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Fábio Faria agiu como intermediário para arrecadar caixa 2 da “Dama” Rosalba, revela delator

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“Garanhão” Fábio Faria era o intermediário, segundo delator

Na negociação entre a campanha de Rosalba Ciarlini e a Odebrecht nas eleições de 2010 coube ao deputado federal Fábio Faria fazer o papel de intermediário nas negociações. Pelo menos é o que garante o delato Alexandre Barradas, ex-executivo da Odebrecht.

Segundo Barradas, após a conversa com Rosalba coube a Fábio Faria fazer o “meio de campo” entre a Odebrecht. “Já previamente decidido e autorizado por FERNANDO CUNHA REIS, voltei a conversar com o Deputado Federal FÁBIO FARIA, indicando a ele o valor que a empresa havia designado (R$ 450 mil) a ser viabilizado através de caixa 2”, disse.

No depoimento de Barradas, o codinome atribuído a Rosalba não é “Carrossel” como aparece em outras citações e sim “Dama”. Ele explica como Fábio Faria orientou a distribuição do dinheiro: “Por orientação do Deputado, o valor total a ser entregue foi dividido da seguinte forma: R$ 350 mil para a candidata ROSALBA, o qual foi registrado sob o codinome de “dama” e R$ 100 para a sua campanha de deputado federal de 2010 sob o cedinome de “garanhão””.

Os pagamentos foram feitos na cidade de São Paulo.

Barradas diz ainda que a contrapartida após a posse de Rosalba nunca aconteceu. “A candidata ROSALBA CIARLINI foi eleita, porém nenhum projeto foi desenvolvido, sequer uma PMI, foi apresentada”, lamentou.

Na terceira reportagem o Blog faz um resgate histórico sobre a crise política que atrapalhou a parceria Governo do RN/Odebrecht

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Delator da Odebrecht relata reunião com Rosalba em Natal

Alexandre Barradas
Delator Alexandre Barradas explica como atuou na campanha de 2010 no RN

O Blog do Barreto divulga com exclusividade o depoimento de Alexandre José Lopes Barradas, ex-executivo da Odebrecht. Ele relata como se deu os repasses as campanhas de Rosalba Ciarlini (que disputou e venceu o Governo do Estado pelo DEM) e Fábio Faria (na época no PMN, atualmente no PSD) nas eleições de 2010. Ele se reuniu com a então senadora em Natal.

O encontro foi intermediado pelo deputado que tentava a reeleição. “Em julho de 2010, fui apresentado por FERNANDO CUNHA REIS, ao empresário carioca FABIANO FARIA, que tinha interesses comuns com a ÜDEBRECHT AlvlBIENTAL em outros negócios. FERNANDO me disse para avaliar com ele a possibilidade de projetos em saneamento no Rio Grande do Norte. Em seguida, FABIANO me convidou para um jantar no Rio de Janeiro. Nesse jantar conheci o Deputado Federal FÁBIO FARIA que me disse querer tratar de apoio à campanha ao governo do estado em 2010, onde seu pai, ROBINSON FARIA era candidato a vice-governador”, relatou.

Segundo Barradas, após o encontro foi agendada uma visita dele a Natal para conversar com a candidata Rosalba Ciarlini e saber quais eram as reais intenções dela na área de saneamento. O limite para a ajuda era de R$ 450 mil. “A candidata ROSALBA, médica sanitarista, me disse ser entusiasmada com o tema

saneamento e que esse seria um ponto focal no seu governo”, frisou.

Para saber mais clique AQUI, AQUI e AQUI

Nota do Blog: Rosalba é pediatra e não médica sanitarista como diz o delator.

Em instantes a segunda parte da reportagem sobre o depoimento de Alexandre Barradas.

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Eleição da mesa diretora marcará formação da maioria rosalbista na Câmara?

