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Neutro? Allyson faz desfile para promover governo Bolsonaro em Mossoró

O prefeito Allyson Bezerra (SD) interrompeu o sempre movimentado trânsito do Centro de Mossoró para fazer um desfile de caçambas e caminhões doados para a Prefeitura de Mossoró via Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Confira no vídeo abaixo:

Nos stories do Instagram o prefeito contou que foram 14 equipamentos sendo dois tratores, dois caminhões, quatro caçambas, cinco carros-pipas e uma retroescavadeira. “Maquinário para a zona rural de Mossoró. São 14 equipamentos que chegaram agora para somar para o homem do campo de Mossoró”, disse. “São equipamento que chegam para a gente ajudar o homem do campo”, frisou.

Allyson aproveitou para agradecer ao senador eleito Rogério Marinho (PL) e ao presidente candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL) pelo envio dos equipamentos. “Queremos agradecer a Covasf e ao então ministro Rogério Marinho que nos recebeu em Brasília e escutou o nosso apelo e graças a Deus fez acontecer e tornar realidade. Agradecer ao presidente Bolsonaro por essa entrega para a nossa Zona Rural”, declarou.

Allyson ainda anunciou a criação da Gerência de Infraestrutura Rural.

Contexto

O desfile realizado por Allyson em pleno pico de movimentação no Centro de Mossoró acontece no contexto da disputa eleitoral do segundo turno e das pressões para que declare apoio ao presidente que tenta a reeleição. Oficialmente ele se diz neutro, mas ficou bem claro qual o lado dele.

O Blog do Barreto consultou três advogados. Um descartou crime eleitoral por não se tratar de uma eleição municipal. Um cravou que seria crime eleitoral e o terceiro avaliou que o ato dá margem para uma investigação de abuso de poder político por se tratar de uma parceria com o Governo Federal.

A entrega de equipamentos com esse tipo de desfile não é comum.

Tratoraço

A Codevasf é alvo de investigações pelo esquema conhecido como “Tratoraço” que trata da distribuição de equipamentos agrícolas superfaturados. O caso estourou quando Rogério Marinho ainda era ministro do desenvolvimento regional.

O volume de recursos atinge um total de R$ 3 bilhões em todo o Brasil e há casos de equipamentos que chegam a 259% acima dos valores de referência.

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Rogério tem nome citado em reportagem sobre cartel do asfalto que fraudou R$ 1 bilhão em obras do Governo Bolsonaro

A Folha de S. Paulo traz reportagem sobre o cartel do asfalto que fraudou R$ 1 bilhão em licitações no Governo Federal tendo a frente o Ministério do Desenvolvimento Regional que na maior parte da atual gestão foi comandado pelo hoje senador eleito Rogério Marinho (PL).

A matéria mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem contado com a ajuda do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira, um indicado do atual mandatário nacional, que na função de relator do caso tem blindado o avanço das investigações.

O caso mostra que as obras são tocadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que contratou a Engefort através de licitações consideradas suspeitas.

Confira a reportagem:

Cartel do asfalto fraudou licitações de R$ 1 bilhão no governo Bolsonaro, aponta TCU

 

Por Flávio Ferreira

Mateus Vargas

Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) revela indícios da ação de um cartel de empresas de pavimentação em fraudes a licitações da estatal Codevasf que somam mais de R$ 1 bilhão no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

A investigação da área técnica do TCU foi motivada por uma série de reportagens da Folha e constatou que um grupo de empresas agiu em conluio em licitações tanto na sede da Codevasf, em Brasília, como nas suas superintendências regionais, “representando um risco à própria gestão” da empresa pública.

O levantamento afirma que a construtora Engefort é a principal beneficiada do suposto esquema, vencendo editais com indícios de fraude que somam R$ 892,8 milhões.

Como revelou a Folha, a empreiteira maranhense dominou as licitações da estatal em 2021 e em parte delas usou a empresa de fachada Del, o que foi confirmado pelos técnicos do tribunal.

Para realizar o pente-fino, o TCU adotou como base um guia de combate a cartéis usado pelo Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Com isso, diz ter encontrado evidências de que as ações do cartel do asfalto envolveram propostas de fachada e combinação de rodízio entre as empresas.

A auditoria apurou que houve expressivo aumento do volume licitado, tanto em lotes como em recursos, mas ao mesmo tempo ocorreu redução da concorrência e uma diminuição abrupta do desconto médio nas licitações entre 2019 e 2021.

As situações mais graves foram detectadas no ano passado. Nas 50 licitações que venceu em 2021, a Engefort deu em média um desconto de apenas 1%, o que foge do padrão de mercados em que há competitividade normal.

