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Bolsonaro existe? Foi esfaqueado mesmo, ou é tudo ‘fake news’?

Por JUAN ARIAS

El País 

Talvez a História nunca tenha estado tão insegura entre a verdade e a mentira. Nunca, nem mesmo o presente foi posto tanto em dúvida. Será que descobrimos, de repente, que a verdade no estado puro não existe e que tudo pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo?

Vejamos o Brasil. Tudo parece ser uma coisa e o contrário. Há até quem chegue a perguntar a si mesmo se o capitão Jair Bolsonaro, que conseguiu 57 milhões de votos nas urnas não se sabe como, existe realmente ou é uma miragem. Coloca-se em dúvida até mesmo que tenha sido esfaqueado.

Em um mundo no qual até intelectuais chegam a pôr em dúvida a existência do Holocausto judeu, com um saldo seis milhões de pessoas — homens, mulheres e crianças — exterminadas nos campos de concentração, podemos ter a impressão de que a verdade não existe e não será possível conhecê-la.

Isso é positivo ou negativo? É verdade que dessa forma todos nos sentimos mais vulneráveis e inseguros ao não ser capazes de distinguir entre verdade e mentira. E, ao mesmo tempo, talvez tenhamos de nos acostumar a conviver em uma realidade mais complexa do que pensávamos, que nos obriga a estar mais vigilantes, já que os limites entre realidade e aparência, entre notícia e fake news, estão ficando cada vez mais tornam-se se fazem cada dia mais tênues e indefinidos.

O que sentimos hoje como uma inquietação, talvez porque estivemos séculos sentados tranquilos sobre nossas certezas, pode acabar sendo uma importante purificação. Durante séculos vivemos alimentados pelos dogmas que poder civil ou religioso nos impôs. Tudo era, sem que precisássemos nos preocupar em descobrir, branco ou preto, verdadeiro ou falso, bom ou mau, justo ou injusto. Era assim mesmo, ou será que tínhamos nos acostumado a conviver com a verdade imposta, o que nos dispensava da dúvida? As coisas eram como eram, porque sempre tinham nos ensinado assim. Teria dado muito trabalho colocá-las em discussão.

Sempre acreditamos nos livros de História, como se fossem textos sagrados que não pudessem ser discutidos. E se, na verdade, os livros de História nos quais bebemos durante séculos fossem, em sua maioria, uma grande fake news? Nós nos esquecemos de que, em grande parte, a História foi escrita pelos vencedores, nunca pelos perdedores. Como teriam escrito os mesmos fatos aqueles que perderam as guerras, as vítimas, os analfabetos que não podiam escrevê-la, mas que a sofreram em sua pele?

Será que estaria a salvo da contaminação das fake news o grande livro da Humanidade, a Bíblia, escrita no espaço de mil anos por autores desconhecidos, que as Igrejas cristãs consideram ter sido inspirada por Deus e, portanto, verdadeira? E se descobríssemos que historicamente a Bíblia não resistiria a uma crítica séria? Ou será que alguém pode acreditar que existiram seus personagens mais famosos, como Abraão, Noé, Matusalém e Moisés?

E analisando apenas os quatro evangelhos canônicos que os católicos consideram inspirados por Deus, quanto neles há de histórico e quanto há de catequese religiosa ou política? Qual é a versão verdadeira sobre o julgamento e condenação à morte do profeta Jesus se entre as versões dos quatro evangelistas há inúmeras diferenças bem visíveis? Qual é a figura real de Jesus, a que é apresentada aos judeus da época, cuja morte é totalmente atribuída aos romanos, ou aquela narrada aos gentios e pagãos, em que se carrega nas tintas contra os judeus e fariseus?

Talvez a inquietude que todos sentimos hoje, na nova era em que a Humanidade entrou ao não saber se estamos lidando com notícias verdadeiras ou falsas nem o quanto isso pode condicionar a convivência política e social, se deva, no fim das contas, a algo positivo, embora seja preciso se recompor e recuperar a serenidade para entender que vivemos em um mar agitado, no qual é difícil distinguir um peixe vivo de um pedaço de plástico.

