ 1.505,81) e Sergipe (R$ 1.475,66) apresentando custos mais baratos. No entanto, em termos percentuais, o estado teve a maior elevação de custos do Nordeste e uma das maiores do país, ficando apenas atrás de Mato Grosso (20,52%) e Rondônia (16,96%).

A pesquisa

O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) tem por objetivo a produção de séries mensais de custos e índices para o setor habitacional, e a produção de séries mensais de salários medianos de mão de obra e preços medianos de materiais, máquinas e equipamentos e serviços da construção para os setores de saneamento básico, infraestrutura e habitação. O Sistema é uma produção conjunta do IBGE e da Caixa Econômica Federal. As estatísticas do Sinapi são fundamentais na programação de investimentos, sobretudo para o setor público. Os preços e custos auxiliam na elaboração, análise e avaliação de orçamentos.

As principais variáveis pesquisadas pelo Sinapi são os preços dos insumos e os salários da mão de obra utilizados na construção civil. O preço adotado no Sinapi corresponde ao valor cobrado à vista para um insumo pesquisado, considerando-se os impostos IPI e ICMS, deduzidos os eventuais descontos por oferta ou promoção e sem incorporação de frete. O salário corresponde ao salário-hora bruto da categoria profissional, calculado com base no piso da empresa pesquisada, referente à jornada normal de trabalho de 44 horas semanais, totalizando 220 horas num mês. Salários contratados para execução de “serviços por empreitada” não são considerados.

Sinapi: quadro resumo – Com desoneração da folha de pagamento de empresas do setor

Custo médio total do m² (reais) Custo médio do m² – componente material (reais) Custo médio do m² – componente mão de obra (reais) Variação no mês (%) Variação no ano (%) Variação em 12 meses (%)
Brasil 1.679,25 1001,20 678,05 0,08 10,90 10,90
RN 1.542,57 963,62 578,95 0,60 16,93 16,93

Sinapi: quadro resumo – Sem desoneração da folha de pagamento de empresas do setor

Custo médio total do m² (reais) Custo médio do m² – componente material (reais) Custo médio do m² – componente mão de obra (reais)

Variação no mês (%)

Variação no ano (%) Variação em 12 meses (%)
Brasil 1.783,53 1.001,70 781,83 0,08 10,95 12,95
RN 1.631,57 964,27 667,30 0,59 17,00 17,00

Fonte: IBGE

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Quatro cidades do RN ganham liminares para evitar perdas do FPM

Portal 98 FM

O juiz federal José Carlos Dantas de Souza concedeu, nesta semana, a quatro municípios do Rio Grande do Norte decisões liminares que impedem o Governo Federal de reduzir repasses financeiros em decorrência da indicada queda na população dessas cidades.

Até agora, foram beneficiadas as prefeituras de Nova Cruz, Pau dos Ferros, São Miguel e São Paulo do Potengi.

A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), presidida pelo prefeito Babá Pereira (São Tomé), orienta que todas as prefeituras que tenham indicação de perda populacional procurem a Justiça para não terem redução de receitas. Ao todo, são 27 municípios que tiveram queda significativa de população a ponto de perder receitas, segundo projeção divulgada na semana passada pelo IBGE.

Apesar de terem a indicação de que terão a população reduzida, as prefeituras foram à Justiça alegando que a eventual redução nos repasses federais só pode ocorrer quando o Censo for concluído.

As prefeituras alertam que os dados de população apresentados pelo IBGE no último dia 28 dezembro são uma mistura entre o que já foi coletado no Censo e uma projeção calculada em cima das áreas ainda não recenseadas. O argumento é de que, até a conclusão do Censo, os municípios podem recuperar os patamares populacionais.

Com a projeção divulgada pelo IBGE, 27 municípios do RN tiveram redução tão significativa de população que cairiam no coeficiente usado pelo Governo Federal para fazer o repasse das cotas de Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Essa é a principal receita de alguns municípios.

