Ricardo Eugênio Boechat, 66, morreu nesta segunda-feira (11) em um acidente de helicóptero, em São Paulo.
Ele era casado pela segunda vez com Veruska Seibel, desde 2005, e tinha duas filhas com ela: Valentina, 12, e Catarina, 10. Ele deixa outros quatro filhos: Bia, 40, Rafael, 38, Paula, 36, e Patricia, 29, frutos do casamento com Claudia Costa de Andrade.
Nascido em Buenos Aires, ele era filho da argentina Mercedes Carrascal, de 86 anos, que vive em Niterói desde 1956.
O jornalista iniciou sua carreira na década de 1970, como repórter do extinto jornal “Diário de Notícias”. Em 1983, foi para o jornal “O Globo” e, quatro anos mais tarde, chegou a ocupar a secretaria de secretaria de Comunicação Social no governo Moreira Franco, mas voltou para o jornal da família Marinho em 1989, como editor da coluna “Swann”, que mais tarde, foi transformada em “Boechat”.
Vencedor de vários prêmios, entre eles, o Esso, na categoria Informação Política, com Rodrigo França, em 1992; na categoria Informação Econômica, com Chico Otávio e Bernardo de la Peña, em 2001. Boechat também trabalhou nos jornais, “O Dia”, “O Estado de S. Paulo” e “Jornal do Brasil”.
Em 1997, o jornalista passou a ser destaque na rede Globo, no qual fazia um quadro de opinião no matinal “Bom Dia Brasil”. Sempre com notas de sua coluna que renderam pautas aprofundadas, sucesso e polêmicas. Deixou a Globo em junho de 2001.
Entrou para o Grupo Bandeirantes como diretor de Jornalismo no Rio. Em fevereiro de 2006, mudou-se para São Paulo, para ancorar o “Jornal da Band”, principal noticiário da emissora. Desempenhava a mesma função no programa diário na rádio BandNews FM, transmitido para todo o Brasil. Assinava ainda uma coluna semanal na revista “IstoÉ”, com a colaboração de Ronaldo Herdy.
É autor do livro “Copacabana Palace – Um Hotel e Sua História” (DBA, 1998), que resgatou a trajetória do hotel mais exclusivo e sofisticado do país, completando 75 anos de existência no ano da publicação.
Em sua última coluna na revista “IstoÉ”, que levou o título “Acabou a Folia”, ele falou, entre outros assuntos, de corrupção, da dança das cadeiras com a troca de poder no Senado e da tragédia de Brumadinho. A última coluna foi publicada na sexta-feira (8).
Em seu último programa na manhã desta segunda-feira (11) na rádio, Boechat falou das grandes tragédias que acontecem no Brasil que ficaram sem punição.
A programação de verão da TCM Telecom, canal TCM HD, apresenta nesta quinta, 10, às 21h15, a temporada 2019 do Conversa de Alpendre. Neste ano o programa vai focar no tema economia, centro das atenções nesse início de governos estadual e federal. Dessa forma, aproveitando o clima de veraneio, o programa receberá na praia de Tibau os novos nomes eleitos em outubro de 2018 que tenham relação com Mossoró, e representantes das cadeias produtivas do Estado.
Os primeiros convidados a conversar sobre as necessidades do estado, expectativa dos novos governos e projetos são os deputados estaduais Allyson Bezerra (SD) e Isolda Dantas (PT). A apresentação do Conversa de Alpendre 2019 é de Carol Ribeiro e do jornalista Bruno Barreto.
O Conversa de Alpendre 2019 vai ao ar nas quintas-feiras de janeiro, às 21h15, com reprise aos domingos, às 21h. O programa também pode ser acompanhado ao vivo pelo app TCM Play ou pelo tcm10hd.com.br.
O jornalista William Robson Cordeiro lançou o projeto “Telediálogos” em que todas as semanas entrevista personalidades de Mossoró e do Rio Grande do Norte por meio do aplicativo Hangout.
As entrevistas ocorrem ao vivo como se fossem numa teleconferência e depois postadas no Youtube e no Portal Mossoró Hoje.
