Categorias
Artigo

O chefe, que pena, nem sempre é um líder

Por Celso Estrella*

Durante muitos anos venho me deparando com debates sobre liderança.

O assunto é empolgante porque afeta todas as pessoas em diferentes situações de vida, no seu trabalho, na comunidade, na família, no esporte e até no jogo de truco.

Por exemplo, defendo a tese que a liderança pode ser aprimorada e acreditar que a pessoa já nasce líder não passa de justificativa para a falta de vontade de desenvolver-se.

De todo modo, quando o indivíduo é promovido a um cargo de chefia, tem que assumir a responsabilidade pelos resultados do setor e para que isso aconteça vai depender do desempenho das pessoas. Se o novo chefe tiver as competências necessárias à boa liderança terá sucesso na empreitada, caso contrário, mais cedo ou mais tarde, será substituído e a empresa terá amargado os prejuízos decorrentes desse erro.

Mas afinal, porque isso acontece? Porque se promove alguém indevidamente?

Posso apontar algumas razões para a reflexão do leitor:

A primeira é a urgência. Quando não há planejamento, quando não se tomam as providencias para preparar um substituto interno à altura ou mesmo iniciar um processo de contratação no mercado com a devida antecedência, opta-se por escolher quem estiver disponível relegando a um segundo plano a questão da liderança.

Outra situação muito comum é a de se escolher o melhor profissional da equipe e premiá-lo com a promoção e com isso geralmente se erra duplamente pois, além de não podermos mais contar com nosso melhor profissional para desempenhar o trabalho, ganhamos um chefe ineficaz.  Agora teremos que buscar 2 pessoas no mercado.

Também não é raro que se designe para posições de chefia pessoas da nossa maior confiança, que certamente demonstrarão um esforço honesto para dirigir o grupo mas fracassarão por falta de liderança.

A grande maioria das pessoas concorda que chefiar é administrar recursos para alcançar os objetivos determinados pela direção da empresa e portanto, alguém que tem formação técnica teria tudo para controlar materiais, equipamentos e processos, se pudesse faze-lo sozinho, porém dependerá sempre de pessoas para realizar as tarefas e, se não tiver as competências necessárias ao líder, não terá sucesso.

Como superar essa situação? A resposta é simples porém exige disciplina e planejamento e nossas recomendações mínimas são:

  • Cada chefe deve ter alguém da equipe preparado para assumir a qualquer momento.
  • A empresa deve analisar continuamente o desempenho dos colaboradores para detectar os potencias líderes e desenvolve-los.
  • Antes de contratar ou promover uma pessoa providenciar para que passe pelos testes disponíveis, aplicados por psicólogos, que podem dar subsídios para evitarmos erros na escolha.

Concluindo, chefes podem ser nomeados e, a bem da verdade, qualquer pessoa pode assumir a chefia de um departamento mas só terá sucesso se for um líder !

*É Engenheiro Industrial especialista em Técnicas Japonesas de Gestão

Categorias
Artigo

A Tristeza no Anhangabaú

Por Fernando Rizzolo*

Ainda me lembro de que há anos, quando passava uns dias em Porto Alegre, alguns gaúchos amigos me perguntavam com frequência o que era esse tal de “Anhangabaú” de que tanto ouviam falar nos noticiários, como referência ao centro de São Paulo.

Tentei explicar de forma simplista que era um nome indígena dado a um vale que existia no centro da capital paulistana. Na realidade, “Anhangabaú” é palavra em tupi-guarani que significa “rios dos malefícios do diabo”. Os indígenas acreditavam que as águas do riacho Anhangabaú provocavam doenças físicas e espirituais.

Em quase todas as cidades há folclore, elementos que ajudam a contar a história do lugar, e o Anhangabaú não foge à regra. E foi caminhando numa tarde de segunda-feira que me deparei com uma multidão, por volta de mil pessoas, muitas deitadas no chão, outras chorando e contando histórias aos que estavam ao seu lado numa fila interminável. Muito sutilmente, procurei me aproximar de um idoso na fila, que mais parecia um morador de rua, pois estava deitado no velho e famoso “papelão de chão”, utilizado pelos moradores de rua na capital para diminuir o impacto do frio que existe entre o chão e seu corpo.

