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Silêncio do PT sobre crise envolvendo Jean passa por 2026

Carlos Madeiro

UOL

Em meio à indefinição da permanência de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras, um fato chama a atenção em seu berço político: nenhuma liderança do PT do Rio Grande do Norte tem saído na defesa do executivo.

Esse silêncio parece ter uma explicação única nos bastidores: o afastamento entre ele a a governadora Fátima Bezerra (PT), que não teria interesse em ver o colega de partido e ex-senador ganhar corpo político na Petrobras e se cacifar na disputa ao governo do estado daqui a dois anos.

Em 2026, Fátima deve voltar a concorrer ao Senado, deixando a cadeira para o seu vice e preferido para sucessão, Walter Alves (MDB). É pensando nessa costura com o MDB que ela quer evitar que Prates ganhe protagonismo e assim vire uma dor e cabeça para na disputa pelo Senado.

Na minha leitura, há uma resistência dela em formar chapa com Prates candidato a governador. E se ele fica mais de três anos na Petrobras, fica muito forte.Alan Lacerda, cientista político e professor instituto de políticas públicas da UFRN

A questão não é apenas para 2026: há uma distância de Prates com a base militante do PT — partido ao qual se filiou em 2013 —, que também não mexe qualquer palha para o defender em meio à fritura que sofre na Petrobras. O nome de Prates na companhia é uma escolha pessoal de Lula, sem maior influência potiguar.

Em resposta a rumores de sua substituição, Prates defende sua gestão e afirma que seu “trabalho não para”.

Entre militantes mais antigos, o carioca Prates é visto político sem ideologia do PT e “sem votos”, que só teria chegado ao poder pela escolha de Fátima pelo nome dele para ser candidato para o Senado em 2014 como primeiro suplente dela — Fátima venceu a disputa.

Um integrante do PT no estado, que não quis ser identificado, disse não enxergar “esquerda” em Prates e afirmou que, por isso, falta apoio da militância ao ex-senador.

Primeiro suplente por apoio financeiro

 

A escolha de Prates como suplente de Fátima veio da própria governadora — e não foi embasada necessariamente em ideologia, mas no fato de ele ser um empresário bem relacionado com setores econômicos locais (ele era presidente do Cerne, o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia), o que renderia apoio financeiro à campanha, já que à época eram permitidas doações de empresas.

Outro ponto de crítica de petistas históricos é que Prates, antes de se filiar ao partido há uma década, tinha tido, até então, uma única experiência em cargo público, a de secretário de Energia no governo Wilma Faria (PSB), entre 2007 e 2010.

Foi ele quem deu início ao processo que levou hoje o estado a ser o maior gerador de energia eólica do país. Essa expansão, porém, é alvo também de críticas de vários setores da esquerda do ponto de vista social, ambiental e até histórico.

Senador por 4 anos

Apesar de parecer pouco atraente a princípio, a indicação para o cargo de primeiro suplente ao Senado era bem disputada porque trazia a expectativa de assumir os quatro anos finais de mandato — era de conhecimento geral que Fátima seria candidata forte ao governo do estado na eleição seguinte.

E foi o que ocorreu: Fátima venceu em 2018, e Prates herdou a cadeira de senador até janeiro de 2023, quando assumiu a Petrobras. No Senado, teve certo protagonismo, sendo líder da minoria durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Em 2020, Prates foi candidato pelo PT à Prefeitura de Natal. Apesar do apoio de Fátima e de Lula, teve 14% dos votos e acabou sendo derrotado no primeiro turno para o atual prefeito, Álvaro Dias (Republicanos), em sua reeleição.

Sua candidatura a prefeito, na verdade, visava mais encorpar seu nome para a disputa pela reeleição ao Senado. Como Prates não era muito conhecido, a exposição na capital era vista como uma boa propaganda.

Família Alves mudou tudo

Acontece que o PT de Fátima, numa costura que contou com Lula, resolveu se aliar ao MDB, que indicou Walter Alves (MDB), filho do ex-senador e ex-ministro Garibaldi Alves Filho (MDB), à vice. No acordo, Carlos Eduardo (PDT) foi o indicado candidato ao Sendo.