Carlos Augusto deu o conselho a Sandra: viabilize-se
Carlos Augusto deu o conselho a Sandra: viabilize-se

O grupo dos 12 está formado e com candidato escolhido. Alex do Frango (PMB) é o ungido. Muitos apostam que antes da posse a candidatura dele passará por um processo de inanição a partir da entrada do líder do rosalbismo Carlos Augusto Rosado.

Hoje a bancada rosalbista na futura Câmara Municipal conta com seis nomes: Sandra Rosado (PSB), Izabel Montenegro (PMDB), Alex Moacir (PMDB), Francisco Carlos (PP), Didi de Arnor (PRB), Maria das Malhas (PSD) e Ricardo de Dodoca (PROS). As duas primeiras estão tentando se viabilizar para a presidência. Do sexteto só Alex Moacir e Ricardo de Dodoca dizem votar no “candidato de Rosalba”.

Do outro lado temos dois vereadores no “limbo” político da Câmara Municipal. João Gentil (PV) se diz indeciso. Isolda Dantas (PT) consultará o petismo. Dificilmente conquistará o apoio de Isolda. João Gentil é um trabalho mais simples.

Para fazer o presidente da Câmara Municipal o rosalbismo precisará desarticular o grupo dos 12. Para quebrar a maioria precisa conquistar cinco ou seis integrantes.

O grupo dos 12 tem em mãos a chance de fazer a diferença quebrando o paradigma de sempre o prefeito (a) eleito(a) fazer o presidente da Câmara.

Num cenário de crise é fundamental para a prefeita eleita ter maioria na casa. Ter o presidente faz toda a diferença.

 

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Câmara de baixarias: vereadores de Mossoró ultrapassam ao fundo do poço

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Que essa é uma das piores legislaturas da Câmara Municipal disso ninguém duvida. Mas a sessão de hoje expôs o fundo poço de uma casa legislativa cuja envergadura moral se esvaiu.

Desde a semana passada que o processo de autodestruição da imagem dos vereadores mossoroenses avançou várias casas chegando a ultrapassar o fundo do poço com a sessão de baixarias da sessão de hoje.

Tudo começou após a leitura da pauta quando o presidente Jório Nogueira (PSD) ensaiou impedir que a representante dos assessores Raissa Gabrielly utilizasse a Tribuna Popular para reclamar da decisão do presidente que demitiu 143 funcionários dos gabinetes na semana passada.

Além do discurso um assessor demitido com um litro de uísque estava nas galerias se manifestando contra Jório por ele ter ido curtir o Carnatal após deixar 143 pais de famílias sem emprego (ver AQUI).

Os ânimos ficaram ainda mais inflamados por causa da carta bombástica escrita pelo procurador da Câmara Municipal Kennedy Salvador acusando os assessores de não trabalharem para repartir dos salários com os parlamentares (AQUI).

Hoje Jório foi acusado de vender votos de assessores jurídicos na eleição de presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em troca do prosseguimento de uma ação contra Genivan Vale (PDT) no Conselho Subseccional da Entidade.

Antes, o vereador Ricardo de Dodoca (PROS) fez uma série de acusações graves a Jório num bate-boca quase interminável. Aos berros ele disse que o presidente estaria selecionando quem estaria recebendo os direitos trabalhistas antes mesmo das demissões.

Mas Jório não deixou por menos. Declarou que Tassyo Mardonny (PSDB) teria apresentado “propostas indecentes”. Ao vereador Genivan Vale, o presidente disse ter a gravação em que o pedetista prometia dinheiro a um blogueiro em troca de ataques ao que atualmente comanda a Câmara Municipal.

Jório ainda fez ironias com a derrotas da ex-deputada estadual Larissa Rosado (PSB) para provocar o vereador Lairinho Rosado (PSB).

O clima de descontrole foi tão grande que Jório apelou até mesmo com enquetes que apontaram ele como o pior vereador da Câmara Municipal.

O legislativo mossoroense ultrapassou o fundo do poço, está no subsolo.

