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A retórica militar camuflada na “guerra” ao coronavírus

Forças armadas no desfile cívico-militar de 07 de setembro na Esplanada dos Ministérios (Foto: Marcello Csal JR/Agência Brasil)

Por Ana Penido

Desde que a pandemia do Covid-19 chegou às terras brasileiras, a palavra guerra passou a fazer parte corrente do vocabulário do país. Não é um fenômeno novo, já que em virtude do passado militarizado latino-americano, por aqui travam-se guerras contra a pobreza, contra as drogas, contra o analfabetismo, contra a dengue, e não seria diferente com o coronavírus. Também não é nova a relação entre a saúde e a guerra, uma vez que a profissão de enfermagem, por exemplo, nasce nesses ambientes. Por fim, um elemento que favorece a percepção da pandemia como guerra (assim como da segurança pública) é o número de mortos. No momento da escrita desse texto, já havia morrido nos EUA um número superior aos ataques do 11 setembro 2011, com mais de 81 mil mortes. Na Segunda Guerra Mundial, morreram 419 mil estadunidenses.

Entretanto, gostaríamos de problematizar a capacidade das metáforas militares para explicar o momento atual, iluminando aspectos que a retórica militarizada ‘camufla’.

Antes de mais nada, é preciso definir que entendemos a palavra “guerra” como um fenômeno eminentemente político, sujeitos a amplas interpretações histórico-sociais. Basicamente, “guerra é o confronto violento entre grupos politicamente organizados”. O declínio das guerras interestatais não altera esse entendimento. Da mesma maneira, não ‘vale tudo’ na guerra. O direito internacional possui um conjunto de normas sobre o que pode ser considerado ético dentro de uma guerra. Nos momentos de guerra, amplifica-se a identidade emocional nacional e surgem iniciativas de solidariedade mesmo entre classes sociais distintas. Já em epidemias, as classes sociais são afetadas de forma distinta (basta comparar o número de mortos/infectados das diferentes regiões de São Paulo), e gera-se um sentimento egoísta, seja por parte dos Estados (sabotagens comerciais para a compra de insumos médicos), seja por parte dos indivíduos (estigmatização de grupos mais vulneráveis, como idosos ou asiáticos).

Em entrevista ao Tutaméia, José Luis Fiori aponta como traço comum entre a pandemia e as guerras os impactos econômicos de curto e médio prazo, como o ‘orçamento de guerra’ discutido no Congresso. “Mas, ao contrário das guerras, as epidemias não costumam destruir cidades, infraestruturas, equipamentos físicos, fábricas ou qualquer outra atividade econômica.” Entretanto, embora menos destrutivas, as pandemias exigem respostas econômicas gerais, e não localizadas.

Em uma pandemia, não há trincheiras, linha de frente ou inimigo. Tampouco o vírus pode ser considerado uma ‘força irregular’, que deseja impor sua vontade sobre a humanidade. Ele atinge pessoas de ideologias e classes distintas. Se alguns morrem mais que outros, não é prioritariamente por causa do vírus (embora isso ainda esteja em estudo), mas sim devido às condições políticas, econômicas e sociais dos afetados, assim como pelas medidas adotadas pelos governos diante da crise.

Definir que esta não é uma guerra, não significa que as Forças Armadas (FFAA) não possam ou não devam ser empregadas. Os governos têm como responsabilidade o gerenciamento da pandemia, e devem utilizar todas as ferramentas possíveis do Estado com essa finalidade, inclusive as FFAA. Aliás, isso é um elemento comum entre as guerras e as pandemias, já que ambas exigem capacidade governamental para mobilizar a sociedade e as estruturas estatais para responder conjuntamente a um desafio de tal magnitude. Exigem comando e estratégia, o que obviamente falta ao Brasil nesse momento.

Uma das questões que ficam camufladas com a retórica de guerra é sobre os trabalhadores da saúde e dos setores essenciais. Não há dúvidas de que as profissionais de saúde – uma categoria majoritariamente feminina – são hoje o grupo mais diretamente envolvido nas ações para mediar a crise, em um ato de grande determinação. Entretanto, pensar que elas estão entrincheiras, que são heróis em combate, que fizeram uma promessa de ‘salvar vidas’, pode escamotear a responsabilidade que os governos têm, por exemplo, de fornecer equipamentos de proteção individual, horas extras, contratações emergenciais, condições adequadas para as famílias que delas dependem, etc… Se em ambientes de guerra os soldados não se lançam em missões sem preparo e equipamentos adequados, por que as profissionais de saúde deveriam fazer isso? Além do mais, elas não se ‘alistaram’ e não têm, e nem terão, direitos especiais como os militares em virtude da carreira, como uma previdência distinta. Ainda no âmbito da saúde, não são hospitais de campanha, são hospitais provisórios. Nem no meio da guerra cabe o raciocínio do atual** ministro da Saúde, Nelson Teich, em escolher os que podem morrer.

