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Os saberes não tiram férias

Por Cezar Britto

O Brasil escolheu o mês de janeiro para, tradicionalmente, dedicar um espaço no calendário para as férias escolares. Esses encontros anuais, mesmo quando interrompidos nos desgastantes momentos de garimpagem dos caríssimos livros escolares, são aguardados com certa ansiedade. Viajando ou não, os pais e as mães recebem de volta as suas crias, dando uma pausa na terceirização da transmissão dos saberes. Em tese, os educadores originais reencontram, por livres quereres ou impostos deveres, a filharada e reassumem as tarefas antes, em parte, delegada aos professores e às professoras. E assim, como ocorrera no período letivo, as férias escolares servem de aprendizado coletivo e mudança no patamar de relacionamento.

As atuais férias têm sido especiais fontes de conhecimento e mudança. O Brasil, entre discursos, multidões, soltados, armas, gestos e ameaças de sangrar o verde-oliva da bandeira, anotou no Livro de Posses o nome do seu 38º presidente. Neste ato, sob o pesado esquema de segurança, entre gestos de mãos simbolizando tiros, a cidadania brasileira aprendeu, via delicados movimentos emanados da tradicionalíssima figura da primeira-dama, a importância educacional e inclusiva da Linguagem Brasileira de Sinais – Libras. Michelle Bolsonaro divulgara, de forma inédita, a Lei 10.436/2002 e o Decreto 5.626/2005, assinados pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, subscritos pelos seus respectivos ministros da Educação Paulo Renato e Fernando Haddad.

A surdez governamental que se prendia modificada, entretanto, não entrou em férias. A notícia da extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, uns dos primeiros atos anunciados pelo atual encarregado da política educacional brasileira, exemplifica o que a estudantada encontrará na volta às aulas. Estranhará, certamente, que os novos livros didáticos não terão mais compromisso com a pluralidade que integra a alma brasileira em suas diversas manifestações culturais, sociais, éticas, étnicas e regionais, tampouco com o combate à violência contra as pessoas vulneráveis. A linha educacional será única: a imposição ideológica do pensamento de que todas ideologias são pecaminosas, salvo a própria ideologia dos governantes.

Daí a razão da verberação contra os livros de História e de Ciência. Afinal, para os “novos ideólogos” não há sentido ensinar que a “terra gira em torno do sol”, que “São Jorge não mora na lua”, que a ciência descobre ou que a evolução da espécie é fenômeno científico natural. Pregam a morte de Caio Prado, Capistrano, Carlos Chagas, Copérnico, Celso Furtado, Oswaldo Cruz, Dante de Alighieri, Darcy Ribeiro, Darwin, Descartes, Diderot, Erasmo de Roterdã, Galileu, Giordano Bruno, Hobbes, Kant, Kepler, Lattes, Locke, Lutz, Milton Santos, Pascal, Paulo Freire, Rousseau, Sêneca, Sócrates, Voltaire, Zerbinie, todos aqueles que têm no saber a melhor forma de ensinar a vida. Pretendem, ao que se percebe, um remasterizado Index Librorum Prohibitorum, Edição MEC 2019.

Mas não apenas no campo dos livros e das disciplinas os estudantes poderão encontrar mudanças no retorno às aulas. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos advertiu que prefere as vestimentas azuis ou rosas, pois entende que deve ser banido para o “Mármore do Inferno” o “pecaminoso pensamento colorido, plural ou simplesmente diferente”. Lembrei-me, entristecido, de Catarina, filha da minha amiga Ana Paula Barreto, que poderá ser convidada a “jogar” na medieval fogueira da “nova ideologia” a camiseta vermelha, o short colorido e a bola de futebol que, orgulhosamente e em pose campeã, exibia em pura força feminina e feminista na foto enviada a mim pela mãe. Aliás, a bola que exibia na foto, mesmo rosinha, será um objeto de museu, pois, segundo os “novos ditames educacionais”, os únicos passatempos permitidos às meninas serão os famosos fogõezinhos, panelinhas, bonequinhas e outros brinquedinhos bonitinhos destinados a transformá-la em uma eficiente dona do lar.