O jornalista explica como a ideia surgiu: “O ‘Telediálogo’ nasce de uma experiência de utilizar plataformas de videoconferência para o jornalismo. Já utilizava estas plataformas para fins acadêmicos restritos a aulas, orientações da tese e grupos de pesquisa. Até que surgiu a intenção de realizar entrevistas leves, como conversa mesmo, sem engessamento tradicional como vimos em algumas mídias. E fica cômodo tanto para mim, quanto para quem será entrevistado. O prefixo “tele” significa “distância” e, assim, o entrevistado pode estar em qualquer lugar, desde que tenha uma internet que suporte a transmissão”.
O jornalista acrescenta que “a ideia é fazer ‘Telediálogos’ sobre vários temas, deixando que o entrevistado, fale, discorde, brinque, esteja realmente à vontade. Até porque a entrevista é ao vivo e sem edição”.
Currículo
William Robson é dos jornalistas mais respeitados do Rio Grande do Norte. Foi editor-chefe da Gazeta do Oeste e do Jornal De Fato. Atualmente finaliza doutorado em jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Estreia
A estreia do Telediálogos foi com a vereadora e deputada estadual eleita Isolda Dantas (PT) que pela primeira vez falou a respeito da recomendação do Ministério Público Eleitoral para que as contas dela sejam reprovadas.
Jornalista dos bons, Vonúvio Praxedes se rendeu a blogosfera com seu Diário Político. A página já está no ar com notícias e análises sobre o cenário político de Mossoró e do Rio Grande do Norte.
Atualmente Vonúvio é repórter e apresentador da TCM com destaque para a atuação no programa Cenário Político. Ele também comenta política no Jornal 95 primeira edição.
“A ideia do blog é fazer com que a minha dinâmica do dia-a-dia e sobretudo contato com a informação possa levar a notícia quente e precisa ao internauta”, diz.
Neste domingo de Segundo Turno das Eleições Gerais, dia 28, nas disputas pelas cadeiras da Presidência da República e do Governo do Estado, as equipes do Canal 10 da TCM (TV Cabo Mossoró) e 95 FM repetirão a competente jornada de prestação de serviço realizada no primeiro turno do pleito, quando estarão no ar, ao vivo, a partir das 8h, em transmissão conjunta, para levar aos mossoroenses a cobertura completa da votação com informações instantâneas do voto, especialmente em Mossoró.
Mais de 80 profissionais estão escalados para a cobertura com participação de correspondentes em cidades da Região Oeste e na capital Natal. A programação especial só encerra ao término da apuração oficial dos votos. Lembrando que, antes das parciais oficiais do TRE e do TSE, nossas equipes já adiantam as primeiras projeções do voto em Mossoró, através dos resultados apontados pelos extratos das urnas locais divulgados logo após o encerramento do horário de votação.
Nos estúdios, nossos apresentadores receberão especialistas em política, equipes de reportagem vão às ruas mostrar a movimentação nas seções eleitorais, além da interação do telespectador e do ouvinte.
Interaja com a gente, enviando suas informações e vídeos pelo WhatsApp do jornalismo da TCM (84) 98802-8979 ou da 95 FM (84) 98170-9595. O Instagram @tcm10hd e facebook.com.br/tcm10hd contarão com conteúdos e informações exclusivas e em tempo real. A transmissão ocorre também pelo portal www.tcm10hd.com.br, aplicativos TCM Play e TCM 10 Play.
Neste domingo de Eleições Gerais as equipes do Canal 10 da TCM (TV Cabo Mossoró) e 95 FM estarão no ar, ao vivo, a partir das 8h, em transmissão conjunta, para levar aos mossoroenses a cobertura completa do pleito com informações instantâneas do voto, especialmente em Mossoró. Mais de 80 profissionais estão escalados para a cobertura com participação de correspondentes em cidades da Região Oeste e na capital Natal. A programação especial só encerra ao término da apuração. Nos estúdios, nossos apresentadores receberão especialistas em política, equipes de reportagem vão às ruas mostrar a movimentação nas seções eleitorais, além da interação do telespectador e do ouvinte.
Interaja com a gente, enviando suas informações e vídeos pelo WhatsApp do jornalismo da TCM (84) 98802-8979 ou da 95 FM (84) 98170-9595. O Instagram @tcm10hd e facebook.com.br/tcm10hd contarão com conteúdos e informações exclusivas e em tempo real. A transmissão ocorre também pelo portal www.tcm10hd.com.br, aplicativos TCM Play e TCM 10 Play.