Em 2014, o PT havia vencido em uma chapa quase que puro-sangue, apenas com aliança com o PC do B.

Inicialmente, Prates reclamou de ser preterido, ameaçou ir para outro partido, mas segundo o UOL apurou foi convencido de que não teria chances sem a madrinha política Fátima.

Antes do prazo final de filiação, Prates publicou carta afirmando se manter no PT e aceitando novamente ser candidato a primeiro suplente —mas dessa vez ele perdeu, Rogério Marinho (PL) foi o eleito em 2022.

PT já tem candidata em 2024

Neste ano, seguindo ou não na Petrobras, Prates não será indiciado para disputar a Prefeitura de Natal: o partido aposta suas fichas em nome que tem ganhado força na esquerda local, a deputada federal Natália Bonavides.

Como o prefeito não pode mais se candidatar, nem há indicação ainda do nome que ele indicará ou apoiará, Natália é vista como uma das favoritas na disputa e tenta atrair partido para se lançar com apoio de Fátima e Lula.

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Eleitor do RN disse mais uma vez não as oligarquias familiares

É a terceira eleição consecutiva com derrotas eleitorais para os políticos das famílias que dominaram a política do Rio Grande do Norte na segunda metade do século XX e início do século XXI.

Alves, Maias e Rosados saíram dessas eleições completamente destroçados. Se em 2014 ainda preservaram alguns mandatos e em 2018 sobrou alguma coisa, em 2022 as oligarquias familiares foram reduzidas a um mandato de vereadora em Mossoró (outro em Natal) e terá como mandato mais importante do de Walter Alves (MDB), na condição de vice-governador.

Carlos Eduardo Alves (PDT) não conseguiu se eleger senador. Garibaldi Alves Filho teve uma boa votação, mas abaixo do esperado e não se elegeu deputado federal. Já Henrique Alves (PSB) teve uma votação tenebrosa de apenas 11.630 votos.

Os Maias só lançaram uma candidatura, a de Márcia, que recebeu 17.696 para deputada federal pelo Republicanos.

Entre os Rosados, Beto até foi bem votado, mas o seu PP não atingiu sequer as condições mínimas para disputar uma das sobras para deputado federal. Rosalba não se candidatou e viu seu capital eleitoral ser reduzido em Mossoró. Já ala sandrista acumulou votações muito ruins e saiu ainda menor destas eleições.

As três famílias que dominaram o Rio Grande do Norte saíram destas eleições praticamente irrelevantes e abrindo um vácuo para ser ocupado pelo bolsonarismo no campo da direita tendo em vista que a esquerda se consolidou como alternativa de poder com PT passando a ocupar mais espaços parlamentares e renovando seus quadros de liderança, além da votação consagradora da governadora Fátima Bezerra.

 

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Reportagem especial

Eleição começa no RN pela primeira vez sem o protagonismo das oligarquias desde o pós-redemocratização

Desde a redemocratização, em 1985, as oligarquias familiares que se estabeleceram na política potiguar antes de depois do regime militar estiveram no protagonismo eleitoral indicando candidatos ou tendo seus membros disputando a eleição.

Entre 1986 e 2010, as oligarquias Alves, Maia e Rosado estiveram no topo da cadeia alimentar da política do Rio Grande do Norte ganhando ou perdendo.

Alves e Maia estiveram em embates pelo Governo do Rio Grande seja com membros das famílias seja com indicados. Assim se elegeram Geraldo Melo (apoiado pelos Alves) em 1986 e Garibaldi Alves Filho em 1994 e 1998. Os Maias, oligarquia que se fortaleceu nos anos 1970 sob as bençãos da ditadura militar, elegeu José Agripino Maia em 1990 e disputou contra os Alves com João Faustino (1986), Lavoisier Maia (1994) e o próprio Agripino em 1998.

Curiosamente em 1990 houve um embate Maia x Maia com Agripino derrotando no segundo turno Lavoisier, que tinha a chancela dos Alves.

A quebra do confronto Alves x Maia ocorreu pela primeira vez em 2002 quando Wilma de Faria (na época no PSB) deixou a Prefeitura do Natal para se tornar a primeira mulher governadora do Rio Grande do Norte.