Outra questão que fica camuflada pelo discurso de guerra é do abastecimento. Existe uma preocupação sincera nas FFAA com o desabastecimento de alguns produtos caso a quarentena se prolongue, podendo gerar caos social com os saques. Entretanto, mais uma vez, a metáfora da guerra só serve para escamotear a questão. Enquanto os grupos econômicos dominantes enchem as geladeiras e despensas, comprando quantidades recordes de mantimentos e produtos de limpeza e higiene, nas casas da população vulnerável falta o básico. Se fosse de fato uma guerra, caberia ao governo o uso racional e centralizado dos seus recursos escassos, garantindo o acesso a todos, e prioritariamente aos mais vulneráveis aos ataques ou àquelas na linha de frente.

O lazer/trabalho/estudo também fica escondido no discurso de guerra. Ficar em casa com conexão banda larga e uma TV com 500 canais é distinto de precisar entreter cinco filhos também em casa em virtude do recesso escolar. A internet é um produto que nasce na indústria bélica americana, e é um dos insumos estratégicos básicos que fazem parte de um planejamento defensivo militar. Afinal, informações, dados, e mesmo a localização do povo brasileiro passa pelos cabos de fibra ótica e satélites. Em um ambiente de guerra, esse é um terreno fértil para confrontos, a chamada guerra cibernética, e sua infraestrutura é uma das primeiras visadas em ataques.

Por fim, imaginem como a pandemia chega em países que sim, estão em guerra ou foram recentemente envolvidos em uma. O que é a pandemia quando se mora em um assentamento palestino, em escombros na Síria, ou em países como a Venezuela sob bloqueio econômico?  Na política e na guerra, que fins justificam quais meios?

**Texto escrito antes do pedido demissão de Teich.

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O comércio internacional pós-covid-19

Por João Marcos Andrade*

Pode soar como prepotência ou até mesmo arrogância iniciar um artigo diretamente vinculado a um tema tão sério e impactante como é a pandemia provocada pela covid-19 já com um tom de visão, prospecção, imaginação, enfim, de sentimentos que expressem o que virá a ocorrer ao findar esse doloroso e angustiante período.

Mas não, o propósito da condução deste texto é aproximar ao máximo a nossa leitura ao cenário que se deslumbra tão logo saiamos globalmente dessa situação desmotivadora e prejudicial sobre vários aspectos, dentre eles econômicos, exatamente a partir de um momento em que se iniciava uma percepção de otimismo — e consequente confiança do mercado como um todo em relação ao Brasil.

Assim passamos a viver um presente muito implacável quanto ao sentido de possibilidade de estimativa, previsão, e projeções em relação a vários setores. Dentre eles, o Comércio Internacional, que desde o início da crise, ainda no seu epicentro na província de Wuhan na China, já impactava severamente os resultados de balanças comerciais de vários países, dada a importância da produção do mercado chinês em relação à composição dos aspectos presentes nas negociações “mundo afora”.

Esse “impacto” inicialmente no mercado asiático apresentava contornos de desorganização e decomposição de projetos industriais, ou mesmo de negócios de comércio, a partir de paradas de exportações da China para atender seus clientes globais. Pois, à medida que o vírus se espalhava da Ásia até o restante do planeta, praticamente o impacto tomava contornos de imprevisibilidade quanto à extensão que se observaria.

Tais ocorrências de certa forma obrigaram os governos e as empresas a se readequarem e a revisarem seus planejamentos mesmo antes do primeiro trimestre do ano. Ou seja, muitas empresas sequer haviam recebido insumos para produção de seus bens a serem vendidos naquele período, pois passaram a ser “peça de alto desejo”.

Esse novo cenário demanda urgente reorganização. Porém, sem uma sólida base para tomada de decisão, tendo em vista a impossibilidade de se vislumbrar um final da crise em curto ou médio prazo, e até mais, conforme os níveis de “estrago” aumentam, o longo prazo parece ser o único e mais certo caminho a ser trilhado visando um novo target (alvo – termo muito utilizado nas negociações internacionais).