Perguntei-lhe do que se tratava a tal fila enorme, e ele, com olhar cansado, até um pouco marejado, de maneira submissa e educada me disse que era desempregado há dois anos e que aquela multidão estava ali para tentar conseguir um emprego. Era possível ver, na sua timidez social e na dos que ali estavam, o desalento, o desespero, a tristeza. Ele disse também, com um olhar de esperança, que acreditava naquele “mutirão do emprego”. Contou-me, com uma voz trêmula, que passou a noite “para pegar lugar”. Balançando minha cabeça afirmativamente, desejei-lhe boa sorte.

À medida que caminhava, pensava: Que Brasil estamos vivendo? Temos um crescimento pífio, contamos com 13 milhões de desempregados, segundo o IPEA, a escalada da desigualdade social disparou, empresários não investem, na expectativa de mudanças, o dólar sobe numa velocidade sem controle, a economia não anda e, mais, no vácuo da falta de propostas, os noticiários se enchem, dando publicidade ao rigor das Operações da Lava Jato, às prisões diárias e outras investidas policiais que parecem ser uma das pautas do governo, o que me parece justo e razoável, pois votei no presidente Bolsonaro e fui às ruas para protestar contra a corrupção, mas, entre os desfiles militares, as palavras ríspidas aos jornalistas, os conflitos internacionais em que o presidente acabou se envolvendo na defesa da soberania, nos conflitos entre poderes, entendo que o povo brasileiro perdeu o consenso político e estamos mergulhados na escuridão.

O Ministro Dias Toffoli, a quem considero uma pessoa de bom senso, em entrevista fez menção exatamente a essa questão do apaziguamento entre os poderes, do diálogo, da preservação da democracia e, acima de tudo, do Estado Democrático de Direito. Temos que partir para a geração de emprego e menos agressividade, temos que viabilizar o diálogo com todos os matizes ideológicos, e não apenas desenrolar um rol de acusações ao Congresso, vez que vivemos uma democracia representativa, que, com todas as imperfeições da democracia, ainda é melhor do que o Estado de Exceção.

Pensei no Anhangabaú, pensei nos indígenas que deram nome àquele lugar e com um olhar triste refleti: “talvez alguma tribo um dia tenha previsto que tanta tristeza habitaria ali, na procura de um sonho, de um emprego”, enfim, que se sequem as lágrimas do vale e que a esperança de um Brasil melhor faça valer a pena passar uma noite de espera no velho Anhangabaú…

*É advogado, jornalista, mestre em Direitos Fundamentais.

Categorias
Artigo

A que senhor servir?

Resultado de imagem para servir a dois senhores

Por Jorge Carlos Junior

Se a lição bíblica é tomada como certa por você, caro leitor, como eu a tomo, ela nos dá uma sábia lição em Mateus 6:24 “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro(…)” É essa a decisão a ser tomada pelos representantes que elegemos no ano passado, para Câmara e Senado.

A partir das próximas semanas a pauta dos jornais e portais de notícias será a Reforma Tributária, apresentada ao Parlamento, segundo fontes do governo, no dia 20 de setembro. Nesta reforma, estarão em xeque os tributos que todos os brasileiros pagam, com exceção dos ricos que devido aos lobbies e pressões no Parlamento e nos governos quase não pagam. É preciso antes lhe dizer, caro leitor, que nosso sistema tributário busca a facilitação da cobrança de impostos ao invés da justiça tributária. Com um dos regimes tributários mais regressivos do mundo, o Brasil cobra muito dos mais pobres que ganham até 2 mil reais, sufoca a classe média com 27,5% na fonte e libera os ricos de qualquer taxação maior que 15%, uma vez que na era dos trustes, eles recebem pró-labores e pagam impostos como qualquer um da classe média. Você sabia que quando você faz uma ligação para marcar um serviço de diarista, por exemplo, paga 40% de imposto? Sabia também que recentemente um banco pagou 9 bilhões de reais, para 4 famílias e não pagou um real de imposto? A vida dos mais pobres e da classe média não é fácil no Brasil.

Ah, mas estão fazendo uma reforma nesse sistema, vão resolver esses problemas, diria um intrépido e desavisado leitor. Não, não vão. Essa reforma visa atender aos interesses corporativos da banca e do rentismo que dominam o Parlamento e o Estado brasileiro, de tal forma que 51% do orçamento federal, livre de qualquer constrangimento, trazido pela Emenda 95 ou PEC do Fim do Mundo, vai para despesa financeira. Segundo dados do Orçamento federal executado de 2018 temos o seguinte desenho:

Como você pode ver na imagem, o maior gasto do Estado brasileiro (a cor amarela) é com despesa financeira: juros e rolagem da dívida. Que, repito, não foi constrangido pelo teto de gastos e levou mais de 1 trilhão de reais, aumentando a concentração de renda, o sucateamento dos serviços públicos e a destruição do Estado brasileiro. Enquanto isso, os orçamentos das políticas de saúde, educação, segurança, ciência e tecnologia são cortados sem qualquer zelo ou prioridade. O que era ruim, está ficando pior.