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Quem pode assumir caso vereadores condenados sejam realmente afastados

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Desde que o Blog do Barreto noticiou em primeira mão que o juiz Cláudio Mendes Junior decretou o afastamento dos vereadores condenados em decorrência da Operação Sal Grosso (vem AQUI) que uma pergunta não para de ser feita: “quem assume?”.

Primeiro é preciso entender que hoje existem duas realidades: uma até 31 de dezembro e outra a partir de 1º de janeiro.

Vereador condenado  Substituto até 31 de dezembro Substituto a partir de 1º de janeiro
Claudionor dos Santos Laurinho Rosado Claudionor não foi reeleito
Izabel Montenegro Zé Peixeiro Genivan Vale
Manoel Bezerra Arlene Sousa Mimiu

Também é preciso lembrar que por um erro de informação o magistrado não decretou a perda da função pública de Manoel Bezerra (PRTB), que foi reeleito. Mas a solução para isso é simples: o Ministério Público entra com um recurso chamado embargos de declaração (que visa, dentre outras coisas, corrigir contradições de uma sentença) e Manoel terá a mesma pena de Izabel Montenegro (PMDB) e Claudionor dos Santos (PEN).

Os vereadores podem reverter os afastamentos por meio de liminares.

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Áudio expõe prefeito tentando comprar voto

Um áudio gravado no dia 10 de setembro em plena campanha eleitoral flagrou o prefeito reeleito da cidade de Upanema Luiz Jairo (PR) tentando comprar o voto de Antônia Rafaela Bezerra de Oliveira.

O diálogo está motivando uma representação por captação ilícita de sufrágio patrocinada por Onildo Bezerra (PP), candidato derrotado por apenas 161 votos no pleito de 2 de outubro.

A conversa conta com a participação do chefe de gabinete do município Nonato Garcia e envolve oferta de emprego no município e reforma de uma casa. A interlocutora duvida da promessa que também teria sido feita em 2012.

Abaixo a transcrição do diálogo usada na ação movida pelo ex-candidato Onildo:

00min00seg

Luiz Jairo: Tudo bom Dona Arlete, Dona Maria Celeste?

00min20seg

Luiz Jairo: E aí Dona Maria, vamos dar uma ajuda a nós?

00min30seg

Luiz Jairo: E aí Rafaela, bora?

Rafaela: Pra onde? Diga vocês, o que é as propostas de vocês…

04min22seg

Rafaela: Há quatro anos atrás, cadê minha casa e meu emprego que você prometeu?

Luiz Jairo: Não teve casa para ninguém…

Rafaela: Mas o emprego vocês ficaram de arrumar alguma coisa…

Luiz Jairo: Ainda tem tempo, ainda tem tempo, vai ser agora!

05min35seg

Luiz Jairo: Vocês construíram um quartinho para ela foi?

Rafaela: Não, aí é pra fazer a reforma aí.

Luiz Jairo: Vamos olhar, que a gente pode [inaudível]…

06min48seg

Nonato: Olhe, a gente não pôde dar as casas, mas nós vamos ajudar a eles agora, não é verdade? Aí Rafaela fica na dúvida… vai ganhar de novo aí a gente faz um quartinho pra ela. Tem condições?

Nonato: [inaudível]

Rafaela: Mas pra depois, Nonato?

Nonato: Mas Rafaela, a gente não vai ganhar, Rafaela? Tem as pesquisas aí, 17%, agora a gente não pode nesse momento…

Luiz Jairo: Faça um compromisso comigo, agora, aqui, direto…

Rafaela: Eu faço, da outra vez eu fiz com todos os dois, assim, cara a cara.

Nonato: Mas não saiu casa, não saiu!  Aqui eu ajudo, aqui a prefeitura pode dar um quarto, pra complementar sua casa, a gente pode dar, aí pode, pela prefeitura, não pode?

Luiz Jairo: Pode!

Nonato: Se ele não der, eu dou do meu bolso!

Rafaela: Tú dá nada, Nonato!