Diante de tudo isso, já é hora de se buscar um novo horizonte, um pós-crise. E como em praticamente todas elas sempre surgem oportunidades, é momento de novos começos, novos desafios, principalmente considerando que a Balança Comercial Brasileira atingiu patamares de USD 402,7 bilhões entre Importações e Exportações em 2019 (dados do Ministério da Economia), dos quais aproximadamente USD 225,3 bilhões foram obtidos nas exportações.

O país encerra o primeiro trimestre de 2020 com resultado de sua Balança Comercial entre USD 49,5 bilhões nas vendas ao exterior (exportações), contra aproximadamente USD 43,9 bilhões nas aquisições do exterior (importações), sendo que ao compararmos os dados, no mesmo período do ano passado, nossas exportações atingiam valores próximos de USD 51,1 bilhões, contra USD 42,1 bilhões nas importações, apresentando já nesses primeiros 90 dias do ano, diferenças consideráveis em seus valores – momento ainda não significativo sob o ponto de vista de otimismo quanto ao fim da crise do vírus. Porém, em tese, uma exposição de valores que certamente apresentará diferenças mais acentuadas em relação aos próximos períodos, na medida em que os impactos são sentidos globalmente, já com pequenos sinais de retração na economia global, combustível principal para os saldos negativos das balanças comerciais dos países.

Mas sempre há “vida que segue”, aquilo que precisamos enfrentar no futuro, e este já se apresenta como “incerto”, porém com uma dose muito forte de mistério. Isso ocorre exatamente porque é certo que novas medidas econômicas deverão ser apresentadas pelos governos para restabelecimento de suas economias: novas regras, novos procedimentos para as práticas comerciais globais. Sendo que, mesmo no início do agravamento da crise, os países mais expoentes no Comércio Internacional já reviam alguns procedimentos, como redução tarifária para aquisições de produtos de combate ao coronavírus e medidas de flexibilização às regulamentações para entradas de produtos médicos de acordo com suas regras de vigilância sanitária.

O Brasil, por exemplo, através de Resoluções, Portarias, Instruções Normativas e outras normas legais, conseguiu reduzir alíquotas do Imposto de Importação em dezenas de produtos importados relacionados diretamente ao combate ao vírus, além de outras medidas que permitiram (e permitirão, inicialmente até 31/12/2020) empresas brasileiras adquirirem no mercado externo produtos para comercialização interna. Com tais “incentivos” fiscais (termo este com grifo nosso exatamente por se tratar de uma necessidade de questões humanitárias), a face do “incentivo” fiscal não como meio de alavancagem de negócios, mas sim abertura de portas e facilitação para que na maior extensão possível as empresas encontrem alternativas de alimentar o setor de saúde público e privado, do maior número possível de recursos para o combate ao vírus.

Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 14 de abril de 2020, os dados das pesquisas relativas ao Comércio Internacional davam conta de que é esperado um impacto negativo de aproximadamente 20% nos resultados das negociações internacionais para o corrente ano, sendo que destes, se forem avaliados sob previsões otimistas, chega-se a 15% contra 25% para quem optar pela ótica pessimista.

É fato que qualquer um dos números é muito delicado e extremamente prejudicial para a economia como um todo, pois os países dependem cada vez mais uns dos outros. A queda nos negócios internacionais acentua eventos deficitários ao mesmo tempo em que, ao citarmos dados baseados em pesquisas, é necessário também manifestarmos nossas convicções no aspecto otimista de que, como agentes de transformação que somos, precisamos unir esforços e buscarmos uma fórmula de alavancar negócios globais para juntos retomarmos o crescimento tanto do PIB brasileiro e, por extensão, mundial, sem jamais esquecer dos menos favorecidos. Afinal, antes do Comércio Internacional, precisamos “olhar os nossos”, quem está mais próximo e dependendo de nosso auxílio, seja de qual natureza for.

Realidade cruel, mas convicção de que com saúde seremos e sairemos vitoriosos no pós-covid-19.

*É professor dos cursos de Global Trading e Comércio Exterior do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Esperar que a elite detenha Bolsonaro é aceitar um golpe e milhares de mortes

Jair Bolsonaro anseia por um golpe (Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS)

Por Mario Sergio Conti* 

Aconteceu o previsto nos idos de março. Milhões se acotovelam para receber uma merreca. Os exames para detectar o corona são irrisórios. O SUS superlotou e os planos de saúde querem que os pobres se explodam. O Mitômano sabota o confinamento e prepara um golpe.