Considerando todas as licitações realizadas pela Codevasf desde o primeiro ano do atual governo, o desconto médio despencou de 24,5% para 5,32% em três anos.

Mesmo admitindo a gravidade da situação, o ministro do TCU relator do caso, Jorge Oliveira, contrariou o parecer da área técnica do tribunal e não suspendeu o início de novas obras ligadas às licitações sob suspeita. Oliveira chegou ao TCU por indicação de Bolsonaro, de quem é amigo.

A Codevasf já é alvo de investigação da Polícia Federal, que diz ter encontrado indícios de corrupção na superintendência do Maranhão, com pagamento de R$ 250 mil a um gerente que foi alvo de operação no mês passado.

Também há duas semanas a Folha flagrou a Codevasf instalando cisternas às vésperas da eleição em residências marcadas com adesivos de propaganda do deputado federal Elmar Nascimento, líder da União Brasil na Câmara dos Deputados, após intermediação de um vereador aliado em Juazeiro (BA). Isso, segundo especialistas, configura uma situação de compra de votos.

Elmar foi responsável pela indicação do atual presidente da Codevasf, Marcelo Andrade Moreira Pinto.

A Codevasf é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que na maior parte do período investigado pelo TCU era comandado por Rogério Marinho (PL-RN). Neste mês Marinho assumiu a coordenação de campanha de Bolsonaro no Rio Grande do Norte após ser eleito senador pelo estado no último dia 2.

As publicações da Folha sobre as manobras licitatórias da Codevasf e a participação de empresa de fachada nas concorrências vencidas pela Engefort chamaram a atenção da área técnica do TCU, que resolveu analisar todas as disputas realizadas entre 2018 e 2021 pela Codevasf, somando cerca de R$ 4 bilhões.

“Diante de tais notícias, em abril de 2022, avaliou-se, no âmbito da SeinfraOperações, a existência de indícios de fraude à licitação nos certames de pavimentação”, segundo a auditoria.

O trabalho foi realizado por duas áreas de fiscalização do TCU, a SeinfraOperações e a SeinfraUrbana, que esquadrinharam cada lance dado pelas empresas nas licitações e detalharam como foi a conduta combinada das firmas.

As licitações de asfaltamento da Codevasf são feitas de maneira online e por meio de uma forma simplificada chamada pregão eletrônico.

Os técnicos da corte apontaram que o esquema de conluio visto em 63 pregões da Codevasf, que totalizaram R$ 1,13 bilhão, teve como objetivo viabilizar vitórias principalmente da Engefort.

Segundo o relatório, 27 empresas participaram dessas licitações “apenas a cobrir a participação dessa empresa líder [Engefort], compondo o número de participantes dos certames a fim de dar aparência de concorrência”, enquanto outras sete firmas entraram nas disputas “em troca de garantir a vitória em algumas poucas oportunidades”.

Assim, ao todo 35 empresas são consideradas suspeitas de participarem do cartel e compõem um “grupo de risco” na avaliação dos técnicos.

O levantamento da corte ainda afirma que a atuação da construtora Del, revelada pela Folha em abril, servia para dar a aparência de que há concorrência nos editais.

“A ausência de funcionários, as estreitas relações com a Engefort, empresa que sempre participa das mesmas licitações, e a recusa em enviar propostas sempre que convocada, indicam que a Construtora Del é utilizada para auxiliar a viabilidade de licitações”, de acordo com os auditores.

Os exames técnicos detalham, por exemplo, as fraudes do cartel em licitações em Minas Gerais e na Bahia.

“Nas licitações de Montes Claros [MG] verificam-se indícios de divisão de lotes, onde a Engefort venceu seus lotes com descontos quase sempre inferiores a 1% e outra(s) empresa(s) que participou da disputa se sagrou vencedora de um ou dois outros lotes, sempre com desconto também muito baixo”, segundo a auditoria.

Já em concorrências em Bom Jesus da Lapa (BA), “a Engefort se sagrou campeã de todos os lotes com descontos entre 0,6% e 1,5%, embora em todos os casos houvesse pelo menos outras três ou quatro empresas participando dos certames”.

Em sessão do TCU de quarta-feira (5), o ministro Oliveira disse que o suposto esquema consiste na “elaboração de propostas fictícias, a supressão de propostas e a combinação de rodízio entre as empresas”.

Em seu voto escrito, ele reconheceu que “as questões trazidas pela equipe de fiscalização possuem inegável relevância e materialidade e merecem receber atenção”.

Ainda assim, disse não estar convencido de que há elementos necessários para impedir novos contratos.

“Existem indícios da existência de conluio, mas não tenho a convicção de que esses elementos serão suficientes para demonstrar a existência de fraude em todos os certames listados e, menos ainda, da necessidade de paralisação ou mesmo anulação dos contratos”, afirmou Oliveira.