Ela ajudou a tirar o candidato dos Maia (Fernando Bezerra) do segundo turno e depois abateu o nome indicado pelos Alves (Fernando Freire) no segundo turno.

Wilma transitou pelas duas oligarquias sendo integrante por casamento com Lavoisier, da família Maia, e ocasionalmente aliada dos Alves nos pleitos de 1990 (quando seu então marido foi apoiado pelos antigos adversários) e 2000 (quando foi reeleita prefeita do Natal no primeiro turno).

Wilma contou com o apoio dos Maias no segundo turno em 2002, mas logo rompeu com os antigos familiares.

Enfraquecidos com a ascensão de Wilma, os Alves e os Maias deixaram as disputas dos anos 1980 e 1990 no passado se juntando (com uma parte dos Rosados) para derrotar Wilma em 2006.

Wilma acabou impondo a primeira derrota da carreira de Garibaldi Filho, apelidado de “Governador de Férias”, naquele ano, no episódio que ficou conhecido como “surra de saia”.

Detalhe curioso: Wilma não costumava usar saia em suas aparições públicas. Valeu mais pelo simbolismo.

Seria também a última reeleição para o Governo do RN.

Em 2010, a oligarquias deram sua última demonstração de força e passaram como um trator elegendo Rosalba Ciarlini governadora e renovando os mandatos no Senado e Garibaldi e Agripino. De quebra, o “Garibaldi Pai”, como ficou conhecido no fim da vida, herdou o mandato de Rosalba na Alta Câmara.

Alves, Rosado e Maia juntos em 2010: o último suspiro das famílias (Foto: reprodução)

Em 2014, a oligarquias ficaram ainda mais juntas, mas sofreram uma derrota duríssima mesmo montando o maior palanque já visto no RN em torno de Henrique Alves que terminaria derrotado por Robinson Faria para o Governo.

De volta ao ninho das famílias tradicionais, Wilma perderia o Senado para Fátima Bezerra (PT).

Em 2018, a oligarquias sofreriam o seu maior baque: perderam todas as cadeiras para o Senado. O eleitor potiguar escolheu Styvenson Valentim (Rede) e Zenaide Maia (PHS). O sobrenome da hoje parlamentar do PROS, é mera coincidência. De quebra, Fátima Bezerra bateria Carlos Eduardo Alves para o Governo impondo uma vitória com 269.875 de maioria.

Hoje as oligarquias pela primeira vez não ocupam os cinco cargos mais importantes: governador, vice-governador e as três vagas do Senado.

A consequência disso em 2022 é a apresentação de um quadro diferente. As oligarquias perderam protagonismo. Os oligarcas não tiveram o peso do passado na montagem das chapas, ocupando posição secundária nas articulações.

Sem a Prefeitura de Mossoró em mãos e coadjuvantes na oposição ao prefeito Allyson Bezerra (SD), Rosados só possuem uma candidatura competitiva: a tentativa de reeleição de Beto Rosado. Os Maias só não estão fora do pleito porque Márcia Maia, filha de Wilma e Lavoisier, tenta uma vaga na Câmara dos Deputados, com chances remotas.

Quem ainda respira por aparelhos são os Alves que precisaram aderir ao grupo de Fátima Bezerra. Carlos Eduardo disputa o Senado numa situação de completa dependência da petista, principalmente na busca do voto no interior enquanto Walter Alves foi colocado como vice dentro de uma conjuntura nacional de aproximação entre PT e MDB. O pai dele, outrora maior eleitor do Estado, Garibaldi Filho terá uma eleição duríssima para deputado federal e poder sair das urnas derrotados para a Baixa Câmara como Agripino em 2018.

Henrique Alves, senhor absoluto das articulações políticas no passado, está cuidando da candidatura a deputado federal no PSB, com chances reduzidas de eleição.

Os Alves se tornaram coadjuvantes dependentes de uma chapa liderada pela esquerda.

Agripino vinha esquecido das articulações na oposição e só passou a ser lembrado por um acaso do destino: a fusão entre DEM e PSL que gerou o União Brasil, maior partido do país. Com muito tempo de TV e recursos do fundo eleitoral ele passou a ser mais ouvido.

Ainda assim não reuniu condições de apresentar uma candidatura. Em 2018 acabou ficando na segunda suplência de deputado federal.