Paulo Freire, um dos condenados a padecer no fogo ministerial, certa vez disse que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. O mês de janeiro de 2019 começou criando várias dessas possibilidades de ensino, desde aquelas repassadas em família, reveladas nos livros não proibidos, adquiridas dos mestres, vividas em aprendizados próprios ou as conquistadas nos saberes mediatizados pelo mundo. Também trouxe dessaberes já impostos em trevas, destruições de histórias produzidas e desconstruções de conceitos evolutivos. Mas nesta equação de avanços e recuos já esparramada na prancheta do tempo, já aprendemos, precocemente, que quando cessarem as folgas escolares, ressurgindo os matulões estudantis, os saberes seguirão e estarão em disputa, até porque eles nunca tiraram férias.

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Faculdade particular oferece 900 vagas para cursos gratuitos em Mossoró

A Faculdade UNINASSAU Mossoró promove, de 22 a 24 de janeiro, o Projeto Capacita. Ao todo, serão oferecidas cerca de 900 vagas em cursos gratuitos nas áreas de Saúde, Exatas e Negócios. A iniciativa tem como objetivo promover a capacitação da população para o mercado de trabalho, por meio da oferta de cursos gratuitos de rápida duração e com certificado.

A programação conta com 15 cursos, que abordarão temas como: Empreendedorismo para vencer; Higiene e qualidade de alimentos, Produção de conteúdos memoráveis para web; Finanças pessoais; Oratória para gestores; entre outros. As aulas acontecem nas dependências da Instituição de Ensino Superior (IES), no turno da noite.

Segundo o diretor da UNINASSAU Mossoró, Marcondes Martins, o Projeto é uma grande ocasião para que a comunidade possa aumentar o seu potencial profissional. “O Capacita é uma oportunidade para que os participantes aperfeiçoem os seus conhecimentos, além de poderem aprender novas habilidades e competências, visando a oportunidade de empreender ou disputar uma vaga de inserção ou recolocação no mercado de trabalho”, destaca.

Para realizar as inscrições, os interessados em participar do Capacita 2019 devem acessar o site https://extensao.uninassau.edu.br e selecionar a cidade onde os cursos serão realizados.

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Análise

Rosalba ganha a chance de deixar um avanço (de fato) na atual gestão

 

Em dois anos de gestão a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) ainda não conseguiu fazer algo de relevante e inovador. É uma sombra de suas passagens anteriores pelo Palácio da Resistência em que foi turbinada pelos royalties e bonança econômica.

Hoje o Blog Diário Político traz a relevante informação de que foi formada uma comissão para analisar a implantação da gestão democrática nas escolas. Na prática a prefeita abre mão de fazer indicações políticas para cargos de diretor e vice que passariam a ser escolhidos por meio de eleições.

Caso a ideia avance Rosalba faria história e deixaria uma marca numa gestão até aqui apática que tem precisado colar nas obras alheias como a revitalização do Aeroporto Dix-sept Rosado para fazer propagandas.

Vale lembrar que esta é uma reivindicação antiga dos professores, mas Rosalba ganhou a chance de trazer um avanço.

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Fátima define secretário de educação

A governadora eleita do Rio Grande do Norte, senadora Fátima Bezerra, anunciou nesta quinta-feira (29) o nome do futuro secretário de Educação do Estado: Getúlio Marques Ferreira. O professor aposentado pelo Instituto Federal do RN (IFRN) é o idealizador do programa de expansão da educação tecnológica  instituído no Brasil pelo Governo Lula, por meio de emenda ao Plano Plurianual (PPA) da então deputada federal Fátima Bezerra.

Fátima destacou que a experiência e sensibilidade social do professor Getúlio, já demonstradas nos exercícios de suas funções, contribuirão para o novo rumo da educação que se pretende implantar no Estado, com inclusão e oportunidades. “Será essencial na conquista do sonho de termos mais creches, mais educação de tempo integral. Pela reestruturação do ensino médio com ensino técnico e profissionalizante. Na luta incansável pelo novo Fundeb, para que os estados e municípios, especialmente do Nordeste e do Norte, possam cumprir com as metas de expansão, fortalecimento e melhoria da qualidade da educação no nosso estado. Pelo fortalecimento da Uern e pela valorização dos nossos professores“, assinalou a governadora eleita, ao falar sobre o futuro auxiliar.

Getúlio Marques destacou que os indicadores educacionais põem o estado em uma posição desconfortável em nível nacional e na região Nordeste, mas disse que a equipe da governadora eleita está preparada para enfrentar este desafio de reverter esta situação  e melhorar a qualidade da educação no Rio Grande do Norte.  “Buscaremos parcerias com as instituições de educação, com as federações e sociedade civil organizada. A integração da educação, cultura e esporte com a ciência e tecnologia, as políticas educacionais voltadas para a inclusão, diversidade e apoio às classes mais vulneráveis estarão presentes em nosso trabalho. O espaço de diálogo permanente com os profissionais da educação será fundamental para que, juntos, participemos de um processo de verdadeira revolução na educação do nosso Estado. É uma honra estar nessa equipe”, destacou o professor.