Os números sobre a peste são subestimados e suspeitos — exceto o dos mortos, que cresce de modo apavorante. É cada um por si e Messias contra todos. Está certo que ele não é mais lambido por Mouro e Maneta; por Joice Hellmann’s e Janaína del Fuego; por Frotão e Lobinho.

Mas os afagos testiculares da turma são largamente compensados pelo largo — bota largo nisso — derrière de Maia, que sentou numa pilha de pedidos de impeachment. E a debandada dos palacianos é reequilibrada pela subserviência de Toffoli, estafeta do PT transmutado em rábula de Bozo.

Por fim, há bois à beça no rebanho dos aduladores. Os zebus são pastoreados por Guedes, que na quinta-feira levou 15 reses pelo cabresto ao estábulo em frente ao Planalto. “Muuuu”, mugiram elas enquanto o dócil Toffoli lustrava as ferraduras do Cavalão indócil.

Guedes obedece aos donos do dinheiro. Cumpre ordens de gente fofa como o cervejeiro Jorge Paulo Lemann, que está amando de paixão a mortandade: “O que gosto mais é que toda crise é cheia de oportunidades” (O Globo, 16 de abril). Vai uma cervejinha?

Ou Guilherme Benchimol, o especulador classudo: “O pico da doença já passou quando a gente analisa a classe média alta”. E vaticinou: “Se as reformas continuarem avançando, a crise política não atrapalha” (Folha, 5 de maio). Invista em mim, que a crise é mansa!

A guarânia das reformas para atrair investimento externo não termina nunca por um motivo singelo: o investimento externo só chegará se — e quando — as reformas diminuírem o valor do trabalho. Vide a Ásia.

Os dólares virão se os direitos trabalhistas virarem pó, quando sindicatos e partidos populares forem anestesiados. Chegarão às mancheias se a liberdade e a democracia forem letra morta. Daí o conluio dos faria limers com o ferrabrás.

Não é verdade que a pandemia tenha feito Bolsonaro alucinar. O lado poltrão e pirado do Cavalão já era bem conhecido. Mas a Covid-19 fez com que acelerasse o galope rumo ao golpe e escoiceasse adoidado. Sua louca cavalgada tem duas constantes.

Primeiro o Mito pintou a Esplanada de verde-oliva. Com 3.000 milicos, o Executivo é hoje uma caserna.

Como os azeitonas têm expertise em destruir, foram incumbidos de gerir o féretro pandêmico. Receberam também a missão de atacar a Amazônia e acobertar agronegociatas.

As classes conversadoras solfejaram meses a fio a pia ladainha que generais iluminados tutelariam o Mitômano. Deu-se o contrário. Ele é o chefão inconteste das Forças Armadas. Vem encurralando o Supremo e o Congresso para, na hora agá, recorrer à força bruta e peitá-los.

Como faria isso? Messias tem vários cenários e pretextos à mão: descumprir uma ordem judicial; saques; a prisão de um filho; a sublevação de um setor da PM; um levante popular; inventar uma conspiração comunista.

Numa paisagem de caos, contando com a simpatia de Trump e a obediência da tropa, Bozo pode muito.

E tanto mais poderá se não for enfrentado. Mas, exceto por um ou outro juiz, os mandachuvas se limitam ao suave palavrório das notinhas de repúdio. O grosso da elite tem lavado as mãos.

A provocação, o incremento da divisão política, da discórdia e da depuração são traços do bonapartismo —essa trilha rumo à ditadura. Eles se coadunam com a segunda constante do governo Bolsonaro, que se acentuou nos últimos dias: a mobilização da escória para fins de intimidação física.

Foi o que se deu no 1º de maio: o presidente reuniu sua corja, que clamou pela ditadura e esmurrou jornalistas. O troco veio pouco depois, na mesma praça dos Três Poderes.

Chamados pelo seu sindicato, dezenas de enfermeiroscc  protestaram ali. Ao contrário dos bolsonaristas, usaram máscaras e mantiveram distância entre si. Atacados pela malta verde-amarela, eles se mantiveram firmes e altivos.

Houve protestos semelhantes nos dias seguintes. Todos eles respeitaram as normas de segurança da pandemia. Mostraram disposição em não ceder o espaço público aos bandidos e milicianos do presidente.