O projeto Diário das Eleições realizado pelo Blog do Barreto no Facebook receberá um time de peso hoje. Nada mais nada menos que os melhores jornalistas políticos de Mossoró estarão reunidos em um bate-papo.
Foram convidados e confirmaram presença Carol Ribeiro, Carlos Santos, Saulo Vale e Vonúvio Praxedes.
O editor desta página vai ser reserva ao papel de mediador (se é que vai conseguir ficar calado) da conversa que tem previsão para durar cerca de uma hora.
A live no Facebook será exibida no perfil pessoal do editor do Blog do Barreto (ver AQUI), no grupo do Facebook (ver AQUI) e também na página (ver AQUI).
Excepcionalmente hoje iremos ao ar às 21h em virtude da acomodação das agendas.
Há alguns anos sinto um profundo incômodo quando acesso algumas páginas na Internet cujo assunto mais relevante são os eventos sociais envolvendo os políticos. Pior: as assessorias de imprensa dessa turma alimentam isso em doses cavalares enchendo nossas caixas de e-mail com um monte de nada.
Até quando nossa classe política vai querer converter em notícia almoços em casas de prefeitos onde nada foi decidido ou se é não interessa divulgar, participações em procissões, batizados de meninos, velórios e festas profanas. Casamentos também são recorrentes.
Importa mais mandar recados para aliados e adversários por meio de fotos sem legendas do que dar declarações sobre assunto relevantes.
Isso não é assunto de interesse público e por consequência não deve ser fruto de exploração jornalística. No máximo uma notinha em colunas sociais ou fotos no “face” e “insta”.
Nem no Twitter isso faz sentido.
O máximo de interesse jornalístico (e público) que nossa classe política produz são escândalos que ela insiste em abafar por meio de intimidação sobre jornalistas e ameaças de cortes de verbas publicitárias feitas aos patrões.
Outro ponto, este mais simplório, que nossos representantes apresentam de relevante são os conchavos políticos de vésperas de eleições, mas isso só tem interesse público de fato em ano eleitoral. Antes disso, ganha contornos de fofoca frívola.
Por detrás disso tudo, está um interesse velado em deixar o que importa em segundo plano.
Então vejamos:
Você saberia dizer qual a bandeira de luta do senador José Agripino (DEM)? Saberia informar o que sai de relevante para o Estado através do mandato do senador Garibaldi Alves Filho (MDB)? A gente sabe que nossa outra senadora, Fátima Bezerra (PT), tem como bandeira a educação, mas não vemos ela tratar desse assunto com a mesma relevância que fala de Lula, Golpe e Temer?
E o nosso governador? Você certamente sabe que ele está em busca de um vice, que terá o apoio de Geraldo Melo (PSDB) e dos tucanos. Mas saberia dizer o que Robinson Faria pensa para solucionar os problemas do Estado?
O Rio Grande do Norte insiste num modelo econômico firmado nos anos 1970 por Cortez Pereira, no auge da ditadura militar. Este foi tão bom governador que ao final do mandato foi cassado pelos militares e ficou sem direitos políticos por dez anos.
Ninguém inovou e após 40 anos é inevitável que este modelo não se torne ultrapassado.
Neste século só vi o Rio Grande do Norte ter perdas. Perdemos indústrias, a Petrobras está de partida, nossos portos estão sucateados, as estradas são do “tempo do ronca”, não conquistamos a refinariam nem o badalado Hub da TAM.
Tudo culpa de uma crônica falta de infraestrutura.
Vivemos de um turismo confinado à reta tabajara, esmolas do Governo Federal e emendinhas para prefeitos de pires na mão.
O que ganhamos? Uma escalada incontrolável de violência e uma sensação interminável de pessimismo.
O pior disso tudo é saber que ninguém consegue encarnar a esperança na eleição que se avizinha e nossa classe política subestima (com certa dose de razão) o senso crítico do povo com alianças que são verdadeiras distopias políticas.
Não é por acaso que ninguém de nossa bancada de deputados federais pega um tema de interesse para si e transforma em causa. Ficam mudos e saem calados com a certeza de no ano eleitoral contornar o problemas com as estratégias de sempre: formar um “chapão” com poucos concorrentes, montar um exército de prefeitos e fazer dobradinhas com caciques regionais travestidos de deputados estaduais.