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Reportagem

Demógrafo explica que a população do RN não diminuiu: “o censo permitiu que o IBGE revisasse os dados”

Paiva Rebouças – Agecom/UFRN

Prévia do censo demográfico 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o Rio Grande do Norte tem uma população 65% menor do que a estimada em 2021. Esperavam-se 3.560.903 habitantes em 2021, mas, no dia 28 de dezembro, o Instituto apontou que o estado potiguar fechará o levantamento com 3.303.953 de residentes. Os dados mostram um crescimento real de 135.926 pessoas desde 2010, mas esse número deveria ser ao menos três vezes maior.

A estimativa do IBGE é de que, entre 2010 e 2021, a população do RN cresceria na ordem de 1,07% ao ano, o que daria 12,4% no acumulado, mas em 2022 os dados mostraram que, na verdade, esse crescimento foi menor, num ritmo de 0,35% ao ano, chegando a um acúmulo bem menor, de apenas 4,29% na variação da população. Quando comparadas a estimativa de 2021 e a prévia de 2022, a distância é de 65,40%. “A leitura não deve ser a de que a população diminuiu entre 2021 e 2022. A verdade é que o censo permitiu que o IBGE revisasse os dados e a estimativa ficou mais precisa. Assim, confirma a tendência de redução do crescimento populacional e mostra que as estimativas que fazia antes dos dados preliminares do censo 2022 estavam superestimando o ritmo de crescimento da população”, explica o demógrafo Ricardo Ojima, chefe do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais (DDCA/UFRN).

De acordo com Ojima, o principal motivo para essas diferenças está na metodologia usada pelo IBGE. “Desde 2011 até 2021, anos em que não tivemos censos, a forma de o IBGE calcular e divulgar o tamanho da população nos municípios e estados é baseando-se em técnicas demográficas e estatísticas baseadas nas informações do passado para estimar a população daquele ano. Ou seja, só sabemos com certeza qual é o tamanho da população no ano em que o IBGE faz o censo, nos outros anos, eles se baseiam nos dados e informações dos censos anteriores para calcular a população dos municípios nos anos em que não é feito o censo”, diz.

Para evitar esse tipo de inconsistência, Ojima defende que seja feita uma contagem entre um censo e outro. “Era para ter sido feita em 2015/2016 uma espécie de censo reduzido, mais rápido e barato. Isso teria ajudado para que a diferença entre a estimativa de 2021 não ficasse tão diferente do que foi observado no censo de 2022. Assim, já ajuda para cobrar a necessidade de se fazer uma contagem em 2025/2026, pois o censo de 2022 pode ter problemas nos municípios onde a coleta está atrasada e talvez não consiga cobrir toda a população”, explica.

Por lei, o IBGE precisa divulgar as estimativas populacionais anualmente, pois esse levantamento serve de parâmetro para diversas ações e decisões que afetam o dia-a-dia dos brasileiros. Entre elas estão o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), responsáveis pela transferência de recursos do governo federal para essas unidades administrativas. Nesse caso, explica Ojima, se um município é maior ou menor, ele recebe mais ou menos recursos. Além disso, o número de vereadores de cada município tem como base o seu número de habitantes e, quanto maior o município, maior é a quantidade de vagas na câmara.

“O tamanho da população e suas características é fundamental para nossa vida econômica, social e política e o censo demográfico é a principal pesquisa do país para se obter essas informações. A operação censitária deste ano, por exemplo, atrasou para começar (era pra ter sido feita em 2020) por conta da pandemia e por conta de o governo federal não ter destacado recursos para tal em 2021. Começou, de fato, em agosto, após chegar até o Supremo Tribunal Federal (STF), e deveria ter terminado em outubro, mas ainda está em campo. Um dos motivos para se estender para além de outubro é a dificuldade de os recenseadores conseguirem que as pessoas respondam o censo”, completa Ricardo Ojima.

Natal perde população e Extremoz cresce 13 posições

Bairro planejado em Extremoz, cidade que mais ganhou população no RN – Foto: Divulgação

Na contramão do que se esperava, o município de Natal teve uma frustração no crescimento populacional de 155,73%, se levar em conta o que era aguardado. Em 2010, a capital do RN tinha 803.739 residentes e as estimativas para 2021 eram de uma população de 896.708. Contudo, a prévia do IBGE mostrou a principal cidade potiguar com apenas 751.932 moradores, o que é, em números absolutos, 51.807 pessoas a menos do que o IBGE havia estimado para 2021. Porém, os dados são ainda mais drásticos se observarmos a diferença total estimada entre 2021 e 2022, que é de menos 144 mil habitantes.

