O senador Styvenson Valentim (Podemos), que disputou o Governo do Rio Grande do Norte nas eleições de 2022 e terminou em 3º lugar, após receber 307 mil votos, afirmou nesta quarta-feira (23) que quer voltar a disputar o cargo em 2026, em vez de ser candidato à reeleição para o Senado.
Em entrevista ao PORTAL DA 98 FM, o senador disse que o desejo de ser novamente candidato a governador já foi informado à presidente nacional do partido, Renata Abreu. Ele afirmou ainda que, como parte da estratégia para pavimentar sua candidatura daqui a quatro anos, fará mudanças no seu estilo político e na atuação parlamentar.
“Eu quero disputar o Governo. E terei mudanças no comportamento. Vou usar tempo de TV, tempo de rádio, começar a fazer divulgação parlamentar. Sempre devolvi dinheiro. Mas devolver dinheiro para o governo? Vou utilizar todas as armas que os outros usam”, declarou o senador, lembrando que é um dos senadores que menos usa recursos públicos no Congresso Nacional.
Em 2022, Styvenson disputou o Governo do Estado sem usar recursos dos fundos partidário e eleitoral e sem usar tempo na propaganda eleitoral no rádio e na televisão. O senador, que não se afastou do cargo durante a campanha, também não mandou confeccionar santinhos, adesivos e folhetos nem pediu votos. Ele fez campanha apenas participando de entrevistas e debates e divulgando o plano de governo nas redes sociais.
Outra característica desse pleito foi o fato de Styvenson ter deixado para anunciar sua candidatura no último dia das convenções. O anúncio oficial ocorreu no dia 5 de agosto, a menos de duas semanas do início da campanha eleitoral. Agora, para 2026, o anúncio ocorre com quatro anos de antecedência.
Ao PORTAL DA 98 FM, Styvenson disse que a mudança de estilo é para que ele possa concorrer “de igual para igual” com os demais candidatos. “Tenho que quebrar essa timidez, essa repulsa de usar o dinheiro público”, afirmou o senador.
O senador também comentou o anúncio feito nesta terça-feira (22) de uma fusão entre Podemos e PSC. Ele disse que não vê problema na incorporação, pelo contrário. “Não tenho nenhuma resistência”, afirmou o senador, acrescentando que as duas legendas têm convergência programática.
Styvenson afirma que ainda participará de reuniões para definir o futuro do partido. Ele, no entanto, já antecipou à presidente nacional da sigla que quer reassumir o comando da legenda no Estado – que atualmente está sob direção do advogado Felipe Madruga.
Certa vez, Rubem Alves escreveu sobre a arte da política e a comparou com a jardinagem. O núcleo central do texto reflete a diferença entre o político por vocação e político por profissão. Em tempo atual de erupção na política, talvez você se mostre desconfiado sobre esta temática, porém lhe convido ler até o final do texto para compreender nosso caminho e como se liga ao momento vigente.
Que fique bem claro para você leitor é que vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O profissional não ama. Ele ama o dinheiro que recebe dela, ou ainda, o poder que ela oferece.
Resumindo, todas as vocações podem ser transformadas em profissões. O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.
E você deve se perguntar o que tem a ver com tudo isso, correto? Pois bem meu nobre, nosso futuro depende dessa luta entre político por vocação e político por profissão. Alguns se sentem retraídos e não entram no mundo da política para lutar por um jardim melhor para todos, por outro lado, alguns entram e quando são picados pela mosca azul, acabam criando jardins paralelos privados, tudo em nome do dinheiro e ou do poder.
Alguns políticos gostam apenas dessa última parte. O poder é seu maior objetivo, por ele se faz qualquer coisa, inclusive pisar, destruir as instituições e a democracia. Eles se alimentam principalmente das vulnerabilidades de parte da população que depositam neles sua esperança. Mal sabem que estão prestando atenção apenas na fumaça, não percebem que servem como escravos trabalhando para um projeto de poder de construção de um jardim privado, onde eles não desfrutarão da sombra após construído. Para parte da sociedade, que tanto já lutou, a pior coisa que poderia acontecer nesse momento é enxergar a verdade, é reconhecer que boa parte do jardim já virou deserto.