Nonato: Se ele não der, eu dou do meu bolso! Compromisso aqui com seu Antônio [pai de Rafaela], com Maria Celeste [mãe de Rafaela].

Rafaela: E aí papai?

Nonato: Não precisa eu dar do meu bolso não, porque eu pedindo a ele, ele faz!

Na petição, o advogado de Onildo, Olavo Hamilton classifica o áudio como “estarrecedor”. “O conteúdo da gravação é estarrecedor, constituindo-se em prova inequívoca do cometimento do ilícito eleitoral. O áudio não deixa dúvida quanto a tentativa de aliciamento de eleitor, restando inconteste a violação do art. 41-A da Lei nº 9.504/97”, argumentou.

VERSÃO

Por meio de nota, Luiz Jairo classificou a ação como ato de desespero do candidato derrotado e informa que a assessoria jurídica vai se pronunciar no momento que julgar adequado. Abaixo a manifestação:

Nota do prefeito reeleito de Upanema/RN

Em razão de notícia vinculada na imprensa regional acerca de denúncia protocolada pelo candidato derrotado nas eleições do Município de Upanema no último dia 02 de Outubro, venho a público declarar:

Que recebo a informação com total tranquilidade e que vejo a atitude do candidato derrotado como um ato de desespero e de falta de respeito ao povo de Upanema, que, em sua maioria, escolheu o meu nome e do vice-prefeito Juninho para continuarmos administrando a nossa querida cidade.

Adianto que, na hora adequada, a nossa assessoria jurídica responderá a todo e qualquer questionamento que se fizer necessário, na certeza que sairemos vencedores novamente, assim como já conseguimos nas urnas.

Tenho certeza que a Justiça Eleitoral saberá julgar com sabedoria toda e qualquer acusação infundada e ratificará a vontade do povo de Upanema de continuar vendo a nossa cidade bem administrada, com responsabilidade com os recursos públicos e atendendo aos anseios da população.

Lamento que um candidato não reconheça a vontade do povo e a derrota nas urnas e tenha uma atitude pequena como essa. Será que não podemos aplicar aqui o velho ditado: quem disso usa, disso cuida?

Upanema me conhece. Sabe da minha luta e do meu trabalho para chegar ao posto que cheguei. Sabe que enfrentei todo tipo de estrutura para um dia ser prefeito e realizar o sonho de ajudar ao povo.

Aos que defendem que Upanema continue se desenvolvendo, peço que compartilhem da minha tranquilidade e mantenha a fé inabalável em Deus, pois sem ele não poderíamos chegar a lugar nenhum.

Obrigado a todos!

Upanema, 17 de Novembro de 2016.

Luiz Jairo
Prefeito de Upanema.

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Vereadores eleitos gastaram em média R$ 12,84 para cada voto

Os 21 vereadores eleitos no último dia 2 de outubro gastaram em média R$ 12,84 para cada voto conquistado. O levantamento enviado ao Blog do Barreto por um colaborador há algumas semanas. Estrategicamente esperamos a atualização do sistema da Justiça Eleitoral para ver se haveria alguma alteração, o que acabou não acontecendo.

O candidato mais votado nas eleições deste ano, Zé Peixeiro (PTC), gastou em média R$ 33,68 para cada um dos 2.802 sufrágios recebidos nas urnas. Ele também está no topo do ranking dos custos de campanha.  Teve despesas que totalizam R$ 94.376,60. Também foi o campeão em arrecadação: R$ 113.813,20.

Quem menos gastou para cada voto conquistado foi Ozaniel Mesquita (PR). Foram incríveis R$ 0,99 para cada um dos 1.574 votos recebidos. Ele teve a menor despesa: R$ 1.565. Já quem menos arrecadou foi Didi de Arnor (PRB) que teve apenas R$ 6.359,50, gastando penas R$ 2.480,00 para ser eleito. Foram R$ 2,43 para cada um dos 1.021 votos recebidos.