Por outro lado, quatro cidades da região metropolitana cresceram muito acima do que estava previsto. Extremoz foi a grande surpresa, saindo de uma população de 24.550 habitantes em 2010 para 61.381, na previsão censitária. São 36.831 pessoas a mais, quebrando todas as estimativas. No total, a diferença porcentual entre os números estipulados de 2021 para 2022 foi de 678,34% positivos. Cresceram em ritmo acelerado também São Gonçalo do Amarante (61,14%), Ceará-Mirim (68,84%) e São José do Mipibu (68,84%).

Ricardo Ojima acredita que a diferença nos dados da população estimada em 2021 para  Natal tem a ver com a metodologia do IBGE, que subestimou a redução na tendência de crescimento da capital, questão que já era perceptível. Isso quer dizer que a cada ano o crescimento apontava um ritmo menor, mas, como a última informação de censo foi de 2010, não conseguiu-se identificar que o fenômeno ocorreu mais rápido do que se imaginava. “O que observamos com esses novos dados de 2022 é que Natal se tornou menos atrativa e até deve ter perdido pessoas para municípios do seu entorno”, reforça.

No caso do município de Extremoz, continua Ojima, a situação foi contrária e, aparentemente, o “erro” foi maior. “Isso é comum nos municípios menores, pois o impacto de transformações sociais, políticas, econômicas e habitacionais é maior quando o município é pequeno. Quer dizer, é mais difícil fazer boas estimativas populacionais para municípios pequenos porque neles as coisas mudam com maior vigor e velocidade do que em um grande município, como Natal. Assim, a tendência é de que a diferença entre o que se estimava antes do censo e o que se tem depois do censo seja maior”, contextualiza.

Municípios perdem população

Cidade de Venha Ver foi a que mais perdeu população – Foto: Marcos Oliveira

Os dados demográficos mostraram que 77 cidades do RN (46% do total de municípios) apresentaram diminuição no número de habitantes em relação a 2010. Das 20 maiores cidades do estado, seis tiveram frustração no crescimento acima de 100% daquilo que era estimado em 2021. Caicó, que em 2010 era o 7º município mais populoso, perdeu uma posição, sendo ultrapassado por Extremoz, que em 2010 figurava na 19ª posição. A capital do Seridó potiguar, que perdeu 1.549 cidadãos, apresenta agora uma população 125,74% menor na diferença das projeções de 2021 e 2022.

Os outros desse grupo que também ficaram menores são Currais Novos (-155,32), Nova Cruz (-159,98), Canguaretama (-139,48), Macau (-147,16) e a já mencionada Natal (-155,73%). Mas o que parece ruim pode ficar pior, pois nenhum desses municípios se iguala ao tamanho da perda populacional da pequena Venha Ver, no Alto Oeste potiguar, que apresentou a maior queda proporcional de sua população e a pior estimativa de crescimento. A cidade, que em 2010 tinha 3.821 moradores, chega em 2022 com 808 conterrâneos a menos e uma população 310% menor do que a prospectada pelo IBGE no comparativo 2021/2022.

Segundo Ricardo Ojima, a expectativa de crescimento nesses municípios era baixa, mas ainda assim positiva até a estimativa de 2021. Com a revisão dos números, usando os dados preliminares do censo de 2022, mostrou-se um crescimento negativo. “Nesses casos, houve perda populacional entre o censo 2010 e o censo 2022. Precisamos aguardar os dados finais, mas é bem possível que esses dados se confirmem. O que também não é de todo surpreendente, porque os municípios do interior, exceto por alguns polos regionais maiores, já apresentavam tendências de decrescimento”, alerta.

Outra cidade que também apresentou crescimento muito abaixo do esperado foi Mossoró, que saiu de 259.815 habitantes em 2010 para 264.181 em 2022. Ao contrário da capital, que perdeu moradores, Mossoró tem 4.366 novos residentes, porém, a expectativa era de uma população total, no final do novo censo, de 303.792, ou seja, 39.611 a mais do que há 12 anos. Isso representa um crescimento de apenas 1,68%, o que é 90,07% menor do que o IBGE estimou para 2021.