Vejam os que surfaram na onda eleitoral de 2018, qual a sua real contribuição para o País? Qual o legado que deixarão? Muitos entraram e sairão de suas cadeiras, não apenas por sua inércia, mas também porque não se atentaram para algo crucial, no sentido mais positivo possível: fazer política. Se preocuparam apenas com seus mandatos, e agora estão aí, correndo e torcendo, fazendo reza para que o Senado aprove a “reforma eleitoral” e a volta das coligações. Essa será a salvação de muitos políticos inclusive no Rio Grande do Norte.
Já alguns que entraram advento do período eleitoral 2018, muito tem feito, porém ao não jogar para a plateia precisam correr para aprender um pouco com aqueles que “agitam” nas redes sociais. A sociedade precisa valorizar mais os políticos vocacionados, que cuidam de um jardim para muitos, que não buscam separar e sim agregar, que fazem a boa política do diálogo e da entrega de resultados.
Lembre-se que o grande ganho para a política não advém da guerra cultural, mas sim da postura que a sociedade terá com seus representantes e o que exigir, cobrar deles. Já vimos que a renovação nem sempre será positiva, isto porque a renovação por si só não resolve nada, estamos lidando com pessoas, capacidades, com a vocação. Muitos ali entraram e simplesmente nada fizeram, bem como muitos ali estão durantes anos e também nada fez. Mas isso não é o motivo para desacreditar na política, pois na hora que isso ocorre, quando nossa mente não respeita a política, o que está em risco é toda nossa estrutura democrática, que na sua base mora em nossas mentes, na crença e na certeza de que ela funciona.
O bom político, ou melhor, o bom jardineiro não aumenta o deserto ao seu redor. Ele não se alimenta do ódio e dor dos outros. Ele não desdenha das classes mais necessitadas. Ele não contribui para desmontar, ou privatizar o jardim construído. Não é a favor do desmatamento. Mas sim, para ele quando as flores do seu jardim adoecem, ele cuida.
Talvez se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino para nossa nação. Então, ao invés de se criar desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. Muitas das vezes, não precisaremos buscar esses nomes muito longe, alguns já estão lá e só você ainda não percebeu, outros estão prestes a voltar. Deixo aqui um vento de esperança no coração de todos.
E se tivéssemos Ciro, Marina, Lula, Boulos, Amoêdo ou Cabo Daciolo eleitos em 2018? E se tivéssemos uma pessoa honrada, séria, capacitada, bem intencionada, inteligente, humana e gentil na presidência? E se os veículos de comunicação, judiciário, igrejas, robôs, fake news e o lado mais obscuro da extrema direita não tivessem ajudado a eleger o Jair?
E se as instituições voltassem a funcionar em plenitude? E se o Estado Democrático de Direito existisse? E se a Constituição Federal não tivesse suas páginas rasgadas dia após dia desde o golpe contra a presidenta Dilma?
E se Bolsonaro fosse impedido de continuar atropelando o povo brasileiro e a democracia? E se Rodrigo Mais colocasse em votação as dezenas de pedidos de abertura de impeachment? E se houvesse a aceitação do Congresso? E se Mourão assumisse a presidência? E se o projeto nefasto do bolsonarismo continuasse? E se os militares não estivessem alinhados com essa velha política? E se o TSE cassasse a chapa? E se Maia assumisse? E se tivéssemos novas eleições?
E se vivêssemos um só dia sem uma declaração chocante? E se não tivéssemos mais ações imorais ou ilegais do governo e seus ministros? E se o pleno emprego voltasse, a vida das pessoas melhorasse e a economia decolasse?
E se tivéssemos combatendo o novo coronavírus com seriedade? E se a gravidade da doença não fosse minimizada? E se os recursos, estrutura, pessoal e equipamentos estivessem sendo devidamente fornecidos?
E se a esperança de um Brasil livre do neofascismo brotasse? E se o desassossego com o futuro do país acabasse? E se a ignorância, negacionismo, fanatismos, perseguições, ataques e hipocrisia desaparecessem? E se nossos símbolos nacionais não fossem mais maltratados?
E se os nossos sonhos de um país justo, sério, honrado e desenvolvido voltassem a fazer nossos olhos brilharem?
Três entre cada dez brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas em situações da vida cotidiana – e, por isso, são considerados analfabetos funcionais.
Eles hoje representam praticamente 30% da população entre 15 e 64 anos, mas o grupo já foi bem maior: em 2001, chegou a 39%, de acordo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf).