Esse modelo gera um comodismo e uma bancada tão filhotista quanto inoperante.
Então vejamos:
Rogério Marinho (PSDB) passa mais tempo falando mal do PT do que propondo algo. Quando decidiu fazer alguma de destaque foi ser relator da reforma trabalhista que lhe rendeu uma imagem negativa junto ao grosso da sociedade. E olhe que ele teve a atuação mais relevante no último quadriênio.
Zenaide Maia (PHS) se limitou alinhar-se com esquerda no combate as reformas de Michel Temer. Não foi além, mas somente por fazer o mínimo se tornou um nome competitivo para o Senado.
Fábio Faria (PSD) é mais conhecido pelas celebridades que namorou no passado (casou com a filha de Sílvio Santos) e chegou a ficar meses sem pôr os pés no Rio Grande do Norte. Felipe Maia (DEM) não consegue ser mais do que o filho de José Agripino. Walter Alves (MDB) é o menino de Garibaldi. Este até tem potencial, mas nem chegou perto ao desempenho dos tempos de Assembleia Legislativa. Rafael Motta (PSB) vai no mesmo sentido dos jovens citados. Beto Rosado (PP) assumiu as pautas do pai, Betinho, em defesa do agronegócio da venda dos campos maduros de petróleo. Mas acabou aparecendo muito mais por assumir causas impopulares do presidente Temer.
Antônio Jácome (PODE) também faz uma atuação apagada.
Dos nossos oito deputados, cinco são filhos de políticos das antigas.
Uma é irmã de outro.
Só dois chegaram lá sem apadrinhamento de sobrenome, mas um, Jácome, já esboça formar um clã colocando um filho deputado estadual e um irmão vereador.
Nossa Assembleia Legislativa é uma terra de onde brotam escândalos. Nosso Tribunal de Justiça não fica atrás. Só hoje tivemos dois desembargadores condenados ao xilindró.
Nosso Ministério Público e o nosso Tribunal de Contas são lugares manchados por contradições.
Enquanto isso, nossa elite política segue lépida e fagueira tirando fotos nas procissões, almoços, batizados de meninos e prestando solidariedade em velórios. Produzir algo que traga desenvolvimento que é bom é lenda. Nos discursos a velha tática de prometer saúde, educação e segurança sem dizer como nem de onde virão os recursos.
Esse jogo interessa a todos os citados acima e a ausência de senso crítico em relação a esses fatos produz um noticiário que esconde a mediocridade de nossos políticos que sequer se preocupam em nos dar alguma satisfação.
Estamos na reta final da pré-campanha e o nosso noticiário segue escasso de propostas e potente nos conchavos. O problema está no primeiro aspecto e não no seguindo que é natural ter maior impacto nesse período.
Mas o problema maior está em você, leitor. És também culpado por achar que seu compromisso com a política é apenas ir a urna votar.
Não. Não é!
Você precisa cobrar e fiscalizar a atuação dos políticos. Se não tem tempo ao menos acompanhe o noticiário sem dar audiência ao que é irrelevante nem tenha preguiça de buscar informações sobre nomes novos.
Sua indolência política coloca Carlos Eduardo Alves (PDT) como alternativa ao Governo e deixa Garibaldi e Geraldo Melo liderando as pesquisas para o Senado. São os mesmos sobrenomes de sempre. Nada contra eles, mas se você deseja mudança precisa fazer sua parte.
A mudança na política acontece de fora para dentro e não no sentido inverso. É um processo histórico que exige paciência e sabedoria para lidar com os erros quando arrisca.
Mossoró é um exemplo disso. Apostou novo e não deu certo. Preferiu voltar para o velho quando poderia ter tentado outro novo.
Pelo andar da carruagem puxada pelo sofrido elefante se tivermos alguma mudança em 2019 será só de partido político, pelos políticos.
Ao lado do “elefante branco” materializado no prédio da Porcellanati, símbolo do fracasso da tentativa de industrialização em Mossoró, encontra-se o acampamento conhecido como Comuna Urbana do MST.
A visão da foto acima contrasta a necessidade e o desperdício. Enquanto muitos precisam de um lugar para morar, terra para plantar ou um emprego para se sustentar a Porcellanati teve todos os incentivos do Governo do Estado e da Prefeitura de Mossoró e fechou as portas, gerando desemprego e deixando dívidas milionárias no comércio local.