Mossoró esperava ter mais 39 mil habitantes em 2022 – Foto: Ascom/Mossoró

“Assim como no caso de Natal, Mossoró também vem no mesmo processo de perda de atração. Isso ocorre nos municípios maiores de todo o país. E ganham, principalmente, os municípios do seu entorno”, diz Ricardo Ojima. Perguntado se Mossoró pode perder o posto de segunda maior cidade do RN, o demógrafo diz que é possível. “Há sim boa chance de Mossoró perder seu posto para Parnamirim, pois esse último é o principal destino de atração da Região Metropolitana de Natal. Parnamirim vem apresentando taxas de crescimento populacional acima da média do estado e até do país há cerca de 30 anos. Parnamirim cresceu mais de 8% ao ano entre 1980 e 1991 e se mantém com um ritmo de crescimento elevado. Mossoró, por outro lado, nunca chegou a valores de crescimento tão elevados”, contextualiza.

Menos população, menos recursos

A parte preocupante desses dados fica para os gestores, pois a redução na quantidade de moradores de uma cidade afeta os repasses federais. Segundo a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), com a prévia do censo divulgada pelo IBGE, 27 cidades do RN perderão R$ 100 milhões por ano em recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Em todo o Brasil, cerca de 700 municípios podem ser afetados, conforme dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). De acordo com o Tesouro Nacional, o coeficiente do FPM varia de 0,6, para municípios com até 10.188 habitantes, a 4, que contempla os que têm população superior a 156.216.

Por outro lado, seis prefeituras terão ganhos reais e significativos em seus orçamentos a partir de 2023, começando por Extremoz, que saltará de um coeficiente 1.4 para 2.4 devido a seu crescimento habitacional nos últimos 12 anos. Também mudarão de faixa no FPM os municípios de São Gonçalo do Amarante, Florânia, Jaçanã, São José do Campestre e Tibau do Sul.

A alteração na quantidade de pessoas residentes nos municípios pode comprometer ainda o legislativo, uma vez que o número de vereadores tem base no tamanho populacional. Municípios de até 15 mil habitantes, por exemplo, têm direito a nove assentos nas câmaras municipais, e isso muda na proporção em que também mudam o quantitativo de contribuintes, como mostra esta tabela do Senado Federal. “Extremoz é um dos municípios que deve aumentar de 11 para 15 vereadores. Caicó e Currais Novos, por outro lado, não perdem vagas porque, embora tenham uma população menor do que o estimado no ano passado, não mudam de faixa”, explica Ojima.

O município de Tibau do Sul, que ganhou 5.825 novos moradores, saindo de 11.385 habitantes para 17.210, também ganhará novas vagas na Câmara Municipal. Com o crescimento, a casa legislativa passará de nove para 11 cadeiras já na próxima eleição municipal.

Nordeste x Sul

Na prévia do IBGE, o Brasil cresceu 24% a menos que o previsto em 2021, chegando a 207,8 milhões de habitantes, ante os 213,3 milhões estimados. Das cinco regiões, apenas o Sul apresentou crescimento populacional acima do esperado (9%), sendo os estados de Santa Catarina (38%) e Paraná (20%) os únicos a ultrapassar as expectativas de elevação de sua população. A região Nordeste, por sua vez, cresceu 4,35%, metade do estimado para 2021, o que dá uma diferença de 49% a menos no comparativo 2021/2022. Na visão de Ojima, no entanto, provavelmente esses números têm mais relação com a diferença das metodologias do IBGE usadas em 2021 e em dezembro último. Ou seja, para o pesquisador, se, por um lado, o Nordeste teve sua população superestimada em 2021, a do Sul foi subestimada.

Mas o demógrafo alerta ainda que os dados significam também que a transição demográfica e a redução do número de nascimentos estão mais aceleradas do que se previa. “No geral, a população do país está crescendo num ritmo mais lento do que se imaginava antes. Isso tem a ver com dois fatores principais: o número de nascimentos se reduziu mais do que era esperado e/ou morreu mais gente do que se esperava. Essa segunda hipótese não deixa de ser verdade porque a covid-19 antecipou as mortes de cerca de 700 mil pessoas nesses últimos dois anos e, com certeza, foi um dos fatores que não eram esperados nas estimativas calculadas pelo IBGE nos anos anteriores”, finaliza Ricardo Ojima.