Perfil

Getúlio Marques Ferreira, professor aposentado do IFRN, foi o coordenador do processo de concepção, criação e expansão dos Institutos federais em nível nacional. Ele trabalhou como Técnico e Engenheiro no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), foi diretor de Ensino e Diretor Geral do CEFET/RN, vice-presidente da AFURN e secretário Geral do SINTEST/RN. . No Ministério da Educação, foi coordenador de Orçamento e Planejamento, diretor da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e secretário adjunto da Secretaria de Ensino Tecnológico (SETEC/MEC). É engenheiro, especialista em Engenharia de Sistemas e Mestre em Engenharia da Produção.

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Faculdade particular ofertará curso de medicina em Mossoró

A Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE) ganhou o direito de ofertar 113 vagas para o curso de medicina em Mossoró.

Quem garante isso é a Portaria nº 833 de 28 de novembro publicada no Diário Oficial da União publicada hoje.

A FACENE poderá ofertar 113 vagas anuais a partir do seu próximo vestibular.

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Fátima tem nome praticamente definido para comando da educação

Getúlio Ferreira é indicação de Fátima Bezerra – Foto: reprodução/internet

Blog Diário Político 

A gestão Fátima Bezerra (PT) poderá ter Getúlio Ferreira é indicação de Fátima Bezerra – Foto: reprodução/internetFerreira, 63 anos, natural de Macau/RN a frente da secretaria de Estado da Educação do RN. Com vasta experiência em educação é ex-dirigente do Instituto Federal de ciência e tecnologia (IFRN). Atuou fortemente na expansão dos IF’s.

Membro da equipe de transição, chegou a ocupar cargo de Coordenador Geral de Supervisão e Gestão das Instituições Federais de Educação Tecnológica, no Ministério da Educação. É mestre em Administração pela Universidade Federal do RN (UFRN).

PLANEJAMENTO

Outro nome praticamente certo para ocupar a secretaria de Planejamento é o de Aldemir Freire, economista, ex-chefe da Unidade Estadual do IBGE no Rio Grande do Norte entre setembro de 2009 e fevereiro de 2018.

Nos bastidores especula-se que até o início do mês de dezembro os primeiros nomes da equipe administrativa de Fátima Bezerra vai ser confirmada.

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Professores da UERN rejeitam greve

Blog Diário Político

Durante assembleia dos docentes da UERN na manhã desta terça-feira, 20/11, em votação pelo indicativo de greve a maioria da categoria reprovou a proposta de paralisação.

Mais de 160 professores da instituição atenderam ao chamado da ADUERN para discutir as reivindicações que continuam sem respostas por parte do Governo do RN. Entre as principais estão: calendário de pagamento dos salários, indicação de quando será pago o 13° de 2017, autonomia financeira da universidade, além de restruturar e ampliar a UERN.

Assembleia da ADUERN rejeitou greve. Foto: Vonúvio Praxedes

Entre as propostas alcançadas em consenso é a que pede união e solidariedade dos poderes constituídos do RN para a igualdade das categorias quanto a regularidade dos salários e devolução das sobras orçamentárias ao executivo Estadual.

A assembleia chamou a atenção do atual, mas principalmente do futuro Governo do RN. O recado claro dado pelos professores a próxima Governadora é que a categoria quer ser ouvida.

“Vamos continuar nossa luta e não é porque Fátima vai ser Governadora que não iremos discutir greve da categoria futuramente”, afirmou Rivânia Moura, presidente da ADUERN.

LUTA QUE SEGUE

Os professores da universidade tem sequência as atividades de reivindicação de melhorias da UERN, ao lado do fórum dos servidores estaduais que preparam mobilização dia 27/11 na governadoria em Natal.

Nota do Blog: Ainda bem que a categoria entendeu que repetir o mesmo erro esperando resultados diferentes seria um equívoco. O Governo Robinson Faria está no fim.

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Reportagem

Como o analfabetismo funcional influencia a relação com as redes sociais no Brasil

Três entre cada dez brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas em situações da vida cotidiana – e, por isso, são considerados analfabetos funcionais.

