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Entre os anos de 2014 e 2016 Mossoró viveu um surto de cidadania com a sociedade engajada e cobrando intensamente por direitos e denunciando desmandos do então prefeito Francisco José Junior, cuja gestão, de fato, foi desastrosa.
Três anos depois as coisas não vão tão melhores do que antes. O silêncio de hoje é desproporcional nas redes sociais num comparativo com os desempenhos da antiga e atual gestão.
Mas o foco deste texto é buscar refletir sobre o que nos leva a essa inércia em Mossoró.
Em parte, é culpa do próprio ex-prefeito. Ele não teve o time para comprar certas brigas como aquela com os ambulantes do Centro ou quando exagerou na expectativa em torno das mudanças no transporte público.
Por outro lado, tudo de ruim ganhou um peso maior porque a militância rosalbista estava afinada no discurso e ajudava a propagar cada desmando, cada ato de incompetência.
Hoje alguns problemas persistem. Um deles são os atrasados nas terceirizadas. Lembro de receber uma carta desesperada de um cidadão que dizia estar passando fome. Os relatos nas redes sociais seguiam esta linha. As manifestações eram na frente do Palácio da Resistência.
Hoje nada disso acontece.
Quando Francisco José Junior bateu de frente com o Sindserpum a Prefeitura de Mossoró foi ocupada por servidores. Rosalba fez muito pior impondo a medida que sufoca financeiramente a entidade e não houve qualquer mobilização mais dura.
A falta de médicos e medicamentos nas unidades de saúde ocorre como antes sem a mesma ênfase no noticiário de antes. Obras seguem paradas sem que isso seja motivo de revoltas como até 2016.
Rosalba pode ser dar ao luxo de fazer uma gestão pífia sem ser incomodada a altura.
Diz que a folha é paga rigorosamente em dia quando nos últimos meses as gratificações são pagas no dia 10 do mês subsequente tirando o a leitimidade do “rigor”, que se torna mera retórica apologética.
Nas palavras dela a folha não tem qualquer dívida quando estão em aberto os retroativos de maio, junho e julho de 2016 relativos ao reajuste daquele ano. Ela chegou a celebrar um acordo de pagar em novembro de 2017.
Nunca cumpriu.
A operação tapa-buraco é tratada como “recuperação asfáltica” (sic) pela gestão sem ninguém apontar essa distorção, salvo raras vozes na imprensa local.
Francisco José Junior enfrentou uma oposição mobilizada. A de hoje é bem mais desarticulada que a de ontem. Bom para Rosalba. Ruim para a qualidade do debate político.
O rosalbismo tem um aparato organizado de mídia e redes sociais e certamente se o eleitor mandar ela de voltar para a oposição os que hoje se calam estarão aos berros denunciando tudo.
Rosalba possui um patrimônio político que poucos têm: militância orgânica. Daí a oposição não ter a mínima capacidade de fazer frente e o que acontece de reação aos atuais desmandos vem em escala bem menor e desorganizada por parte dos cidadãos revoltados com os problemas da gestão.
Ainda assim, a prefeita goza de desprestígio e impopularidade exposta com a dificuldades e se impor nas eleições de 2018 e corrosão de imagem foi evidenciada pela pesquisa Seta/Blog do Barreto divulgada em maio.
Apesar disso, diferente de Francisco José Junior ela segue competitiva por razões muito mais emocionais que administrativas.
Esseas são alguns apontamentos que ajudam a explicar porque o pau que bateu em Francisco não bate na Rosa.