A seletividade de setores fica evidenciado ainda mais quando se percebe que o calote dado em Mossoró não gerou a mesma revolta que o acampamento na entrada do Conjunto Nova Mossoró. Foram três atentados à bala e muitas ameaças que se encerraram com o slogan “Bolsonaro 2018”. A polícia está investigando.
O caso gerou um debate sem fim nas redes sociais a respeito do caráter e origem das pessoas envolvidas no acampamento. Clichês sempre dão a tônica. “São vagabundos”. “Conheço um que tem casa própria”. “Sei de um que tem uma Hilux”. “É tudo bandido!”.
O Blog do Barreto virou os clichês pelo avesso e foi ao acampamento conhecer quem são as pessoas que estão lá, como vivem e as histórias de vida de algumas das 300 famílias que estão se revezando em grupos de 50 pessoas, a maioria chefiadas por mulheres desempregadas. Quem trabalha não recebe o suficiente para pagar a moradia e garantir a alimentação adequada. São trabalhadores braçais que vivem de “bicos”, empregadas domésticas e pessoas que fazem serviços esporádicos no comércio por hora trabalhada.
‘Quero um lugar para morar. Não para vender’
Moreno, baixa estatura, mãos calejadas e olhar sofrido. Tenilson Melo, aos 58 anos, segue a vida do trabalho pesado como pedreiro. Sua história é sofrida. Dos 8 filhos, um morreu no ambiente de filme de terror da saúde pública. “Tinha um casal de gêmeos que adoeceram. A menina sobreviveu. O menino não resistiu. Só tinha cinco anos”, encerra em tom resignado.
Tenilson, demonstra tristeza quando provocado a comentar a respeito dos comentários das redes sociais que acusam o movimento de ser permeado por “vagabundos” e “bandidos”. “Eu acho errado pegar um terreno para morar e vender. A gente luta por um lugar para morar”, avisou.
Desde os 12 anos Tenilson trabalha. Sem muito tempo para estudar ele ajudava o pai na roça. “Quando meu pai faleceu fui para a cidade trabalhar como pedreiro”, disse. “Eu me incomodo com essa história de chamarem a gente de ‘bandido’. Só entrei numa delegacia para tirar documentos. Quero um lugar para morar. Não para vender”, reforça.
Tenilson nunca morou em casa própria. Acumula uma vida pagando aluguel. “Todos nós sabemos que precisamos batalhar para ter o que quer. Estamos aqui sem querer fazer baderna e aqui só tem pai de família muitos desempregados. Fico triste quando fico sabendo que atacam a gente na Internet”, lamentou.
‘Não sei o que é morar em casa própria, mas sei o que é pagar aluguel que consome tudo que ganho’
Baixa estatura, braços fortes e semblante que mistura o bom humor com a angustia de quem tem três filhos e o quarta está na barriga. Lunne Rafaela aos 25 anos sobrevive com um bico em uma lanchonete aos finais de semana onde trabalha como monitora no espaço kids.
Ela recebe R$ 80 reais por final de semana trabalhado. “Não sei o que é morar em casa própria, mas sei o que é pagar um aluguel que consome tudo que ganho”, frisa.
A vida de Lunne não é fácil. O marido sofreu um acidente de trabalho que esmagou o pé direito deixando-o inválido para o trabalho pesado. Ela mostra resignação com as histórias que contam nas redes sociais. “Eles nos julgam pela aparência. Somos trabalhadores de bem. Se a gente não tivesse essa precisão não estava aqui. Se eles vivessem a vida que a gente vive não falariam isso. Para a gente é tudo mais difícil”, disse. “Falam que a gente tem carro do ano, mas eu não tenho dinheiro nem para botar gasolina numa moto velha”, completou.
‘Com três hérnias de disco entrego água para pagar o aluguel”
Aldeci Fonseca, 59, carrega no rosto as marcas de quem dedicou a vida ao trabalho pesado nas salinas de Mossoró. Nas costas estão as dores e as consequências disso. Com três hérnias de disco está aposentado por invalidez. O benefício de um salário mínimo foi corroído por um empréstimo para sair do sufoco. “Só recebo R$ 640 por causa dos descontos”, lamenta o sem teto que paga R$ 350 de aluguel.
