A família Rosado dominou a política de Mossoró por 74 anos com duas breves interrupções (1969/71 com Antônio Rodrigues de Carvalho e 2014/16 com Francisco José Junior) e quase metade desse período (32 anos) conseguiu a proeza de ser governo e oposição no plano municipal.
Hoje, pela primeira vez em um período democrático (leia-se a República 1946-64 e o atual período republicano iniciado em 1985) está sem mandato.
Por coincidência, o mandato derradeiro da família foi perdido na Justiça Eleitoral, onde sempre obteve grandes vitórias, com a decretação da perda do mandato da bisneta de Jerônimo, Larissa Rosado, por uma irônica fraude na cota de gênero, criada justamente para incentivar a participação feminina na política.
Sem mandatos, a ala dos Rosados, liderada hoje por Larissa tenta se reinventar pela esquerda. O grupo dela é dado como certo nas fileiras do Partido Comunista do Brasil (PC do B).
É bem verdade que Larissa não é uma figura estranha ao campo progressista local. Nos anos 2000 e parte da década passada concentrou em seu grupo parte deste eleitorado em Mossoró. Esse perfil de eleitor só dispersou a partir de 2016, quando Larissa e seus familiares se alinharam à prima (pela família Escóssia) Rosalba Ciarlini (PP), esposa do ex-deputado Carlos Augusto Rosado, outro parente.
Larissa teve vice do PT em duas das quatro vezes em que disputou a Prefeitura de Mossoró, sendo derrotada em todas as oportunidades.
Depois de trocar o PSB pelo PSDB e passar uma temporada no União Brasil, Larissa e seu grupo familiar tem pretensões modestas para 2024: tentar recuperar a cadeira perdida na Câmara Municipal sem grandes custos na Federação formada por PT, PV e PC do B, que tende a formar uma nominata competitiva na eleição proporcional ao que vem.
Sem o custo de ter que organizar uma nominata nem ter que arranjar mulheres para cumprir a cota de gênero, Larissa vai tentar se reinventar no “comunismo”, abstração que aterroriza os bolsonaristas, cujos ideais políticos nunca foram do agrado de sua ala familiar, faça-se justiça.