Tag: Eleições 2022

Derrotado nas eleições de 2018 quando despencou da condição de senador de um milhão de votos para um humilhante quarto lugar e constrangedoramente escondido nas eleições de 2020, o ex-governador Garibaldi Alves Filho (MDB) ressurgiu do ocaso político para os holofotes da Tribuna do Norte, principal jornal do Rio Grande do Norte.
Com a franqueza de sempre analisou o cenário político no Estado e no Brasil. Criticou a governadora Fátima Bezerra (PT) por não dar foco a questão fiscal no Rio Grande do Norte.
A fala me parece descolada da realidade. A governadora criou um programa de estímulo ao desenvolvimento industrial, sacrificou a própria biografia para aprovar a reforma da previdência e lançou um bem sucedido programa de refinanciamento de dívidas fiscais atrasadas. São medidas que trazem um alívio fiscal para o Governo.
A eleição é ano que vem e será decisiva para a nobreza política potiguar. De fora dos principais cargos pela primeira vez em cinco décadas os oligarcas precisam ser reinventar para retomar a hegemonia política e disputar entre eles o poder no Rio Grande do Norte.
Não será fácil.
O Estado atualmente é governado pela esquerda e as alternativas à situação são nomes da direita sem o pedigree Alves, Maia ou Rosado.
Os oligarcas vão se mexendo com a velha tática de fingir que nada tem a ver com a origem dos problemas do Rio Grande do Norte.
Como se diz no linguajar da Internet o golpe está aí, cai quem quer.

A deputada estadual Isolda Dantas (PT) e o professor Gutemberg Dias (PC do B) se reuniram no final de semana e encaminharam parceria para dobradinha eleitoral nas eleições 2022.
Ela disputando a reeleição para a Assembleia Legislativa e ele tentando uma vaga na Câmara dos Deputados.
Isolda e Gutemberg formaram chapa para prefeita e vice nas eleições de 2020 e pretendem manter a parceria política.

Se presidente da Federação das Câmaras Municipais do Rio Grande do Norte (FECAM/RN) está no radar do vereador Lawrence Amorim (SD). A ascensão faz um projeto que vem sendo traçado com régua e compasso para chegar à deputação federal.
O primeiro passo foi dado quando ele se elegeu presidente da Câmara Municipal de Mossoró se habilitando para concorrer ao comando da FECAM.
A meta é estadualizar o nome de Lawrence para credenciá-lo a uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022.
Se o roteiro não sofrer alterações ele repetirá a estratégia de Rogério Marinho que presidiu a FECAM e a Câmara Municipal de Natal entre 2005 e 2006. A partir daí ele construiu uma rede de contatos no interior do Rio Grande do Norte.
Deu certo!
Ele foi eleito deputado federal em 2006 com 130.063 (8,01%) votos.
Além de vereador, Lawrence é suplente do deputado General Girão (PSL). Nas eleições de 2018 ele recebeu 24.551 (1,53%) votos sendo 10.153 (9,25%) em Mossoró, onde foi o terceiro mais votado.
Presidir a Câmara de Mossoró e a FECAM certamente lhe renderá uma estrutura para melhorar essa votação.
Os planos de Robinson Faria para 2022

O ex-governador Robinson Faria (PSD) já sabe o que fazer em 2022: será candidato a deputado federal. O projeto político está traçado e evidenciando no programa dominical dele no rádio e redes sociais.
E Fábio Faria (PSD)? O ministro das comunicações pode ser candidato aqui no Rio Grande do Norte, mas numa disputa majoraria como especula-se em Natal.
Ainda há quem não descarte uma mudança de domicílio eleitoral para São Paulo onde ele reside. Aí tentaria uma candidatura a deputado federal por lá.