Tudo é muito pouco se comparado com o passado. Alves, Maias e Rosados não escolheram os candidatos ao Governo e Senado, foram tangidos por outras lideranças como Fátima, Rogério Marinho, Fábio Faria e dentre outros.

A perda de influência também passa pela ascensão do bolsonarismo que mudou a paisagem da direita no Rio Grande do Norte, com outras lideranças emergindo e pela escolha de Jair Bolsonaro de colocar dos políticos, Fábio Faria e Rogério Marinho, potiguares na condição de ministros.

Eles acabaram assumindo o protagonismo da oposição ao governo petista de Fátima. O eleitor que rejeitou os sobrenomes tradicionais não sentiu falta dos antigos líderes.

O ano de 2022, consolida um processo de mudança em que o ar de “nobreza” está desaparecendo da elite política.

 

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Quantos Alves cabem no projeto do PT para o RN ?

Por Rafael Duarte*

Na ressaca vitoriosa de 2018, após a eleição de Fátima Bezerra no 2º turno, o discurso majoritário dizia que o povo potiguar havia imposto uma derrota histórica às oligarquias no Rio Grande do Norte. De uma só vez, caíram Garibaldi Alves (MDB) e José Agripino Maia (DEM).

Rogério Marinho (PSDB), menos por representar uma família tradicional e mais pelo justo reconhecimento de “pai do desemprego no Brasil”, também naufragara. E embora tenha traçado um percurso político distante da família, Carlos Eduardo Alves (PDT) entrou na lista tanto pelo sobrenome como pela ousadia de usar Jair Bolsonaro como tábua de salvação no sprint final da campanha.

O problema é que, na política, não existe derrota nem vitória definitiva. E cá estão os Alves, mais uma vez, assumindo certo protagonismo nos debates sobre as chapas em formação para a disputa eleitoral de outubro. E com requintes de crueldade: podendo compor, desta vez, a chapa com o Partido dos Trabalhadores.

A dúvida que mais martela a cabeça de analistas políticos e da própria militância petista é se o comando do PT estaria disposto a “entregar” o Estado daqui a quatro anos aos Alves novamente só para “garantir” a vitória em 2022.

O questionamento tem uma razão de ser: o vice-governador de um eventual segundo mandato de Fátima é um potencial candidato ao Governo em 2026. A menos que se aposente da política, o natural é que a governadora, caso reeleita, renuncie em abril de 2026 para concorrer ao Senado. E com a caneta e a chave do cofre nas mãos, o vice assumiria o comando e governaria pelo menos até dezembro.

A vaga na chapa petista foi o cardápio principal de um jantar em Natal oferecido no final de agosto de 2021 e que contou com a presença de Garibaldi, Walter, Fátima e de um ilustre convidado: Luiz Inácio Lula da Silva que, ao que tudo indica, foi quem “esquentou” e serviu o prato a Walter Alves.

Não bastasse a insólita aliança com o MDB local, confirmada pelo chefe da Casa Civil Raimundo Alves, está em curso a costura de uma reaproximação entre o PT e Carlos Eduardo Alves. Perdido no xadrez político eleitoral, ora acenando para o Governo, ora para a Oposição, interessa ao ex-prefeito de Natal a vaga no Senado. Sem espaço e holofotes desde a derrota em outubro de 2018, Carlos voltaria à cena com oito anos de mandato e boas chances de viabilizar seu grande sonho: governar o Estado.

Em contrapartida, Fátima neutralizaria em tese parte da rejeição que o PT tem na capital e, de quebra, Ciro Gomes perderia o palanque no Rio Grande do Norte, onde Lula já tem quase 70% das intenções de voto.

E é sempre bom revisitar o passado.

A chegada de Lula à presidência da República em 2003 só foi possível também a partir de um rearranjo nas composições e alianças nos Estados, o que deixou lideranças estaduais do PT a reboque do projeto nacional.

Foi o que aconteceu no Rio Grande do Norte, quando os petistas foram obrigados a abrir mão da disputa pelo comando do Estado com Lula no Palácio do Planalto para apoiar Wilma de Faria, então estrela do PSB.