Essa positividade que alguns pensadores começam a farejar na situação angustiante que vivemos, na qual verdade e mentira convivem abraçadas, talvez nasça de algo novo e ao mesmo tempo positivo que não existia no passado. Hoje, pela primeira vez, a crônica cotidiana, a história que estamos vivendo, não é narrada exclusivamente pelo poder, como no passado. Não é narrada pelos que se consideravam donos da verdade e a impunham com a espada na mão, se fosse necessário. Todos os poderes, civis e religiosos, fizeram isso. Hoje, a crônica começa a ser escrita e filtrada também pelos de baixo, pela periferia, por aqueles que não têm mais poder do que o oferecido pelas redes sociais.

Isso sem dúvida levará, como já está ocorrendo, a crises de identidade e à quebra de velhos paradigmas de segurança, como o que os dogmas e as verdades oficiais ofereciam antes. Era tudo mais cômodo e causava menos angústia. Mas não éramos também mais escravos do pensamento único do poder? O fato de não termos de nos preocupar em saber se o que nos ofereciam como história era verdade ou não, ou se era só a verdade de uma parte e não da outra, dava-nos tranquilidade. Hoje, estamos no meio de um ciclone que parece arrastar tudo e não é estranho que nos sintamos inseguros, irritados e até com medo.

Tão inseguros que ainda há quem não saiba realmente quem é Bolsonaro ou se ele é uma invenção, ou se os médicos de dois hospitais de prestígio inventaram a história da facada. E Lula? E Moro? Como se escreverá amanhã a história atual do Brasil? Será que os historiadores de hoje conseguirão nos contar no futuro a verdade ou a fake news sobre o que está vivendo uma sociedade que se sente presa entre a verdade e o boato, entre o que ela gostaria que fosse e o que efetivamente é a realidade — que, afinal, tem possivelmente tem tantas caras e nuances quanto as cores do arco-íris.

É melhor não sofrer tanto e aprender a conviver em um mundo que já não é nem será aquele em que nossos pais viveram. E essa sim é uma verdade. Se opressora ou libertadora, só poderemos saber quando baixar a poeira dessa agitação em torno de verdade e falsidade ou de meias verdades e meias mentiras. O famoso filósofo espanhol Fernando Savater me lembrava de que “se o mundo parasse de mentir, acabaria despedaçado em poucos dias”. Às vezes, uma meia verdade pode salvar o mundo de uma catástrofe. Até a Igreja católica, com seus séculos de experiência em conduzir o poder, cunhou as famosas “mentiras piedosas”.

Para terminar, é verdade que Bolsonaro existe, com mais sombras do que luzes e mais incógnitas do que realidades. E também existe Lula, com toda sua história e todas suas contradições. O que não sabemos é como a História nos contará um dia este momento, que em outras colunas em já chamei de dor de parto, mais do que de funeral e morte. E em todo parto existe, ao mesmo tempo, dor e felicidade, ansiedade e esperança.

E, acima de tudo, a certeza de que a vida, com todas suas amarguras e crueldades, verdades e mentiras, é o único e o melhor que temos. Que no Brasil predomine, apesar de tudo, a cultura da vida e não a da morte. Essa é a grande aposta e a grande resistência. Para isso, todos deveríamos andar de mãos dadas.

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Blog debate fake news em simpósio

O Blog do Barreto estará representado pelo editor desta página no I Simpósio de Direito Penal e Constitucional da Universidade Potiguar (UnP) que será realizado hoje a noite.

Estaremos debatendo com o professor e advogado Phabyo Hunter o tema “Direito Constitucional: as fake news o “choque na política”.

A discussão será a partir das 19h no Campus da UnP.