Eles hoje representam praticamente 30% da população entre 15 e 64 anos, mas o grupo já foi bem maior: em 2001, chegou a 39%, de acordo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf).

O Inaf acompanha os níveis de analfabetismo no Brasil em uma série histórica desde 2001, mas, pela primeira vez neste ano, trouxe informações relacionadas ao contexto digital. Os dados relacionados ao uso de redes sociais foram divulgados nesta segunda-feira com exclusividade para a BBC News Brasil.

O instituto classifica os níveis de alfabetismo em cinco faixas: analfabeto (8%) e rudimentar (22%) (que formam o grupo dos analfabetos funcionais); e elementar (34%), intermediário (25%) e proficiente (12%) (que ficam na classificação de alfabetizados).

Para a pesquisa foram entrevistadas 2.002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.

O grupo de analfabetos funcionais reúne os analfabetos absolutos, que assinam o nome com dificuldade, mas conseguem eventualmente ver preços de produtos, conferir troco, ligar para um número de telefone e identificar um ônibus pelo nome; e os rudimentares, que só leem o suficiente para localizar informações explícitas em um texto curto, sabem somar dezenas, mas não conseguem identificar qual operação matemática é necessária para resolver um problema, por exemplo.

De acordo com a pesquisa, entretanto, mesmo com suas dificuldades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram.

Assim, quando se comparar o índice de uso entre os dois grupos – alfabetizados e não-alfabetizados – a diferença não é tão grande. Entre os considerados proficientes, por exemplo, 89% usam o Facebook.

A falta de repertório dos analfabetos funcionais, contudo, faz com que o acesso a essas plataformas seja mais limitado. “Essas pessoas não vão tirar proveito das redes sociais para conseguir informações, garantir direitos, porque não conseguem discernir conteúdos. Teriam a mesma limitação com um jornal escrito, por exemplo; a diferença é que este elas não vão acessar”, afirma a pesquisadora Ana Lima, responsável pela elaboração do indicador.

Logo do WhatsAppDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionWhatsApp é a rede mais usada entre os analfabetos funcionais – 86% deles, segundo Inaf, acessam o aplicativo

Os dados da pesquisa corroboram o que a especialista diz: entre os analfabetos funcionais, 12% enviam mensagens escritas e escrevem comentários em publicações do Facebook, 14% leem mensagens escritas e 13% curtem publicações. Para efeito de comparação, entre os que têm nível de alfabetização proficiente, 44% enviam mensagens escritas, 43% escrevem comentários em publicações, 47% leem mensagens escritas e curtem publicações.

“Quem tem mais domínio do alfabetismo usa mais o Facebook, mas o que chama a atenção é a diferença pequena (de utilização entre analfabetos e não), principalmente se você pensar na limitação de um analfabeto funcional. O Facebook está cheio de textos, imagens, exige escrita, por isso revela uma potência desses suportes digitais como estimulador do avanço do alfabetismo”, ela afirma.

Já no WhatsApp quase não há diferença de uso entre os grupos divididos por nível de alfabetização. Enquanto 92% dos analfabetos funcionais enviam mensagens escritas, o índice é de 99% entre os alfabetizados; 84% dos analfabetos funcionais compartilham textos que outros usuários enviaram, já 82% dos alfabetizados fazem isso.

Pollyana Ferrari, jornalista, pesquisadora de mídias digitais e professora da PUC-SP, diz que o brasileiro aderiu integralmente ao WhatsApp, até porque é uma plataforma gratuita que substituiu o SMS, que é cobrado pelas operadoras de telefonia celular.

“Todo mundo usa o WhatsApp, do médico ao entregador de pizza, do executivo à faxineira, mas ninguém foi treinado, e cada um usa e propaga da forma que consegue compreender.”

Manipulação e mensagens falsas

Um dos reflexos do baixo nível de alfabetismo no contexto digital é que estas pessoas ficam mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadas em contexto falso, segundo Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente de comunicação do The News Literacy Project.

“Obviamente elas têm uma capacidade limitada para checar através de pesquisa e leituras paralelas, e seu acesso a jornalismo impresso de qualidade é limitado”, explica Christine, que está no Brasil a convite da Embaixada Americana para debater o tema nesta segunda em evento na sede do movimento Todos pela Educação, em São Paulo.

Para a especialista norte-americana, o primeiro passo é garantir que as pessoas, independentemente de seus níveis de leitura, compreendam que a desinformação pode vir por diferentes canais, incluindo imagens manipuladas e vídeo e se espalhar rapidamente.