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PIB de Natal sofre queda em 2020. RN é o 18º entre os Estados

O PIB de Natal em 2020 foi de R$ 22,7 bi, frente a R$ 24,1 bi em 2019, uma queda de 5,8% em valores correntes (não corrigidos pela inflação). A capital potiguar ficou na 43ª posição no ranking dos municípios com maiores PIBs do Brasil, sendo o único município do RN a figurar nesse ranking. Esses são dados do Produto Interno Bruto dos Municípios 2020.

Considerando a região Nordeste, Natal estava na sétima posição entre os municípios com maiores PIBs. Mossoró apareceu na 22ª colocação e Parnamirim na 28ª. Os municípios de Viçosa, João Dias e Monte das Gameleiras destacam-se por terem alguns dos menores PIBs do estado e do Nordeste, ficando respectivamente nas posições 3ª, 16ª e 27ª no ranking da Grande Região.

Quatro municípios potiguares figuram entre aqueles com maior PIB per capita do Brasil:

  • São Bento do Norte, com 2.717 habitantes e PIB per capita de R$ 153 mil (43º);
  • Pedro Grande, com 3.199 habitantes e PIB per capita de R$ 125 mil (68º);
  • Bodó, com 2.197 habitantes e PIB per capita de R$ 119 mil (77º);
  • Guamaré, com 15.963 habitantes e PIB per capita de R$ 109 mil (91º).

Os cinco municípios com maiores PIBs do Rio Grande do Norte em 2020 responderam por 54,8% do PIB estadual, apesar de serem 3% do total de municípios do RN e de conterem 44,6% da população do estado potiguar. Desde o início da série histórica em 2002, porém, a participação dos cincos municípios com maior PIB do estado vem se reduzindo, passando de 60,4% em 2002 para os atuais 54,8%.

Os municípios com maiores PIBs do RN em 2020 foram:                

Município PIB (em BILHÕES de R$)
Natal 24,1
Mossoró 7,3
Parnamirim 5,6
São Gonçalo do Amarante 1,9
Macaíba 1,8
Guamaré 1,7
Açu 1,3
Caicó 1,3
João Câmara 0,9
Ceará-Mirim 0,9

Já aqueles com menores PIBs do estado em 2020 foram:

Município PIB (em MILHÕES de R$)
Viçosa 20,7
João Dias 24,1
Monte das Gameleiras 26,2
Taboleiro Grande 28,3
Ipueira 28,7
Franscisco Dantas 28,9
Jardim de Angicos 29,6
Pedra Preta 30,2
Água Nova 30,5
Timbaúba dos Batistas 33,9

PIB do Rio Grande do Norte fica na 18ª posição entre os estados

Em 2020, o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte ficou em 18º entre os estados, correspondendo a 71,6 bilhões de reais ou 0,94% do PIB nacional. O estado nordestino com maior PIB foi Bahia, com 305 bilhões de reais (ou 4,01% do PIB nacional). Já o PIB da capital, Natal, foi de 22,7 bilhões de reais, representando 31,8% do PIB do estado potiguar. Mossoró vem em segundo lugar com 10% do PIB estadual e Parnamirim em seguida, com 8,2%. A capital nordestina com maior PIB foi Fortaleza, com 65,2 bilhões de reais.

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Entenda por que a prévia do censo aponta população do RN e de principais cidades menor que o estimado em 2021. Mossoró pode perder dois vereadores

A prévia do Censo 2022 apontou que o Rio Grande do Norte tem uma população de 3.303.953 pessoas, são 230 mil habitantes a menos que o estimado em 2021.

A quantidade de habitantes menor que o estimado também se repetiu nas três maiores cidades potiguares: Natal, Mossoró e Parnamirim.

Cidade 2021 (estimativa) 2022 (prévia do censo
Natal 896.708 751.932
Mossoró 303.792 264.181
Parnamirim 272.490 252.950

Num comparativo com o censo de 2010, pode-se dizer objetivamente que a população de Natal diminuiu caindo de 803.739 para 751.932. Já Mossoró cresceu pouco saindo de 259.815 para 264.181. Enquanto Parnamirim se aproximou saltando de 202.456 para 252.950. Já o Rio Grande do Norte tinha 3.168.027 no censo anterior.