Não por acaso, a ascensão de Wilma e a consolidação do wilmismo em território estadual coincide com o voo e a evolução de Fátima Bezerra no parlamento federal, sempre ampliando votações e chegando a 2010 como a deputada mais votada da história do Estado, recorde nunca alcançado por nenhum adversário.

As duas, que alternaram embates e alianças, se reencontrariam como adversárias pela última vez em 2014, na histórica vitória de Fátima para o Senado.

A participação direta de Lula nas negociações estaduais para costurar a grande e ampla aliança capaz de derrotar Jair Bolsonaro nas urnas em outubro é sinal de que o PT potiguar pode precisar, mais uma vez, ceder espaço para aliados circunstanciais em nome de um projeto maior.

A história, aliás, foi muito cruel com o PT do Rio Grande do Norte, único Estado do Nordeste onde um petista não conseguiu governar com Lula ou Dilma na presidência da República.

Fátima foi consagrada nas urnas como a primeira governadora a ultrapassar a marca de 1 milhão de votos, mas teve no Governo Federal sempre um oponente, com tentáculos no Estado sentados em dois ministérios.

Com o favoritismo de Lula e de Fátima, segundo todas as pesquisas de intenção de voto até aqui, a história pode reservar um novo capítulo à professora Maria de Fátima Bezerra, que voltaria a ter trânsito livre no Palácio do Planalto, assim como tinha na época do Parlamento.

Mas para que isso aconteça, o PT precisará dos Alves ?

E quantos deles caberiam no projeto do PT para o Rio Grande do Norte ?

Não custa nada perguntar.

*É jornalista.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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Alves já elegeram dois deputados federais numa mesma eleição em três oportunidades. Dá para repetir em 2022?

A oligarquia Alves, uma das mais longevas do Rio Grande do Norte e a que ainda tem alguma relevância no debate público do Estado, viverá em 2022 uma situação que não é nova: ter dois de seus integrantes se candidatando a deputado federal pelo (P)MDB.

No passado deu certo em três ocasiões: 1986, 1990 e 1998.

A primeira experiência foi com Ismael Wanderley, então casado com Ana Catarina Alves, que se elegeu com 44.852 votos ao lado do cunhado Henrique Alves que teve 90.884 sufrágios.

Quatro anos depois, Ismael deu lugar a Aluízio Alves que foi eleito juntamente com o filho Henrique Alves com respectivamente 61.541 e 52.847 votos.

Oito anos depois, Ana Catarina e se juntou ao irmão gêmeo Henrique e mais uma vez os Alves elegeram dois federais com respectivamente 52.878 e 163.572 votos respectivamente.

Diferente das experiências anteriores em que os candidatos disputavam votos sendo aliados agora em 2022 teremos uma situação inusitada: Henrique Alves e Garibaldi Alves Filho estarão no mesmo partido, mas rompidos.

E é justamente por causa de uma disputa Alves-Alves (ainda que indireta) ocorrida em 2018 quando Henrique pediu votos para Benes Leocádio, que foi o mais votado naquele ano, e Walter Alves, filho de Garibaldi.

Será que em 2022 a história se repete?

 

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PT está se curvando aos Alves no RN. É para tanto?

O PT foi o grande vitorioso nas duas últimas eleições gerais no Rio Grande do Norte. Já a família Alves vem acumulando derrotas e hoje não ocupa espaços nem no Governo nem no Senado.

Os Alves não estão politicamente acabados por causa das duas eleições, mas estão em processo de declínio. Ainda assim a cúpula do PT potiguar seguindo a cartilha de Lula quer reconciliar com a velha oligarquia.

O processo em curso parece mais uma adesão do PT aos Alves do que o inverso, o que neste caso seria o mais natural.

A governadora Fátima Bezerra (PT) faz a melhor gestão no Rio Grande do Norte desde Wilma de Faria (2003/10) e lidera as pesquisas, um feito que nenhum governador ao final do terceiro ano de mandato conseguiu aqui no Estado neste primeiro quarto de século.

Ainda assim, o PT se coloca numa situação de fragilidade exagerada em relação aos Alves que via MDB reivindicam a vaga de vice para o deputado federal Walter Alves e através do PDT o Senado para o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT).

Um exagero.