Ex-policial militar do Distrito Federal, Oliveira trabalhou com Bolsonaro na Câmara dos Deputados e foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Indicado em outubro de 2020 pelo presidente ao TCU, o ministro tem articulado em favor de projetos de interesse do governo.

CODEVASF E ENGEFORT DIZEM CUMPRIR LEI E QUE NÃO FORAM NOTIFICADAS

Procurada pela Folha, a Codevasf afirma que “os procedimentos licitatórios da instituição são realizados de acordo com leis aplicáveis, por meio do portal de compras do governo federal, e são abertos à livre participação de empresas de todo o país”.

A estatal relata que ainda não foi notificada sobre a investigação do TCU e “a competência para conduzir investigações do gênero pertence a órgãos de fiscalização e controle, com os quais a companhia mantém postura de cooperação permanente”.

A empresa Engefort nega que tenha liderado um cartel para fraudar licitações da Codevasf.

“Em todos os processos licitatórios que a Engefort participou e foi vencedora, o fez de forma regular, preenchendo os requisitos previstos no edital e cumprindo a lei, repudiando veementemente quaisquer alegações de indícios formação de cartel, conluio e fraude nos certames”, afirma.

A construtora diz que desconhece o processo do TCU e que não foi citada para responder a questionamentos, “razão pela qual se abstêm de se manifestar sobre informações até então desconhecidas”.

A empresa diz que não está respondendo a processo quanto aos contratos e não compactua com irregularidades.

Procurado, o TCU disse que a manifestação da corte sobre o tema já foi dada “por meio do acórdão aprovado em plenário e fundamentado pelo voto do ministro relator”.

Veja-trechos-da-auditoria-do-tcu-sobre-licitacoes-da-codevasf

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Foro de Moscow

Foro de Moscow 12 set 2022 – A Codevasf a serviço de Rogério Marinho

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Mossoró é destaque em reportagem da Folha sobre uso da Codevasf para agradar aliados de Bolsonaro. Rogério é um dos alvos

Há um ano o Blog do Barreto mostrou que um terreno da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) se tornou local para guardar tratores e equipamentos agrícolas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Hoje a Folha de S. Paulo tratou o assunto como tema de uma reportagem sobre o ‘toma lá dá cá’ do presidente Jair Bolsonaro (PL) em troca de apoio político nestas eleições.

A reportagem explica que os equipamentos foram comparados graças a manobras na lei e visam ajudar aliados de Bolsonaro. “À disposição do governo e seus aliados, está até um catálogo de produtos elaborado pela Codevasf para que os políticos possam escolher como vão agradar seus correligionários”, diz a reportagem.

Na UFERSA estão há meses parados 26 caminhões, sete tratores e dois arados de terrenos.

O ex-ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho (PL), candidato ao Senado, entrou na história por ter sido ele o criador do escritório regional da Codevasf. A reportagem lembra que as ações do bolsonarista são alvo de denúncia formulada pelo ex-prefeito do Natal Carlos Eduardo Alves (PDT).

“O demandado [Marinho] fez uso de toda a estrutura do governo federal, em especial do Ministério do Desenvolvimento Regional e da Codevasf para em concedendo favores, os cobrar no período eleitoral”, diz a ação.

Máquinas agrícolas estão guardadas na UFERSA (Foto: Jair Molina Jr.)

O prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (SD) é citado na reportagem como um dos aliados beneficiados pelas manobras do Governo Federal em um post de agradecimento a Marinho.

À Folha de S. Paulo Rogério negou as irregularidades e atribuiu a adversários a veiculação de informações falsas que “não resistem à apuração minimamente cuidadosa”. A Codevasf também negou irregularidades.

Confira a reportagem na íntegra:

Bolsonaro manobra entregas no ‘toma lá, dá cá’ eleitoral e acumula veículos para doação

Flávio Ferreira

Artur Rodrigues

SÃO PAULO

 

Longas fileiras com dezenas de caminhões e tratores parados em um terreno impressionam quem passa pelo campus da Ufersa (Universidade Federal Rural do Semi-Árido), em Mossoró (RN).

Os bens foram comprados pela Codevasf, estatal entregue por Jair Bolsonaro (PL) ao centrão, e devem chegar a seus aliados políticos.

Graças a uma operação casada da gestão Bolsonaro para executar manobras na lei e em doações oficiais, esses produtos poderão ser distribuídos em pleno período eleitoral, driblando a legislação que impedia a prática do toma-lá-dá-cá com fins políticos.

Veículos e máquinas agrícolas armazenados em terreno

O malabarismo buscou tirar, pelo menos no papel, a gratuidade das distribuições de bens pelo governo. Ao deixarem de ser de graça, supostamente passaram a estar em conformidade com a lei.