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Checagem de fatos: não procede que José Dirceu vai fixar residência em Natal e integrar governo Fátima

Blog do BG

O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, não fixará residência em Natal, ao contrário do que vem sendo disseminando em grupos de WhatsApp.

O boato surgiu no fim de semana e ligou Dirceu à equipe de Fátima Bezerra. O rumor chegou a ganhar até espaço em blogs, levantando questionamentos sobre a participação do ex-ministro no governo Fátima.

A fake news dava conta de que Dirceu já havia alugado uma casa do ex-governador Fernando Freire para viver em Natal.

O fato não procede.

Tanto a assessoria de Fátima, como a do PT, procuradas pelo blog, negam a informação.

Neste fim de semana, a coluna Expresso, da Época, publicou o que a proximidade entre ambos já chamou a atenção de petistas. Mas a governadora eleita sabe que colocar Dirceu no seu governo, de alguma forma, será um desgaste enorme.

Dirceu, além disso, deve retornar para a prisão com a confirmação, no STF, da condenação que o levou à cadeia. Dirceu foi condenado a quase 31 anos de prisão.

 

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Padre desmente suposta crítica a alunos que votaram em Bolsonaro

O padre Sátiro Cavalcanti, ex-reitor da UERN e ex-diretor do Colégio Diocesano, desmentiu a informação que circula nos grupos Whatsapp de que ele teria feito um discurso criticando os ex-alunos dele que teriam votado em Jair Bolsonaro.

Confira a nota:

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Manipulação do eleitor por grupos de WhatsApp deixará feridas na democracia

Por Leonardo Sakamoto

O Tribunal Superior Eleitoral prometeu, ao longo deste ano, que agiria de forma contundente para prevenir que as eleições brasileiras fossem influenciadas pela circulação de notícias falsas. Organizou eventos, trouxe especialistas, deu centenas de entrevistas, bateu no peito e garantiu que não haveria anormalidade. Disse até que as eleições poderiam ser canceladas se o vencedor usasse desse tipo de artifício.

Depois, quando o debate público passou a ser manipulado à luz do dia, com fraudes  e distorções produzidas de forma amadora, ou através de cálculos sofisticados que usam coleta de dados e inteligência artificial para produzem mensagens personalizadas que podem estimular o desejo dos indivíduos, veio o silêncio. O TSE não tem sido capaz de defender o processo eleitoral e nem a si mesmo, sofrendo sucessivos e inaceitáveis ataques de Jair Bolsonaro e amigos, que acusam a urna eletrônica e os resultados eleitorais sem provas concretas.

Nesta quarta (17), o tribunal chamou uma reunião com representantes dos candidatos à Presidência da República para pedir compromisso contra as notícias falsas, a violência na campanha e em defesa das urnas. Esse tipo de encontro, em que todos concordam com tudo, tende a ser ineficiente. Melhor faria que os ministros apontassem publicamente os problemas de cada candidato e, atendendo ações, punissem com rigor. O que seria útil, inclusive, para mostrar à população a bobagem da falsa simetria – nestas eleições, nem todo mundo bate e apanha igual.

Pode ser que os ministros do TSE ou do Supremo Tribunal Federal não tenham dimensão real do que está acontecendo. Nesse sentido, a reveladora reportagem de Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, sobre um esquema digital em prol da campanha do deputado do PSL, pode ser útil.  Ou, tendo percebido que o monstro é maior do que eles, queiram permanecer quietos, sem a coragem necessária para enfrentá-lo. Ministros que, em condições normais, comentam até jogo de futebol da quarta divisão e penteado de Playmobil.

Em artigo publicado no jornal New York Times, desta quarta (17), Cristina Tardáguila, da Agência Lupa, Fabrício Benevenuto, da UFMG, e Pablo Ortellado, da USP, trouxeram dados de um estudo realizado pelas três instituições sobre o impacto da desinformação compartilhada pelo WhatsApp nas eleições presidenciais. Com base na análise de 846.905 mensagens de 347 grupos de discussão política, verificou-se que das 50 imagens diferentes que circularam, entre 16 de agosto e 7 de outubro, apenas quatro eram verdadeiras ou não haviam sido manipuladas. Quatro.