Não que não seja importante uma aliança com os Alves. O MDB tem quase um terço dos prefeitos potiguares e Carlos Eduardo é ainda o maior eleitor de Natal.

Mas as eleições de 2014 e 2018 mostraram que ter o maior número de prefeitos não garante vitória e a transferência de votos de Carlos Eduardo em Natal teria um efeito limitado porque Fátima é 100% conhecida na capital.

Então porque o PT está tão submisso aos Alves?

A resposta passa pela alta desaprovação de Fátima que ainda que inferior a aprovação está na casa dos 40%. A estratégia é usar os Alves como escudo.

Ainda assim os Alves até aqui não tem demonstrado qualquer entusiasmo em defender a governadora e o PT. No Foro de Moscow da quinta-feira o ex-senador Garibldi Alves (MDB) se absteve de dizer se está arrependido do impeachment, defendeu uma candidatura da terceira via a presidente e disse que só dialoga com o PT porque foi procurado por Lula.

De quebra, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves, reclamou publicamente da declaração da deputada estadual Isolda Dantas (PT) que admitiu engolir uma aliança com o MDB para cuspir depois.

O secretário chefe do gabinete civil Raimundo Dantas classificou a declaração como infeliz e saiu em defesa da aliança.

O episódio escancara a falta de reciprocidade do MDB em relação ao PT. O deputado estadual Nelter Queiroz ataca a governadora toda semana e não há qualquer reação contrária do partido.

Ontem o ex-senador Fernando Bezerra (MDB) concedeu entrevista enaltecendo os ministros bolsonaristas e criticando o foco de Fátima em colocar os salários em dia.

Mais uma vez passividade do PT e comodismo no MDB.

Ainda está viva na memória da militância petista os ataques desferidos nos últimos anos por Carlos Eduardo e sua esposa Andrea Ramalho.

A falta de reciprocidade escancara não um processo de construção de aliança, mas de submissão de um partido que está mais forte a uma oligarquia que vive o seu pior momento político.

A prova do que escrevo é de que o entendimento nas análises políticas é de que o PT está ressuscitando os Alves e não que a oligarquia será decisiva para a reeleição de Fátima.

A sensação que fica é a de quem realmente está engolindo para cuspir depois são os Alves e eles nem sequer disfarçam.

Encerro com a pergunta do título: é para tanto?

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Garibaldi afirma que situação de Henrique no MDB está entregue à direção do partido

Após anunciar rompimento com o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves (MDB) o ex-senador Garibaldi Alves Filho (MDB) disse, ao ser questionando no Foro de Moscow, se o primo teria legenda para ser candidato em 2022.

“Não sei dizer porque isso está entregue à direção do MDB que tem Walter Alves como presidente e no plano nacional Baleia Rossi”, informou.

Ele se disse frustrado e decepcionado com a atitude de Henrique de não votar em Walter Alves em 2018.

Assista o trecho da entrevista

Assista o programa na íntegra

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Divisão dos Alves já foi sinal de força, mas no contexto atual escancara decadência

A oligarquia Alves se dividiu e se juntou em diversos momentos desde 2002. Ali, se tratava do grupo político/familiar mais poderoso no Estado.

Quando não era poder, liderava a oposição.

Após o colapso oligárquico nas eleições de 2018, os Alves mesmo derrotados no segundo turno não conseguiram controlar a oposição e se mantiveram ausentes do debate público na atual quadra histórica.

A situação passa pela perda do controle acionário da Inrtetv Cabugi e venda da Tribuna do Norte, mas também por suas confusões internas que renderam num outrora inimaginável rompimento político entre o ex-senador Garibaldi Alves Filho e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves.

Lá atrás os Alves se dividiram por serem grandes demais. Hoje se separam em um sinal de decadência.

Em 2002, o então vice-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves adotou uma postura de independência em relação ao restante da família. Ganhou a Prefeitura do Natal de presente ao se alinhar com Wilma de Faria.

Deu certo.

Ela se elegeu governadora e ele foi reeleito em 2004 contra o candidato Luiz Almir, apoiado pelos primos.

Em 2008, os Alves se uniram em torno da fracassada candidatura de Fátima Bezerra (PT) a prefeita de Natal.