Para esse fim, a documentação das doações passou a estabelecer que associações ou entidades beneficiadas devem pagar ou fazer algo em troca, como entregar polpa de frutas a instituições sociais ou 5 kg de carne a uma escola.

A Codevasf nega que a medida configure uma tentativa de burlar a lei. Há casos em que é exigido o pagamento de 1% do valor do veículo, máquina ou equipamento.

A estratégia busca permitir à Codevasf despejar nos redutos políticos dezenas de milhões de reais nos anos de eleições. Contratos de compras para doação pela estatal totalizaram quase R$ 600 milhões desde 2021.

À disposição do governo e seus aliados, está até um catálogo de produtos elaborado pela Codevasf para que os políticos possam escolher como vão agradar seus correligionários.

Tratores da Codevasf estão parados na UFERSA (Foto: Jair Molina Jr.)

No campo legal, a manobra do governo começou com um projeto de lei de iniciativa do Planalto, na Câmara dos Deputados, que tinha como tema o orçamento federal de 2022.

Em sua tramitação, a proposta legislativa acabou ganhando um artigo que não tinha relação com seu assunto original, artifício que é chamado de “jabuti” no meio político.

Aprovado, o texto emplacou a orientação de que a doação oficial de bens em ano eleitoral é permitida desde que acompanhada de encargos impostos aos beneficiados.

O “jabuti” foi proposto pelo deputado federal Carlos Gaguim (União-TO), ex-vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, e passou a compor a lei federal 14.435 de 2022, que entrou em vigor em agosto.

Após a sanção de Bolsonaro, o partido Rede Sustentabilidade apresentou ação ao STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir que o artigo seja considerado inconstitucional.

De acordo com a legenda, além configurar um “jabuti”, o novo texto viola a regra de que as leis eleitorais só podem ser alteradas no ano anterior aos pleitos.

“Trata-se, a rigor, de um benefício indevido dado a quem está de plantão no poder, que poderá se utilizar da máquina pública para fazer doações com caráter puramente eleitoreiro”, segundo a petição.

A Folha examinou papéis de distribuição da Codevasf, tecnicamente chamados de “termos de doação”. Muitos não escondem que novas cláusulas foram incluídas para driblar a lei eleitoral.

No Piauí, por exemplo, os termos de doação da superintendência local são expressos e citam que, “em decorrência do ano eleitoral, estabelece-se como encargo para a doação a realização de um curso de associativismo/cooperativismo com o mínimo de oito horas aula”.

Na Paraíba, a Codevasf entregou a uma cooperativa um veículo pesado pá carregadeira no valor de R$ 470 mil, e, no papel, pediu como “contrapartida” a doação de polpa de frutas a instituições sociais equivalente a 1% do valor do equipamento.

Enquanto as manobras são formalizadas em âmbito nacional, os veículos da Codevasf estão há meses no campus da Ufersa, aguardando para envio a cidades do RN.

No fim de agosto, havia 31 caminhões, sete tratores e dois arados no terreno do campus cedido à Codevasf. Segundo indicam folhas de papel coladas nos veículos, foram entregues há cerca de três meses. Na quinta-feira (8), eram 26 caminhões.

A regional do Rio Grande do Norte da Codevasf foi criada na gestão atual, em reduto de Rogério Marinho (PL), ex-titular do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Marinho, que assumiu em 2020, deixou a pasta em março para concorrer ao Senado.

Um de seus adversários políticos, Carlos Eduardo Alves (PDT), também candidato a senador, já pediu à Justiça Eleitoral uma investigação sobre um suposto abuso de poder político do ex-ministro ligado às doações da Codevasf.

“O demandado [Marinho] fez uso de toda a estrutura do governo federal, em especial do Ministério do Desenvolvimento Regional e da Codevasf para em concedendo favores, os cobrar no período eleitoral”, segundo a petição.

Em rede social, o prefeito de Mossoró, Alysson Bezerra (Solidariedade), aliado de Marinho, comemora a chegada de veículos. “Agradecemos ao ministro Rogério Marinho pela atuação junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional e Codevasf para o atendimento das nossas solicitações junto à pasta”, escreveu.

Conforme a Folha revelou, na esteira da explosão de gastos com as chamadas emendas de relator, os valores com doações de veículos e maquinário pela Codevasf saltaram de R$ 178 milhões, em 2020, para R$ 487 milhões, em 2021, aumento de 173%. Só nos primeiros cinco meses de 2022, o montante chegou a R$ 100 milhões.