O Blog do Barreto foi informado que o Ministério Público pode pedir a cassação dos registros de candidaturas de alguns vereadores justamente por irregularidades na prestação de contas.

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MP Federal denuncia 24 mil beneficiários irregulares do Bolsa Família no RN

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O Ministério Público Federal (MPF) vem expedindo recomendações a todas as prefeituras do Rio Grande do Norte para que realizem visitas domiciliares a 24.607 beneficiários do programa Bolsa Família, suspeitos de não cumprir os requisitos econômicos estabelecidos pelo Governo Federal para recebimento do benefício. Essa ação é fruto do Projeto Raio-X Bolsa Família, atuação coordenada pelas Câmaras Criminais e de Combate à Corrupção do MPF de todo o país.

Os suspeitos (confira ao final o detalhamento de cada categoria) incluem empresários (9.452), servidores públicos de famílias com até quatro pessoas (15.233), falecidos (167), beneficiários que doaram para as campanhas valores acima dos próprios benefícios (129) e servidores públicos que doaram para campanhas eleitorais (179)*. Eles receberam, de 2013 até maio de 2016, um total de R$ 88,5 milhões em benefícios. No Rio Grande do Norte, esses 24 mil suspeitos representam 4,68% do total de beneficiários (525.987).

Os municípios potiguares** que apresentaram maior percentual de perfis suspeitos entre os beneficiários foram Guamaré (13,44%), São Bento do Norte (12,11%), Francisco Dantas (11,77%), Jandaíra (10,35%) e Taboleiro Grande (9,21%). Já aqueles com menor percentual de suspeitos são José da Penha (0,74%), Major Sales (0,96%), João Dias (1,20%), Cerro Corá (1,24%) e Portalegre (1,41%). Na capital, Natal, há 2.370 suspeitos, representando 2,91% do total.

Nacional – Em nível nacional, 4.703 prefeituras já receberam recomendações, apontando a necessidade de checagem de 874 mil beneficiários suspeitos. Eles receberam nos últimos três anos e meio R$ 3,3 bilhões. O diagnóstico sobre o maior programa de transferência de renda do governo federal, assim como as ações propostas e os resultados alcançados estão disponíveis no site www.raioxbolsafamilia.mpf.mp.br, divulgado nesta sexta-feira, 11 de novembro.

No site, o cidadão poderá acessar a versão interativa da ferramenta* de inteligência desenvolvida pelo MPF e filtrar os dados selecionando por unidade da federação e pelo município que desejar. As recomendações que vêm sendo expedidas em todo o país preveem prazos de 60 a 120 dias para que os gestores municipais informem as irregularidades confirmadas e os benefícios cancelados.

Os casos suspeitos foram identificados por meio de ferramenta de inteligência desenvolvida pelo Ministério Público Federal a partir do cruzamento de dados públicos fornecidos pelo próprio Governo Federal, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela Receita Federal e pelos Tribunais de Contas estaduais e municipais.

Dados – Os perfis suspeitos foram classificados em cinco grupos: falecidos; servidores públicos com clã familiar de até quatro pessoas; empresários; doadores de campanha; e servidores doadores de campanha (independentemente do número de membros do clã familiar). O projeto do MPF analisou todos os valores pagos pelo Bolsa Família no período de 2013 a maio de 2016.

Nesse ciclo, o programa pagou aos 21,5 milhões de beneficiários R$ 86,1 bilhões. Um total de 912 mil beneficiários foram considerados suspeitos. R$ 25,97 milhões foram pagos a falecidos; R$ 11,89 milhões a doadores de campanhas que doaram acima do benefício recebido; R$ 11,48 milhões a servidores públicos doadores de campanha; R$ 2,03 bilhões a empresários; e R$ 1,23 bilhão a servidores públicos com clã familiar de até quatro pessoas.

O estado com maior incidência percentual de perfis suspeitos foi Roraima, com 8,89% de recursos do programa pagos a esses perfis. Já o estado do Pará apresentou o menor percentual com relação ao total de recursos, 1,62%. Apenas 31 cidades não apresentaram indícios de pagamento suspeito, sendo 20 do Rio Grande do Sul, seis de Santa Catarina, três de São Paulo e dois de Minas Gerais.

