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Orçamento secreto: cidade do RN fez o equivalente 120 testes de diabetes por habitante em sete meses. Confira outros números suspeitos coletados em auditoria do MPF

Os números do orçamento secreto no interior do Rio Grande do Norte finalmente vieram à tona graças a um relatório elaborado pelo Ministério Público Federal em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS.

Um dos dados mais impressionantes são de Antônio Martins onde nos primeiros sete meses de 2022 foram feitos 120 testes de diabetes para cada habitante. É como se tivesse sido feito um teste de diabetes a cada 42 horas em cada habitante no período numa cidade que tem 7.162 moradores. A título de comparação a cidade recebeu R$ 650 mil em emendas parlamentares em 2018 e em 2021 este numero saltou para 1,170 milhão e em 2022 já chegaram 1.345.720,00.

Os dados mostram que na cidade de Olho D’água do Borges foram feitas 228 aferições de pressão por habitante enquanto em Fernando Pedroza foram 226 dispersões de medicamentos superior ao número de habitantes. Fernando Pedroza também registrou aumento significativo das emendas que saltaram de R$ 220 mil para R$ 985 mil em 2021. Este ano já foram R$ 450 mil. Já Olho D’água dos Borges recebeu este ano 1.309.321,00, bem mais que os R$ 300 mil que chegaram em 2019 e um pouco menos que os 1.409.950,00 que vieram em 2018.

Já na cidade de Carnaúba dos Dantas, a saúde do povo vai muito mal. São 108 atendimentos de urgência por habitante realizados em 2022. Ano passado foram R$ 300 mil em emendas e só nos primeiros sete meses deste ano já são 900 mil.

Já em Riacho de Santana, foram anotados 117 exames de urina por morador. A cidade recebeu R$ 400 mil em 2018 e em 2021 já estava com 1.187.529,00. Este ano já chegaram a cidade 924.606,00 em emendas.

O aumento dos serviços prestados, fora do normal, coincide com o aumento de recursos de emendas do orçamento secreto.

Em nível de comparação, em 2018, antes do orçamento secreto, o Rio Grande do Norte 4.548.200,00 em emendas e esse número saltou para R$ 52.488.311,00 e em 2022 já vieram R$ 30.379.773,00.

O orçamento é secreto pela falta de transparência e pela dificuldade de identificar a autoria do envio dos recursos. Há dificuldade para fiscalização e margem para desvios de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Saiba mais sobre o levantamento AQUI.

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Orçamento secreto: relatório do MPF aponta indícios de mau uso de verbas federais da saúde em prefeituras do RN

O Ministério Público Federal (MPF) determinou o envio aos órgãos responsáveis de um relatório que confronta as verbas federais recebidas pelos municípios do Rio Grande do Norte – oriundas de emendas parlamentares, inclusive do recente “orçamento secreto” – com o número de procedimentos alegadamente efetuados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nessas cidades, no período de janeiro de 2015 a julho de 2022.

O relatório é fruto de um acordo de cooperação técnica firmado entre o MPF, a UFRN e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS e aponta vários casos de prefeituras que registraram a realização de procedimentos que alcançaram um número (em apenas um ano) dezenas e até centenas de vezes maior que o de habitantes. Os dados podem refletir desde erros nos registros, até manipulações cujo objetivo pode ter sido “criar procedimentos” para justificar o envio e o desvio das verbas federais.

O procurador da República que acompanha o acordo de cooperação, Fernando Rocha, destaca que o levantamento alerta para a necessidade de mais investigações, tanto do MPF quanto por parte de outros órgãos de controle, até se concluir sobre a possibilidade, ou não, da prática de crimes contra os cofres públicos. “Não podemos ainda apontar responsáveis, nem especificar as irregularidades, mas claramente os números demonstram existir algo muito, muito errado”, enfatiza.

Fernando Rocha observa que, levando em conta os dados coletados, “é possível identificar que a partir de 2020 – que coincide com a execução das denominadas emendas de relator RP9 (o chamado “orçamento secreto”) – nos diversos municípios pesquisados houve um brusco e acentuado aumento dos procedimentos de saúde, muitos dos quais incompatíveis com as médias populacionais”.

Perguntas

O relatório foi produzido pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais/UFRN), teve como fontes órgãos e plataformas oficiais e tentou responder a duas questões básicas: primeiro se há algum procedimento de saúde, dentre os ofertados pelo SUS, cuja quantidade executada seja incompatível com a população do município e, segundo, se os municípios onde foram registradas essas ocorrências apresentam também alguma correlação histórica com os repasses de emendas parlamentares recebidas.

Em relação à primeira questão, o documento destaca casos como os do município de Olho D’água do Borges, onde registrou-se a aferição de pressão arterial equivalente a 228 vezes em cada habitante no ano de 2020. Em Fernando Pedroza realizou-se um número de “dispensações de medicamentos” (entrega do remédio ao paciente) 226 vezes superior ao da população, no ano de 2017. Já em Antônio Martins houve proporcionalmente 120 testes de glicemia para cada habitante, ao longo apenas dos sete primeiros meses de 2022 (o relatório traz dados até julho deste ano), “o que equivale a realizar o teste a cada 42 horas em toda a população”.

Nesses mesmos sete meses, em Carnaúba dos Dantas, foram registrados o equivalente a 108 “atendimentos de urgência em atenção primária com remoção” por morador. Já em 2017, Riacho de Santana realizou 117 exames de urina por habitante.