Por José Dirceu
Não dá para deixar de escrever sobre eleições, mas, contrariando a toada da grande mídia que diz que o PT e Bolsonaro foram derrotados, os 2 extremos, os radicais, a realidade é outra. Primeiro porque o PT é o que sempre foi, um partido de esquerda, socialista, que nos governos e no Parlamento, na luta democrática e social, sempre se aliou e constituiu governos e lutas de centro-esquerda. Segundo porque, se é verdade que Bolsonaro não elegeu, de maneira geral, seus candidatos, também é verdade que os partidos que apoiam seu extremismo autoritário, obscurantista e fundamentalista cresceram e muito. Quem dominou o resultado foram os partidos de centro-direita: PSDB e MDB, que perderam muito, mas continuam grandes, e o DEM que se recuperou.
O chamado Centrão, com destaque para PSD, PP e PL, cresceu, apoiado na máquina e no dinheiro. Todos, com raras exceções, fizeram uso do arsenal de fakes news, obscurantismo religioso e baixaria do bolsonarismo, principalmente contra o PT. É bom sempre lembrar o derrame de recursos, caixa 2, compra de voto de forma nunca vista com o DNA das emendas impositivas. Nossa esquerda teve altos e baixos. O PT se manteve e retomou a iniciativa, saiu às ruas, expôs sua cara e identidade e lutou bravamente, principalmente sua militância. Fez o que pôde depois de anos submetido àa uma verdadeira guerra de cerco e aniquilamento. O PSB perdeu, apesar da vitória em Recife; o PDT também encolheu, mas registrou a vitória em Fortaleza. O PC do B continua sua luta para superar a cláusula de barreira.
Uma das novidades dessa eleição municipal, ao lado do fim da proporcionalidade e da tragédia da pandemia que não deve ser subestimada na avaliação eleitoral, foi o fim dos programas partidários, o exíguo e controlado tempo de TV e rádio. Na prática, o fim dos debates, que prejudicou muito o PT e a esquerda, submetidos a uma censura implacável na grande mídia, leia-se Rede Globo.
REJEIÇÃO A BOLSONARO
Uma leitura com olhar nas pesquisas –e não apenas no resultado eleitoral– nos mostra que a rejeição e a reprovação de Bolsonaro cresceram no país, principalmente nas capitais, com as exceções de sempre. Os resultados das eleições apontam para sua possível derrota em 2022 num 2º turno e não para sua vitória, desde que a centro-direita não o apoie. Ainda que Bolsonaro se filie a um partido do centrão, não é impossível derrotá-lo, se as esquerdas, mesmo com vários candidatos no 1º turno, unirem-se. Sempre há o risco de um 2º turno entre o bolsonarismo e os liberais de direita. Mas se Bolsonaro vai ao 2º turno com a esquerda e ela se une, venceremos, não repetindo 2018, quando Ciro-PDT se omitiram. No cenário de união das esquerdas e centro-esquerda, é bastante improvável que o povo dê um novo mandato ao bolsonarismo.
Olhando os dados, salta à vista que o país não é conservador, como dizem muitas das avaliações publicadas. O povo aposta no progresso e na justiça social. Tanto é assim que mesmo a centro-direita teve que incorporar, em seu discurso, a questão social e defender a política e a democracia. Ainda que possa ser uma defesa apenas retórica.
Mesmo sem desconhecer a força do conservadorismo e do fundamentalismo religioso que elegeram Bolsonaro em 2018, o fato é que a antipolítica e sua criminalização ficaram para trás. Há sinais claros de que o próximo ano definirá o que vai acontecer em 2022 e que o governo federal, como está hoje, inviabiliza a reeleição do presidente.
Assim, a atuação do PT e da esquerda na oposição –e sua necessária e urgente reorganização partidária, renovação e autorreforma tanto na atuação no Congresso quanto na mobilização popular– ditarão as possibilidades de um 2º turno com a presença de um candidato de centro-esquerda. Não há caminho para o Planalto sem o PT e Lula, e sua candidatura só depende do fim da iníqua, injusta e ilegal proscrição. Não se pode exigir de Lula e do PT que não lancem candidato, alternativa da qual outros partidos da centro-esquerda não imaginam abrir mão. Num 2º turno, a união das esquerdas, como ocorreu agora em algumas capitais no 1º ou 2º turnos, fará a diferença entre a vitória e a derrota.
É um dever não apenas do PT e das esquerdas, mas de todos os democratas exigirem que o STF coloque na pauta e julgue a suspeição de Sergio Moro e anule as condenações de Lula, restituindo seus legítimos direitos políticos.
Se é verdade que o resultado das eleições municipais não pode ser tomado como indicativo de 2022, também é verdade que delineia tendências. Uma delas é que a maioria do país se manifestou contra o que representa o bolsonarismo, que a agenda social progressista se imporá em 2022 e que o balanço dos anos do bolsonarismo será repudiado, incluindo aí o credo neoliberal e o desmonte do Estado nacional e de bem-estar social.
Nada indica, em nível mundial, que a avalanche conservadora e neoliberal sobreviverá à crise da pandemia e à crise social e política que se avizinha no próximo ano. Os sinais ficaram nas eleições na Argentina, na Bolívia e mesmo no Brasil e na resistência popular no Chile, no Equador e na Colômbia, na derrota de Trump nos Estados Unidos e na nova correlação de forças em nível mundial com a emergência da China, da Rússia, da Índia, da Turquia e do Irã.
UNIÃO DAS ESQUERDAS
Há um esforço midiático e de disputa da opinião pública para, de novo, enterrar o PT e inviabilizar a necessária unidade das esquerdas na oposição a Bolsonaro e na construção de uma alternativa viável em 2022. Isso impõe às esquerdas o difícil desafio de combater em duas frentes: na oposição radical a Bolsonaro e na sua autorreforma e renovação, sem o que poderão ser superadas pela centro-direita. Esta, apoiadora do programa radical liberal de Guedes-Bolsonaro, mas preparada –ainda busca um nome– para disputar e conquistar o Planalto.
Se queremos conquistar o coração dos brasileiros, precisamos ouvir o recado das urnas das últimas eleições municipais. As esquerdas precisam se unir em torno de um programa –o que não será tarefa difícil, pois vários partidos, incluindo o PT, têm formulações muito discutidas e avançadas. E precisam, sobretudo, traduzir para a população um projeto de sonho e esperança que começa pela sua unidade generosa e renovadora construída em Porto Alegre, Florianópolis e Belém e, no 2º turno, em São Paulo em torno de Boulos. Somente uma frente de esquerda unida e combativa poderá reunir em torno de seu candidato setores democráticos e das classes médias antibolsonaristas.
Não podemos nos iludir. Se nos dividirmos de forma sectária e praticarmos a intolerância, vamos pavimentar seguramente o caminho para a derrota. Cabe a nós dar o exemplo para superar o ódio e a intolerância que tomaram conta da política e do país, infelizmente replicados por partidos da centro-direita. Não haverá saída nem salvação sem a unidade das forças de esquerda, unificando os setores democráticos, progressistas e nacionalistas. Só assim poderemos atender aos anseios do povo trabalhador e dos marginalizados do nosso Brasil.