Enquanto os mais ricos ficam mais ricos, o governo busca aumentar impostos da maneira errada, digo isso, porque não há outra saída a curto prazo para o Brasil que não seja buscar novas fontes de renda e cortar despesas. Cortar não tem mais onde, uma vez que só há cortes nos orçamentos que interessam a nós, o povo. Então, é necessário buscar novas fontes de renda, ou seja, novos impostos, mas, não essa “famigerada” CPMF, pois com ela quem sai perdendo, como sempre, é quem trabalha e produz.

Se o Congresso Nacional quer fazer uma discussão séria sobre o Sistema Tributário, precisa rever alguns pontos que são, esses sim, os grandes tabus. A saber, a regressividade do IR e a defasagem da tabela, a cobrança de lucros e dividendos e aumento dos impostos sobre grandes heranças. Quero deixar claro, que quando falo em grandes heranças me refiro àquelas acima de 2,5/3 milhões de reais em patrimônio, uma vez que a classe média está, como dito anteriormente, sufocada. Cobrar imposto sobre lucros e dividendos, apenas o

Brasil e a Estônia, um pequeno país do Leste Europeu não cobram. Sobre grandes heranças, a maior alíquota é 8%, segundo a Constituição Federal, mas a média é 4%. Enquanto isso, na meca do Liberalismo e do Capitalismo os EUA, a menor alíquota é 25%. Se for pra Europa já sobe para 40%.

Portanto, fica o questionamento a você leitor: a que senhor o Congresso e o Estado brasileiro vão servir? O Povo ou os banqueiros e rentistas? E cabe a você cobrar, alertar e defender os seus interesses. Eles estão atuando fortemente, resta você começar a fazê-lo também.

Categorias
Sem categoria

Professores de economia contestam estudo contratado pela Prefeitura

Estação das artes é o principal polo do MCJ (Foto: arquivo)

O Blog do Barreto consultou três professores da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACEM/UERN) que analisaram o estudo realizado pela Universidade Potiguar (UnP) que apontou que o Mossoró Cidade Junina 2019 movimentou R$ 94 milhões.

Esta página deixa bem claro que respeita os profissionais envolvidos no trabalho feito pela a UnP e que se trata de um debate acadêmico direcionado a questões metodológicas e não de caráter dos envolvidos ou acusações de manipulações.

O professor Mairton França explica que correu uma dupla contagem com o método utilizado. “Há um erro original na concepção porque ele faz comparação de objetos que não são comparáveis pela sua complexidade. Quando falo dos polos, e eu não sei se a Prefeitura pediu assim, eu tenho apenas três produtos: 1)Pingo da Mei Dia, 2)Boca da Noite e o 3) Mossoró Cidade Junina. Eu não posso dizer que o produto três é a Estação das Artes, Chuva de Bala, Cidadela, Arena das Quadrilhas, etc. É tudo um produto só: O Mossoró Cidade Junina. Na medida que você entrevista as pessoas nestes polos você comete um erro de dupla contagem”, explica.

Ele explica que existem migrações entre polos que podem gerar uma confusão na contagem. “Na Estação das Artes você tem a maior média de gastos porque é para lá que todos convergem. A pessoa que foi entrevistada na Cidadela pode migrar para outros polos. Por isso não me surpreendeu que o maior gasto na Estação das Artes. Eles poderiam ter feito um estudo de migração porque eles precisavam ver de onde a pessoa veio e para onde ela vai porque ele pode até beber em todas elas, mas comer ele vai provavelmente em apenas uma delas”, avalia.

Resultado de imagem para Pingo da mei 2019
Pesquisador sente falta de números da PM quanto a presença de público (Foto: web)

O professor Rodolfo Costa pondera que o relatório da UnP é didático embora carente de rigor. Ele questiona os critérios de contagem de público que em 2019 não se baseou na Polícia Militar, mas na Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito. “Inicialmente, para todas as áreas analisadas, não se observa uma justificativa quanto as informações amostrais, definição de variáveis ou indicadores quantitativos. Por exemplo, não são relatadas se a área utilizada são as áreas totais dos espaços (se as são, não seria razoável usa-las na plenitude, já que não há indícios de lotação ou superlotação nos eventos); não está claro qual o critério utilizado para definir o número de pessoas por m2 (foram usadas as referências da Policia Militar?) e nem o porquê da razão pessoa/m2 ser diferente entre as áreas; não se observa nenhuma exposição quanto a definição das amostras utilizadas etc”, questionou.