Providências

Em 23 de maio, o MPF enviou comunicado à Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (Senarc) no qual concedia 30 dias para que órgão informasse quais providências foram adotadas diante de inconsistências identificadas em pagamentos e perfis dos beneficiários do Programa Bolsa Família. Após o comunicado, membros do MPF participaram, em 2 de junho, de reunião no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário para discutir os problemas apontados. Na ocasião, foram recebidos pelo ministro do MDSA, Osmar Terra, pelo secretário executivo Alberto Beltrame e pela equipe responsável pelo Bolsa Família.

Por meio de portaria publicada em 22 de junho, foi instituído Grupo de Trabalho formado por várias instituições, com a finalidade de sugerir o aperfeiçoamento de rotinas de verificação de inconsistências e a qualificação das bases de dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. A convite do MDSA, o MPF não só expôs a metodologia de investigação utilizada no projeto Raio-X Bolsa Família, como também colheu sugestões para a melhoria de atuação futura.

O aprimoramento dos mecanismos de controle do programa implementado pelo MDSA resultou, segundo anunciado pelo próprio governo federal, no cancelamento de 469 mil benefícios e no bloqueio de outros 654 mil. Em todos os casos, foi constatado que a renda das famílias era superior à exigida para ingresso e permanência no programa.

*A versão interativa da ferramenta soma os perfis suspeitos que aparecem cadastrados em mais de um estado, em mais de um município ou em mais de uma categoria. Portanto, a soma dos números de beneficiários pode variar. No total, nacionalmente, são 909.672 benefícios suspeitos sendo pagos a 874.115 pessoas (beneficiários com Número de Inscrição Social – NIS).

**No site, o município de Boa Saúde está identificado com sua antiga denominação, Januário Cicco.

Perfis de beneficiários considerados suspeitos pelo MPF

Falecidos – Estão nesse grupo os titulares (recebedores) de benefícios do programa Bolsa Família cujos CPF ou NIS (Número de Inscrição Social) utilizados no cadastro foram identificados como pertencentes a cidadãos falecidos. A recomendação do MPF nesses casos é para que a prefeitura verifique, inclusive com visita local às famílias feita pelas prefeituras, se houve algum equívoco no momento do cadastro e se o recebedor do benefício de fato está vivo.

Servidores Públicos com clã familiar de até quatro pessoas – Integram esse grupo tanto os titulares do benefício, quanto aqueles que integram seu clã familiar, que são servidores públicos federais, estaduais ou municipais. A condição de servidor, por si só, não impede que o cidadão se enquadre no perfil econômico exigido pelo programa para a concessão do benefício. Contudo, como a Administração Pública não pode pagar a qualquer servidor vencimento inferior ao salário mínimo, tendo o beneficiário declarado ter família com menos de quatro pessoas, conforme já apurado também pela ferramenta, o MPF entende que esses cadastros merecem ser revisados, com visitas prévias às famílias.

Doadores de campanha eleitoral (Doação maior que benefício) – Estão agrupados nesta categoria tanto os titulares do benefício, quanto aqueles que integram seu clã familiar, que aparecem, segundo dados do TSE, como doadores de campanha no mesmo exercício em que receberam o benefício do Governo Federal. Assim como no caso dos beneficiários servidores, o fato de ser um doador não significa, por si só, que o beneficiário está em situação irregular ou não cumpre os requisitos de capacidade econômica exigidos para o recebimento do benefício. No entanto, quando o valor doado supera o valor recebido a título de Bolsa Família, é possível inferir que o beneficiário não precisa do dinheiro para sua subsistência. Daí a necessidade de revisão dos cadastros de beneficiários nessa condição, precedida de visita pela prefeitura.