Procurada pela Folha, a Secretaria-Geral da Presidência afirmou que “a alteração foi aprovada pelo Congresso e não há inconstitucionalidade no dispositivo”.

A Codevasf nega que as mudanças nos termos de doação configuraram uma medida para burlar a lei.

Segundo a estatal, “em atenção à lei eleitoral, que veda a doação gratuita de bens em anos de eleição, termos de doação firmados pela Companhia em 2022 estabelecem encargos aos beneficiários”.

A empresa afirma ainda que os termos observam a lei, independentemente dos períodos em que são firmados, que as entregas ocorrem no âmbito de projetos de desenvolvimento regional e são feitas manutenções periódicas nos bens armazenados em pátio.

“Os bens serão entregues aos beneficiários assim que os processos formais de transferência forem concluídos. Esses processos envolvem análises de adequação técnica, conformidade legal e conveniência socioeconômica”, completa.

Rogério Marinho nega ter interferência na estrutura da Codevasf e afirma que seu estado não foi favorecido. “Entre 2019 e 2021, foram adquiridos 16.186 equipamentos para doação pela Codevasf aos 14 estados da área de atuação da empresa. O RN aparece apenas na 10ª posição no ranking de estados destinatários das doações”, segundo nota do advogado do deputado, Felipe Cortez.

Marinho afirma que informações falsas foram divulgadas com intuito político e as acusações “não resistem à apuração minimamente cuidadosa”.

Procurado pela reportagem, o deputado Carlos Gaguim não se manifestou.

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Codevasf nega superfaturamento em aquisição de canos de PVC

 

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) divulgou nota em que nega existir superfaturamento na aquisição de canos de PVC conforme reportagem da Folha de S. Paulo da última segunda-feira.

Confira a nota:

Em atenção a reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (25/07), que trata de relatório de auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) relacionado a aquisições de tubos pela Codevasf, a Companhia informa:

  1. O orçamento usado pela Codevasf como referência para o Pregão Eletrônico nº 13/2020 foi elaborado de acordo com disposições legais e infralegais e com pesquisa no Painel de Preços do Governo Federal, na tabela Sinapi (BA), em cotações de mercado e em outras licitações. A avaliação da auditoria da CGU sobre o assunto, registre-se, diz respeito à composição de preços de referência para o Pregão, não a preços efetivamente praticados nas aquisições. O parâmetro utilizado pela CGU para formação dos preços adotou a variação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) sobre licitações realizadas em 2019, o que não reflete a realidade de mercado do período da pandemia de Covid-19 — especialmente em relação a derivados de petróleo. Não haveria possibilidade de que valores alcançados pela Administração em aquisições de 2019 fossem replicados em 2020 com simples atualização do Índice, em razão do elevado aumento dos preços de matéria-prima dos tubos.
  2. A Codevasf havia suspendido o Pregão Eletrônico anterior (nº 05/2020) com o fim específico de acatar recomendações da Controladoria-Geral da União. Após realizar todos os ajustes indicados pelo órgão, a Companhia iniciou novo procedimento licitatório, agora sob o nº 13/2020, com sessão pública prevista para 16/10/2020. No fim do dia 15/10/2020 (véspera da sessão), a CGU emitiu nova recomendação de suspensão do edital — não houve tempo hábil para que a Codevasf efetuasse a suspensão. Assim, a Companhia enviou ao órgão o Ofício nº 592/2020 para informar que a licitação havia sido realizada de acordo com suas orientações e que até 30/10/2020 a documentação comprobatória seria encaminhada — o que de fato ocorreu. As informações encaminhadas não foram consideradas pela CGU no âmbito da auditoria; a Codevasf está em contato com o órgão para diálogo sobre o tema. Não obstante, as recomendações do relatório da CGU estão sendo implantadas pela Companhia.
  3. O Pregão nº 13/2020 registrou ampla concorrência, com participação de 21 empresas, que disputaram lances para 16 itens. O desconto total obtido no conjunto dos itens foi superior a 10%. Os pagamentos efetuados correspondem a bens efetivamente fornecidos à Codevasf. A totalidade dos pagamentos realizados pelas aquisições representa R$ 2,14 milhões, de modo que não há qualquer possibilidade de superfaturamento de R$ 3,40 milhões no contexto da licitação, ao contrário do que se lê na reportagem.
  4. Todas as licitações da Codevasf são precedidas pela elaboração de Estudos Técnicos Preliminares (ETP). O ETP associado ao Pregão Eletrônico nº 13/2020 contém informações específicas sobre a necessidade de aquisição dos tubos para aplicação em sistemas de abastecimento de água e de irrigação em municípios do estado da Bahia, especialmente em comunidades rurais difusas. A necessidade do uso de tubos para acesso a água na região é uma constante, em razão da escassez de recursos hídricos para abastecimento humano e para o desenvolvimento de atividades produtivas. Deve-se considerar que a área de atuação da Codevasf na região atendida pelo Pregão foi expandida em setembro de 2020, pela Lei nº 14.053, de 88 para 212 municípios (+140%), o que implicou expressiva ampliação de demandas.
  5. Em relação à cota reservada para microempresas no Pregão, a Codevasf observou a legislação vigente, uma vez que o Art. 48 da Lei Complementar nº 123/2006 estabelece a obrigação de reserva de até 25% do quantitativo licitado para disputa entre empresas de menor porte. Os procedimentos licitatórios são realizados pela Codevasf por meio do Portal de Compras do Governo Federal e são abertos à livre participação de empresas de todo o país — inexiste possibilidade de direcionamento, uma vez que apenas após o encerramento da etapa de lances as empresas participantes são identificadas pelo sistema.
  6. A Codevasf atua em permanente cooperação com órgãos de fiscalização e controle. Apontamentos de relatórios desses órgãos são observados pela Empresa para controle e contínuo aperfeiçoamento de procedimentos. Em qualquer caso, a Companhia empreende avaliações técnicas, socioeconômicas e legais relacionadas à aquisição e à destinação de bens a seus projetos de desenvolvimento regional.