Para conseguir pagar o aluguel ele complementa a renda entregando água mineral e gás de cozinha quando as dores permitem. “Ganho um real por água vendida. Se eu vender dez garrafões eu ganho dez reais. Ganho cinco reais por gás vendido, mas a gente vende uma vez na vida”, frisa.
Num barraco em que se reveza com uma das noras no acampamento, ele conta que nunca morou em casa própria e sonha diariamente em se livrar do aluguel. “No dia que eu receber as chaves da casa eu quero ir para dentro morar. Tem gente que vende e é errado, mas a maioria aqui quer um lugar para viver”, avisou.
No momento em que fala sobre a vida dura as acusações de que “só tem bandido” é interrompido pela esposa, Francisca Martins, merendeira em uma escola pública. “Bom não é, mas a gente não vai revidar o que eles dizem da gente. Queremos a nossa casinha e um dia vamos conseguir”, declarou.
Magra, baixa estatura e o rosto com as marcas do trabalho duro, Francisca avisa que não perde a chance de reforçar a boa índole dos que lá estão: “Não queremos tomar a casa de ninguém. Queremos um lugar para morar”.
‘Estou aqui para ajudar”
Cheiro de comida cozinhada no fogão a lenha improvisada e o prédio da Porcellanati ao fundo, Francisco Vieira, 63, se perde olhando para o “elefante branco” onde trabalhou como soldador elétrico por dois anos. “É uma tristeza muito grande. A gente trabalhava noite e dia e produzia muito. Mesmo na época do trabalho a gente percebia uma coisa estranha porque todo o dinheiro ia para Tubarão (cidade catarinense, sede da Porcellanti). Eles usaram o dinheiro para recuperar a empresa de lá e quebraram aqui. Tenho 28 mil para receber deles, mas vou passar uma procuração para meu filho porque não acredito que esteja vivo quando esse dinheiro sair”, disse.
Atualmente aposentado, Vieira, como é conhecido no acampamento fala que tem casa própria graças a luta dos sem-terra. “Sempre fui um militante da causa. Ter onde morar não é suficiente para mim. Preciso estar aqui ajudando essas pessoas. Preferi segui no movimento porque é melhor do que ficar em casa sem fazer nada”, explicou.
‘Só não estou dormindo aqui por medo dos tiros’
Sentada ao lado do fogão a lenha Verônica Cordeiro, 37, está cabisbaixa. Rosto de quem parece ser mais velha do que indica a certidão de nascimento, ela conta que está desempregada e vive com a pensão de R$ 250 paga pelo ex-marido e pai de seus dois filhos. O dinheiro é usado para pagar o aluguel. Não sobra mais nada. Para se alimentar ela conta com ajuda do antigo companheiro que lhe entrega um cartão de um supermercado da cidade. “Para pagar água e luz eu me viro com as faxinas que aparecem”, conta.
Para fazer os bicos sempre precisou deixar os filhos pequenos sozinhos em casa. Hoje a situação se tornou menos arriscada. “A luta é antiga. Agora eles estão grandes, um já tem 18. Só não estou dormindo aqui por medo dos tiros. Foi assustador”, frisou.
Veronica relata que comprou fiado as tábuas para fazer o barraco. “Quando conseguir uma faxina para fazer eu pago”, avisou.
‘O jornalismo elitista tem um caráter fortemente ideológico e conservador’, diz jornalista
Ex-editor dos jornais De Fato e Gazeta do Oeste, William Robson Cordeiro tem dedicado os últimos anos à pesquisa em comunicação. Graduado em jornalista pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e mestre em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), atualmente faz doutorado em estudos da mídia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Parte do curso ele fez na Universidade de Barcelona de onde voltou recentemente.
Ao analisar o papel da mídia na construção de uma imagem negativa dos movimentos sociais ele critica o caráter elitista da mídia nacional. “Os meios de comunicação no Brasil são, em sua natureza, elitista e assim, na questão mais profunda que envolve a luta de classes, tende a operar em favor dos mais ricos (até porque, eles que são os donos da mídia). Não há a prática de um necessário jornalismo popular, que observe as necessidades de toda a comunidade com seriedade e justiça. O jornalismo elitista tem um caráter fortemente ideológico e conservador, de manutenção das castas. Assim, qualquer ação popular que venha enfrentar o establishment será propagada para a audiência como algo criminoso, horrendo, condenável”, avaliou.