Ex-deputada estadual e vereadora eleita de Mossoró Larissa Rosado (PSDB) foi a entrevistada de hoje no programa Foro de Moscow. Na conversa ela avaliou a relação com o rosalbismo.
Ela disse não saber se o seu grupo estará ao lado da prefeita não reeleita em 2022 e avisou que ela e a mãe Sandra Rosado (PSDB) vão buscas o seu próprio espaço e que isso pode ser juntou com Rosalba Ciarlini (PP) ou não.
Confira o trecho da entrevista:
Assista o programa completo:

A política é capaz de gestar reviravoltas inimagináveis. Ao fim das eleições de 2018, parte da massa das redes sociais celebrava a derrota de Rogério Marinho como um “castigo” por apoiar medidas impopulares como a reforma trabalhista.
Ainda havia o melancólico fim da passagem de Robinson Faria (PSD) que enfraqueceu o deputado federal Fábio Faria (PSD) que se reelegeu com dificuldades.
Hoje os dois são ministros (respectivamente do desenvolvimento regional e comunicações) e cotados para voos maiores na política potiguar. Com os oligarcas das famílias Alves, Maia e Rosado em baixa há um vácuo no campo da direita no Rio Grande do Norte para 2022.
Especula-se (e se força a barra também) que Fábio Faria disputaria o Senado e Rogério Marinho o Governo do Estado ou vice e versa.
Pouco se leva em conta que Fábio mal aparece no Estado e tem residência fixa em São Paulo onde mora com a esposa Patrícia Abravanel, filha do empresário Sílvio Santos. Rogério tem mais ligações com o Estado, mas tem pouco apelo popular.
Neste campo eles ainda terão que enfrentar o melhor quadro dos oligarcas, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), e o senador Styvenson Valentim (Podemos).
Por enquanto os ministros vão tentando ocupar os espaços de forma artificial. Se vão se viabilizar será uma outra história.