O Blog do Barreto conversou com Ernane de Souza, superintendente do IBGE no Rio Grande do Norte, que explicou porque a prévia teve números tão diferentes em relação as estimativa.

“As estimativas são baseadas no crescimento do censo de 2000 para 2010. Essa é uma metodologia reconhecida internacionalmente. É necessária uma contagem simplificada no meio do período que deveria ter sido em 2016. Por causa da ausência dessa calibração dificultou captar os movimentos populacionais na última década. Ainda houve um intervalo de 12 anos entre os dois censos, o que faz diferença”

Sobre a população do RN ser menor que o estimado, Ernane explicou que isso ocorreu em outros estados nordestinos. “Todos os Estados do Nordeste comparado com as estimativas tiveram uma redução”, frisou.

O superintendente do IBGE acrescentou que o censo ainda não acabou, mas isso não necessariamente significa grandes mudanças em relação a prévia. “O censo não acabou, apesar do Rio Grande do Norte ter uma cobertura de 99,9%, mas é possível que alguém não tenha respondido e o IBGE está dando uma nova chance, mas já fomos a todas as casas”, disse. “O dado é muito próximo do que vai estar no resultado final, mas não consigo afirmar que vai ser o resultado definitivo”, acrescentou.

O resultado do Censo será divulgado apenas em março de 2023.

Perdas para Mossoró

Após ultrapassar a marca de 300 mil habitantes nas estimativas do IBGE, Mossoró ganhou o direito de ter 23 vereadores em vez de 21. Com a informação de que está abaixo de 300 mil habitantes, a cidade voltará a eleger 21 em 2024.

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IBGE realiza Reunião de Planejamento e Acompanhamento do Censo 2022 na Câmara Municipal

Com o objetivo de promover a transparência do Censo Demográfico de 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou a 2ª Reunião de Planejamento e Acompanhamento do Censo 2022 (2ª Repac), na manhã desta segunda-feira, na Câmara Municipal de Mossoró.

Na oportunidade, o IBGE informou sobre o andamento da coleta no censo. A intenção é obter cobertura territorial correta e melhor qualidade dos dados levantados. A reunião contou com técnicos do IBGE e representantes de entidades e instituições, como Prefeitura de Mossoró e Sebrae.

A apresentação foi feita por Laura Beatriz Veríssimo Pacheco, servidora do IBGE em Mossoró. Ela apresentou informações extraídas, hoje (17), do Sistema Integrado de Gerenciamento e Controle (SIGC) do IBGE, que informa os dados do andamento da coleta de dados por estado ou município.

Eis a situação de Mossoró: total de setores (428); setores concluídos (206); setores em andamento (158); setores não iniciados (64); endereços visitados (111.020); domicílios entrevistados (67.820); domicílios fechados (15.975); população recenseada (195.475).

Entre as dificuldades, segundo Laura Veríssimo, estão ausências de moradores, recusas, acesso a condomínios e restrições de segurança. Notícias falsas, por exemplo, sobre o censo e o papel dos recenseadores, também dificultam o trabalho.

O coordenador de área do Censo Demográfico em Mossoró, Hildebrando Mota, discorreu sobre a tecnologia de georeferenciamento, utilizada no trabalho. “Os domicílios georeferenciados poderão ser de grande utilidade para a municipalidade, para obter parâmetros para o IPTU e mapeamento de possíveis pontos de alagamento pelas chuvas, por exemplo”, informa.

Saiba mais

O XIII Recenseamento Geral do Brasil, mais conhecido como Censo 2022, é a 13 ª operação censitária realizada em território brasileiro. A cargo do IBGE, tem a função de retratar a população brasileira, suas características socioeconômicas e, ao mesmo tempo, servir de base para todo o planejamento público e privado pelos próximos dez anos.

A coleta de dados do Censo 2022 começou em 1.º de agosto, contando com um orçamento de R$ 2,29 bilhões e mobilizando mais de 200 mil profissionais contratados exclusivamente para esta operação.