Assessoria de Comunicação

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)

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Sob Rogério Marinho, Codevasf fez licitação sem justificativa e superfaturada para desovar emendas, revela reportagem

Reportagem publicada hoje na Folha de S. Paulo traz mais um escândalo envolvendo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal subordinada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo hoje candidato ao Senado Rogério Marinho (PL).

Em 2020, já com Rogério a frente do Ministério, a Codevasf fez uma licitação para compra de tubos de PVC sem demonstrar a necessidade da compra e com superfaturamentos que foram alertados em duas ocasiões pela Controladoria-Geral da União.

“O processo de licitação ilustra como o descontrole administrativo e a atuação a reboque dos padrinhos das emendas parlamentares no governo Jair Bolsonaro (PL) abre brechas para irregularidades até mesmo nas compras mais básicas da estatal, que tem como vocação histórica a promoção de projetos de irrigação no semiárido”, diz a reportagem.

Desde então já foram gastos mais de R$ 2 milhões do contrato na aplicação de emendas parlamentares na Bahia.

A própria Codevasf reconheceu a influência política na aplicação dos recursos. “Esses recursos [de emendas] são descentralizados à Codevasf a partir de articulações político-institucionais, as quais não estão vinculadas estritamente a um cronograma preestabelecido, o que de fato dificulta e/ou inviabiliza um planejamento preciso do dimensionamento da demanda a ser adquirida”, admitiu em nota à Folha de S. Paulo. “Os parlamentares, por meio de interações com lideranças e seus assessores, efetuam o levantamento de necessidades para balizar as aquisições e/ou contratações”, acrescentou.

Com ascensão de Rogério Marinho ao Ministério do Desenvolvimento Regional, a Codevasf mudou seu perfil e passou a ter mais influência de políticos e envio de emendas via orçamento secreto.

Leia a reportagem completa AQUI.

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Codevasf joga para os prefeitos a responsabilidade sobre contratos investigados

Por meio de nota a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) se pronunciou a respeito da Operação Odoacro realizada em 16 endereços nas cidades maranhenses de São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas.

A investigação apura fraudes e lavagem de dinheiro usando recursos federais da Codevasf. A estatal jogou a responsabilidade para os prefeitos.

Confira a nota:

Em atenção a reportagens que mencionam a Codevasf no contexto de operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira (20/07) no Maranhão, a Companhia informa:

  1. O processo associado à operação policial tem por objetivo investigar a contratação da empresa Construservice por prefeituras municipais do Maranhão, com o emprego de recursos federais provenientes de convênios.
  2. Os dois convênios que motivaram as ações de busca e apreensão não são de responsabilidade da Codevasf. Assim, a ação policial foi empreendida não em face da Companhia ou de qualquer de seus dirigentes ou empregados — ela foi destinada a apurar eventuais irregularidades em contratos de prefeituras com a empresa Construservice.
  3. Em qualquer caso, no contexto da execução de convênios, compete às prefeituras municipais realizar os procedimentos licitatórios e as contratações necessárias ao emprego adequado de recursos orçamentários.
  4. A Codevasf colabora com o trabalho das autoridades policiais e proverá suporte integral às investigações. A Companhia mantém compromisso com a elucidação dos fatos e com a integridade de seus projetos de desenvolvimento regional. Por rigor no controle de procedimentos, a Empresa submeterá à avaliação de sua Auditoria Interna todos os contratos firmados com a empresa Construservice.