O Inaf acompanha os níveis de analfabetismo no Brasil em uma série histórica desde 2001, mas, pela primeira vez neste ano, trouxe informações relacionadas ao contexto digital. Os dados relacionados ao uso de redes sociais foram divulgados nesta segunda-feira com exclusividade para a BBC News Brasil.
O instituto classifica os níveis de alfabetismo em cinco faixas: analfabeto (8%) e rudimentar (22%) (que formam o grupo dos analfabetos funcionais); e elementar (34%), intermediário (25%) e proficiente (12%) (que ficam na classificação de alfabetizados).
Para a pesquisa foram entrevistadas 2.002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.
O grupo de analfabetos funcionais reúne os analfabetos absolutos, que assinam o nome com dificuldade, mas conseguem eventualmente ver preços de produtos, conferir troco, ligar para um número de telefone e identificar um ônibus pelo nome; e os rudimentares, que só leem o suficiente para localizar informações explícitas em um texto curto, sabem somar dezenas, mas não conseguem identificar qual operação matemática é necessária para resolver um problema, por exemplo.
De acordo com a pesquisa, entretanto, mesmo com suas dificuldades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram.
Assim, quando se comparar o índice de uso entre os dois grupos – alfabetizados e não-alfabetizados – a diferença não é tão grande. Entre os considerados proficientes, por exemplo, 89% usam o Facebook.
A falta de repertório dos analfabetos funcionais, contudo, faz com que o acesso a essas plataformas seja mais limitado. “Essas pessoas não vão tirar proveito das redes sociais para conseguir informações, garantir direitos, porque não conseguem discernir conteúdos. Teriam a mesma limitação com um jornal escrito, por exemplo; a diferença é que este elas não vão acessar”, afirma a pesquisadora Ana Lima, responsável pela elaboração do indicador.
Os dados da pesquisa corroboram o que a especialista diz: entre os analfabetos funcionais, 12% enviam mensagens escritas e escrevem comentários em publicações do Facebook, 14% leem mensagens escritas e 13% curtem publicações. Para efeito de comparação, entre os que têm nível de alfabetização proficiente, 44% enviam mensagens escritas, 43% escrevem comentários em publicações, 47% leem mensagens escritas e curtem publicações.
“Quem tem mais domínio do alfabetismo usa mais o Facebook, mas o que chama a atenção é a diferença pequena (de utilização entre analfabetos e não), principalmente se você pensar na limitação de um analfabeto funcional. O Facebook está cheio de textos, imagens, exige escrita, por isso revela uma potência desses suportes digitais como estimulador do avanço do alfabetismo”, ela afirma.
Já no WhatsApp quase não há diferença de uso entre os grupos divididos por nível de alfabetização. Enquanto 92% dos analfabetos funcionais enviam mensagens escritas, o índice é de 99% entre os alfabetizados; 84% dos analfabetos funcionais compartilham textos que outros usuários enviaram, já 82% dos alfabetizados fazem isso.
Pollyana Ferrari, jornalista, pesquisadora de mídias digitais e professora da PUC-SP, diz que o brasileiro aderiu integralmente ao WhatsApp, até porque é uma plataforma gratuita que substituiu o SMS, que é cobrado pelas operadoras de telefonia celular.
“Todo mundo usa o WhatsApp, do médico ao entregador de pizza, do executivo à faxineira, mas ninguém foi treinado, e cada um usa e propaga da forma que consegue compreender.”
Manipulação e mensagens falsas
Um dos reflexos do baixo nível de alfabetismo no contexto digital é que estas pessoas ficam mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadas em contexto falso, segundo Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente de comunicação do The News Literacy Project.
“Obviamente elas têm uma capacidade limitada para checar através de pesquisa e leituras paralelas, e seu acesso a jornalismo impresso de qualidade é limitado”, explica Christine, que está no Brasil a convite da Embaixada Americana para debater o tema nesta segunda em evento na sede do movimento Todos pela Educação, em São Paulo.
Para a especialista norte-americana, o primeiro passo é garantir que as pessoas, independentemente de seus níveis de leitura, compreendam que a desinformação pode vir por diferentes canais, incluindo imagens manipuladas e vídeo e se espalhar rapidamente.
“Só essa consciência já é um começo para combater a desinformação e diminuir a sua propagação.”
Pollyana Ferrari acredita que o trabalho de conscientização só virá com o amadurecimento do uso das redes sociais, que ainda é recente no Brasil – tem 14 anos -, além de educação. Ela cita o caso de Portugal, que oferece aulas de letramento em mídias digitais nas escolas de educação básica desde os anos 90.