Para William Robson, a mídia posa de imparcial, mas exatamente o inverso do que prega ao combater movimentos sociais. “A mídia também exerce um papel de domesticação e controle desta audiência neste quesito, pois ao criminalizar movimentos sociais que lutam por igualdade e direitos e, do mesmo modo criminalizar a pobreza, tenta passar a imagem de uma sociedade pacífica e trabalhadora que não pode ser incomodada com protestos e ações energéticas que venham a emergir das massas. Além disso, vendem isto como jornalismo isento, o que é uma tremenda desonestidade”, criticou.
O jornalista e pesquisador explica que há uma diferença de comportamento no Brasil em relação ao restante dos países na abordagem sobre protestos. “A mídia tem dois olhares quando movimentos sociais atuam no Brasil e no resto do mundo. No Brasil, invariavelmente, os protestos são realizados por ‘vândalos’. No resto do mundo por ‘manifestantes’. Estes marcadores de expressão tem um poder simbólico muito importante, visto que estabelecem status diferentes para situações que se assemelham apesar dos lugares diferentes: a luta popular. Trata-se, portanto, de elemento de construção simbólica que permeia a narrativa e induz as pessoas a odiar os movimentos dos quais também serão beneficiados e, ao extremo, a levá-las a reagir, como o que ocorreu nos acampamentos do MST em Mossoró, por exemplo. O poder do jornalismo está na capacidade simbólica de agir no pensamento e estimular ações”, explicou.
‘Movimentos sociais e populares são parte necessária da dinâmica política dos sistemas democráticos’, afirma sociólogo
O professor Dr. João Bosco de Araújo Costa, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) explica que os movimento sociais são fundamentais em países com desigualdade social brutal como o Brasil. “Os movimentos sociais e populares são parte necessária da dinâmica política dos sistemas democráticos. Da democracia, portanto. São os movimentos sociais, a exemplo do MST (sem terras) e MTST (sem tetos) que colocam nas agendas pública, política e governamental,
as demandas e reivindicações legítimas dos segmentos das classes sociais excluídas e privadas de acesso a bens e serviços. Também com sua atuação forçam sua entrada na agenda governamental e pressionam por políticas públicas que respondam a essas demandas justas e legítimas dos excluídos”, explicou.
Para o professor João Bosco, é preciso compreender o que está em jogo no país e entender a necessidade de se apoiar os movimentos sociais. Ele entende que existe parte da elite disposta a reduzir as desigualdades. “A brutal desigualdade social existente no Brasil é a razão de existir esses movimentos legítimos e imprescindíveis para a conquista de direitos pelos pobres e excluídos socialmente. Tem gente da elite que gosta de distribuir sopa e fazer caridade, outros optam por serem agentes organizacionais das lutas dos pobres por diretos proclamados na constituição e não acessados pela maioria da população”, lembrou.
No entanto, ele lembra que quando o assunto é governo a elite tem facilidades para ter suas reivindicações atendidas, restando aos movimentos sociais o recurso da pressão política. “Empresários e as elites endinheiradas reivindicam e pressionam os gestores públicos através das relações simbióticas e de compadrio com os agentes do Estado. Os pobres e excluídos fazem isso através da organização política em movimentos sociais e populares”, explicou.
‘As propriedades rurais ou urbanas que não cumpram de forma eficaz e plena sua função social, deverão ser objeto de desapropriação em função da coletividade e dos que dela necessite’, explica presidente da OAB/Mossoró
O presidente da subseccional de Mossoró da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Canindé Maia, está escrevendo um livro sobre a função social da propriedade privada. “A CF 88, não define somente esta Função Social da Propriedade na ordem econômica, mas também como direito e garantia do homem, sendo direito fundamental do povo brasileiro. Portanto pelo princípio fundamental da dignidade de pessoa humana, vinculado ao direito fundamental de acesso à moradia e produção, as propriedades rurais ou urbanas que não cumpram de forma eficaz e plena sua função social, deverão ser objeto de desapropriação em função da coletividade e dos que dela necessite”, explicou.
