Categorias
Análise

Mossoró ignora os apelos obscurantistas

Ontem a carreata da morte foi um fiasco em Mossoró. Não juntou a quantidade de carros esperadas e o desempenho mostra que os moradores da cidade estão conscientes da importância de se respeitar o período da quarentena.

Não deixa de ser também uma bela resposta da terra que resistiu ao bando de Lampião de que o obscurantismo por estas bandas não está tão em alta como apontam alguns histéricos nas redes sociais. Mossoró ignorou os apelos obscurantistas que desconsideram a ciência.

O culto ao “deus mercado” foi um fracasso e fortalece as medidas da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) e da governadora Fátima Bezerra (PT) no sentido de manter o isolamento social seguindo o que orientam os cientistas.

Categorias
Matéria

Para Marleide, estão levando a educação em Mossoró ao obscurantismo

Para Marleide a prefeita não sabe o que fazer na educação (Foto: Assessoria/Sindserpum)

A professora e presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDSERPUM), Marleide Cunha, analisou a adesão da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) ao projeto das escolas cívico-militares.

Na opinião da professora, a gestão municipal não tem uma política educacional definida e está optando pelo obscurantismo. “Hoje, Mossoró NÃO tem uma política educacional definida. Rosalba e Magali Delfino (Sec. Educ) desmantelaram a que tinha (não era boa, mas havia um caminho definido) e estão levando a educação ao obscurantismo”, disparou.

Ela destacou que a educação municipal é marcada pela falta de diálogo. “Não tem uma concepção de educação definida, tratam a educação como um produto de prateleira pronto para ser substituído assim que aparece um modelo mais novo, não escutam os educadores, desvalorizam os professores e prejudicam a formação plena das crianças”, avaliou.

No entendimento de Marleide tanto a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) quanto a secretária municipal da pasta, Magali Delfino, não sabem o que fazer com a educação em Mossoró. “Essa gestão colocou a educação em um barco à deriva.  Para onde vai a educação? A prefeita e a secretária de Educação não sabem. O que estamos dispostos a fazer para defender o direito à educação plena de nossas crianças? Podemos nos omitir? Educação é reflexão-ação-reflexão”, frisou.

Categorias
Artigo

Uma universidade que precisa toda hora justificar o óbvio

UERN todo ano entrega milhares de profissionais ao mercado de trabalho (Foto: Wilson Moreno)

Antes mesmo do bolsonarismo a UERN é questionada por setores da mídia e elite natalense. É o bode expiatório colocado no meio das conversas chiques nos apartamentos refinados da orla da capital.

Entre um uísque e outro disparam que o Rio Grande do Norte é pobre demais para ter uma universidade estadual. A retórica é tão barata quanto um uísque paraguaio.

Em lugares pobres uma universidade transforma, muda a realidade e fabrica sonhos possíveis. Para setores obscurantistas da sociedade a universidade é um peso.

A UERN custa menos que qualquer poder do Estado dando um retorno maior não só através do ensino, mas também com suas atividades de extensão que faz o pobre ter seus direitos defendidos por uma prática jurídica ou a jovem grávida que sai da periferia para se consultar num de seus ambulatórios.

Graças a UERN, um agricultor pode ser atendido num consultório odontológico no Seridó.

Sem a UERN não teria professor em cidades pequenas do Alto Oeste potiguar, por exemplo.

É nesta universidade que 89% dos estudantes saem de escolas públicas. É nela que 80% dos alunos são nascidos no Rio Grande do Norte.

Não consigo entender como uma universidade que muda vidas e não chega a 5% do orçamento executado do Estado possa ser problema. A mobilização tem que ser por mais recursos para a UERN, que está precisando por receber repasses do Governo abaixo do necessário.

Às vezes quero crer que seja ignorância no sentido de desconhecimento, mas muitas vezes me parece ignorância por burrice mesmo ou talvez o misto das duas coisas.

Como complemento ao texto deixo meu comentário de hoje no Canal do Youtube. Por sinal não deixe de se inscrever neste novo espaço.

Categorias
Análise

O escândalo Funpec e a brecha para desvirtuação em desfavor da educação superior

O escândalo envolvendo a Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC) e a Universidade Federal do RN (UFRN) tem servido como álibi para o bolsonarismo potiguar atacar as instituições de ensino superior.

Se há suspeitas que sejam investigadas. Entendo que os valores pagos aos serviços identificados pelo jornalista Gustavo Negreiros e Tribuna do Norte são realmente altos.

O assunto precisa ser esclarecido. A missão é do Ministério Público Federal.

O que não se pode é a partir de um fato, que carece ser investigado, abrir-se uma cruzada obscurantista contra o ensino público superior.

Universidades não são antros de orgias, droga e, agora, de corrupção.

A brecha foi aberta, mas não é justo.