Os protestos deram carne às palavras do ator Lima Duarte, que citou Brecht para homenagear seu amigo Flávio Migliaccio, que se suicidara de desgosto dias antes: “Os que lavam as mãos o fazem numa bacia de sangue.”

*Texto publicado na Folha de S. Paulo em 8 de maio.

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Projeto prevê proibição de taxa de religação de água e luz no RN enquanto durar pandemia

Eudiane é a autora da proposta (Foto: ALRN)

A deputada Eudiane Macedo (Republicanos) apresentou Projeto de Lei (PL) que veda a cobrança de taxa, tarifa ou outra modalidade de contraprestação pela religação ou restabelecimento dos serviços públicos de energia ele´trica e abastecimento de água. De acordo com o projeto de lei, a cobrança fica suspensa enquanto durar o estado de calamidade pública em decorrência da pandemia do novo coronavírus no RN.

 “O efeito dominó do aumento do desemprego e da inflação já estava provocando o atraso no pagamento de contas básicas, como água, luz e telefone. O preocupante é que, além do corte do serviço, multa, juros e negativação do nome do titular da conta, o atraso também incorre em custos extras, já que as empresas concessionárias cobram pelo valor da visita dos técnicos que vão ao local religar o fornecimento cortado”, preocupa-se a deputada.

Eudiane Macedo lembra que outros projetos de lei estão tramitando na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para proibir o corte de fornecimento dos serviços públicos de energia elétrica e de água, durante o estado de calamidade pública. “Essas medidas merecem ser aprovadas para garantir a proteção dos serviços essenciais, principalmente, da população mais vulnerável”, defendeu a deputada.

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Câmara aprova projeto que impede despejos durante pandemia do novo coronavírus

Proposta de Natália protege os mais vulneráveis (Foto:Gabriel Paiva)

A Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para a votação do Projeto de Lei 1975/2020, de autoria da deputada federal Natália Bonavides (PT/RN). O PL garante o direito à moradia impedindo a realização de despejos, desapropriações ou remoções forçadas durante pandemia do novo coronavírus (COVID-19). “Ter acesso à moradia é um direito fundamental. Deixar pessoas sem ter onde morar já é algo gravíssimo em tempos normais, mas torna-se ainda mais agora, quando uma pandemia exige políticas de isolamento social. A aprovação da urgência do nosso PL é um reconhecimento desta situação e vamos defendê-lo para garantir o direito à moradia, principalmente para a população mais vulnerável”, destacou Natália Bonavides, autora do projeto.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), em 2017 o déficit habitacional no Brasil chegou a 7,8 milhões de domicílios; e de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), estima-se que em 2016 haviam 101.854 pessoas em situação de rua no país, número que deve ser maior devido à falta de dado oficiais.

Os dados apresentados corroboram com a necessidade de garantir moradia para grupos e pessoas que não possuem casa própria e que por algum motivo não têm condições financeiras de cumprir pagamentos de aluguéis enquanto durar o estado de calamidade pública decretado em razão da pandemia da COVID-19.

O projeto pretende contribuir com o cumprimento das medidas sanitárias de distanciamento e isolamento social, mas principalmente garantir que o direito à moradia não seja violado durante pandemia.

Na noite de quinta-feira (14), a Câmara aprovou o projeto de lei que impede a concessão de liminares em ações de despejos relacionadas a contratos de locação. O projeto ainda volta ao Senado Federal.

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Juíza estipula prazo de 72 horas para Governo e Prefeitura se manifestarem sobre lockdown em Mossoró

Mossoró pode ter lockdown (Foto: Wilson Moreno)

A juíza Kátia Cristina Guedes Dias da 2ª Vara da Fazenda Pública estipulou prazo de 72 horas para que Governo do Rio Grande do Norte e Prefeitura de Mossoró se pronunciarem sobre ação civil pública impetrada pelo Sindsaúde/RN requerendo implementação imediata do lockdown (bloqueio total) na capital do Oeste como medida para conter o avanço da convid-19.

O sindicato reivindica que o lockdown tenha duração de no prazo mínimo de 15 dias. A ação também sugere uma multa de R$100  mil reais/dia em caso de descumprimento da medida.

O Sindsaúde considera Mossoró o epicentro da letalidade do Novo Coroavírus no Rio Grande do Norte. “O baixíssimo índice de isolamento social e a ampla circulação e aglomeração de pessoas em todos os pontos da cidade estão elevando os índices de infecção em quantitativo incontroláveis”, alega a entidade.