Para reduzir o impacto de conteúdo com objetivo de manipular o debate público, eles sugerem que o WhatsApp reduza, no período eleitoral, a quantidade de vezes que uma mensagem pode ser replicada e também limitar o tamanho de grupos montados durante a eleição. Se o TSE tivesse gastado energia para além de discutir o que são notícias falsas, poderia ter ampliado o debate e obtido compromissos mais eficazes de vários setores da sociedade. Inclusive o de investigação policial célere e de protocolos para resposta mais rápida da Justiça Eleitoral em casos de campanhas de difamação on-line. Afinal, em menos de um dia um estrago já pode ter sido feito.

A somatória de todas as checagens de boatos feitas por agências especializadas e veículos de comunicação não conseguiu acompanhar o ritmo de notícias falsas, fraudes e distorções distribuídas por aplicativos de mensagens e rede sociais. E mesmo se conseguisse, não chegaria ao público como os boatos chegaram. Os smartphones de uma parcela considerável da população contam com planos em que apenas o acesso ao Facebook ou ao WhatsApp é ilimitado, devido a parcerias. Ou seja, quando o eleitor recebe uma notícia que desconfia ser falsa, não consegue clicar e ler o texto, muito menos procurar no Google uma checagem dessa informação, porque acabou seu plano de dados e está longe de um Wi-Fi.

No final, o WhatsApp foi o que avisamos que seria: não um aplicativo de mensagens, mas uma rede social anônima e, portanto, perfeita para a difusão de conteúdo com poucas chances de contestação.

Ao mesmo tempo, consultorias digitais usam bancos de dados, com 80 a 100 pontos de informação sobre cada pessoa, que ajudam a definir o comportamento de eleitores, juntá-los a grupos microssegmentados, e enviar mensagens a eles, empacotando-as em uma embalagem de notícia falsa. Daí, impulsionam esse pacote, com um cartão de crédito pré-pago internacional e acessando através de uma rede privada virtual sediada em outro país, tornando mais difícil a identificação, responsabilização e remediação do ato.

Essa parte invisível, que usava ”chipeiras” com dezenas de cartões de celulares e agora opera com programas que criam números virtuais de fora do Brasil, acoplados a computadores abastecidos com megaplanilhas, atua com psicometria e inteligência artificial para manipulação em massa. Ela é muito, mas muito mais assustadora. Porque, ao produzir conteúdos para que mexam com nossos sentimentos baseados em bases de dados com informações que coletam, compram ou roubam sobre nós, acabam por induzir vontades e manipular nossa vida sem que percebamos. É a antiga mensagem subliminar da propaganda, mas extremamente mais poderosa e eficaz.

Uma das condições básicas da vida em sociedade é que seus membros concordam em tomar decisões racionais e coletivas baseadas em fatos. Mas quando fatos comprováveis passam a ser irrelevantes diante da emoção, abre-se a possibilidade da ascensão de quem sabe surfar sobre medos e preconceitos, elegendo um inimigo que ameaça a tudo e a todos o tempo inteiro. E, portanto, demanda mão amiga e braço forte.

A dez dias do segundo turno, é possível afirmar que o debate eleitoral foi manipulado com consequências que não podem ser ainda determinadas. E que o resultado da ”festa da democracia” de 2018 é uma sociedade em que uma parcela considerável de seus membros tornou-se incapaz de separar ficção de realidade. E uma outra parte simplesmente não se importa com isso.

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Qual o poder das fake news? Não devemos atribuir poderes mágicos à manipulação eleitoral

Por Hélio Schwartsman*

Longe de mim sugerir que as fake news não são um problema, mas me parece que estão superestimando o tamanho da encrenca. Para início de conversa, fake news é só um nome novo para um contratempo antigo: a falsidade. E, das pintas da onça ao camaleão que muda de cor para enganar predadores, o logro está inscrito na própria natureza. Antecede o ser humano em centenas de milhões de anos.