Assim como o professor Mairton, ele questiona a metodologia usada em relação aos polos. “Cabe destacar, também, que as comparações entre os distintos polos carece de um maior rigor estatístico. Não é recomendável se comparar valores médios de unidades diferentes, com tamanho de amostra diferente, sem proceder com um teste estatístico de comparação de médias. Tal comparação, quando realizada, só é relevante com dados populacionais. Sua realização a partir de uma amostra fatalmente incorrerá em viés”, explica.

Ele ainda faz outra ponderação: “Por fim, admitindo que estatisticamente seja possível inferir sobre a população a partir dos dados do relatório MCJ 2019, uma avaliação econômica requer um conjunto de medidas tradicional, entre elas, Valor Presente Líquido, Taxa interna de Retorno, Custo-Benefício etc., as quais foram negligenciadas pelo relatório”.

A conclusão do professor Rodolfo é de que “as informações apresentadas no relatório MCJ carecem de justificativas que atestem seu rigor científico e, consequentemente, possam ser consideradas para análise técnica dos impactos socioeconômicos gerados pelo MCJ”.

A professora Elza Andrade considera o estudo relevante, mas aponta falta de critérios na escolha dos entrevistados:

“A apresentação da metodologia deixa dúvidas quanto a determinação da amostra e critérios estatísticos utilizados, no entanto pelas características da pesquisa subtende-se que a amostra seja não probabilística, uma vez que não há uma lista a priori dos indivíduos que compõe o universo. Sendo assim, as pessoas entrevistadas são abordadas aleatoriamente nos eventos estando em parte dependendo do julgamento do entrevistador e da acessibilidade do entrevistado.

Ademais não há uma apresentação precisa de quando foi aplicado e como foi a distribuição por dia dos questionários em cada polo, e nem como foi a divisão entre “pista” e camarote, uma vez que isso pode gerar um viés nos resultados, na medida em que o pesquisador pode optar por dias de maior público, dias em que as atrações sejam mais aguardadas, ou cujo perfil do público seja diferenciado”.

A professora Elza também aponta falta de rigor estatístico:

“O estudo se propõe a calcular o valor total movimentado no polo e no evento, para isso é efetuado um cálculo em que o público estimado é multiplicado pelo gasto médio por pessoa.  Ocorre que o gasto médio por pessoa foi calculado para uma amostra não probabilística.  Neste ponto fica evidente a falta de rigor estatístico do estudo, a partir do momento em o autor tenta inferir o resultado da amostra para a população. O problema neste caso refere-se ao fato de que os resultados deste tipo de pesquisa são aplicados apenas a amostra pesquisada, não permitindo inferências, ou seja, não é possível generalizar os resultados para a população, pois amostras não probabilísticas não garantem a representatividade da população”.

Ela disse sentir falta de um balanço sobre o que foi arrecadado em impostos como retorno do investimento do município. “Também nos resultados é exposto um cálculo de índice de rentabilidade do polo e índice de rentabilidade do evento, e estes seriam utilizados para a estimação do retorno sobre o investimento (ROI). Ressalta-se que estes índices são bem aplicados para análises de investimentos em empresas. No estudo em específico, há uma distorção quanto ao que foi considerado lucro operacional, uma vez que deduz o valor estimado movimentado no polo (pelo público) dos custos e despesas do polo (efetuados pela prefeitura. No entanto, deste VEMP a prefeitura terá sua participação em forma de arrecadação de tributos, sendo que foi valor informado corresponde ao consumo médio das pessoas entrevistadas durante os eventos e não ao que será arrecadado pelo município.  Este equívoco acaba por comprometer todo o resultado do estudo”.