“A pessoa não vai deixar de ver um vídeo e compartilhar, o brasileiro acredita muito no grupo do WhatsApp da família, seja para o bem ou para o mal. As pessoas têm direito de ter um celular, pode ter mais risco de cair em golpes e receber vírus, mas vai aprender usando. Mas não há o que fazer, a responsabilidade é dos governos, das empresas, de treinar, formar, o trabalho é coletivo e de ‘formiguinha’.”
A professora lembra que, até pela dificuldade de interpretação de texto, as mensagens falsas se propagam mais por mensagens em áudio. “Muita gente acredita nas ‘fakes news’ porque não tem bagagem, não tem senso crítico, quando há uma escolaridade precária, a pessoa fica muito mais manipulável.”
“Somos um país pobre, de baixa escolaridade, a gente saiu da TV aberta, mas houve um deslocamento para as redes sociais sem nenhuma capacidade de discernimento. Numa sociedade democrática com baixa escolaridade, a manipulação de informação é mais fácil de acontecer”, explica Pollyana.
Analfabetismo no ensino superior
Os dados desta edição do Inaf mostram que, entre o grupo de 29% dos analfabetos funcionais, 4% estão no ensino superior, nível de ensino em que se pressupõe um aluno plenamente alfabetizado.
A pesquisadora Ana Lima reforça que a escolaridade é o fator determinante do nível do analfabetismo, mas, ao mesmo tempo, ela não garante o que é esperado.
“Para mexer no nível de proficiência precisamos de educação de qualidade. Uma educação que desloque o aluno de um nível mais coloquial para entender ironia, interpretação de texto, capacidade de distinguir fato de opinião. Isso é ir além de leitura mecânica, é saber ler nas entrelinhas”, afirma.
A pesquisadora reforça que, para cursar o ensino superior, é óbvio imaginar que as pessoas deveriam estar plenamente alfabetizadas para conseguir discutir, fazer análise, participar e debater. “Sem isso não é possível se formar.”
João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, diz que o cenário é desolador principalmente porque “melhorias não estão no radar.” “O prejuízo é gigantesco, porque compromete a produtividade da economia e as chances de a educação contribuir para a melhoria de vida das pessoas. Para as pessoas situadas entre os analfabetos funcionais, a perspectiva de vida é muito limitada. O Brasil optou pela quantidade, em detrimento da qualidade.”
Abaixo matéria produzida pela jornalista Sâmya Alves para o jornalismo TCM sobre o lançamento do livro “Os Rosados Divididos: como os jornais não contaram essa história” escrito por este operário da informação que vos escreve.
Essa pergunta tem que ser feita a todo momento, pois não é mais possível que continuemos com tanta impunidade, principalmente entre os que detém o poder econômico e o político. E ao indagarmos em público, criaremos o necessário constrangimento republicano, ao tempo em que colocamos todas as autoridades em desafio de demonstrarem que estão fazendo a sua parte.
Sem nos referirmos a nenhum caso concreto, mas ao mesmo tempo preocupado com as últimas notícias de possível interferência na maior operação contra a corrupção em nosso país, principalmente enfraquecendo as autoridades constitucionais que devem ser rigorosas no cumprimento da lei em relação aos poderosos de outrora, deparamo-nos com outras autoridades fazendo as velhas investidas para barrar as indispensáveis investigações.
Ora, já avançamos muito em relação ao passado, em que diversos escândalos não davam em nada, propiciando aos infratores, até mesmo um prêmio por seus crimes. Essa fase deve ficar no passado e de lá não sair nunca mais. É hora de avançarmos ainda mais no combate ao crime que tantas vítimas faz de uma vez só. A corrupção mata de forma semelhante aos atentados terroristas que tanto nos assustam.
Tá na hora do povo brasileiro se indignar contra os corruptos da mesma forma que fazemos contra esses terroristas. Qual a diferença entre eles, se o número de pessoas mortas muitas vezes se equiparam, ou até mesmo passam?
Não dá mais para aguentar essa forma de gerir o dinheiro público pensando em si e nos seus apadrinhados, no que cunho chamar de estrutura de poder pelo poder, a qual tem origem na corrupção eleitoral que tanto luto para pelo menos diminuí-la e em que pese também o avanço, ainda se denota ser o modo de agir, regra geral, de nossos políticos.