Mentiras, rumores e boatos sempre assombraram eleições. A novidade agora é que, com as redes sociais, eles circulam com muito mais rapidez e atingem muito mais gente. Em algumas circunstâncias, em especial quando a disputa é apertada e a corrente de desinformação surge nos últimos instantes, as fake news podem definir o resultado do pleito. Não devemos, porém, atribuir poderes mágicos à manipulação eleitoral.

Ninguém ainda inventou uma técnica de marketing político que faça com que petistas votem contra a vontade em Bolsonaro ou que direitistas convictos se encantem com o candidato do PT. É quase zero a probabilidade de um militante petista deixar de apoiar Haddad porque leu em algum canto que o ex-prefeito seria a favor do incesto.

O que esse tipo de informação fraudulenta costuma fazer é turbinar o ânimo do sujeito que já era antipetista, radicalizando-o mais. As fake news falam muito sobre o nível ético de quem as utiliza, mas não creio que estejam deturpando a vontade popular.

Sou um pouco cético quanto à possibilidade de encontrarmos soluções tecnológicas para resolver esse problema. Ninguém ainda desenvolveu o algoritmo da verdade. Mudanças nas leis e nas regras das redes podem até melhorar momentaneamente as coisas, mas, como na biologia, acabam desencadeando uma espécie de corrida armamentista, na qual fraudadores e reguladores correm para não sair do lugar.

Nossa melhor esperança acaba sendo que, com o tempo, as pessoas aprendam a desconfiar mais do que encontram nas redes sociais.

*É Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de “Pensando Bem…

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Checagem de fatos: instituto desmente pesquisa fake divulgada no Whatasapp

Uma pesquisa falsa circula nas redes sociais colocando a senadora Fátima Bezerra (PT) e o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) na condição de empate técnico na disputa pelo Governo do Estado.

Os números são atribuídos ao Instituto Seta que foi quem mais se aproximou dos resultado das urnas nas eleições de domingo.

Confira a nota abaixo:

Instituto Seta: Nota esclarecimento

 

Sobre os dados de uma suposta pesquisa atribuída ao Instituto Seta cabe esclarecer:

  1. O Instituto Seta não fez nenhum tracking ou pesquisa e muito menos publicou em grupos de WhatsApp;
  2. Portanto, os números que circulam com o nome da já referida empresa são falsos e produto de fake news;
  3. O uso indevido da nossa marca é crime e tomaremos as medidas cabíveis.

 

Daniel Menezes

Diretor do Instituto Seta

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Comentário do dia

A estratégia ingênua do MP Eleitoral contra fake news

No Bom Dia Mossoró de hoje comentamos a respeito da estratégia ingênua do Ministério Público Eleitoral de achar que o simples compromisso dos candidatos vai barrar a fake news no processo eleitoral.

Confira

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MP Eleitoral do RN firma acordo de combate as fake News

O Ministério Público Eleitoral firmou um acordo de colaboração com os Partidos Políticos e coligações potiguares. O objetivo é combater fake news durante as Eleições 2018 e, de acordo com o termo de compromisso assinado pelos grupos, promover “a manutenção de um ambiente eleitoral imune da disseminação de notícias falsas”.

Uma das principais motivações por trás do acordo leva em consideração que as fake news são um grande risco para a democracia – já que a manipulação de notícias, assim como o uso de robôs e perfis automatizados, por exemplo, podem distorcer a liberdade de voto do eleitorado e interferir diretamente na legitimidade do processo eleitoral.

Ao todo, mais de 10 partidos ou coligações concordaram com o documento e se comprometeram a atuar contra as fake news no próximo pleito. Entre eles estão os partidos PSTU, PSDB, PSB, Psol, PRTB, Novo, Rede e Solidariedade. As coligações 100% RN, Do Lado Certo e Trabalho e Superação também assinaram o termo e devem “reprovar qualquer prática ou expediente referente à utilização de conteúdo falso”.