Os dados oficiais demonstram que Mossoró já possui mais de 456 casos confirmados e 24 óbitos.

Confira o despacho da Kátia Cristina Guedes Dias

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RN tem 350 pessoas internadas com sintomas de Covid e mais de 2.700 casos confirmados da doença

Secretário adjunto de Saúde do RN, Petrônio Spinelli, fala sobre ocupação dos hospitais (Imagem: Reprodução)

350 pessoas estão internadas em hospitais públicos ou privados no Rio Grande do Norte com sintomas do novo coronavírus. Os dados incluem pacientes em hospitais públicos e privados, graves ou em enfermaria e com suspeita ou confirmação da doença, segundo informou o secretário adjunto de Saúde do RN, Petrônio Spinelli, durante entrevista concedida hoje, 15, em Natal. Do total de internamentos, 193 pessoas estão em leitos críticos e 157 em leitos clínicos, segundo dados fornecidos pelo sistema por volta das 10h30.

O total de casos confirmados passou para 2.786 confirmados, 249 a mais do que o informado no boletim epidemiológico divulgado ontem, 14, pela Secretaria da Saúde Pública do Estado (SESAP RN). Entre os casos confirmados, dois indígenas testaram positivo para Covid-19.

O número de pessoas que perderam a vida em decorrência do Covid-19 chegou a 122. Ontem durante a coletiva de imprensa, a Sesap informou 107 mortes ocorridas no Estado. À tarde, o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria informou 117 óbitos, após atualizar dados sobre mortes ocorridas em Natal.

Os cinco óbitos que ainda não haviam sido incluídos no boletim se referem a dois pacientes de Areia Branca, sendo um senhor de 89 anos, com imunossupressão e outro senhor de 88 anos com comorbidade; um paciente de Natal com 63 anos de idade, que tinha comorbidade; um paciente de 64 anos de Senador José Avelino, sem comorbidade; e uma paciente de 71 anos de São Gonçalo do Amarante, com comorbidades. Outros 61 óbitos estão em investigação, segundo informado durante a coletiva.

No Rio Grande do Norte há 8.988 casos suspeitos e 7.052 descartados.

Com relação ao número de leitos voltados para pacientes com sintomas de Covid-19, o secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli destacou a quantidade elevada de internamentos e disse que a Sesap , secretarias municipais e até hospitais privados têm feito muito para abrir leitos.

“O problema é que o nosso planejamento estratégico de abertura de leitos, ele tem como base o isolamento necessário e pensado pelos decretos e esse isolamento não aconteceu, consequentemente, houve uma pressão, além do esperado, em cima de leitos críticos”, afirmou.

Spinelli afirmou que a situação é ruim, mas não tão dramática como na sexta-feira passada, em relação ao número de leitos.

Ampliação de leitos e taxa de ocupação

Na região Oeste foram abertos oito leitos no Hospital Regional Rafael Fernandes, sendo dois de estabilização. No Hospital Regional Tarcísio Maia foram abertos cinco leitos e até amanhã, 16, devem ser abertos mais cinco.  “A expectativa, então, é que a gente tenha o Hospital Tarcísio Maia com 20 leitos”, disse Spinelli. Segundo o secretário, o Hospital São Luiz também está em processo de expansão.

“Nesse momento nós temos uma taxa de ocupação no Oeste de 80%. Esse é um número alcançado pela abertura de leitos, não é pela redução do número de internados. Todo dia aumenta o número de internados, o que acontece é que nós estamos abrindo leitos. Isso faz com que a taxa varie”, disse o secretário.

Em Mossoró, segundo o secretário, um dos principais problemas para a abertura de leitos é a disponibilidade de profissionais. De acordo com Spinelli, a questão concreta é que tanto a Sesap, como o Município e o São Luiz estão buscando a contratação de profissionais, aí começa a haver dificuldades.

Ele comentou que hoje o São Luiz conta com 20 leitos de UTI e a intenção é dobrar, mas não sabe se a Apamim terá condições de contratar profissionais suficientes para isso.

Spinelli afirmou ainda que, com relação ao Tarcísio Maia, o problema encontrado para a transformação dos leitos de Unidade Provisória de Isolamento (UPI) em leitos de UTI é justamente com relação à pessoal.