Inicialmente planejado para 2020, como costume de se realizar a cada dez anos, o censo foi adiado em um ano, impossibilitado de sua realização em razão da pandemia de COVID-19 no Brasil. Contudo, não ocorreu em 2021, após corte do Governo Federal da verba destinada à pesquisa em mais de 90%, sendo mais uma vez adiado para o ano seguinte.

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RN é o Estado com Censo mais adiantado

O Rio Grande do Norte é o estado com mais setores em que o Censo Demográfico começou a ser feito ou está concluído. Dos 5.972 setores do território potiguar, em 3.165 os recenseadores, no mínimo, iniciaram a mais importante pesquisa do Brasil. Isso representa mais da metade (53%) dos setores do estado.

Pernambuco (52,45%) e Distrito Federal (52,04%) seguem logo atrás do Rio Grande do Norte. Os números são do fim do dia 29 de agosto e fazem parte do primeiro balanço do Censo 2022. Os setores censitários são pequenas divisões do território, que facilitam a execução de pesquisas estatísticas. Cada recenseador trabalha em um setor por vez.

Em 29 dias de operação, 1.390.160 pessoas de 474.279 domicílios foram recenseadas em terras potiguares. Em 472.836 domicílios, a coleta do Censo foi presencial. Em outros 568, a entrevista foi por telefone. A resposta pela internet ocorreu em 875 residências.

As respostas por internet e telefone só são possíveis depois de um contato inicial com o recenseador, já que esse profissional é responsável por agendar a entrevista por telefone e repassar (por e-mail ou SMS) a senha para responder o questionário virtual.

Indígenas e quilombolas

A população indígena recenseada nos primeiros 29 dias do Censo 2022 é de 4.527 pessoas no Rio Grande do Norte. O balanço mostra também uma população quilombola de 4.833 pessoas.

As comunidades quilombolas já eram recenseadas anteriormente, mas não havia a distinção em relação à população em geral. Por isso, este ano o questionário do Censo pergunta: “você se considera quilombola?”. O quesito é aberto nos dispositivos dos recenseadores que realizam a pesquisa nessas comunidades. Assim, será possível traçar um perfil social e econômico desse recorte da população pela primeira vez.

Para os povos indígenas, a maior novidade é o questionário de abordagem com perguntas sobre infraestrutura, educação, saúde e hábitos e práticas tradicionais. Esse questionário deve ser respondido pela liderança local. Os demais integrantes da comunidade respondem o questionário desenvolvido para os domicílios com particularidades para indígenas. No Rio Grande do Norte, o IBGE preparou 38 profissionais para recensear os povos e comunidades tradicionais.

Recusas

O percentual de recusas em responder a pesquisa está em 1,5% no Rio Grande do Norte. Esse número é menor que a média da região Nordeste (1,8%) e do Brasil (2,3%).

Para convencer a população da importância de responder o Censo 2022, os recenseadores estão orientados a retornar três vezes aos domicílios resistentes ou vazios na hora da visita. Caso o morador não seja convencido a dar a entrevista, o supervisor fará uma visita. Em último caso, o morador resistente receberá uma carta sobre a obrigatoriedade da prestação de informações estatísticas conforme a Lei Federal 5.534/68.

Balanço do Censo 2022 no RN*

*até 29/08/22

1.390.160 pessoas recenseadas

474.279 domicílios recenseados

4.527 pessoas indígenas

4.833 pessoas quilombolas

53% dos setores trabalhados

Para que serve o Censo?

O Censo Demográfico é a única pesquisa que vai à casa de todos os brasileiros. O objetivo não é apenas a contagem da população, mas coletar dados essenciais sobre educação, condições de moradia, cor ou raça, trabalho e renda e outros temas. Os resultados são apresentados, por exemplo, em nível municipal e de bairro. Dessa forma, é possível observar como o perfil da população e as suas necessidades mudam no decorrer do tempo.

Os resultados podem orientar gestores de políticas públicas, guiar a tomada de decisão em negócios e servir de instrumento para o exercício da cidadania por qualquer brasileiro (a). Além disso, o Censo é fundamental para calibrar as amostras das demais pesquisas domiciliares do IBGE e fornecer insumos a institutos de pesquisa independentes e a acadêmicos.