Empresários – Foram incluídos nesse grupo tanto os titulares do benefício, quanto aqueles que integram seu clã familiar, cujos CPF (Cadastro de Pessoa Física) ou NIS (Número de Inscrição Social) utilizados no cadastro do programa estão vinculados a um ou mais CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), indicando que são pessoas proprietárias ou responsáveis por empresas. O MPF não descarta a possibilidade de haver pequenos empresários que atendam aos requisitos de hipossuficiência (pobreza ou extrema pobreza) exigidos pelo programa para a concessão do benefício, mas entende que, em tese, esses seriam poucos casos. A revisão cuidadosa do cadastro desses beneficiários, com visitas prévia pela prefeitura, torna-se necessária para um melhor controle do programa.

Servidores doadores de campanha – Compõem este grupo tanto os titulares do benefício quanto aqueles que integram o clã familiar informado que são, simultaneamente, servidores públicos (federais, estaduais ou municipais) e doadores de campanhas eleitorais, independentemente do valor doado.

Texto: assessoria do MP Federal

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Rogério Marinho culpa UERN por crise do RN, mas custa ao contribuinte o equivalente a 52 alunos da universidade

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“…o RN não pode suportar o custo de uma Universidade estadual se não consegue cumprir suas obrigações constitucionais com o ensino médio”, essas foram as palavras do deputado federal Rogério Marinho (PSDB) que saiu em defesa do presidente do Tribunal de Justiça Cláudio Santos que propôs que a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) seja privatizada.

O tucano elogiou o magistrado pela coragem em tomar medidas impopulares contra os servidores do judiciário e por dizer o que o governador Robinson Faria (PSD) não tem coragem de dizer.

O problema é que as declarações de Rogério Marinho em defesa da coisa pública nada têm a ver com o comportamento do parlamentar no tocante ao uso de regalias concedidas aos parlamentares.

O tucano custou nos primeiros nove meses de 2016 R$ 441.273 somando salários e benesses. Levando em consideração que um aluno da UERN custa em média R$ 944/mês e que nesse mesmo período (nove meses) somou R$ 8.496, Rogério Marinho equivale ao investimento em 52 alunos da universidade que mais forma professores para dar aulas no ensino médio no interior do Estado.

Rogério ganha 33.763,00 de salários, mais do que o custo de uma turma de medicina (ver matéria AQUI) e ao longo deste ano já consumiu R$ 407.510 em verba indenizatória.

Só com telefonia, o mandato de Rogério custa R$ 11.522, isso daria para pagar o custo um aluno da UERN em nove meses e ainda sobrava um troco. Quer mais? Só com aluguel de veículos ele já gastou R$ 54 mil do contribuinte, o que garantiria a permanência de seis alunos uernianos no período.

Rogério já gastou R$ 81.200 em consultorias e trabalhos técnicos (pagaria nove alunos), R$ 90.700 em divulgação da atividade parlamentar (quase o equivalente a 11 alunos no período), R$ 16.895 em combustíveis (daria para manter praticamente dois estudantes) e R$ 120.321 em passagens aéreas (mais 14 alunos). Isso apenas ficar em alguns pontos.

O problema não está na existência de uma universidade estadual que forma professores que dão aulas em escolas de ensino médio do interior do Estado, mas nas regalias de nossa classe política.

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Diáspora no PRB expõe ilusão da “síndrome do partido independente”

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O ano é 2004. Um grupo de suplentes de vereador e nomes novos com bom potencial está unido para ser a novidade na Câmara Municipal. O projeto partia de uma ideia simples: todos em pé de igualdade disputando vagas na Câmara Municipal e tirando proveito da regra proporcional.

Com isso Sargento Osnildo elegeu-se para uma das 13 vagas mesmo sendo o 26º candidato a vereador mais votado. A ideia foi um sucesso que se repetiu em 2008 com o mesmo PSL. Bem acomodado na primeira gestão de Fafá Rosado (2005-09), a agremiação conseguiu manter o grupo coeso e forte para repetindo a estratégia eleger mais dois vereadores.