Abaixo a entrevista concedida pelo professor Josivan Alves ao Meio-Dia Mossoró em que ele explicou a metodologia aplicada no estudo.

https://www.youtube.com/watch?v=zOU3rBit6Nc

Categorias
Matéria

Petrobras reduz quase 7 mil vagas no RN. Plano para o Estado é de redução extrema

Petrobras vem em queda livre no RN (Foto: TN)

Ricardo Araújo

Editor de Economia/Tribuna do Norte

 

Uma relação iniciada no início dos anos 1950 já não é mais a mesma quase 70 anos depois. Após explorar os campos de petróleo em terra descobertos no Rio Grande do Norte a partir da década de 1970 quase à exaustão, a Petrobras iniciou um processo de cortes que reduziu investimento, produção de petróleo e gás e mão de obra efetiva e terceirizada no Rio Grande do Norte. Somente de 2012 a 2018, a queda nos investimentos da companhia no Estado caíram R$ 931,7 milhões (63,03%). No mesmo período, a empresa cortou 6,9 mil postos de trabalho de funcionários efetivos e terceirizados que atuavam, principalmente, nos campos do Oeste potiguar. De olho no pré-sal, cuja produção é maior e consequentemente mais rentável, a Petrobras colocou polos de produção maduros no RN à venda.

Confira a matéria completa AQUI.

 

 

Categorias
Artigo

Imitando o chefe, Paulo Guedes fala muito e entrega pouco

Guedes arruma confusão com a Argentina (Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara)

Por Kennedy Alencar

 

“Desde quando o Brasil precisa da Argentina para crescer?”, indagou ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Desde sempre em que os dois países se formaram, passaram a ter relações comerciais e políticas.

Essa pergunta mistura uma arrogância com uma ignorância que um ministro da Economia do Brasil não dever ter.

Brasil e Argentina têm economias complementares. A Argentina produz bens importantes para o Brasil. Nós produzimos bens fundamentais para nossos vizinhos, atividade vital para nossa indústria e superavitária na balança comercial.

A Argentina é a terceira maior parceira comercial do Brasil. Nós somos o principal parceiro comercial dos hermanos. Nascido em 1991, o Mercosul está ancorado nessa relação.

As relações com a Argentina não devem ser tratadas como uma questão de governo, mas de Estado. Guedes não pode ameaçar deixar o Mercosul se o governo argentino não for do seu gosto ideológico. Ele não pode falar absurdos desse tipo, imitando o presidente Jair Bolsonaro.

Um ministro da área econômica tem sempre de medir bem o impacto das suas palavras, porque elas guiam as expectativas dos agentes econômicos. Os discursos de Guedes têm impacto sobre a economia real, podem afetar para o bem e para o mal a geração de empregos, a taxa de inflação, a política comercial com outros países etc.

Pedro Malan, que foi ministro do governo FHC, era muito habilidoso na condução da economia porque sabia respeitar a liturgia do cargo que ocupava. Não é arrogante. É culto e ponderado.

Malan media muita bem as palavras por saber que as declarações tinham peso perante os agentes econômicos do Brasil e do exterior.

Outros ministros agiam como Guedes. Por exemplo, Guido Mantega, que ocupou a Fazenda nos governos Lula e Dilma, falava demais, fazia previsões que não se confirmavam e foi se desmoralizando com o tempo.

Paulo Guedes está imitando Jair Bolsonaro. Não deveria fazê-lo.

Categorias
Matéria

FENECITI /Mossoró tem atrações confirmadas

A FENECITI confirmou os shows da Feira de Negócios nos dias 30 e 31 de agosto, em Mossoró, na Estação das Artes: Os shows são abertos ao público.

Na sexta-feira, dia 30/8, o primeiro show começará às 22h com Felipe Grilo e logo em seguida, Bruno Martins.

No sábado, dia 31/8, o primeiro show começará às 22h será com Mozão e, na sequência, Forró com Ela.

A FENECITI é a mais nova Feira de Negócios do Oeste Potiguar e terá uma estrutura com mais de 100 estandes. É uma realização do Governo do Estado, com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, FCDL, CDL Mossoró e Prefeitura de Mossoró, com o patrocínio do Sistema Fecomércio, por meio do Senac, Fiern, Caern, AGN, Banco do Nordeste, Coca-Cola, Santa Clara, Becker, Ster Bom e Cimento Mizu.

Categorias
Matéria

“Estudo dos R$ 90 milhões” será divulgado na terça-feira

Será terça-feira, 13, às 15h, que a Prefeitura de Mossoró vai divulgar o estudo da UnP que apontou que o Mossoró Cidade Junina 2019 movimentou R$ 90 milhões na economia.

O documento será divulgado 45 dias após o encerramento do evento.

Após 48 horas do encerramento do MCJ a Prefeitura divulgou dados preliminares que apontavam essa movimentação de R$ 90 milhões.

Os números intrigaram economistas da cidade porque em 2017 dados coletados pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN) apontaram movimentação de R$ 12 milhões, o que daria um crescimento do evento de 650%.

