
Jana Sá
Agência Saiba Mais
Em entrevista ao programa Balbúrdia nesta quarta-feira, 12, o secretário de saúde do Rio Grande do Norte, Cipriano Maia, disse que desde o momento inicial das ações de vigilância não houve unidade na ação. “Eu creio que em boa medida pela postura do prefeito em querer demarcar com o governo (estadual) o tempo todo”.
A afirmação foi feita quando questionado sobre a relação do Governo do Estado com o município de Natal na condução do enfrentamento à pandemia.
“Não foi colaborativa em nenhum momento”.
Com experiência em planejamento e gestão em saúde, a marca característica de Cipriano Maia é da pacificação em todos os cargos públicos que exerceu, a exemplo da titularidade de uma secretaria no Ministério da Saúde, entre os anos de 2003 e 2004. Segundo o secretário de saúde do RN, como autoridade sanitária que conduz o SUS no estado e que tem se relacionado com todos os municípios, independentemente de sua atuação política, sempre atuou no sentido de chegar a entendimentos.
Mas em entrevista ao Balbúrdia, o gestor disse que “em determinados momentos precisamos repor a verdade quando a mentira passa a prevalecer”.
Logo que se confirmaram os primeiros casos da doença no Rio Grande do Norte, o secretário contou que “estava na casa da governadora Fátima, no início de março, quando a governadora chamou o prefeito para a unidade, para construção de ações conjuntas, afirmando que a disputa eleitoral não podia atravessar a condução da pandemia, que a vida das pessoas tinha que ser prioridade”. O encontro foi registrado e divulgado nas redes do Governo do Estado. “Nós buscamos isso, mas essa atitude colaborativa nunca aconteceu”.
Cipriano fez críticas ainda ao comitê constituído a nível municipal, “em que as pessoas estavam mais voltadas em orientar usos de medicamentos do que orientar a pandemia”.
As dificuldades no relacionamento com a capital potiguar se estenderam à implementação e utilização do sistema de regulação Lais/ UFRN, que gerencia a distribuição e aplicação das vacinas no Estado. “No RN + Vacinas o município de Natal é o que tem mais atraso na alimentação de dados”.
O secretário de saúde do RN também falou sobre a situação da pandemia no Rio Grande do Norte e sobre o novo decreto estadual que flexibiliza algumas medidas de isolamento social. “Vivemos um paradoxo”, afirmou Cipriano, ao reconhecer que o quadro é crítico, mas há uma pressão pela abertura fruto do cansaço da população que se soma ao negacionismo e à falta de assistência do governo federal aos setores mais vulneráveis socioeconomicamente.
Cipriano também fez críticas ao negacionismo do presidente Jair Bolsonaro. Para ele, a falta de unidade de uma ação governamental à nível nacional na condução do enfrentamento à pandemia é a maior tragédia do Brasil.
Preocupado com os atrasos na produção de vacinas no Brasil por falta de insumos, Cipriano afirmou que “as declarações do presidente e dos ministros confrontando a China não são gratuitas, cada país faz seu jogo de interesse”. Preocupação do secretário é que possa comprometer ainda mais o lento processo de imunização.