A tragédia climática que abateu Natal no final de semana ganhou conotações políticas e não poderia ser diferente. Afinal de contas são anos e anos de negligência nesta área e o problema passa pelos quatro anos de Álvaro Dias (PSDB) no poder, mas também pelos quatro mandatos de Carlos Eduardo Alves (PDT), três de Wilma de Faria e um de Micarla de Sousa (PV) e Aldo Tinôco apenas para ficar nos prefeitos dos últimos 30 anos.
A chuva que abateu Natal no final de semana não estava prevista. Os 235mm que tantos transtornos causaram na nossa bela capital são maiores que o previsto para todo o mês de julho, segundo a Emparn.
Acusar Álvaro de insensibilidade por ele estar em Gramado no final de semana da chuva é injusto e desonesto.
Escrevo isso com a tranquilidade de ser um crítico do tucano.
Da cidade gaúcha ele tomou providência, ativou a defesa civil e decretou estado de calamidade pública. Também não era necessário transmitir o cargo para a vice-prefeita Aila Cortez (PDT). Isso só deve ser feito em caso de problemas de saúde e viagens ao exterior.
Álvaro não tinha como prevê que cairia tanta água em Natal. Isso não o exime de ser omisso em relação as obras necessárias e não feitas nos seus quatro anos de gestão.
Hoje quem tenta minimizar o desgaste do prefeito no debate público tem razão, mas a julgar pelo histórico diria que se fosse Fátima Bezerra ou qualquer esquerdista a frente da Prefeitura do Natal o comportamento da maioria seria diferente.
Mas qual o indício?
Não faltaram pessoas no Twitter dizendo que a governadora tem culpa também e que ela está fazendo politicagem porque o senador Jean Paul Prates (PT) gravou um vídeo mostrando que os problemas passaram pela falta de foco de Álvaro. Os que acusam Jean de oportunista são os que viram o deputado estadual Kelps Lima (SD) deitar e rolar sem ser incomodado na CPI da covid.
O gesto prático da governadora foi fazer o que lhe cabia institucionalmente: disponibilizar a estrutura do Governo do RN para as prefeituras da Grande Natal atingidas pelas chuvas.
Por isso respondo a pergunta do título: se fosse Fátima estaria sendo massacrada e sofrendo preconceito por sua origem pobre por estar viajando enquanto o povo sofre.
O debate público não é justo nem muito menos coerente.