Assessoria de Comunicação

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)

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PF faz operação para investigar esquema no Ministério que foi comandado por Rogério Marinho

Hoje a Polícia Federal realizou operação para prender suspeitos envolvidos em esquema de corrupção envolvendo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

A ‘Operação Odoacro’ cumpriu 16 mandados de busca e um de prisão nas cidades em São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas, no Maranhão.

Foram apreendidos R$ 1,3 milhão em dinheiro e itens luxuosos.

A PF prendeu Eduardo Costa Barros, o ‘Eduardo DP’, sócio oculto da Construservice, empresa envolvida em obras suspeitas da Codevasf.

A estatal foi turbinada na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) a partir da atuação do então ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho (PL), pré-candidato ao Senado.

A empresa cujo objetivo é realizar obras estruturantes no Nordeste está no centro dos esquemas conhecidos como “Tratoraço” e “Orçamento Secreto”.

Os gastos da Codevasf subiram de R$ 1,3 bilhão para R$ 3,4 bilhões na passagem de Rogério pelo comando do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Para saber mais sobre a ‘Operação Odoacro’ clique nos links abaixo:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/pf-faz-operacao-que-mira-fraudes-e-desvios-de-verba-na-codevasf-sob-bolsonaro.shtml

https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2022/07/20/policia-federal-realiza-operacao-contra-desvios-de-dinheiro-publico-da-codevasf-no-maranhao.ghtml

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Codevasf nega responsabilidade de Rogério em contratos da estatal

Assessoria de Comunicação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) enviou nota em que nega o envolvimento do ex-ministro Rogério Marinho (PL) nos processos administrativos da estatal e da versão sobre a denúncia da Folha de S. Paulo de obras sem a devida comprovação dos valores (leia AQUI).

Nota Ministério do Desenvolvimento Regional

 

A Codevasf é uma empresa pública constituída sob a forma de sociedade anônima de capital fechado que, apesar de vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, tem autonomia administrativa, atuando nos termos da Lei das Estatais (LEI Nº 13.303). Não se pode, portanto, atribuir ao ex-ministro Rogério Marinho ou ao Ministério do Desenvolvimento Regional responsabilidade sobre processos gerenciais da companhia.

A título de esclarecimento, encaminho também nota publicada pela assessoria de comunicação da CODEVASF.

 

Nota oficial sobre pregões de pavimentação e balanço da Codevasf

Ao contrário do que a reportagem afirma, a Codevasf possui integral controle sobre suas obras, investimentos e procedimentos. O balanço de 2021 da Companhia foi aprovado pelos Conselhos Fiscal e de Administração da Empresa, compostos por membros independentes. A manifestação da auditoria apresentada como ressalva ao balanço diz respeito a sistematização de informações — a Codevasf desenvolveu novo método de sistematização para atendimento à auditoria. O trabalho da auditoria independente é parte da sólida estrutura de governança da Companhia.

Assessoria de Comunicação

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba — Codevasf

Atenciosamente,

Rodrigo Saccone

Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Desenvolvimento Regional

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Estatal sob comando de Rogério recebeu R$ 3 bi e não comprovou valores das obras

A Folha de S. Paulo veiculou neste domingo reportagem que mostra a farra na aplicação de recursos sem a devida comprovação dos valores na Companhia Vale do Rio São Francisco (Codevasf) subordinada ao então ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho(PL).

Confira o texto na íntegra:

Estatal recebeu R$ 3 bi em emendas sob Bolsonaro não consegue provar valor de obras.

 Auditoria independente vê problemas nos dados da Codevasf, mostra relatório obtido pela Folha

 

10.04.2022

Folha de SP

 

Fábio Pupo

 

Brasília Recebedora de ao menos R$ 3 bilhões dos cofres públicos por meio de emendas parlamentares durante o governo Jair Bolsonaro (PL), a estatal Codevasf chegou ao fim de 2021 sem comprovar no balanço o valor real das obras que executa.

O problema foi identificado em relatório da auditoria independente Russell Bedford. Obtido pela Folha, o documento faz uma ressalva nas contas dizendo que a Codevasf encerrou o exercício “verificando a existência das operações” da carteira de obras para apresentar os números de maneira confiável.

“A companhia purou todas as operações registradas na contabilidade, mas ainda está verificando a existência das operações registradas para realizar os devidos ajustes contábeis e, assim, apresentar o saldo contábil de forma fidedigna”, afirmam os auditores.

A Codevasf é a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba e foi entregue por Bolsonaro ao centrão em troca de apoio político no Congresso.