Suspeitas

Recentemente surgiram diversas denúncias, em nível nacional, de uso inadequado dos recursos públicos, a partir da manipulação dos números de procedimentos supostamente realizados pelo SUS nos municípios, na tentativa de justificar repasses financeiros. Em 2020 foi aprovado o chamado “orçamento secreto”, permitindo aos parlamentares a administração de verbas federais de forma anônima. O Tribunal de Contas da União (TCU) já alertou para os riscos decorrentes desse novo instrumento de distribuição de recursos públicos.

O objetivo do relatório do Lais/UFRN foi apresentar à Auditoria do SUS (AudSus) uma análise da produção da rede assistencial do sistema no Rio Grande do Norte e seus municípios. Foram observados onde os procedimentos ocorreram, qual a incidência e quais desses foram considerados como indícios de irregularidade ou de possível anormalidade. Contudo, apenas os procedimentos considerados ambulatoriais puderam ser analisados. “A ausência dos demais dados da APS (atenção primária à saúde) inviabiliza uma análise mais aprofundada do estudo em tela”, descreve.

Transparência

Em relação a todas as emendas (que somam R$ 1,07 bilhão no período analisado), o ano de 2021 superou os valores de 2020 em 163,4%. E, nos sete primeiros meses, 2022 já superou o total de 2021 em R$ 18,6 milhões. Levando em conta somente as do “orçamento secreto” os municípios receberam R$ 202 milhões nos últimos três anos, com um aumento de 463,8% entre 2020 e 2021. Em seu despacho, o representante do MPF indica que o advento dessa nova modalidade de emenda resultou em diminuição da transparência, dificultando o controle por parte dos órgãos de fiscalização.

“Para além da maior dificuldade de se identificar o destino desses recursos, o relatório revela a impossibilidade técnica de se saber qual parlamentar foi o proponente das emendas. Tais características da nova sistemática inaugurada em 2020 desestabiliza o sistema de controle dos recursos públicos, permitindo que o gestor destinatário fique absolutamente livre de fiscalização e controle, o que é inconcebível pelos valores republicanos pressupostos na Constituição Federal”, resume o procurador.

Uma das considerações dos autores do relatório diz respeito à fragilidade dos sistemas de informação do SUS, que não foram capazes de alertar os gestores e autoridades de saúde pública quanto às “anomalias” ocorridas. “Aspecto que contribui, também, para que esse tipo de problema se propague e seja recorrente”, reforça. Os pesquisadores destacam também que as plataformas atualmente disponíveis nos municípios não apresentam para a população uma área pública de transparência, que possa ser utilizada para o controle social, o que ajudaria na fiscalização pela população e pela imprensa.

“Neste contexto, os resultados desse relatório apontaram diversas inconsistências, as quais podem estar impactando direta e negativamente no orçamento do SUS, devido ao mau uso dos recursos. Se confirmadas tais inconsistências, podem estar impactando, também, na condução das políticas públicas de saúde, pois os gestores, em diversos níveis, estão tomando ou tomaram decisões com base em uma falsa realidade, norteados por dados com pouca ou nenhuma integridade ou fraudulentos”.

O relatório, que é público, será encaminhado à CGU, TCU e outros setores do próprio Ministério Público Federal.

Fonte: MPF

Confira o relatorio producao da rede assistencial

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RN é desprestigiado no orçamento secreto

Uma reportagem do G1 revelou a relação habitantes x envio de recursos via orçamento secreto, conhecido também como emenda do relator. Na lista o Rio Grande do Norte é um dos dez estados menos beneficiados.

Com 3.560.903 habitantes o Rio Grande do Norte recebeu via orçamento secreto R$ 132.180.719 numa média de R$ 37,13 por morador.

O Estado mais beneficiado na relação habitante x orçamento secreto foi Roraima com R$ 679,93 por morador.

O Piauí do ministro chefe da casa civil Ciro Nogueira é o quarto e Alagoas do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira ocupam respectivamente quarto e sexto lugar no ranking com R$ 251,68 e R$ 147,81 por habitante.

Mesmo com dois ministros e deputados alinhadíssimos com o bolsonarismo o Rio Grande do Norte ficou entre os Estados menos atendidos com a liberação das emendas do orçamento secreto, ocupando a 19ª colocação.

Confira a reportagem completa AQUI.

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Emendas do orçamento estão na mesa de negociação para escolha do candidato bolsonarista ao Governo

O Potiguar

O fato já circula nas rodas de café e uma fonte graúda confirmou para o blog. Quem quiser ser candidato ao governo para defender Jair Bolsonaro terá acesso às emendas do relator, chamadas de orçamento secreto. Ele teria poder de manuseio sobre as emendas para negociar com prefeitos.

O próprio presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira de Souza, que foi sondado pela oposição bolsonarista para ser candidatar ao governo contra Fátima Bezerra, teria recebido a possibilidade caso aceitasse.

Ele não aceitou.

As emendas do orçamento secreto estão gravitando na imprensa nacional porque, após o período de transparência quebrado pelo Supremo Tribunal Federal que mandou o congresso atribuir publicidade aos atos, estão sendo permeadas pelo emprego sem base técnica e com superfaturamento de recursos para atender aliados do presidente Jair Bolsonaro. A Codevasf ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional do ex-ministro Rogério Marinho e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação são os alvos principais.