Em 2010, foi cada um para um lado. Carlos Eduardo enfiou-se numa aventura ao Governo, Henrique ficou no palanque de Iberê Ferreira e Garibaldi casou voto com Rosalba Ciarlini e José Agripino.

Henrique e Garibaldi marcaram um duplo. Com o primeiro se aliando ao segundo na base de Rosalba para depois miná-la no debate público.

Deu certo.

Em 2012 Carlos Eduardo polarizou na disputa pela Prefeitura do Natal contra um preposto dos primos, Hermano Morais.

Rosalba desgastada permitiu que Henrique, inclusive com o apoio de Carlos Eduardo, montasse o mais poderoso palanque já visto no Rio Grande do Norte. O palanque de tão pesado desmoronou com as vitórias dos excluídos Robinson Faria e Fátima Bezerra para Governo e Senado.

Dali em diante os Alves e demais oligarquias potiguares nunca mais foram os mesmos.

Unidos, os Alves foram fragorosamente derrotados em 2018 e saíram mais desunidos do que nunca daquele pleito.

Hoje na família Alves está cada um por si. Enfraquecidos, não conseguiram liderar a oposição à Fátima, missão que ficou para o bolsonarismo.

Diferente de outros momentos a desunião de hoje acentua a decadência política e não a força do passado.

Restou aos Alves ver quem consegue se encaixar no palanque petista no Estado.

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Oposição a Fátima pode ficar limitada ao bolsonarismo

As conversas do PT potiguar com PDT e MDB (leia-se oligarquia Alves) estão avançando. Trata-se dos principais representantes da direita não bolsonarista no Rio Grande do Norte.

Fechando a aliança a governadora Fátima Bezerra (PT) deixa a oposição praticamente confinada ao bolsonarismo potiguar.

Ficaria faltando avançar entendimentos com o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) para completar a manobra política.

Além do ex-senador José Agripino (DEM), um outro representante da direita não bolsonarista, mas que além de ter ficado bastante ausente do debate público na atual quadra histórica não tem diálogo aberto com a petista.

Assim sendo a oposição ficaria limitada ao bolsonarismo representado pelo Solidariedade do deputado estadual Kelps Lima (SD) e aos ministros Fábio Faria (PSD) e Rogério Marinho (PL). Além, claro, das figuras mais radicalizadas como o deputado federal General Girão (PSL) e o deputado estadual Coronel Azevedo (PSC).

Com Bolsonaro rejeitado por mais de 60% dos potiguares e Lula liderando as preferências presidenciais com folga aqui no Rio Grande do Norte a vida de Fátima ficaria mais facilitada caso as costuras políticas avancem.

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Henrique se diz surpreso com rompimento com Garibaldi e manda recado enigmático: “Sabemos o que vivemos juntos!”

Por meio de nota o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves (MDB) se disse surpreso com a declaração de rompimento do ex-senador Garibaldi Alves Filho (MDB).

O emedebista demonstrou desinteresse em brigar com o primo e disse saber o que eles viveram juntos.

Confira a nota:

Diz o ditado popular; “quando um não quer, dois não brigam”.

Por isso não esperem de mim uma resposta sequer agressiva em relação ao primo, amigo, companheiro de MDB de 51 anos.

Só gratidão e respeito a Garibaldi. Sabemos o que vivemos juntos!

Surpreso, sim.

Até porque nos falamos no meu aniversário em dezembro, Natal e Ano Novo quando nos desejamos fraternalmente boas festas e felicidades.

A vida e suas circunstâncias…

Realizei a vida política, partidária e pública na escola de meu pai.

Até no se levantar, no resistir às injustiças e vencê-las.

Assim, a bandeira verde, da esperança, sempre a tremular  nas minhas mãos sob o julgamento do povo do Rio Grande do Norte, que me deu 11 mandatos de deputado federal.

Hoje não é diferente.

O carinho , o abraço e emoção no reencontro são alegrias que me fortalecem e estimulam na luta que sempre continua.

Sem ódio e sem medo. Como Aluízio, meu pai, nos ensinou desde 1970.

Em tempo, a única campanha que não pude ajudar a Garibaldi foi a última de 2018, quando ainda sofria absurdas limitações de brutal injustiça.  O RN também sabe disso.