Categorias
Artigo

O olhar de Fátima para o ensino superior estratégico

Por WILLIAM ROBSON CORDEIRO*

Há uma clara postura ultraliberal de sucateamento do ensino superior em curso no país e que tende a se acentuar no governo que está por vir. O propósito se baseia na ideia de que a nação precisa produzir trabalhadores e não intelectuais. Se não a mão de obra para o chamado mercado de trabalho, youtubers da hora ou enchedores de linguiça dentro da linha de produção escravista onde o Estado não vê o indivíduo, mas uma engrenagem que deslegitima o pensar.

A manifestação mais recente veio do futuro ministro da Educação do governo Bolsonaro, para quem o Ensino Médio (que ele ainda chama de “segundo grau”) é suficientemente capaz de formar o jovem brasileiro. Não para refletir, não para criticar ou para ser livre. Para virar óleo que vai fazer girar a máquina do tal mercado.

Para Vélez Rodrigues, em entrevista à Folha de S, Paulo desta segunda-feira (27),  “nem todo mundo quer fazer universidade. É bobagem pensar na democratização da universidade, nem todo mundo gosta”. E acrescentou: “O segundo grau teria como finalidade mostrar ao aluno que ele pode colocar em prática os conhecimentos e ganhar dinheiro com isso. Como os youtubers ganham dinheiro sem enfrentar uma universidade”.

Atitudes bizarras assim têm sido comuns na equipe de Bolsonaro, um desprezo total pelo conhecimento, pela ciência e pela intelectualidade. Neste universo de insanidade, a Academia é vista como inimiga, como antro de “comunistas”. Até o futuro presidente se acha no nível de violar o conteúdo das provas do Enem e avaliar se a prova deve ser aplicada. Para reforçar o torpor, Paulo Freire, um dos maiores intelectuais do planeta, precisa ser combatido.

Será que o pensamento paulofreiriano de fomentar uma “educação como prática de liberdade” é tão nocivo assim para a sociedade? Como afirmou o professor Jorge Ijuim, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em uma conversa a respeito, a intenção dos ultraliberais não é elevar o nível de instrução da pessoa. Porque a educação em sua profundidade pressupõe liberdade, independência, mas também autonomia para se apropriar de bens culturais, mais que somente estar apta a “ganhar dinheiro”.

Diante desta maré tortuosa, de pesadelo real, a governadora eleita do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), declarou a antítese disso tudo, de validação total ao ensino superior. Ao falar acerca da Universidade do Estado do RN, instituição tão atacada quanto às universidades federais pelo resto do país, destacou que a vê com muita importância e “que será parceira do governo na promoção do desenvolvimento econômico e social do nosso Estado, com parcerias entre as instituições federais com projetos multiestratégicos”.

Ela quer a Uern unida com a UFRN, UFERSA, IFs num objetivo comum de progresso, descartando totalmente a possibilidade de privatização. Pelo contrário, tenderá a elevar seu status e sua participação efetiva no desenvolvimento. É outro olhar sobre uma estrutura de inegável potencial.

Ou seja, Fátima vê a Uern como uma aliada para o seu projeto de desenvolvimento do Estado tanto para a geração de empregos, quanto para a produção de ciência, de cidadãos críticos e de uma sociedade mais civilizada.

A Uern, presente em 17 cidades do Estado, enfrenta uma crise em sua estrutura que afeta os servidores, que estão com salários em atraso e sem perspectivas de receberem o décimo-terceiro salário. O seu sucateamento sempre foi um projeto para justificar a privatização. Para alguns, a universidade é um fardo. Outros não refletem sobre o real sentido de uma instituição que promove o conhecimento e o engrandecimento cultural. O Governo de Fátima dá sinais claros que pensa diferente.

Dois casos foram emblemáticos nos ataques sofridos pela Uern, dos quais a instituição não esquece. O primeiro, foi o do desembargador do Tribunal de Justiça do RN, Cláudio Santos, quando em 2017 afirmou em entrevista na TV que a Uern deveria ser privatizada. O segundo envolveu o ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Mossoró, Jório Nogueira, que afirmou que “muitos alunos saem da universidade sem saber fazer um ó com uma quenga”, desprezando a finalidade da institução. A reação veio nas urnas. Não conseguiu renovar o mandato.

O olhar de Fátima, uma professora que teve a maior votação da história entre os governadores do RN, é de que a universidade também significa o caminho de formação de especialistas, professores e profissionais para os diversos campos da economia e da educação do Estado. “E não estou falando do poder científico da Uern, com seus programas de mestrado e de doutorado. Enfim, não tenho nenhuma dúvida que esta é instituição de caráter estratégico e precisa ser alçada para esta condição”, concluiu, durante entrevista no final de semana à imprensa.

E estratégico é formar uma sociedade com pessoas livres, com esperança e resistente ao projeto político de invalidar o poder da educação. Só o conhecimento liberta.

*Ex-editor chefe dos jornais Gazeta do Oeste e De Fato e doutorando em jornalismo pela UFSC.