Com relação a Pau dos Ferros, segundo o secretário, não há pacientes internados e em Caicó houve ampliação do número de leitos, mas também houve aumento de pessoas internadas e a taxa de ocupação de leitos no Seridó é de 61%.

Região Metropolitana

Já em Natal, o secretário comenta que a partir das informações coletadas, o Hospital Municipal está com 100% de lotação. Ele informa que no Hospital Giselda Trigueiro foram abertos onze leitos, mas os respiradores estão sendo montados. Assim, dos 33 leitos da unidade, 23 possuem capacidade de estabilização e desses 22 estão ocupados.

Já no Hospital da Polícia foram abertos mais cinco leitos com expectativa de abrir outros cinco; dos 15 leitos em funcionamento, onze estão ocupados. “Deveremos ter até amanhã, provavelmente, os 20 leitos disponíveis”, afirmou. O Hospital Rio Grande, unidade particular contratada pela Sesap está com 100% de ocupação.

“A taxa de ocupação da Região metropolitana sem esses ajustes está em 88,8%”, informou o secretário, que já havia lembrando que esses dados variam.

Fila de espera

Com relação aos pacientes com sintomas do novo coronavírus atendidos em prontos-socorros que aguardam regulação, a fila de espera tem dois pacientes classificados como ‘prioridade 1’, seis pacientes classificados como ‘prioridade 2’e 38 pacientes considerados ‘prioridade 3’.

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Emery Costa no Jornal Nacional

Na edição desta quinta-feira, 14, o jornalista Emery Costa apareceu em destaque no painel com rostos das pessoas mortas por covid-19.

O assunto foi alvo de comentários nas redes sociais como o feito pelo fotógrafo Ricardo Lopes: “Agora a pouco, no painel atrás de Renata Vasconcelos, dentre milhares de rostos e pessoas mortas pelo Covid apareceu o meu querido amigo Emery Jussier Costa, dói no peito, saber que estamos perdendo milhares de pessoas, dentre eles, diversos amigos, e constatar que o Brasileiro não está nem aí pra cor da Xita, como somos egoístas. Triste país, chamado Brasil”.

Emery faleceu no dia 1º de maio após passar 12 dias internado em virtude da doença.

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Natal já tem mais de 30 óbitos com confirmação de Covid; RN chega a 117 mortes pela doença

Dados sobre óbitos ocorridos em Natal foram inseridos no boletim da Sesap RN (Imagem: Reprodução)

Boletim epidemiológico divulgado no final da tarde desta quinta-feira, 14, pela Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP – RN) revelou que o Estado tem 117 mortes com confirmação de Covid. São dez casos a mais do que havia sido informado durante a coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje. Natal é a cidade com o maior número de mortes e registra 33 óbitos com confirmação do coronavírus, segundo o documento.

Os óbitos registrados na capital do Estado não ocorreram hoje. Os casos já haviam sido confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal, mas ainda não haviam sido atualizados pela Sesap. De acordo com a assessoria de comunicação da Sesap, os sistemas do Estado e dos municípios não se alimentam simultaneamente.

Outro óbito ocorrido em Natal e informado na página da Prefeitura criada para informações sobre o novo coronavírus também não consta no boletim. De acordo com a publicação, a cidade já registrou 34 mortes por Covid.

O número é maior que o total de óbitos confirmados em Mossoró, onde 24 pessoas já perderam a vida por casa da doença. O óbito mais recente com confirmação do novo coronavírus em Mossoró ocorreu na manhã desta quinta-feira e, pelo horário, ainda não consta no boletim da Sesap.

Além de Natal e Mossoró, 28 municípios do RN já registraram óbitos de pacientes com confirmação do novo coronavírus.

Em todo o RN há 2.537 casos confirmados do novo coronavírus, 8.438 casos suspeitos, 6.636 casos descartados e 853 pacientes recuperados, conforme os dados que constam no boletim e que já haviam sido informados durante a coletiva de imprensa desta quinta.

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Em menos de uma semana RN tem mais de 500 confirmações de Covid e número de casos chega a 2.537

Dados foram informados durante coletiva com o secretário adjunto de Saúde do RN, Petrônio Spinelli (Imagem: Reprodução)

 

Apesar da subnotificação, os números confirmados do novo coronavírus no Rio Grande do Norte, chegaram a 2.537 nesta quinta-feira, 14. São, 548 casos a mais do que o informado no boletim epidemiológico emitido pela Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP – RN) na segunda-feira passada, 11 de maio. Os dados atualizados foram informados hoje, pelo secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, durante coletiva de imprensa em Natal.

