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O pacto oligárquico

Vitórias de Carlos Eduardo e Rosalba em 2016 deram um fôlego aos oligarcas
Vitórias de Carlos Eduardo e Rosalba em 2016 deram um fôlego aos oligarcas

As ultratradicionais oligarquias Alves, Rosado e Maia estão juntos e misturados, isso tudo meio a contragosto, diga-se. Ontem (ver AQUI) se confirmou a aliança que faltava para fechar o cenário político no Rio Grande do Norte em 2018.

A prefeita de Mossoró Rosalba Ciarlini (PP) indicou o filho Cadu como vice de Carlos Eduardo Alves (PDT). O acordo só foi selado quando se entenderam a respeito da reeleição do sobrinho afim dela, Beto Rosado.

Tudo resolvido em família.

Acordo feito e incluindo no mesmo balaio o senador José Agripino (DEM) deslocado para a Câmara dos Deputados tirando momentaneamente o filho Felipe Maia da política. O líder demista fez um “sacrifício” por ele mesmo para se manter na política. Tudo para Carlos Eduardo não prejudicar seu projeto de chegar ao Governo do Estado e garantir as reeleições dos primos Garibaldi e Walter Alves.

As famílias se entenderam.

Se fosse há 20 anos e com alguns ajustes envolvendo personagens já falecidos ou aposentados da política essa aliança seria imbatível. Mas naqueles tempos as oligarquias eram mais fortes divididas em Alves x Maias cada uma com o suporte dos Rosado torados em duas bandas. Praticamente todos estão juntos para sobreviver politicamente.

Nas décadas de 2000 e 2010 os oligarcas do Rio Grande do Norte começaram a perder força. Primeiro permitiram uma terceira via vitoriosa saindo de dentro de suas entranhas. Refiro-me a Wilma de Faria que derrotou Alves e Maia após circular por esses dois grupos e ela mesma tendo uma origem oligarca.

Em 2006, Alves e Maia se uniram para derrota-la, mas Wilma vence. Em 2010, o voto casado colou e as oligarquias deram o último suspiro reelegende Garibaldi e Agripino e levando uma Rosado, Rosalba, ao Governo depois de 60 anos.

Em 2014, Rosalba é jogada no escanteio da política e se junta a Robinson Faria (outrora vice dissidente) e ao PT. Numa aliança reduzida e com a então governadora dando apoio velado derrotam Alves e Maia para Governo e Senado.

O recado do eleitor estava dado e as vitórias em Natal e Mossoró deram uma ilusão de poderio as oligarquias. Mas as pesquisas em 2018 mostram um cenário desalentador aos três grupos familiares.

Carlos Eduardo não decola nas pesquisas, Rosalba é mal avaliada em Mossoró e Garibaldi nunca iniciou uma campanha tão enfraquecido. Para completar a situação, José Agripino sequer teve condições de tentar a reeleição ao Senado.

O ano de 2018 pode ser o último suspiro das oligarquias em nível estadual, sacrificando talvez o seu quadro tecnicamente mais qualificado, Carlos Eduardo.

O pacto oligárquico tem tempo e meios para virar o jogo em 2018, mas também pode se afogar num mar de repulsa popular que eles parecem não perceber.

Teremos este ano um colapso das oligarquias? É possível que sim.