A Codevasf é vinculada ao MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional), pasta comandada até o mês passado por Rogério Marinho (PL). Pré-candidato ao Senado no Rio Grande do Norte, ele defende as emendas e teve diversos embates com o ministro Paulo Guedes (Economia) por despesas públicas.

Questionada se não sabe o valor das próprias obras em andamento e o que tem gerado o problema, a estatal afirmou, em nota, que “a manifestação da auditoria independente apresentada como ressalva diz respeito a sistematização de informações” e que “desenvolveu novo método” para resolver o problema.

Mesmo com os atritos com Guedes, a estatal foi turbinada pelas emendas parlamentares durante o governo Bolsonaro. Em 2021, deputados e senadores destinaram o equivalente a 61% da dotação orçamentária total da empresa.

Neste sábado (9), reportagem da Folha mostrou o afrouxamento no controle sobre obras de pavimentação feitas pela estatal, como licitações realizadas com dados fictícios que valem para estados inteiros. Essa estratégia é usada com o objetivo de acomodar a crescente injeção de verbas de emendas.

A ressalva da Russell Bedford foi feita no item “Obras em andamento, Estudos e Projetos e Instalações”. A Codevasf afirmou no balanço ter um saldo de R$ 2,7 bilhões na rubrica, mas os auditores não conseguem confirmar o valor.

No relatório, a firma de auditoria diz que não é possível opinar “sobre os saldos dessas contas e os componentes das demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa”. A Codevasf registrou um prejuízo de R$ 358 milhões em 2021.

Todas as empresas públicas precisam elaborar balanço financeiro e é obrigatório que os números sejam analisados por uma auditoria independente. As exigências estão na Lei das Estatais, aprovada e sancionada em 2016, durante o governo Michel Temer.

A Russell Bedford orientou que a Codevasf elabore um relatório para conciliar os números e auxiliar nos controles patrimoniais.

Em nota ,a estatal afirma que “o balanço anual foi aprovado pelos conselhos competentes com a orientação de que ações sejam empreendidas em atenção ao trabalho da auditoria”, afirma a empresa.

Questionada em um segundo momento o que exatamente ainda precisaria ser levantado e se o problema já havia sido resolvido, a Codevasf afirmou que as informações dizem respeito a “ações empreendidas pela companhia” e que o novo sistema será implementado “ao longo de 2022”.

Procurando,o  MDR afirmou que a Codevasf “é uma empresa pública, constituída sob a forma de sociedade anônima de capital fechado que, apesar de vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, tem autonomia administrativa”.

As ressalvas  nos balanços das empresas são feitas pelos auditores independentes quando constatado que os dados fornecidos pela administração têm risco de não obedecer aspectos legais ou não representar corretamente a realidade, o que pode prejudicar os acionistas –no caso, a União.

Problemas no balanço da Codevasf podem causar prejuízo direto aos cofres públicos, já que ela é uma empresa dependente de recursos do Tesouro Nacional.

Camila Boscov, professora de contabilidade financeira do Insper, afirma que a ressalva significa que a auditoria não teve acesso a dados que confirmem o valor registrado.

“A auditoria não conseguiu encontrar documentos que comprovem que o valor ali contabilizado faz sentido. Nesse caso, a firma de auditoria não consegue saber se o valor mensurado está correto ou não, pois não tem informações suficientes para fazer essa afirmação”, explica.

Os problemas no  balanço se somam a um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) publicado nos últimos dias, que afirma terem sido “identificadas falhas nos procedimentos de monitoramento da execução física das obras de pavimentação, que ocorre, predominantemente, nas superintendências regionais da Codevasf”.

Além disso,a  CGU detectou a ocorrência de sobrepreço de R$ 3,3 milhões em dez máquinas compradas pela Codevasf com recursos das emendas de relator no ano passado.

O relatório diz ainda que não houve a realização de estudos ou análise sobre a necessidade de certas despesas feitas por meio de emendas parlamentares. Para a CGU, isso indica que as ações podem estar sendo escolhidas para atender interesses privados.

Mais da metade dos valores direcionados pelo Congresso à Codevasf em 2021 vieram por meio das chamadas emendas do relator –que, em tese, servem para o Parlamento ajustar os números propostos pelo governo.

Mas, na prática, as emendas de relator têm sido usadas pelo governo Bolsonaro como um instrumento para parlamentares aliados direcionarem recursos a destinos de interesse (em geral, obras no interior do país). Em 2021, foram mais de R$ 16 bilhões reservados pelo instrumento.

 

Em dezembro, a  Folha visitou uma das cidades que executa obras com as emendas de relator, em Rio Largo (AL).

O prefeito Gilberto Gonçalves (PP), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a divulgar um vídeo em meio às obras. Mas, dois dias após a gravação, a reportagem constatou que não havia máquinas nem equipamentos no local.