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Justiça Eleitoral do RN identifica primeira “fake news” destas eleições

Isabela Santos

Agência Saiba Mais

Tentativas de manipular o eleitorado com informações falsas estão a todo vapor no Rio Grande do Norte. De 2 a 22 de agosto, cinco representações foram ajuizadas no Tribunal Regional Eleitoral do Estado alegando divulgação de fake news, as populares notícias falsas. Os processos correm em segredo de Justiça, mas uma consulta simples no site do TRE mostra que os acusados pedem a remoção dos conteúdos divulgados em blogs e em redes sociais. A maioria dos pedidos de liminares, até o momento, foram indeferidos.

A senadora Fátima Bezerra (PT), candidata ao Governo do Estado, ganhou o primeiro processo contra fake news desde o início oficial da campanha eleitoral. A página Notícias do Face, que tem quase 85 mil seguidores no Instagram, terá que retirar publicação falsa sobre a candidata. A determinação foi emitida na quinta-feira (23) com pedido de tutela de urgência, devido ao grande alcance e danos que podem causar à imagem de Fátima.

A candidata ao Governo pelo PT tem sido vítima de várias notícias falsas espalhadas, especialmente, pela rede whatsaap, onde não há controle sobre a origem da postagem.

Em relação à ação conquistada, em um prazo de 24 horas deverá ser retirado o conteúdo da URL  https://www.instagram.com/p/BmteyHPg1Vj/?taken-by=noticiasnoface, sob pena de estipulação de multa diária. Além disso, no prazo de 48 horas, o Facebook deverá informar os dados necessários à identificação do responsável pela postagem inverídica. O Tribunal Regional Eleitoral exige o endereço de protocolo de internet (endereço IP) do criador do perfil, os dados pessoais do criador e dos administradores do perfil e o registro de conexão utilizado para a realização da postagem.

A publicação, feita em 20 de agosto de 2018 pela página @notíciasnoface, no Instagram, veiculou, em plena manchete, a seguinte afirmação: “Fátima Bezerra diz que vai demitir funcionários públicos!”

A legenda de um vídeo da sabatina que a candidata participou na Fiern diz que ela afirmou que quando eleita demitirá tanto servidores que ocupam cargos comissionados como os servidores efetivos do estado.

Fátima alega, na defesa, que nunca afirmou que demitiria servidores públicos efetivos e apresentou degravação do trecho de sua fala: “(…) cortando mais cargos comissionados, diminuindo a estrutura administrativa do Estado, reduzindo as despesas de custeio com diárias e etc. Ou seja, um conjunto de medidas, conforme eu coloquei para vocês, para que elas, adotadas de forma harmônica, a gente possa, se Deus quiser, corrigir esse desequilíbrio fiscal para que tenhamos (…)”.

Sobre o pedido de urgência alegou que “se observa no próprio alcance da publicação, que a cada segundo disponível atinge cada vez mais eleitores com conteúdo sabidamente inverídico”.

“O perfil @noticiasnoface é aberto ao público e possui mais de 84,9 mil seguidores. Em apenas 19 horas de disponibilização, a publicação ora combatida já teve 7.633 (sete mil seiscentos e trinta e três) visualizações, o que demonstra o grande alcance e potencial deletério de suas publicações”, disse a defesa.

Na decisão, a juíza auxiliar Adriana Cavalcanti Magalhães Faustino Ferreira escreveu que “há uma predisposição de incutir no público um estado mental e emocional tendente a prejudicar a candidatura”.

Outras duas publicações foram questionadas por Fátima Bezerra, mas nesse caso a juíza entendeu que se trata de conteúdo satírico e que eventuais excessos deverão ser objeto de questionamento perante o Juízo próprio, “mas não ensejam limitação da liberdade de expressão na forma tencionada”.