Considerado por muitos o grande vitorioso das eleições de domingo, o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) tem muito a comemorar e números para sustentar o sentimento de que saiu maior das urnas.
O PSDB elegeu 31 prefeitos (21 a mais que 2016), foi o partido mais votado do Estado nas eleições majoritárias com 399.658 votos, vai governar 37,23 da população do Rio Grande do Norte (mais que o triplo do segundo colocado MDB) e elegeu 252 vereadores (147 a mais que 2016).
O partido cresceu e fortalece a figura de Ezequiel como articulador político. Quem quiser ser competitivo em 2022 para Governo do Estado e Senado vai precisar sentar com ele para conversar.
Mas é preciso, por outro lado, ter os pés no chão. Não são votos dados diretamente a ele ou por causa de alguma bandeira específica do PSDB. É fruto do ajuntamento de lideranças nos municípios. O mérito de Ezequiel neste caso está em ter conseguido reunir em torno de si gente competitiva em várias cidades.
Guardada as devidas proporções o que aconteceu com o PSD de Robinson Faria em 2016 não pode ser excluído do radar. A legenda elegeu o maior número de prefeitos e o segundo de vereador. Dois anos depois o então governador sequer foi ao segundo turno.
Ainda é incerto se Ezequiel vai tentar o Senado, Governo ou se manter no comando da Assembleia Legislativa. Ele está fortalecido, mas não pode se iludir com os resultados de domingo.
Não há vacina contra a insensatez

Por Bernardo Mello Franco
Durou pouco a ilusão de que o governo deixaria a saúde passar à frente da politicagem. Na terça-feira, o ministro Eduardo Pazuello anunciou a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Sinovac e pelo Instituto Butantan. Menos de 24 horas depois, o capitão desautorizou o general.
Eduardo Pazuello havia sido taxativo. “A vacina do Butantan será a vacina do Brasil”, afirmou. Ao ler a declaração nos jornais, Jair Bolsonaro metralhou o próprio ministro. “Alerto que não compraremos vacina da China”, escreveu, em mensagem a aliados.
Nas redes sociais, o presidente chamou a Coronavac de “vacina chinesa de João Doria”. O ataque uniu duas obsessões bolsonaristas: a paranoia com a China e a ideia fixa com o governador de São Paulo.
Para agradar seus radicais, Bolsonaro imita Donald Trump, que chama o coronavírus de “praga chinesa”. A macaquice ignora uma diferença sensível. Washington trava uma disputa por hegemonia com Pequim, enquanto Brasília só tem a perder ao provocar seu maior parceiro comercial.
Com Doria, o problema é a disputa de 2022. Em campanha antecipada à reeleição, o presidente vê o ex-aliado como um adversário em potencial. Por isso aproveita qualquer chance de alvejá-lo, mesmo que isso signifique atentar contra a saúde pública.
Ao tratorar a Coronavac, Bolsonaro também atropelou Pazuello. O paraquedista nem pode reclamar da sorte. Ele foi escolhido para isso mesmo: bater continência e cumprir as ordens do chefe.
Ao assumir a pasta, o general se sujeitou a receitar cloroquina aos doentes. Em seguida, comandou uma operação para maquiar dados oficiais. Numa coincidência infeliz, ele foi humilhado pelo chefe no momento em que está fora de combate. Depois de cumprir muitas agendas sem máscara, o ministro foi diagnosticado com a Covid.
Enquanto Bolsonaro insiste em politizar a pandemia, o vírus continua a matar brasileiros. Ontem o país ultrapassou a marca de 155 mil vidas perdidas. Para nosso azar, não há vacina contra a insensatez.
Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.