Até quando, meu Deus, vamos aguentar isso calados? Será que já não passaram do limite?
Oportuno, mais uma vez, transcrevermos uma pequena fala de nosso parceiro de luta contra a corrupção, Affonso Ghizzo, sobre a velha tática de governar sem qualquer cerimônia na hora de cometer as infrações:
“A MESMA MANEIRA DE GOVERNAR O BRASIL: Característica marcante e partilhada nos últimos governos, a aceitação da impunidade dos delitos e atos de corrupção contam com o apoio de boa parte da academia jurídica e da mídia nacional. A impunidade, intimamente relacionada com a prática política adotada, provem da omissão e da cumplicidade de muitos políticos e empresários. As relações íntimas, os interesses comuns e as “razões de Estado” são circunstâncias determinantes para o aceite da transgressão das regras, convertendo-se em estímulo à reprodução contínua e crescente dos mais variados delitos. Como diria Eduardo Galeano, o crime compensa quando praticado em grande escala. A impunidade recompensa o delito, induz à sua repetição e faz sua propaganda: estimula o delinquente e torna contagioso seu exemplo”.
Sou juiz e jurista, e me orgulho de tais atributos, contudo hoje penso diuturnamente em minha obrigação cívica de combate à corrupção na esperança de que nossos filhos e netos não sofram o que hoje passamos, onde falta tudo em termos de serviço público e sobra cara de pau para cometimento dos crimes e porque será?
Dentre outros fatores, que não nos cabe nesse momento ponderar, temos a certeza que a impunidade é um dos que mais contribuem para o aumento na incidência dos crimes de corrupção, pois os que praticam buscam justamente envolver as autoridades para que o devido processo legal não seja instaurado e quando não conseguem, buscam outros métodos para anular o processo, ficando o mérito do crime em segundo plano.
Não estou aqui a defender que não se obedeça ao devido processo legal no combate a tais crimes e falo com propriedade de quem tem um livro sobre a temática http://jurisvox.unipam.edu.br/documents/48188/50622/sampaio.pdf (síntese de nosso livro) , porém entendo que a análise substancial deve preponderar sobre a forma em casos de corrupção, de modo que o equilíbrio seja o norte de atuação das autoridades, sendo desarazoável que o criminoso, muitas vezes em potencial seja absolvido, quando existem provas mais do que cabais do cometimento das infrações.
Sempre sou criticado por essa posição em consentâneo com a realidade, como se eu não colocasse o Direito em primeiro lugar e mesmo respeitando essas vozes, entendo que o que mais faço é colocar o Direito em primeiro lugar, o Direito de ver a lei cumprida em sua inteireza, de modo que os bandidos de “colarinho branco desse pais” sejam todos presos e não voltando a ocupar cargos públicos como se nada tivessem feitos.
Aqui o que mais vemos são corruptos voltando a ocupar cargos públicos, sem a maior cerimônia e o fazem com o aval, muitas vezes, da Justiça. Sou também da Justiça, mas sinceramente não consigo entender o porquê que isso acontece. Uma das únicas leis vinda do povo nesse país, a da ficha limpa, temos tanta dificuldade em vê-la aplicada.
Um projeto que deveria ser de interesse nacional, os das dez medidas contra a corrupção, sofre críticas de todos os lados. Porque os críticos não tentam aperfeiçoá-lo? Ou os que criticam são a favor da corrupção? Estão vendo a incoerência!
Só não ver quem não quer e como eu quero vê, justamente para combater, clamo por esses escritos e outros gestos para que as pessoas de bem desse país se insurjam contra os que querem barrar a evolução da operação lava-jato e penso, sinceramente, que devemos continuar confiando em nossa Polícia, Ministério Público e Justiça, pois estas mesmo com alguns deslizes e isso é natural, já nos comprovaram que a maioria de seus membros são sérios e não compactuam com a bandidagem.
Terminamos esse pequeno texto com uma indagação final, a quem interessa enfraquecer essas carreiras, em especial os Juízes, que ao final são os que punem os corruptos?
Pense bem na sua resposta e acaso entendam aonde queremos chegar, o troco por essa perseguição, a quem quer continuar combatendo esses ladrões, já pode começar a acontecer nas eleições que se avizinham. E eles continuam a agirem do mesmo modo, porque não acreditam nesse nosso troco. Vamos mudar tudo isso e mostrar a eles que a impunidade é passado e que quem vive de passado é museu!