O Estado registra 107 mortes com confirmação de Covid-19. Os seis óbitos informados hoje são referentes a duas pacientes de Canguaretama, uma de 84 anos e outra de 68; um paciente de 70 anos da cidade de Pendências; dois pacientes de Natal, sendo um homem de 39 anos e outra pessoa de 57 anos; e um paciente de 61 anos do Ceará que faleceu no Rio Grande do Norte. A quantidade de óbitos em investigação corresponde a 56 casos.

O Estado tem ainda 8.438 suspeitos do novo coronavírus, 6.636 casos descartados e 853 pacientes recuperados.

Com relação à taxa de ocupação dos leitos, o secretário adjunto de Saúde, afirmou que essa está sendo uma semana de abertura de leitos, que permitiu diminuir a superlotação.

De acordo com Petrônio Spinelli, a cidade de Pau dos Ferros receberá seis respiradores a mais, a região do Seridó também terá abertura de leitos. Em Natal foram abertos onze leitos no Hospital Giselda Trigueiro e o número de leitos na unidade deve ser ampliado após a transferência da enfermaria para o Hospital Universitário Onofre, que deve ocorrer na segunda-feira Lopes. Ne Região Metropolitana está havendo movimentação para abertura de dez leitos no Hospital da Polícia. Já em Mossoró, o secretário informou que nesta semana haverá abertura de leitos no Hospital Regional Tarcísio Maia e no Hospital Rafael Fernandes.

Mesmo com a abertura de leitos, a pressão nas regiões Oeste e Metropolitana de Natal ainda é grande. Segundo o que foi apresentado pelo secretário, a taxa de ocupação de leitos exclusivos para o tratamento de pacientes adultos com sintomas de Covid é de 93% no Oeste, 89% na Região Metropolitana e 53% em Caicó. Em Pau dos Ferros não havia leitos ocupados.

Petrônio Spinelli alertou sobre a pequena variação na taxa de isolamento social, que permanece baixa e informou sobre a demanda de pacientes com sintomas do novo coronavírus atendidos em prontos-socorros que aguardam regulação. Segundo ele, a fila tem oito pacientes classificados como ’prioridade 2’ e cerca de 32 pacientes nas prioridades 3 e 4. No momento da coleta dos dados apresentados pelo secretário não havia pacientes classificados como ‘prioridade 1’ aguardando regulação.

Durante a coletiva, o secretário falou sobre o estudo a respeito da solicitação apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde-RN), que entrou com uma ação civil pública solicitando que o poder judiciário determine o decreto de locdown por, no mínimo, 15 dias.

Spinelli afirmou que são angústias justas e se reafirmou a necessidade de um isolamento social mais amplo, para que sejam abertos leitos suficientes, que a curva epidemiológica seja achatada e que haja oportunidade de as pessoas terem as suas vidas salvas. Ele acrescentou que a questão será analisada e que a tarefa do isolamento social é complexa e requer unidade entre Estado, municípios e sociedade.

Antes da apresentação dos dados pelo secretário adjunto de Saúde, o coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/ UFRN) e representante do Rio Grande do Norte no Comitê Científico de Combate ao Coronavírus no Consórcio Nordeste, Ricardo Valentim, falou sobre o assunto.

Ele disse que observa a preocupante queda nos indicadores de isolamento social e que é necessário que a sociedade esteja comprometida com o isolamento. Ricardo Valentim também falou sobre as filas em bancos e órgãos públicos e sobre a necessidade de aprimorar a forma de pagamento dos benefícios. Para ele, existem várias questões a serem definidas antes de se discutir uma medida de restrição mais radical.

 

Notas do blog: O boletim desta quinta-feira, ainda não foi liberado e, como observado em boletins anteriores, pode conter números diferentes dos informados durante as coletivas de imprensa, conforme a Sesap atualize as informações ao longo do dia.

Em decorrência dessa atualização, a matéria sobre a coletiva da segunda-feira publicada no blog informou que havia 1.935 casos confirmados, enquanto o boletim da mesma data, divulgado após coletiva de imprensa, informou 1.989 casos, número observado para a produção desta matéria.

Com relação ao óbito de um paciente de Mossoró ocorrido hoje, a informação ainda não havia sido repassada pela Sesap no momento da coletiva.