Categorias
Matéria

Prefeitura ainda não tem data para divulgar “estudo dos R$ 90 milhões”

Prefeitura ainda não divulgou relatório final de estudo (Foto: autor não identificado)

Dois dias após o fim do Mossoró Cidade Junina a Prefeitura de Mossoró anunciou por meio de sua assessoria de comunicação que o evento movimentou R$ 90 milhões na economia local.

Os números apontados como fruto de um balanço preliminar da UnP causaram estranheza a alguns especialistas da área econômica.

Em contato com a Assessoria de Comunicação da PMM, o Blog do Barreto foi informado que a Secretaria Municipal de Planejamento já recebeu o estudo concluído e que falta apenas marcar a data da divulgação.

Confira a notícia da Secom/PMM publicada pelo Blog AQUI.

Categorias
Artigo

25 anos do Plano Real: um quarto de século sem alta na inflação

Resultado de imagem para Plano Real
Plano Real é uma herança do Governo Itamar Franco (Foto: Web)

Por Daniel Cavagnari*

Nos anos 1980 e início dos anos 1990, a inflação era tão alta (chegou a 2.708,2% no ano) que diziam que cada brasileiro era um “economista em potencial”, justamente porque ele sentia e administrava a constante falta de dinheiro.

Mas o que é inflação, afinal? Imagine um lugar que produz bens avaliados para venda em R$ 1 milhão. Agora imagine que há disponível na economia R$ 2 milhões para o consumo das famílias (eu disse apenas para o consumo, excetuando-se qualquer tipo de poupança). O resultado é simples: como não posso atender a economia com poucos produtos e muito dinheiro, eu ajusto os preços. Esses produtos são encarecidos para atender essa demanda e passam a ser vendidos por até R$ 2 milhões. Pronto, o que custava R$ 1, agora custa R$ 2. Demanda maior que a oferta. Ou, muito dinheiro na economia procurando poucos produtos. Inflação.

Em julho de 1994 foi implementado o Plano Real, que eliminou a possibilidade de uma hiperinflação no futuro e uma catástrofe econômica maior ainda. Isso foi feito em três etapas: Programa de Ação Imediata, que “preparou a casa” para a nova moeda; criação da Unidade Real de Valor, pela qual o valor da moeda brasileira foi equiparado ao do dólar; e por fim a implantação da nova moeda, o real.

Mas ao contrário do que as pessoas pensam, o Plano Real não foi um decreto político ou uma decisão com resultados mágicos, custou muito caro. Muito mesmo. E me refiro não à economia do Brasil, mas aos que viviam nela e que somavam efetivamente valores ao Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, os empresários e as famílias.

De qualquer forma, fazer sacrifícios faz parte da nossa vida para se obter progresso e foi isso que aconteceu na implantação do Plano Real. Antes do seu lançamento vários processos haviam sido implementados. Destaco a seguir alguns dos principais:

– Cortes nos gastos públicos;

– Combate à sonegação fiscal;

– Privatizações;

– Política cambial e crédito internacional.

O período de maturação do plano foi até o ano de 2004. Nessa década o desemprego saltou de 5,03% para 12,57%. O PIB registrou crescimento tímido e chegou a ser negativo em 2003 (-0,20 %). A eliminação imediata da inflação também custou aos cofres públicos, cuja dívida cresceu significativamente — de R$ 153,2 bilhões em 1994 para R$ 946,7 bilhões em 2004.

Note ainda que a política cambial aplicada (manter o valor do real próximo ao do dólar), evitando principalmente a desvalorização do real ou especulação pelo dólar, apesar de baratear a importação de bens, também desaquecia o mercado interno (importações maiores) e desestimulava o mercado de exportações.

Até o início do Plano Real, a balança comercial tinha um desempenho médio positivo (vendíamos mais para o exterior do que comprávamos). É como se recebêssemos mais salário do que gastássemos em despesas cotidianas.

Depois da implantação do Plano, a queda foi tanta que desequilibramos a balança comercial, ou seja, passamos a importar mais do que exportar. Foi o resultado de manter artificialmente a nossa moeda (Real) equiparada ao dólar.

Enfim, o Plano Real e sua história demonstra que qualquer decisão política e econômica, de alto impacto e longo prazo, não nos possibilita colher frutos instantâneos, necessitando de anos de maturação e sacrifício.

*É coordenador do curso de Gestão Financeira do Centro Universitário Internacional Uninter.