Canindé Maia explica que a Constituição Federal estabelece a função social da propriedade privada como forma de conter as desigualdades sociais. “A função Social da Propriedade veio com o direito de propriedade, ou seja, para se manter o direito de propriedade é essencial cumprir a sua função social, sendo esta um conjunto de regras constitucionais visando colocar a propriedade nas trilhas normais, como forma de evitar desigualdades pelo uso degenerado exclusivamente egoísta, merecendo a tutela jurídica para o atendimento dos interesses sociais, mesmo contra a vontade daquele que a possui, devendo se revestir a propriedade de caráter economicamente útil, produtivo, canalizando as potencialidades residentes no bem em proveito da coletividade, deixando de cumprir pode perder a proteção por parte do ordenamento jurídico”, relata.
O foco da propriedade privada com função social é estabelecer harmonia social. “A propriedade usada de maneira socialmente útil, no benefício geral, tornando-o instrumento de riqueza e felicidade para todos, isso é cumprir a Função Social da Propriedade. O Estatuto da Terra conceituou a Função Social da propriedade quando diz que esta favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias, mantendo a produtividade, conservação dos recursos naturais, além de observar a justa relação de trabalho entre proprietários e os que a cultivam”, acrescenta Canindé.
No entanto, o presidente da OAB/Mossoró pondera que ocupar é ilegal, mas cabe ao Governo desapropriar propriedades que não cumprem função social. “A ocupação não é legal, pois o proprietário pode entrar com ação de reintegração, o governo que tem a obrigação de desapropriar as terras que não cumpram a função”, frisou.
Opinião do Blog
A sociedade precisa conhecer melhor os movimentos sociais e quem são as pessoas que lideram, assim como compreender as histórias de vida dos que estão na luta. A mídia cumpre um papel fundamental de esclarecer isso, mas quando reforça estereótipos negativos aos movimentos sociais ela reforça o pensamento conservador.
Os movimentos sociais cumprem um papel fundamental na luta para reduzir desigualdades num país como Brasil marcado pelas diferenças sociais profundas de quem foi a última nação do mundo a pôr fim a vergonha da escravidão.
Embora não tenha amparo legal, as ocupações se tornaram o único instrumento dos movimentos sociais para garantir habitação e terra aos menos favorecidos. É uma forma de desobediência civil, uma ação de cunho político. Os meios das camadas populares não são os mesmos das elites que convivem com uma relação de proximidade com os agentes públicos.
O Brasil precisa discutir soluções para a desigualdade social de forma honesta, sem clichês e propagação de estereótipos que denigrem os mais humildes.
O jornalismo é o exercício diário da democracia e do dever com o interesse público doa a quem doer, inclusive o próprio jornalista. Ao contrário do que pensam alguns, não há glamour na profissão.
Os jornalistas são seres humanos e a gratidão é um sentimento forte entre pessoas normais. A profissão em algum momento pode jogar nossos sentimentos pessoais contra os deveres profissionais.
Ontem tive uma sensação estranha ao ter que noticiar a prisão do ex-deputado federal Laíre Rosado. Não se trata de um político qualquer para mim. Durante 12 anos ele foi como uma pessoa de minha família a quem sempre terei gratidão.
Com ele aprendi muitas coisas e ouvi conselhos importantes não só para o jornalismo como para a vida. Foi no jornal dele onde dei meus primeiros passos na profissão que tanto amo. Foi na TV e rádio dele que assumi funções que me escancararam portas para o crescimento profissional. Não tenho como negar meu sentimento de gratidão como também não posso me furtar ao dever de informar.
Para mim é difícil acreditar que Laíre tenha se envolvido em esquema de desvio de mais de R$ 100 milhões na saúde. Ironia do destino: ele, médico, estava atendendo pacientes quando foi preso.
Quem conhece Laíre de perto sabe o quanto ele é educado, culto e respeitoso. Crime e a personalidade de Laíre não deveriam caber em uma mesma frase. É duro vê-lo preso como seria com qualquer outro amigo e parente meu.
Ontem cumpri meu dever de noticiar os fatos, mas não poderia também abrir mão de demostrar minha gratidão a Laíre em um momento tão difícil para ele e sua família. Separar sentimentos é uma tarefa muito complicada, mas ser injusto com a própria consciência não é honesto.
Mesmo com o dever de noticiar os fatos é preciso registrar a gratidão.