“Só essa consciência já é um começo para combater a desinformação e diminuir a sua propagação.”

Computador com tecla fake newsDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAnalfabetos funcionais estariam mais suscetíveis à desinformação e a golpes aplicados pela internet

Pollyana Ferrari acredita que o trabalho de conscientização só virá com o amadurecimento do uso das redes sociais, que ainda é recente no Brasil – tem 14 anos -, além de educação. Ela cita o caso de Portugal, que oferece aulas de letramento em mídias digitais nas escolas de educação básica desde os anos 90.

“A pessoa não vai deixar de ver um vídeo e compartilhar, o brasileiro acredita muito no grupo do WhatsApp da família, seja para o bem ou para o mal. As pessoas têm direito de ter um celular, pode ter mais risco de cair em golpes e receber vírus, mas vai aprender usando. Mas não há o que fazer, a responsabilidade é dos governos, das empresas, de treinar, formar, o trabalho é coletivo e de ‘formiguinha’.”

A professora lembra que, até pela dificuldade de interpretação de texto, as mensagens falsas se propagam mais por mensagens em áudio. “Muita gente acredita nas ‘fakes news’ porque não tem bagagem, não tem senso crítico, quando há uma escolaridade precária, a pessoa fica muito mais manipulável.”

“Somos um país pobre, de baixa escolaridade, a gente saiu da TV aberta, mas houve um deslocamento para as redes sociais sem nenhuma capacidade de discernimento. Numa sociedade democrática com baixa escolaridade, a manipulação de informação é mais fácil de acontecer”, explica Pollyana.

Analfabetismo no ensino superior

Os dados desta edição do Inaf mostram que, entre o grupo de 29% dos analfabetos funcionais, 4% estão no ensino superior, nível de ensino em que se pressupõe um aluno plenamente alfabetizado.

A pesquisadora Ana Lima reforça que a escolaridade é o fator determinante do nível do analfabetismo, mas, ao mesmo tempo, ela não garante o que é esperado.

João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e BetoDireito de imagemAMAURI DE SOUZA
Image captionJoão Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, afirma que prejuízo é ‘gigantesco’ para os que não são plenamente alfabetizados

“Para mexer no nível de proficiência precisamos de educação de qualidade. Uma educação que desloque o aluno de um nível mais coloquial para entender ironia, interpretação de texto, capacidade de distinguir fato de opinião. Isso é ir além de leitura mecânica, é saber ler nas entrelinhas”, afirma.

A pesquisadora reforça que, para cursar o ensino superior, é óbvio imaginar que as pessoas deveriam estar plenamente alfabetizadas para conseguir discutir, fazer análise, participar e debater. “Sem isso não é possível se formar.”

João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, diz que o cenário é desolador principalmente porque “melhorias não estão no radar.” “O prejuízo é gigantesco, porque compromete a produtividade da economia e as chances de a educação contribuir para a melhoria de vida das pessoas. Para as pessoas situadas entre os analfabetos funcionais, a perspectiva de vida é muito limitada. O Brasil optou pela quantidade, em detrimento da qualidade.”

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Secretário adjunto de educação destaca importância da leitura na abertura da Feira do Livro

Secretário adjunto de educação representa governo em evento (Foto: Luciano Léllys)

O secretário adjunto de educação do estado, João Faria, participou ontem da Abertura Oficial da 14ª Feira do Livro de Mossoró, no Partage Shopping. Representando a secretária Cláudia Santa Rosa, João Faria mencionou ser um cidadão “resultado da educação”, filho de caminhoneiro e que os livros o fizeram sonhar. Enalteceu a implantação das escolas em tempo integral como um marco deixado pelo governador Robinson Faria, além da reforma na escola Francisco Antônio de Medeiros, outras unidades, entre elas a Jerônimo Rosado, estarão prontas até 31 de dezembro.

O blog ouviu João Faria que afirmou: “O Rio Grande do Norte tem tudo para se destacar no cenário nacional da Educação: tem profissionais e estudantes apaixonados pela Educação. Vamos dar condições e estrutura para que tudo isso se transforme em resultados efetivos para todos. Trabalharemos muito até o último dia do ano.”

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Comentário do dia

Educação: um tema esquecido no debate eleitoral do RN

A educação é fundamental para o desenvolvimento de qualquer país ou Estado. Mas no Rio Grande do Norte o tema está em segundo plano. Este foi o tema do nosso comentário de hoje no Bom Dia Mossoró.