Ficaram entre os 13 eleitos Flávio Tácito (que na verdade foi o 15º mais votado) e Maria das Malhas (a 25ª mais sufragada nas urnas). A estratégia era definitivamente um sucesso.

Mas o tempo passou e o grupo crescido passou a ter muitas divisões. Resultado: uma parcela significativa migrou para o PTN. Com a mesma estratégia, novo sucesso em 2012 elegendo Genilson Alves e Narcízio Silva. Osnildo (que não se reelegera em 2008), Maria das Malhas e Flávio Tácito foram para o DEM. Somente o último conseguiu sobreviver e agora tenta a reeleição pelo PPL. Mas a semente estava plantada e a ideia passaria a ser copiada.

Naquele pleito o PTB tinha formado grupo para eleger dois parlamentares sozinho, mas não seguiu à risca a cartilha do PSL e terminou aceitando um vereador, Ricardo de Dodoca, e se coligou numa chapa forte. Só Ricardo saiu vitorioso nas urnas. Lucélio Guilherme terminou assumindo o mandato quando Luiz Carlos (PT) renunciou para assumir como vice-prefeito.

O PT do B foi a grande surpresa de 2012 na proporcional. Com nomes poucos conhecidos, mas com um trabalho bem feito conquistou os mandatos de Soldado Jadson e Heró Silva. Em menos de um ano os dois não estavam mais na mesma agremiação. Jadson foi para o Solidariedade. Heró foi para o PROS e depois para o PTC. Semana passada ele oficializou a desistência da reeleição por não enxergar condições de entrar numa disputa em igualdade de condições na coligação PTC/PSC/PRTB.

Isso sem contar o PV que com a estrutura do Palácio da Resistência montou uma chapa tão forte que elegeu Francisco Carlos, Alex do Frango e Celso Lanches.

Nenhum daqueles grupos de 2012 existe mais. Assim como Jadson e Heró todos se dispersaram. O grupo do PTN, que foi do PSL antes, agora está no PMN. Só Genilson Alves segue junto. Narcízio foi para o PR. Lucélio ficou tão só no PTB que está com a reeleição inviabilizada numa coligação com um PT do B totalmente diferente de quatro anos atrás. O PV de hoje tem uma coligação forte, mas com outros atores e num cenário que nada lembra o de 2012. Francisco Carlos hoje é do PP, Celso do PSC e Alex do Frango está no PMB.

Cenário atual

partidos-1Hoje PRB, PHS, PMN e o próprio PV tentam repetir o sucesso da estratégia do PSL de 2004. Os problemas de dispersão acontecem já dentro da campanha.

O PRB, por exemplo, vive uma verdadeira diáspora. Termo grego que significa dispersão e é usado para explicar as migrações do povo judeu (primeiro no Século IV A. C. e em 70 D. C.) que se espalhou em diversas parte do mundo. O comparativo não é exagero, afinal de contas o grupo unido do PRB que fechou com o prefeito Francisco José Junior (PSD) se espalhou entre os adversários.

Já o PMN tenta se encaixar de forma coesa em algum grupo embora já tenha anunciado que está fora da chapa do prefeito. O PHS está em sua maioria com a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), mas tem filiados no grupo de Tião Couto. Já o PV, pelo menos em tese, ainda está com o prefeito.

Todos esses grupos se uniram na expectativa não só de fazer cadeiras na Câmara Municipal, mas de fechar no atacado um bom acordo financeiro com os candidatos majoritários. Pura ilusão de quem não compreendeu que as regras mudaram, que não existe mais financiamento empresarial e o caixa 2 está sendo fiscalizado intensamente.

São grupos que se formam sem qualquer afinidade ideológica ou programática. O objetivo utilizar-se da regra proporcional para ver quem se elege e quem é eleito vira as costas para o partido e espera quatro anos para se encontrar em uma nova sobra política que lhe possa garantir a reeleição. Coisas de um país com sistema partidário caótico.